Em 20 de julho de 2017 o governo federal anunciou o aumento da alíquota do Pis/Cofins da gasolina de R$0,3816 para R$0,7925 e do óleo diesel de R$0,2480 para R$0,4615 nas refinarias. Já para o litro de etanol a alíquota passou de R$0,12 para R$0,1309 para o produtor. A alíquota para o distribuidor, que era zerada, passou para R$0,1964. Na época, o aumento foi justificado pela necessidade de arrecadar mais R$10,4 bilhões para ajudar a cobrir o déficit das contas públicas diante da não recuperação plena da arrecadação federal.

Vale lembrar que também houve aumento de alíquotas do ICMS dos estados que incidem sobre os combustíveis. Em Minas Gerais entrou em vigor no início do ano o aumento de 2% da alíquota do ICMS sobre a gasolina, que passou de 29% para 31%.

Passaram-se 10 meses dos aumentos federais que se somaram à alta da cotação do dólar e à política de preços da Petrobras, alinhada às cotações do mercado internacional. Com tudo isso, veio a greve dos caminhoneiros.

O tardio reconhecimento do Governo Federal de que a greve era para valer resultou na redução de R$0,46 no preço do óleo diesel na bomba dos postos de combustíveis durante 60 dias, CIDE zerada e não reoneração da folha salarial do segmento de transportes rodoviários dentre outras medidas.

Simultaneamente o Ministro da Fazenda falou em aumento de impostos para compensar a redução de preços que acabara de ser definida, por exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal. Diante das intensas críticas e manifestações contrárias à proposta, o Ministro acabou desconversando e alegando que a solução seria fazer remanejamentos no orçamento.

É impressionante verificar como é forte a cultura do aumento de impostos para se resolver todas as mazelas de custos crescentes dos gastos públicos, que cada vez mais se distanciam da arrecadação da União, estados e municípios. Quase não se vê uma análise crítica dos gastos, questionamentos sobre o que é essencial e o que é mero desperdício ou mesmo a verificação de conformidade entre o que foi especificado e o realizado. Se for colocada uma lupa sobre os diversos tipos de gastos ficaria mais visível a verificação de que muitos deles sequer seriam necessários e que outros poderiam ser adiados e priorizados em função dos recursos existentes. Não basta só estabelecer teto de gastos e deixar de lado todas as variáveis envolvidas na gestão estratégica e operacional estruturadas.

Observando, a título de exercício, alguns exemplos de gastos que poderiam ser submetidos a uma análise criteriosa muitos poderiam até se surpreender pela demonstração da possibilidade de adequação/redução de custos antes de se pensar em criar novos impostos, taxas e contribuições. Um Projeto de Lei que está parado no Congresso Nacional propõe a redução do número de parlamentares nas duas casas, cujo orçamento de 2018 prevê gastos de R$10,6 bilhões. Pela proposta, já aprovada pelos deputados federais em 2016, a Câmara passaria a ter 385 deputados no lugar dos atuais 513 enquanto o Senado passaria a ter 54 senadores, ou seja, 27 a menos que os 81 atuais. Só falta o próprio Senado Federal votar e aprovar o Projeto de Lei. Será?

Que tal avaliar os custos dos jatinhos da FAB transportando autoridades a qualquer momento para qualquer lugar, até mesmo para descerrar uma placa de intenção de uma obra que nem sempre será concluída? Tudo isso na era digital e das redes sociais cheias de imagens.

Também vale analisar a real necessidade do pagamento de auxílio moradia de R$4.377 mensais a membros dos poderes Judiciário e Legislativo, amparado em liminar do Supremo Tribunal Federal que aguarda votação do Plenário há quase 5 anos, enquanto o dinheiro sai religiosamente dos cofres públicos.

Para não cansar o caro leitor sugiro que cada um lembre-se de pelo menos 3 gastos que poderiam ser revisados e analisados para verificar o nível de agregação de valor econômico que justifique a sua manutenção.

Nos últimos 30 anos a carga tributária do país subiu de 24% para 34% do PIB, embora muitos analistas digam que esse índice já passou dos 40%. Como se vê criar impostos continua sendo o caminho mais curto para os governantes e seus parlamentares.

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Podemos observar e analisar a paralisação, greve ou locaute dos caminhoneiros das empresas de grande, médio e pequeno porte – bem como dos motoristas autônomos – sob diversos ângulos. Escrevendo este texto na tarde do dia 24/5, quero destacar apenas dois deles.

O primeiro se refere à política de preços dos combustíveis, praticada pela alta direção da Petrobras nos últimos 2 anos. A orientação para equiparar os seus preços aos praticados no mercado internacional superestimou a capacidade do mercado interno para assimilar rapidamente uma dose tão forte – e em pouco espaço de tempo – de reajustes semanais e às vezes até diários. No afã de recuperar logo o valor de mercado da empresa e distribuir dividendos para os acionistas, depois de virem à tona as tenebrosas transações que abalaram a empresa e o mercado, foi mudada a política de reajustes. Mas melhor seria ter agido de maneira gradual e num horizonte mais longo.

Agindo de forma obsessiva e reiterando sempre a autonomia da empresa, o presidente Pedro Parente e sua diretoria deixaram de lado a compreensão dos impactos gerados no longo período em que os subsídios aos combustíveis faziam parte do combate à inflação. Ainda que discordem da política anterior, faltou avaliar melhor os efeitos da valorização do Dólar em relação ao Real e a recuperação dos preços do barril de petróleo, que partiu dos U$30 e já chegou aos U$80, enquanto a meta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo é chegar aos U$95. A realidade mostrou que não existe capacidade de processo para aguentar essa verdadeira “overdose” de aumentos de preços. A frágil retomada da economia brasileira nos faz relembrar o dito popular que recomenda “cuidado com o andor, porque o santo é de barro”.

O segundo ponto coloca em cena a sempre falada e adiada reforma tributária. Ao explicitar que o preço da gasolina tem 71% de tributos em sua composição e o óleo diesel 50%, a Petrobras coloca em debate a imensa carga tributária que incide sobre seus produtos. Mostra, também, que cabe aos estados da federação reavaliar o ICMS, com alíquotas que vão de 29% a 31%, e também à União Federal, que recolhe 14% para o PIS/Cofins.

Tudo isso acontece enquanto o lento e desfocado Presidente da República está totalmente fragilizado, rejeitado pela população e abandonado pelos que o ajudaram a chegar ao posto. Também pudera, ele se tornou um ativo tóxico para qualquer pré-candidato à sua sucessão. Mas será que ele aguentará chegar até outubro, pois quanto pior, pior mesmo e o Brasil optou pelo rodoviarismo em sua estratégia de desenvolvimento.

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Toda vez que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne, a cada 40 ou 45 dias, para discutir a taxa básica de juros da economia, a Selic, esse assunto é destaque antes, durante e depois em diversas mídias. O mercado – sempre o mercado e seus agentes – os analistas econômicos, as autoridades monetárias, os rentistas e os pagadores de juros se manifestam cheios de razão para justificar seus pontos de vista.

É importante perceber que a taxa Selic começou a cair em outubro de 2016, quando passou de 14,25% para 14% ao ano. Depois de 11 quedas sucessivas chegou a 6,5% ao ano neste mês de maio de 2018. Quero destacar aqui as projeções feitas pela imensa maioria dos analistas – jornalistas, economistas e consultores – dando como certa a queda da taxa Selic para 6,25% ao ano na reunião do Copom de 15 e 16 de maio. A confiança era tamanha que até na quarta-feira (16) pela manhã ainda se bradava por mais uma queda, que levaria a taxa outra vez para o menor índice da série histórica. No início da noite desse mesmo dia, quando o Banco Central divulgou que a taxa foi mantida em 6,5%, a palavra “surpresa” foi a mais presente nas manchetes das diversas mídias.

No dia seguinte muitos analistas tentavam justificar porque erraram em suas certezas. Um deles chegou a dizer que uma queda de 0,25% seria ínfima diante dos altos juros cobrados pelos grandes bancos enquanto outra analista afirmou que uma semana antes entrevistou o Presidente do BC e ele sinalizou que a queda da taxa prosseguiria.

É interessante notar que os proprietários da verdade têm muitas dificuldades para perceber os sinais que precedem possíveis mudanças. O fato é que enquanto prevalecia a arrogância e a ausência da capacidade de abstração quase ninguém atentou para a disparada do dólar, que chegou a R$3,70 naquele dia, o barril de petróleo cotado a U$77 e a sinalização do aumento da taxa de juros nos EUA. Só para complicar, ainda veio na quarta pela manhã o anúncio de que o PIB do primeiro trimestre deste ano ficou negativo em 0,13% e que a morna recuperação da economia poderá levar o PIB a um crescimento anual entre 2% e 2,5%, o que é bem diferente dos alardeados 3%.

A observação e a análise continuam sendo fundamentais para se lidar com as funções que envolvem várias variáveis, principalmente em conjunturas voláteis que exigem acompanhamento horário ou diário, pois estrelas, nuvens, pessoas … mudam de lugar. Há que se conhecer e se compreender melhor o que nos ensina o princípio da incerteza de Heisenberg. Isso será bom para todos, a começar pelos analistas de qualquer tema, inclusive econômicos, políticos, sociais …

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No próximo 30 de junho completam-se 24 anos do lançamento da terceira fase do Plano Real com a entrada em vigor do Real, a moeda do plano. Entre as premissas para a sustentabilidade do Plano estavam a desindexação da economia, visando dissociar os reajustes de preços dos índices da inflação de um período anterior, a paridade do Real com o Dólar e a busca pelo equilíbrio das contas públicas, esta até hoje uma grande peleja.

Como os índices de inflação são medidos por um indicador que expressa uma média de preços coletados e ponderados por faixas de renda, que variam de um a 40 salários mínimos, vale lembrar que essa média mascara a variabilidade dos preços e sua importância nas diferentes categorias de consumo. Assim fica mais fácil perceber que o índice de inflação para os idosos acima de 70 anos pode ficar acima da média geral, bem como o índice de inflação da área da saúde – bastante influenciado pelos alegados altos custos de consultas médicas, exames para diagnósticos, internações hospitalares, cirurgias e planos de saúde.

Neste momento em que a inflação medida pelo IPCA do IBGE nos últimos 12 meses ficou em 2,76% é importante tentar compreender como os impactos de determinados aumentos de preços vão pesar no poder aquisitivo das pessoas numa conjuntura em que cada um tenta sobreviver e se manter como pode. Fica visível que os grandes aumentos de preços, verdadeiros “tarifaços” noticiados pelas grandes mídias, geralmente estão ligados àqueles administrados pelo Governo Federal através de suas agências reguladoras que sabem muito bem encontrar um lado.

Quem olhar os preços de combustíveis, como a gasolina, óleo diesel, gás de cozinha, por exemplo, poderá verificar que nos últimos 10 meses o aumento supera os 50%, a despeito de todos os argumentos usados para justificar a política de preços endossada pela Agencia Nacional de Petróleo. Nessa mesma direção uma olhadela para os planos de saúde, regulamentados e fiscalizados pela Agencia Nacional de Saúde Suplementar, mostram uma grande febre inflacionária com índices que podem variar de 13% na modalidade empresarial a 27% em planos por adesão, isso para não falar nos decrescentes planos individuais também sendo reajustados por índices de dois dígitos.

Vários outros exemplos podem ser dados, como ocorreu com as mensalidades escolares privadas que foram reajustadas de 8% a 15% ou nas encomendas dos Correios, cujos preços aumentaram de 8% a 51%. Até o final de maio entrará em vigor o aumento da energia elétrica da Cemig. que será em média de 25,7% se prevalecer a proposta apresentada à Agência Nacional de Energia Elétrica. Por último, o que dizer da tentativa da CBTU de aumentar em 89% o preço das passagens do metrô de Belo Horizonte após mantê-las em R$1,80 durante 12 anos?

Por outro lado, que índices de reajustes salariais estão sendo propostos às categorias profissionais que estão em negociação com os patrões nesses tempos de baixos índices inflacionários e 13,7 milhões de desempregados? O que se vê por aí não tem variado muito além de 1% a 2%, acompanhados da tentativa de retirada de conquistas trabalhistas anteriores, isso para ficar apenas no setor privado. Já no desequilibrado setor público, com muitos estados quebrados e muitos municípios no mesmo caminho, também nada está fácil para os reajustes salariais.

A sensação que fica tem um pouco do gosto do “salve-se quem puder” e da “Lei de Murici”, dizendo que “cada um cuida de si”.

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São tantas as preocupações que fazem parte do cotidiano das pessoas que de vez em quando vale a pena dar uma parada momentânea, olhar para trás e verificar o rumo que certas coisas tomaram após um certo tempo. Um bom exemplo pode ser dado pela Reforma da Previdência Social, sempre vendida como necessária para assegurar o equilíbrio das contas públicas. Quem consultar as manchetes dos jornalões em 13 de maio de 2017, portanto há um ano e um dia, verá estampado, por exemplo, na Folha de São Paulo que Toma lá, dá cá pela Previdência tem impacto fiscal negativo e no Estado de Minas que Governo já atingiu limite em Reforma da Previdência. O vai da valsa prosseguiu até que o enfraquecido e rejeitado Presidente da República encontrou na intervenção federal no Sistema de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro um álibi para evitar a votação e a derrota de sua proposta de reforma no Congresso Nacional. Essa visível derrota foi abordada aqui blog no post “A reforma da previdência, que era urgente” em 27 de novembro de 2017.

Agora que tudo ficou para ser tentado a partir de 2019 – e faltando menos de 5 meses para as eleições de outubro em primeiro turno – é preciso que os eleitores fiquem atentos para perceber o que os candidatos estão propondo em seus programas para resolver os problemas do país. Pelo que tenho visto poucos candidatos tem abordado a Reforma da Previdência e quando isso ocorre tudo é feito de maneira genérica, superficial e de modo a não se comprometer com possíveis contestações que podem levar a rejeições e perda de votos potenciais.

Tenho insistido que os fatos e dados ligados à Previdência Social devem ser apresentados com muita transparência para mostrar que uma coisa é o Regime Geral da Previdência Social, que atende a 32 milhões de aposentados e pensionistas pelo INSS, dos quais 22 milhões recebem mensalmente o salário mínimo de R$954. Outra coisa é o regime próprio da Previdência Social da União Federal, estados e municípios – nos quais residem 70% da população do país. Há estimativas mostrando que, em 2017, existiriam em torno de 3,98 milhões de aposentados e pensionistas pelo RPPS que recebiam seus proventos com valores integrais percebidos no momento da aposentadoria nos três poderes.

Alguns poucos pré-candidatos à Presidência da República e a governos estaduais quando falam em previdência social só conseguem abordar o RGPS que atende aos trabalhadores da iniciativa privada. Aqui é importante lembrar que os números disponíveis, ainda que não haja total transparência, mostram que os gastos gerais com a Previdência Social no país chegam a 10% do PIB, dos quais 2,8% são do setor privado (32 milhões de pessoas) e 7,2% do setor público (3,98 milhões de pessoas). Vê-se claramente que o maior desafio está na previdência do setor público. Só para ilustrar vale lembrar o estudo do economista Raul Velloso mostrando que “em pouco mais de 10 anos, os gastos dos estados com a Previdência dos servidores saltaram 111% em termos reais, (descontada a inflação), muito acima do crescimento econômico do período, que ficou em 28%. Os desembolsos saltaram de R$77,3bilhões em 2005 para R$163 bilhões no ano passado”.

O cenário não é nada bom para quem de uma maneira ou de outra depende da aposentadoria oficial, enquanto a crise político-partidária se arrasta desde 2014 e a economia brasileira dá tímidos e lentos sinais de recuperação após 3 anos de recessão. O jeito vai ser cada um tentar, não sei de qual maneira, formar alguma reserva financeira para complementar a futura aposentadoria. Mas olhando para frente é bastante preocupante o futuro da Previdência Social.

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O site de pesquisas Mercado Mineiro mostrou, em 12 de março, que ovos de páscoa estavam sendo comercializados com menor peso e maior preço quando comparados com a situação do ano passado. As características são as de sempre e cabe ao consumidor ficar atento para perder menos fazendo pesquisas, trocando informações com outras pessoas e postergando as compras o máximo possível para a semana que antecedente o domingo de Páscoa. Afinal de contas, trata-se de produto específico, sazonal e que não pode ficar encalhado, o que acaba forçando alguma queda de última hora nos preços.

Além do consumo, muitas vezes acelerado, do chocolate, que significados e propósitos podem nascer ou ressurgir a partir da Páscoa dos cristãos? É preciso lembrar que a palavra Páscoa vem do hebraico “Pessach”, que significa “passagem”. Para os judeus, a Páscoa é a comemoração da libertação de seu povo da escravidão do Egito. Já para os cristãos, a data simboliza a ressurreição de Jesus Cristo, três dias após a sua morte.

Partindo da premissa que nada é tão bom que não possa ser melhorado vale a pena encontrar aspectos em que podemos ser melhores do que já somos tanto na vida pessoal e familiar como nas relações com a sociedade. Sei que nem tudo depende só de nós, notadamente nos processos sobre os quais não temos autoridade. Mas naquilo que para ser melhorado depende só de nós, fica claro que basta o nosso querer e a nossa iniciativa pois, afinal de contas, tudo começa com a gente. A busca pela melhoria deve ser contínua, com determinação e constância de propósitos ainda que acompanhada por um pedaço do chocolate contido no ovo de páscoa. Passemos para os próximos sonhos que dependam e precisem mais de nós primeiramente.

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A equipe do Observação & Análise estará de férias durante todo o mês de abril. Nesse período o blog fará uma pausa nas postagens. Voltaremos no mês de maio. Obrigada pela sua fiel companhia e até lá. 

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Faltando apenas 6 meses e 10 dias para as eleições de outubro, verifico o quanto o tempo está passando rápido e o assunto vai entrando mais nas conversas. A incerteza só ajuda a aumentar a ansiedade de quem tem expectativas bem maiores que a realidade. Isso fica cada vez mais visível quando observados e analisados os polos formados na sociedade, com espectros que vão de Extrema Esquerda a Extrema Direita passando pelo Centro e dele também surgindo variações à Esquerda ou à Direita. Tudo isso apesar daqueles que dizem não existir mais essa categorização para os posicionamentos políticos sem, contudo, apresentar alternativas consistentes para abordar a questão.

O fato é que o pragmatismo orienta o foco rumo ao poder ou à manutenção de quem nele está. Nesse momento percebo, por exemplo, 11 pré-candidatos se posicionando para a disputa da Presidência da República, muitos grupos e polos sonhando em ter presença ou aumentar suas bancadas nos parlamentos. O engenheiro Leonel de Moura Brizola afirmava que “quanto maior a frente, menor o programa”. O que já foi proposto genericamente como “programa” pelos postulantes aos cargos tem sido devidamente acompanhado pelo “como” tudo será implementado para a obtenção de resultados positivos? Não basta dizer de maneira ampla num viés à esquerda que é preciso ter um estado de bem estar social, mais igualitário, com políticas sociais compatíveis com o equilíbrio das contas públicas ainda que com menor crescimento econômico. Muito menos num viés à direita falar em maior desigualdade em prol do crescimento econômico, menor carga tributária e com menor oferta de serviços públicos e seguro social. É claro, também, que o polo centrista vai falar em equilíbrio e apelar para a não radicalização da sociedade, tudo isso no regime capitalista hegemonizado pelo capital financeiro enquanto a luta de classes se aguça.

Como e em quem a sociedade votará se neste momento as pesquisas de opinião retratam que 48% dos eleitores não tem simpatia por nenhum partido político e que outros 5% não se manifestaram sobre o assunto? Fico também pensando no interesse dos eleitores pelas eleições. Imagine que a primeira pergunta das pesquisas fosse sobre o interesse do eleitor em comparecer às urnas, mesmo diante da obrigatoriedade do voto. Estimo que poderemos chegar a algo em torno de 50% de não votantes, por meio de votos nulos e brancos bem como das abstenções.

Vamos ver como estarão as coisas daqui a um mês enquanto as nuvens vão se modificando diante das novidades da conjuntura e dos cenários sempre mutantes. Só falta aparecer alguém casuisticamente propondo que as eleições sejam transferidas para 2020 visando à unificação de todos os mandatos com as disputas eleitorais acontecendo de 4 em 4 anos para ajudar no equilíbrio das contas públicas… Será? O impopular Presidente da República voltou a sonhar com a Reforma da Previdência Social a partir de setembro…

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Sabemos da biologia, mais especificamente da zoologia, que a ecdise é basicamente uma troca de pele que acontece na vida de diversos animais, que sempre buscam tirar um melhor proveito nesse processo de metamorfose.

Guardadas as devidas proporções, digamos que algo análogo está acontecendo nesse período de um mês, cuja contagem se iniciou em 7 de março, conhecido como janela partidária. Esse período tem como uma de suas principais características a possibilidade dos parlamentares trocarem de partidos políticos sem correr o risco de perderem o mandato. Afinal de contas o mandato pertence ao partido e, fora dessa data, só com muito conchavo o parlamentar não perde o mandato. Só neste inicio de temporada 17 Deputados Federais já trocaram de partido enquanto outros só o farão no final do período por estarem aguardando qual será a melhor oportunidade de troca. Ainda assim é importante lembrar que desde o início da atual legislatura, em 2015, a Câmara já registrou 189 trocas partidárias envolvendo 135 deputados. Entre eles, um deputado trocou de partido 4 vezes, outros parlamentares trocaram por três ou duas vezes. É tudo muito flexível para melhor se manter.

No troca-troca partidário os partidos políticos também fazem as suas metamorfoses tentando aumentar as suas bancadas e margens para negociação daquilo que for do seu interesse. Isso é feito com cara de paisagem das mais lerdas, pois o que não é levado em conta é o programa partidário.

Para a maioria esmagadora dos casos, muda-se com imensa naturalidade do Partido Progressista (PP) para o Partido Popular Socialista (PPS) ou do Partido Comunista do Brasil (PC do B) para o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Num piscar de olhos é melhor se reposicionar para as eleições que estão chegando. Vale também deixar de ser partido – PMDB – para voltar a ser um movimento – MDB – ou simplesmente trocar a inexpressiva marca atual, sem mexer no conteúdo, por outra mais chamativa e exortativa do tipo Avante, Podemos… Também pudera, o país hoje tem 35 partidos políticos em funcionamento outros 72 tentando ser aprovados.

Diante da enorme rejeição pela qual estão passando os políticos e seus partidos, o que conta mesmo é se manter no poder, custe o que custar, mesmo diante de da mais recente pesquisa do Ibope mostrando que 48% dos entrevistados não tem simpatia por nenhum partido político e 5% não souberam ou não responderam. Feio mesmo é perder as eleições, a vida no poder, o foro privilegiado, o auxílio moradia, o jatinho da FAB…

Enquanto isso, de metamorfose em metamorfose, as cúpulas partidárias prosseguem fortes e decidindo como caciques os rumos dos partidos, a começar por definir como serão distribuídos os recursos do recém criado Fundo Eleitoral de R$1,7 bilhão e do Fundo Partidário. O sistema político-partidário se reinventa para se manter sendo o mesmo no domínio permanente do poder. Mesmo fazendo uma reforma, um remendo aqui ou ali, cedendo um ou outro anel acolá, mas sem perder as mãos.

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Parece que foi ontem, mas lá se vão quatro anos de postagens ininterruptas aqui no Observação & Análise sendo que a primeira vez aconteceu em 18 de março de 2014. A hora é de agradecer e celebrar – com a equipe de trabalho, convidados, leitores, difusores em outras mídias e alguns patrocinadores – tudo o que já foi feito na esperança de prosseguir observando, analisando e postando na sequência do tempo que não para.

Pessoalmente fico feliz ao me lembrar como tudo começou em 2013, quase que num lampejo bem semelhante ao que descrevem João Nogueira e Paulo César Pinheiro na música “Poder da criação”. O sonho cresceu e o blog virou um propósito, que se transformou em meta um pouco depois. Daí veio a elaboração do plano de ação para se atingir a meta, que exigiu muita transpiração com mais um pouco de inspiração, formulações e reposicionamentos para finalmente começar a operar o que foi planejado.

Entre o lampejo inicial e a primeira postagem passaram-se 10 meses. É por isso que relembro nesta data o primeiro post do blog, mostrando o que “A História registrou” em 18 de março, e também a pensata “A enchente das goiabas”, a primeira de muitas postadas neste espaço e que é um marco significativo na caminhada deste blog.

Continuemos a caminhar.

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Tempo perdido no médico

por Luis Borges 14 de março de 2018   Pensata

Uma jovem cliente de um plano de saúde marcou uma consulta com uma médica especialista em otorrinolaringologia, profissional de quase 4 décadas de experiência. Para a consulta, a jovem escolheu uma unidade própria de seu plano, onde há atendimento para diversas modalidades. A médica atente ali e também em sua clinica particular, mas com horários mais restritos.

A consulta foi marcada para as 11 horas de uma quarta-feira, logo no primeiro horário da especialista. A cliente chegou ao local da consulta com antecedência de 10 minutos e se posicionou em frente ao consultório numa cadeira pouco confortável. Às 11h15, sem notícia da médica, uma pessoa do serviço de limpeza entrou na sala e lá permaneceu durante outros 15 minutos. Alguns minutos depois finalmente chegou a médica que imediatamente chamou uma cliente – que não era a que estava marcada para o primeiro horário.

Às 11h38 a primeira pessoa atendida deixou o consultório chamando a jovem paciente a entrar na sala. A médica estava de cabeça baixa, não respondeu ao cumprimento de “bom dia” e já foi perguntando porque ela foi lá e o que estava acontecendo. A jovem não respondeu de pronto e perguntou à médica a razão de tanto atraso para atender quem marcou o primeiro horário.

A inesperada pergunta fez com que a médica levantasse o rosto e olhasse para a cliente pela primeira vez e disparasse o seu rosário de justificativas, entre elas a de que precisou passar em sua própria clínica antes, pois atende lá a partir das 8h30 e que acabou se atrasando. Também disse que atendeu outra pessoa antes por se tratar de uma emergência, aliás, uma justificativa usada com muita frequência por outros profissionais do segmento. A cliente replicou dizendo à medica que, independente das suas justificativas, se sentia totalmente desrespeitada como cliente por não ter sido atendida no horário combinado. E mais, só marcou a consulta naquele local e horário porque começa a trabalhar às 13h na região oposta da cidade e que fazia parte do seu planejamento almoçar com tranquilidade antes de chegar ao trabalho.

A consulta prosseguiu com a informação da cliente sobre uma irritação no nariz que surge “do nada” e que parece ser causada por alergia a alguma coisa. A médica fez observações rápidas, em tom professoral e “despachou” a paciente, sugerindo que marcasse outra consulta para outro procedimento. Quando a paciente saiu da sala eram 11h46. Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde estabelece que uma consulta médica deve ter duração mínima de 15 minutos.

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