Os efeitos da crise econômica geralmente chegam por último aos níveis de emprego e, nesse sentido, as projeções indicam que o desemprego ainda crescerá mais até o final deste ano. No segundo trimestre de 2015, a PNAD Contínua do IBGE mostrou que a taxa de desocupação chegou a 8,3%. A população desocupada ficou em 8,4 milhões de pessoas, o que indica subida de 5,3% em relação ao primeiro trimestre de 2015 e de 23,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A pesquisa completa está aqui.

desemprego competitividade trabalho

Fonte da imagem: EBC

Proponho uma reflexão sem dor para pessoas que estão empregadas e também para as que ficaram desempregadas recentemente. É sobre o nível de capacitação de cada uma para competir, tanto na manutenção do seu atual posto de trabalho quanto para buscar uma nova oportunidade no mercado de com escassez de oportunidades.

Em função de minhas atividades profissionais tenho encontrado diversos casos denotando que muitas pessoas não se preocupam com a atualização pela educação continuada. No entanto, elas sempre desejam valorização profissional, reconhecimento e segurança no emprego, mesmo vivendo na plenitude da zona de conforto. Estou usando a palavra emprego por ser a mais utilizada entre nós, mas o correto é se falar em trabalho.

Outra situação interessante foi o caso de uma pessoa que não percebeu os rumos declinantes da empresa onde trabalhava e sempre fugia das atividades que exigissem qualquer dispêndio tempo fora do horário de trabalho. Nesse caso a pessoa foi demitida num facão inicial que eliminou 15% dos empregados contratados.

Como muitas pessoas tendem a achar que as coisas só acontecem com os outros, de vez em quando é um bom e saudável exercício se colocar no lugar dos outros. Basta deixar de lado a arrogância e a autossuficiência para simular como ficaria o seu caso na pior hipótese, no caso, o desemprego. Todos sabem o quanto é difícil suportar emocionalmente, e também financeiramente, uma situação de desemprego por um tempo mínimo que seja. E se ele durar um ano, por exemplo? Portanto é saudável uma autoavaliação nesse momento, tanto para enxergar forças e fraquezas quanto para definir foco, metas e ações para os próximos tempos.

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Jogando contra a gestão

por Luis Borges 4 de agosto de 2015   Gestão em pauta

O programa Pronatec Aprendiz foi anunciado pelo governo federal há uma semana. A presidente Dilma Rousseff participou do lançamento das novas vagas, e se enrolou ao falar da meta global do programa, de 12 milhões de alunos até 2018. Aliás, o MEC diz que, de 2011 até agora, foram 8 milhões de matrículas no Pronatec, mas não fala em evasão ou número de concluintes. O que é assunto para outra pensata.

Ao tentar justificar a razão para que, neste momento, sejam apenas 15 mil novas vagas no segmento Aprendiz, que tem meta específica de 1 milhão de alunos, a Presidente disse:

“Nós não vamos colocar uma meta. Nós vamos deixar uma meta aberta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta.”

É uma fala deseducadora do ponto de vista da Gestão e coloca ainda mais dúvida sobre o que significa o mote “Brasil, pátria educadora”.

Para contornar um questionamento a Presidente jogou para escanteio um dos fundamentos mais elementares da gestão, sempre a nos ensinar que gerenciar é atingir metas. E mais, quem não tem meta não tem norte, não sabe para onde ir e, por isso, qualquer resultado que for alcançado será satisfatório.

Notadamente a partir do final dos anos 80 do século passado, o Brasil começou a passar por um grande esforço em educação e treinamento, para que os nossos negócios em todos os segmentos da economia, ainda que de maneira desigual e combinada, sejam gerenciados por um sistema de gestão estruturado, orientado para resultados e com foco na satisfação do cliente.Esse esforço precisa ser permanente e exige muita constância de propósitos, inclusive para não se perder muito do que já foi feito.

Graças ao que se fez e ao que se faz é que hoje estão presentes em nossa cultura gerencial palavras como meta, plano de ação, foco, método, estratégia, causa, efeito, processo, gestão de pessoas, conformidade, risco, qualidade, produtividade, competitividade e tantas outras.

Fiquei com a sensação de que depois da contabilidade criativa, das pedaladas fiscais e do ajeitamento das contas públicas agora é a vez de se embarcar na gestão criativa, na qual é possível revogar e inventar conceitos, sem fundamentação científica, tudo isso para encobrir o que merece ser transparente.

Espero que a Presidente perceba que não dá para revogar a Lei da Gravidade e nem os fundamentos da gestão.

Meta é para ser atingida e, para isso, será sempre necessário um plano de ação potente, inclusive para o Governo Federal.

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O Governo Federal errou feio na meta de superávit primário, pelo segundo ano consecutivo. Esse superávit, que é o saldo positivo da conta receita menos gastos, teve que ser revisto ontem.

A história se repetiu, não houve aprendizado. A meta de poupar R$66,3 bilhões, que equivalem a 1,13% do PIB, teve que ser reduzida para meros R$8,747 bilhões, que significam 0,15% do PIB. Tudo isso tem como objetivo pagar um pouquinho da dívida interna. Na prática, a nova meta é 86,7% menor do que estabelece a Lei de Diretrizes Orçamentárias em vigor.

Uma leve diferença é que, no ano passado, a revisão dessa meta foi proposta depois do segundo turno das eleições presidenciais. Neste ano, se concretizou em julho, após quase um mês de embates entre os Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Aliás, aqui no Observação e Análise o estabelecimento, acompanhamento e atingimento de metas já foi tema em pelo menos outras quatro ocasiões.

abuso financeiro contra idosos

Contando os centavos…

Uma pergunta simples e direta – por que o governo erra tanto quando define uma meta?

Nesse caso do superávit primário, podemos inicialmente analisar o processo que levou ao estabelecimento da meta e avaliar criticamente as premissas que a fundamentaram. Os principais erros cometidos nos mostram, hoje, que o número fixado foi muito mais um desejo, premido por uma necessidade de resposta ao mercado e à população.

Por outro lado, o Governo Federal nunca teve a humildade de reconhecer os erros de sua nova política econômica no primeiro mandato, notadamente marcado pela contabilidade criativa, pedaladas fiscais, grande aumento nos gastos e estouro das contas públicas. Pesou, também, a postura otimista de que o ajuste fiscal proposto seria facilmente aprovado pela base aliada  no Congresso Nacional, sem negociações de cortes, como se o ovo da galinha já estivesse garantido. Outro erro que parece visível foi não ter trabalhado com um cenário pessimista, imaginando, por exemplo, que a arrecadação federal poderia chegar a uma queda real em função da recessão econômica, como veio a ocorrer.

Já em maio a linha da meta mostrava que o resultado estava bastante distante do desejável, o que apontava que a meta era simplesmente maluca, que jamais seria atingida. Juntaram-se a tudo isso a crise política, as dificuldades com o Congresso e com as centrais sindicais e a fraca avaliação do desempenho da Presidente e sua equipe.

Agora a nova meta anunciada necessitará de aprovação de modificação da LDO no Congresso Nacional, que ainda virá acompanhada de corte orçamentário em torno de R$8,9 bilhões. Apesar de todos os discursos ministeriais realçando as incertezas da economia e fazendo juras de transparência, a sensação que fica é a de ajeitamento para ajudar na conta de chegada.

Com tantos erros na formulação e com tanta ruindade no gerenciamento, não será nenhuma surpresa se a história se repetir outra vez e, no lugar do superávit de R$8,747 bilhões, na virada do ano vier um déficit primário, como aconteceu em 2014.

Como se vê a gestão pela liderança continua fazendo muita falta. Apenas a fama de “gerentona” ou “gerentão” não é suficiente.

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Um cliente maltratado

por Luis Borges 24 de junho de 2015   Gestão em pauta

Os negócios estão indo mais devagar, os clientes estão mais sumidos e o dinheiro está cada vez mais difícil de aparecer. Essa é uma fala recorrente e cada vez mais comum em variados segmentos de negócios, independente do porte. Mas não é só a contração da economia, o ajuste fiscal das contas públicas, o desemprego, a inflação alta e a perda de poder aquisitivo que afastam os clientes da aquisição de bens e serviços. O mau atendimento que ele recebe em muitos ambientes também é causa para o seu sumiço, embora muitos donos de negócios sequer consigam perceber a frequência desse tipo de ocorrência.

O assunto não é novo. Aqui no Observação e Análise já narrei um caso de atendimento péssimo durante a compra de um sofá e falei do calvário que foi fazer uma mudança no meu plano de celular. Mas outros casos vão chegando aos meus ouvidos, como o que me contaram semana passada.

Veja só o descaso de um cartório de notas da grande Belo Horizonte com um cliente que recebia a prestação de serviços para faturamento mensal. A sua maior demanda era por autenticação de cópia de documentos e reconhecimento de firma das assinaturas. O cliente pagava o preço unitário tabelado, de R$ 5,27, mas utilizava um guichê de atendimento exclusivo para faturamento mensal em função da quantidade demandada. Há algumas semanas o cliente foi ao cartório, com uma guia autorizativa para a autenticação de dois documentos. Sua surpresa foi grande ao ter a prestação do serviço negada, sob a alegação de que devido ao baixo número de solicitações dos últimos meses o Sistema excluiu seu nome daquela modalidade. O cliente procurou o gerente para reclamar por não ter sido avisado previamente da aplicação da medida. A justificativa foi típica de quem não tem foco no cliente e ainda faz de tudo para jogá-lo nos braços da concorrência. Simplesmente foi dito que o tal Sistema só informa para uso interno o nome de quem está com uma movimentação baixa e não se enquadra na quantidade mínima que justifique um faturamento mensal.

Como podemos constatar essa é uma típica postura de quem não observa e não analisa os seus processos e indicadores de gestão. Muitos clientes estão momentaneamente com um volume menor de serviços, mas ele pode voltar a crescer proximamente.

O cliente saiu do cartório chateado, decidido a mudar de fornecedor. E entendeu a postura, típica de quem tem sua tabela de preços indexada à inflação anual, reajustada todo mês de janeiro conforme determina uma Lei aprovada pela Assembleia Legislativa do estado.

Como se vê, gestão é o que todos precisam, mas nem todos a praticam. O cliente só quer qualidade, preço justo e atendimento que lhe traga satisfação. Ainda temos muito a caminhar.

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Municípios mineiros que dependem das atividades mineradoras para sobreviver estão nas manchetes, devido aos problemas que enfrentam nesse período de baixa.

De Itabirito vem a notícia de que um restaurante, localizado no centro da cidade, cozinhava 45 kg de arroz por dia e agora não passa dos 15kg. A prefeitura também perdeu arrecadação com o declínio do minério de ferro e o pouco que está recebendo chega com atraso aos cofres.

Em Congonhas outro restaurante também perdeu muitos clientes e agora serve mil refeições por dia, mas já serviu 3 mil no passado.

Nos bons tempos, a prefeitura de Nova Lima praticamente dobrou seu número de funcionários, quando a tonelada do ferro estava em torno de 200 dólares e a China crescia muito e ampliava seus estoques estratégicos. Agora o atual prefeito faz ajustes, demitindo funcionários para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Em Itabira mais de 2.500 empregados das empreiteiras que trabalham para a Vale já foram demitidos neste ano, segundo o sindicato da categoria. E, é claro, a Vale se diz em adequação ao novo cenário mundial, com a tonelada de minério em torno de 50 dólares, quando o custo de produção tem que ser reduzido para manter a competitividade e a lucratividade para os acionistas.

Muitos exemplos poderiam ser citados, já que outros municípios de Minas Gerais também estão sofrendo com a contração econômica, variando apenas a escala e o setor afetado. É claro que quanto pior, pior mesmo, e o nosso atual quadro social mostra isso com muita clareza e pouca paz.

A reflexão que proponho aqui é sobre as causas que levaram esses municípios citados a demonstrar baixa sustentabilidade diante da crise instalada e que persiste. Há indícios claros de que eles falharam em seus planejamentos estratégicos e também em seus reposicionamentos estratégicos diante das mudanças nos cenários.

Pelo visto não se preocuparam com a avaliação de cenários, verificando como se inseriam as mineradoras localizadas nos municípios na economia de mercado global, cujas variáveis elas não controlam, no máximo acompanham.

Também não dá para uma prefeitura avançar na Lua como se fosse queijo. Frente ao momento de boa arrecadação, muitas aumentaram seus gastos, esquecendo-se da expectativa de vida cada vez mais longa de quem está na ativa e dos inativos. E, o que é pior, as prefeituras contavam que o boom do minério de ferro era para sempre.

É importante lembrar que o minério de ferro e outros 40 minerais explorados no estado também estão sujeitos à exaustão, com suas respectivas especificidades, inclusive de mercado extremamente dinâmico. Um fundo deveria ser formado para garantir a sustentação no momento em que só houver buracos deixados pela mineração. Os recursos para esse fundo poderiam vir de parte da atual CFEM (Contribuição Financeira sobre a Exploração Minerária) que equivale a 2% da receita líquida das empresas mineradoras. Aliás, existe proposta para que a CFEM passe a ser de 4% da renda bruta das mineradoras mas, para isso, o marco regulatório do setor, que já tramita há alguns anos, precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional.

Concluindo eu diria que esse é mais um exemplo de como a gestão estruturada faz falta em todos os setores da atividade humana, sejam eles públicos, privados ou do terceiro setor. Quem não tem estratégia está condenado à morte. E não adianta ficar de gabinete em gabinete, de qualquer instância de poder, pedindo ou negociando favores. A economia possui seus ciclos, que devem ser percebidos e compreendidos para serem enfrentados de maneira sistêmica, com muito conhecimento e foco. Senão, a cada mudança de vento seremos surpreendidos sem sustentabilidade para enfrentar os desafios.

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Exatamente um ano atrás eu te perguntava – como está o cumprimento das suas metas?

Apesar de sempre nos sentirmos obrigados a olhar para frente e às vezes nos surpreendermos olhando para os lados, de vez em quando é importante também olharmos para trás. Dessa olhada, poderemos perceber se existem diferenças entre o que fazíamos naquele momento e o que atingimos no dia de hoje.

Será que avançamos positivamente ao implementar o plano de ação para o atingimento de nossas metas? Ou, por outro lado, não as atingimos por falta de foco, persistência, condições e muita ação para chegar lá? Uma análise crítica do nosso desempenho se faz necessária para que possamos verificar se estamos caminhando no sentido da melhoria, do atingimento das metas, ou se ficamos apenas fazendo discurso, sem mudar de atitude.

metas cumprimento data

Abaixo estão republicados trechos do texto do ano passado. Se preferir, clique aqui para ler tudo. Depois de reler, quais são suas conclusões? Você caminhou em direção às suas metas? Você está melhor ou pior que no mesmo dia do ano passado? Ainda existe muita distância entre a intenção e o gesto? Quais são as causas que estão em você?

A promessa de ano novo é um objetivo, um alvo a ser atingido. Quando ganha um valor e um prazo, torna-se uma meta. Atingir essa meta é um desafio bem grande, mas possível de ser vencido. É por isso que toda meta precisa ser acompanhada de um plano de ação, detalhando as alternativas estratégicas necessárias para colocar o gerenciamento em movimento, rumo ao resultado esperando.

A linha da meta nos mostra, graficamente, o quanto se avançou em um determinado espaço de tempo na direção do resultado, em função das etapas do processo que deveriam estar cumpridas.

É pensando nisso e analisando diante do dinamismo da gestão estruturada, que sempre nos exige posicionamentos e reposicionamentos, que sugiro uma reflexão sobre os resultados que você já alcançou até hoje, dia 4 de maio, passados mais de 120 dias do ano.

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No último dia 15 a Presidência da República enviou ao Congresso Nacional o Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2016. Umas das premissas da proposta é a de que a inflação de 2015 será de 8,2%, e a de 2016 está projetada em 5,63%. Daí a projeção do salário mínimo de R$854,00 em 2016 e algo em torno de R$900,00 em 2017.

Esse introito é para nos ajudar a refletir sobre o significado real do não atingimento de uma meta. No caso da inflação anual, a meta perseguida pelo Banco Central do Brasil é de 4,5%. Com a LDO, o poder executivo está assumindo mais uma vez que ela não será atingida, e que ficará 82% acima do que foi proposto. Aliás, desde agosto de 2010 a meta anualizada de 4,5% não é atingida.

Para quem trabalha com um sistema de gestão estruturado para implementar seu negócio é assustador verificar, ao longo de tanto tempo, uma meta não ser atingida e ficar cada vez mais distante do valor proposto. Os atos devem ter consequências e isso deveria ser levado em consideração a partir das observações e análises que fundamentam a definição de um objetivo. Se conceitualmente meta é um objetivo que possui valor e prazo para ser alcançado, por que o Governo Federal está errando tanto? Quais são as causas que estão levando a esse efeito indesejável seguidamente?

A primeira causa pode nos mostrar que a meta tem sido apenas desejo e que o plano de ação para atingi-la está muito aquém daquilo que deveria ser feito estrategicamente.

Uma segunda causa pode ser uma análise superficial dos fatores determinantes para a definição dos objetivos, a começar pela necessidade política de manter a inflação baixa para aparecer “bem na fita” perante a população. O resultado é que a meta torna-se simplesmente maluca, inatingível desde o início e desmotivadora. O oposto disso é a meta desafiadora, aquela que mobiliza todos os envolvidos no processo para que seja atingida, ainda que muito difícil, mas não impossível.

Uma terceira causa está ligada à presença ou ausência da liderança do gestor da meta e das demais pessoas que participam do gerenciamento, também pela liderança, nas partes desdobradas que se desdobram. Também é premissa que todos devem saber se posicionar e se reposicionar no dinamismo que o tempo do processo exige.

Uma quarta causa está na dificuldade de se ter uma visão sistêmica, na perda de foco, na pouca constância de propósitos e na indisciplina durante a utilização do método gerencial.

No exemplo citado fica claro que melhor seria assumir a realidade dos fatos e dados. Insistir em 4,5%, inatingíveis nas atuais condições, só serve para usar o índice na correção da tabela do Imposto de Renda.

Em função de todas as variáveis que envolvem o caso, melhor seria assumir uma inflação de 8% para o ano em curso, outra de 6% para o ano que vem e, finalmente, reafirmar o desafio de atingir os 4,5% em 2017. Mas, para isso, um plano de ação contendo as alternativas estratégicas necessárias e suficientes deve ser parte integrante da meta. Tudo isso sem contabilidade criativa, sem pedalada fiscal e sem revogação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para ajustar as responsabilidades fiscais.

Isso vale para nós também, tanto na pessoa física quanto na família. Não há espaço para meta maluca, só para metas desafiadoras.

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Primeiro a empresa deixou vazar na rádio corredor que seus principais clientes estavam atrasando os pagamentos, porque também não estavam recebendo em dia. Rapidamente cresceu o discurso pela necessária e obrigatória redução de custos, a começar pelo cafezinho, passando por água, energia elétrica e redimensionamento da estrutura organizacional. Depois veio a lista das pessoas que seriam cortadas para garantir a continuidade do negócio em bases menores na nova conjuntura econômica. Daí para a demissão fria, rápida e em massa, acaba sendo apenas mais um ligeiro passo, com o discurso de que os direitos sociais serão assegurados e viabilizados dentro das possibilidades. O que acabo de descrever não está longe da realidade de muita gente que perdeu o trabalho ao longo desses meses de declínio econômico e muita disputa política e partidária.

Uma característica bastante frequente em diversos segmentos da economia que estão demitindo é o desrespeito à condição e à dignidade humana, mesmo presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Uma prática cujo padrão tem ganhado adeptos recomenda que, num ato de traição, o empregado seja retirado do seu local de trabalho mediante algum pretexto, que lhe é passado de maneira bastante incisiva. A sentença pode ser comunicada numa sala específica. Isso para não falar em práticas mais ousadas, quando se conduz os empregados para um cadafalso em espaço fora da empresa e até mesmo na sua própria calçada. O fato é que o empregado sequer tem o direito de retornar ao seu antigo posto para pegar os seus pertences.

Nesse momento fico pensando naqueles que têm a função de fazer a gestão de pessoas ou dos recursos humanos ou qualquer outra denominação que se queira dar. Muitos até se envergonham de seus papéis e se justificam perante os ex-colegas dizendo que são “os ossos do ofício”. Outros simplesmente executam o que precisa ser executado, de novo em nome da sobrevivência, da mesma forma que o cirurgião faz a cirurgia ou o torturador tortura o seu torturado. Fica clara a falta do preparo de muitos para enfrentar situações como essas. Falta gestão estruturada e sobra discurso dizendo que as pessoas são essenciais ao processo de trabalho, mesmo sem nunca saber que perfil foi buscado ou como seu desempenho era avaliado. Isso vale inclusive para o chefe ou gestor imediato do empregado em seu setor de trabalho, que nessas horas terceiriza tudo para “o pessoal do RH”.

Com tanto desrespeito, imagine o clima que reinará no local de trabalho entre os empregados não demitidos! Eles também poderão querer entender por que ficaram, se houve algum critério ou se poderão fazer parte da próxima lista. Nos tempos do modismo da reengenharia, que queria cortar custos de todas as maneiras, também vivia-se algo semelhante em termos de clima organizacional.

Para quem saiu fica a mágoa pela forma desrespeitosa como tudo foi feito, a vontade expressa de reclamar os direitos sociais na Justiça do Trabalho e falar mal da empresa pelos quatro cantos do mundo, no cara a cara e nas redes sociais.

Espero, caro leitor, que você ainda não tenha enfrentado uma situação como essa, mas nenhum de nós está livre de viver o risco de ser tão desrespeitado ou mesmo de se ver obrigado a desrespeitar alguém dessa forma, mesmo não concordando. Ainda estamos longe da excelência, apesar da crença nas pessoas.

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Meta e plano de ação

por Luis Borges 14 de abril de 2015   Gestão em pauta

Se não existe vento favorável para quem não sabe onde ir, como dizia Sêneca, o que fazer e como fazer para encontrar um norte? Esse desafio torna-se ainda maior em tempos de turbulência econômica, política e social como os que estamos vivendo. A entropia é grande e muitas pessoas parecem estar tão birutas quanto os aparelhos que indicam o rumo dos ventos. Se a incerteza prevalece, só nos resta enfrentá-la usando o conhecimento. É hora de aplicarmos o conhecimento gerencial de maneira estruturada e com o suporte do conhecimento geral e do conhecimento técnico específico.

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Quando o Secretário de Estado de Planejamento e Gestão apresentou o diagnóstico da situação do estado de Minas Gerais, ele falou que será feito um plano de ação para enfrentar os problemas percebidos. Mas num sistema de gestão estruturado não existe plano de ação sem meta, nem meta sem plano de ação.

Conceitualmente, meta é um objetivo que possui valor quantificado e prazo para ser atingido. Já o plano de ação apresenta as medidas estratégicas necessárias e suficientes para que a meta seja atingida. Ele detalha o que vai ser feito, como será feito, em quais prazos e o nome da pessoa que será responsável pela implementação da medida. Além disso também vale lembrar que a meta precisa obrigatoriamente ter um gestor e que a sua gestão deve ser feita pela liderança e não simplesmente pelo comando. O foco no resultado a ser alcançado e que desafia a todos os participantes do processo pode ser acompanhado graficamente pela linha da meta. Ela mostra ao longo do tempo se a gestão está conduzindo rumo ao norte orientador (meta) ou se correções e ajustes devem ser feitos.

Também nunca é demais lembrar que a meta deve ser desafiadora, difícil de ser atingida mas possível de ser alcançada. Quando a meta é maluca, fora da realidade, de cara todos já sabem que ela não será atingida e isso só desmotiva as pessoas.

No caso do diagnóstico estadual citado fica agora o desafio para se acertar no prognóstico e definir as metas estratégicas com os seus desdobramentos pela estrutura organizacional, definição dos responsáveis que serão cobrados pelos resultados e a elaboração dos respectivos planos de ação. A gestão será um movimento desigual e combinado, mas nunca poderá abrir mão da liderança, da ação da cobrança pelos resultados e de sua análise crítica. Se desafios são dados, condições também devem ser dadas e a avaliação do desempenho mostrará quem merece continuar no jogo e quem precisará ser substituído. Tudo isso dinamicamente e em tempo real.

Como se vê, ainda há muito o que se fazer na certeza de que gerenciar é resolver problemas, é atingir metas através de um plano de ação.

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Um médio empresário de 61 anos tem desabafado com as pessoas de seu convívio mais direto. Ele não aguenta mais receber tantas cobranças por causa do atraso no pagamento da parcela de uma dívida. O banco de uma montadora de veículos é o seu carrasco. A instituição tem sido implacável, por meio de seus terceirizados, na cobrança via telefone fixo, celular e nas mensagens de texto SMS.

O assédio começa a partir do 11º dia de atraso e vem com os diversos sotaques, de diferentes pontos do país. Os telefonemas começam às 7h e se sucedem até por volta das 21h. Ao final desse período, a contabilização mostra 20 chamadas recebidas em cada modalidade telefônica e duas mensagens. Essa abordagem incisiva só acaba dois dias depois do sistema do banco acusar o recebimento da parcela em atraso.

O cliente insiste em mostrar que o atual financiamento é o terceiro que faz pela instituição e que nunca deixou de pagar nada. Ele se aborrece de ver que tem se atrasado mas que seu histórico de bom pagador não está sendo considerado. Pena que ele se esquece que está falando isso para uma central de cobranças, que não foi feita para ouvir seus argumentos e sim para cobrar repetidamente e, se possível, vencer pelo texto padrão ameaçador e pelo cansaço.

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Alguém poderia perguntar por que o médio empresário tem se atrasado. A causa é muito simples – o atraso ou o não pagamento de serviços prestados a órgãos públicos estaduais e da União, notadamente nos últimos 12 meses.

Sabedor de que o sapo pula é por necessidade e não por boniteza, ele resolveu fazer uma análise crítica do foco do seu negócio e do perfil de seus clientes. Seu susto foi muito grande ao perceber que 90% desses clientes estão na mesma cesta ou em cestas bastante semelhantes. Só então se convenceu do quanto foi omisso e negligente na gestão do seu próprio negócio e do risco que está correndo no momento em que seus clientes estão ganhando tempo e adiando o pagamento a seus fornecedores.

É claro que podem dizer que falta orçamento aprovado pelo Poder Legislativo, que falta caixa devido a atrasos no repasse de recursos advindos de outros órgãos ou que tudo será pago num momento próximo. Mas o fato é que o empresário está queimando reservas e financiando seus clientes enquanto eles ganham o tempo que precisam.

Esse é o nosso capitalismo sem riscos, que quando soluça acaba quebrando muitos ovos daqueles que colocam praticamente todos na mesma cesta.

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