Lixo sem cidadania

por Luis Borges 10 de março de 2015   A vida em fotografias

O Observação & Análise mostrou em julho, setembro e dezembro do ano passado um pujante lixão que se integrou à paisagem da Rua Arthur de Sá esquina de Rua Enoy, próximo ao Minas Shopping, no bairro União, em Belo Horizonte. Ele é apenas uma pequena amostra dessa modalidade usada pelas pessoas para se livrar do lixo em diversas regiões da cidade. Basta um olhar atento para você confirmar o que estou dizendo.

Como existe um forte discurso a favor da cidadania em nossa sociedade civil, é importante lembrar que o seu exercício pressupõe direitos e deveres políticos e sociais. As fotografias deste post mostram que a cidadania continua no lixo, pois os procedimentos padrão para a coleta do lixo domiciliar não dão ao cidadão o direito de jogar ali, na rua, os seus resíduos. É seu dever destiná-los adequadamente nos dias definidos para a coleta.

Visto que ainda falta muita educação e disciplina para fazer o que é certo desde a primeira vez, é mais fácil cada um se safar como pode do lixo que sobrou em casa depois do prazo. Isso vale também para fazer do lixão um bota fora de camas, sofás, fogões, geladeiras, tanquinhos, armários e até dos entulhos da construção civil.

Fotos: Sérgio Verteiro

Fotos: Sérgio Verteiro

Veja na sequência como cresce esse lixão, que leva em torno de 15 dias para se saturar e, logo após, receber o caminhão a serviço da SLU para fazer o “limpão”. Nesse caso do bairro União, o lixão ja existe há pelo menos 8 anos. É o que nos contou um cidadão que mora no bairro ao longo desse tempo e que quando lá chegou já encontrou a rua com essa função.

Fotos: Sérgio Verteiro

Fotos: Sérgio Verteiro

A Superintendência de Limpeza Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte não tem feito campanhas educativas para esclarecer a população como proceder em relação ao lixo. Ela apenas recolhe tudo o que está no lixão sempre que ele fica saturado e realimenta a postura da população para continuar usando esse caminho mais fácil.

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Dia 6 de março, chegou a hora da limpeza… / Foto: Sérgio Verteiro

Um dos fundamentos do Programa 5S nos ensina que lugar limpo não é o que mais se varre, mas o que menos se suja. Como se vê pela prática cotidiana das pessoas que contribuem para a formação desse lixão, ainda estamos muito longe de fazer o que o fundamento preconiza. Mas essa é, também, uma das muitas caras da nossa sociedade.

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Dia 8 de março, domingo, o Move completa um ano de operações. Move é o nome dado ao sistema de BRT (Bus Rapid Transit, ou sistema de transporte rápido por ônibus) de Belo Horizonte, no qual a Prefeitura de BH já investiu mais de 1 bilhão de reais.

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Foto: Sérgio Verteiro

No Observação e Análise temos abordado diversos temas ligados à mobilidade urbana em Belo Horizonte e RMBH, muitas envolvendo o BRT ou Move. Você pode relembrar os textos aqui.

Apesar de todos termos o direito de ir e vir, assegurado pela Constituição Federal, é necessário avaliar como estava a mobilidade urbana antes do início da operação do Move e como ela está hoje. Valeu a pena o investimento? O sistema adotado “despiorou”, ainda continua ruim ou apresenta algum grau de melhoria visível?

Espero que a BHTrans, empresa gerenciadora do sistema viário, já tenha uma avaliação crítica estruturada, mostrando claramente o que foi planejado, o que foi executado, o nível de resultados alcançados, os principais problemas pendentes e o planejamento dos próximos passos, com o respectivo horizonte de tempo. Espero também que essa análise tenha sido feita ouvindo todas as partes interessadas, contemplando os usuários dos serviços de ônibus, os usuários de outros veículos automotores ou não, os pedestres, as empresas concessionárias do serviço de transporte por ônibus e as associações de moradores.

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Foto: Sérgio Verteiro

Os problemas que envolvem a operação e o uso do Move não podem ser negados, ignorados ou justificados com desculpas. Problema deve ser admitido e resolvido, conforme nos ensina um dos fundamentos da gestão. Quem acompanha a vida da cidade deve estar vendo pelo rádio, televisão, internet e jornais impressos muitos fatos e dados nas pautas sobre o Move. É o caso da avaliação feita pelo jornal Estado de Minas, publicada na edição da segunda feira 02 de março. Nas fotografias deste post estão um retrato do Move Cristiano Machado no mesmo dia.

Fica a pergunta: se você fosse consultado em uma pesquisa de opinião para avaliar o desempenho do BRT/Move ao longo desse 1 ano, que nota você daria na escala de 0 a 10? 

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Foto: Sérgio Verteiro

Nada é tão bom que não possa ser melhorado, ainda que alguns insistam em dizer que vai tudo bem, obrigado.

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Quem anda pelo bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, pode encontrar quaresmeiras espalhadas pelas suas ruas e praças. Basta um olhar minimamente atento para descobrir, e melhor, observar o que a natureza ainda nos oferece, apesar da ação daninha de muitos de nós. Uma pequena amostra do que estou dizendo está nas fotografias postadas a seguir, que foram feitas na Rua Almandina, no quarteirão próximo à Avenida do Contorno, e na Rua Quimberlita, entre as ruas Mármore e Eurita, três quarteirões abaixo da Praça Duque de Caxias.

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Rua Almandina. / Foto: Sérgio Verteiro

Provavelmente para quem realmente quiser ver uma quaresmeira com flores de diferentes cores sem ir a Santa Tereza bastará olhar o seu próprio bairro para ver uma cena semelhante e se permitir um pouco de contemplação.

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Rua Quimberlita. / Foto: Sérgio Verteiro

Para quem quiser avançar um pouco mais existirá, também, a possibilidade de refletir sobre o significado do tempo da quaresma, ao qual chegamos após a alegria e a fantasia do Carnaval. É claro que é só para quem quiser, pois daqui a pouco os tempos já serão de Páscoa, declaração do Imposto de Renda, Corpus Christi, dia dos namorados e de trabalhar para pagar impostos para poder viver. Se você olhar o calendário gregoriano verá que faltam praticamente 10 meses para o encerramento do ano e que estamos apenas esperando as águas de março que fecharão o verão.

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Rua Quimberlita. /Foto: Sérgio Verteiro

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Foto: RMA

Na gestão do seu tempo você já reservou espaço para observar e contemplar o raiar do Sol, em pleno horário de verão, nesta estação do ano? Existe a probabilidade de você ainda estar dormindo nessa hora. Mas quem sabe seu turno de trabalho, originalmente cumprido na tarde-noite, foi momentaneamente trocado pela manhã-tarde? Ou quem sabe surgiu uma viagem com início previsto para as 7h? E se você faz parte de um bloco de carnaval de rua que ficou pulando até o sol nascer?

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Foto: RMA

As fotografias deste post foram feitas no último dia 31 de janeiro por um amigo aposentado residente em Itabirito (MG). Lá ele está vivendo no ócio com dignidade e criando tempo para contemplar e compartilhar variados registros do cotidiano, inclusive o raiar da estrela solitária da nossa Via Láctea.

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Foto: RMA

Será que o amigo está tendo tempo demais ou nós é que estamos tendo tempo de menos? 

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Foto: RMA

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Publicamos ontem aqui no Observação & Análise o texto “Acessibilidade difícil em Santa Tereza“, mostrando os galhos cortados de uma árvore que impediam a passagem segura de pedestres em uma calçada da rua Hermílio Alves.

Até a manhã desta terça, os galhos ainda estavam lá. No início da tarde, foram retirados.

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Pela foto, tirada às 18h10 de ontem, deu pra ver que os galhos não mais impediam a calçada, mas um motorista resolveu fazer sua parte para atrapalhar os passantes.

Registramos a nossa satisfação pela retirada dos galhos. Mas é bom lembrar que o serviço deveria ter sido feito de forma completa logo no primeiro dia da sua realização. Ou seja, cortar, limpar, retirar. O fundamento básico da gestão é fazer o certo desde a primeira vez.

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Foto: Sérgio Verteiro

Como você faria para caminhar com segurança no passeio mostrado acima, cheio de galhos de árvore cortados e abandonados em seu piso há pelo menos 7 dias? Essa fotografia foi feita ontem, 2 de fevereiro, na Rua Hermílio Alves, em Santa Tereza.

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Foto: Marina Borges

Qual seria o seu grau de solidariedade com pessoas de diferentes idades que tivessem que andar nesse mesmo local? Você as ajudaria a driblar as dificuldades de acessibilidade no local?

A foto acima foi tirada na manhã de quinta-feira, 29/1, no mesmo local. A rua Hermílio Alves é a principal via de entrada e saída do bairro de Santa Tereza para quem usa a Avenida do Contorno. O trânsito de veículos é volumoso nas duas mãos da pista de rolamento e os passeios para pedestres são estreitos, como se vê, mas fazem parte da história.

Até a tarde desta segunda nada tinha sido feito pela Administração Municipal para resolver o problema. Os galhos cortados da árvore já estavam lá desde o início da semana passada.

Espero que os usuários do local estejam reclamando e insistindo com suas reclamações na Prefeitura. É claro que poderá surgir alguém dizendo que está sendo feita uma adequação das árvores do bairro, com supressão ou poda. Mas a pergunta é simples: qual é o critério para se fazer o processo completo e com a garantia de segurança para todos os envolvidos? Qual seria o tempo máximo necessário para essa operação?

Só falta também surgir alguém dizendo que a ausência de critério é o critério, e que deve ser usado o bom senso. Se refletirmos um pouco mais perceberemos que sempre que houver critério, não será necessário apelar para o bom senso.

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Fotos: Marina Borges e Sérgio Verteiro

Na rua Almandina, paralela à Hermílio Alves, a acessibilidade também está difícil para quem usa o passeio público. Quase na esquina com a rua Bueno Brandão, a única diferença entra a quinta passada e ontem é que foi feito um serviço meia-boca, remendando um pouco do passeio mas deixando torrões de terra vermelha e entulho.

E a gente vai ficando para trás, mesmo pagando o IPTU em dia, que não nos é retribuído com serviços de qualidade.

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Na entrada do metrô, várias catracas em linha. Mas poucas estão livres para a entrada dos passageiros. Grades ou portas de ferro impedem a passagem na Estação Minas Shopping do metrô de Belo Horizonte.

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Foto: Sérgio Verteiro

A fotografia acima foi tirada ontem, dia 29/1, por volta das 13h na estação citada. Note que a grade fecha uma entrada de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, além de algumas catracas comuns.

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Foto: Sérgio Verteiro

Em outro momento, na noite do dia 23/1, sexta-feira passada, a porta de metal estava fechada, bloqueando catracas e também uma das entradas para cadeirantes. Apenas as passagens para usuários de cartões de transporte estavam funcionando plenamente.

São duas situações semelhantes em curto espaço de tempo, o que nos faz pensar se há defeito e portas sem manutenção ou se é apenas uma diretriz de diminuir a quantidade de catracas para os usuários.

Mobilidade e acessibilidade são palavras que estão sempre na ordem do dia. São termos de profundo impacto no sagrado direito de ir e vir das pessoas. A expectativa que temos é a de encontrar sempre instalações, equipamentos e ambientes amigáveis para todos os que deles necessitam, independente da existência ou não de limites físicos individuais. O pouco caso, o descuido ou a negligência muito nos assustam. Haja paciência e persistência!

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A Via 710 ligará a avenida dos Andradas, na região leste de Belo Horizonte, à avenida Cristiano Machado, na região nordeste. Sua extensão será de 4 km e o término da obras estava previsto, inicialmente, para antes da Copa do Mundo, em 2014. O que não aconteceu.

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Foto: Sérgio Verteiro

Em nome da mobilidade urbana, a obra será ligação direta entre as duas regiões, passando pelos bairros  Instituto Agronômico, Horto, Dom Joaquim e União. Dificuldades na desapropriação de imóveis e remoção de famílias que estão em áreas invadidas são algumas das causas alegadas pela Prefeitura para os atrasos na construção. Segundo uma matéria do Jornal Estado de Minas publicada à época, a licitação da obra foi homologada pela Prefeitura em 29 de julho de 2014. A partir da emissão da ordem de serviços, o empreendimento teria a duração de 18 meses com investimentos de R$ 145 milhões. No site da Prefeitura, explica-se que a diretriz para a criação da via tem mais de 30 anos.

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Foto: Sérgio Verteiro

Nas fotografias deste post estão locais por onde passará a Via 710. Todos no bairro União, próximos ao Minas Shopping.

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Foto: Sérgio Verteiro 

Quem passa ao lado, na av. Cristiano Machado, poderia imaginar esse cenário próximo, a poucos metros da pista de rolamento?

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O BRT-Move já foi abordado aqui no Observação e Análise em pelo menos três ocasiões. Em uma delas mostramos problemas de desnível e insegurança nas estações de transferência. Em outra ocasião, falamos do ar-condicionado que não funcionava e das portas automáticas que não eram automáticas. Por fim, em 23 de dezembro, mostramos o estado precário da faixa do Move na Avenida Vilarinho.

Nosso olhar atento para registrar as coisas que impactam nossas vidas nos permitiu verificar, nesse quente janeiro, que a avenida Vilarinho está sendo recuperada, conforme mostram as fotografias a seguir. Todas são de Sérgio Verteiro e foram feitas na semana passada. 

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Pela fotografia, é possível ver a separação entre as faixas, evidenciando o asfalto recentemente colocado.

Fazendo uma reflexão sem dor, mas que dói muito, verificamos a intensidade do desperdício dos recursos públicos, sempre escassos diante de tantas necessidades. A pergunta é muito simples e direta. Por que a avenida ficou tão estragada num curto espaço de tempo ? Será que as causas desse problema estão no projeto, na especificação ou aquisição dos materiais utilizados, na construção da pista exclusiva, na auditoria da qualidade para verificar a conformidade com tudo o que foi especificado e suas respectivas normas técnicas?

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Nunca é demais lembrar que um dos fundamentos da Gestão nos ensina que devemos fazer o certo desde a primeira vez e sempre referenciados pelas melhores práticas no tema em questão. O BRT-Move ainda vai completar um ano de operação, mas nos dá a sensação de que muita coisa foi feita às pressas e na base da tentativa e erro. Remendar e consertar  sai cada vez mais caro para a população, que custeia esses empreendimentos com o pagamento de impostos, além de perder tempo e se sentir tão insegura quanto desconfortável no uso diário desse serviço implantado em nome da mobilidade urbana.

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Ninhos e pássaros

por Luis Borges 14 de janeiro de 2015   A vida em fotografias

Se o Pequeno Príncipe já dizia que “o essencial é invisível aos olhos” como esperar que os olhos de muitos humanos vejam pássaros, ovos, ninhos e os contemplem?

Ninho escondido próximo a um telhado. / Foto: RMA

Ninho escondido próximo a um telhado. / Todas as fotos desse post são de RMA.

A vida insiste em prosseguir e se reinventar dentro das condições de contorno a que é submetida pelo clima cada vez mais hostil. A indiferença e o individualismo, cristalizados na base do “não é comigo”, são algumas ameaças a serem vencidas.

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A esperança continua na união das demais pessoas que sabiamente lutam pela sustentabilidade da vida, na certeza de que seus sucessores também merecem receber a terra em condições adequadas para que a vida continue triunfando.

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Veja, nas fotografias desse post, como a vida prossegue se manifestando, mesmo num pequeno espaço de um município da região metropolitana de Belo Horizonte. Caminhemos persistentes ancorados por nossas crenças fundamentadas, mas sem fundamentalismos.

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