Um Natal na pandemia

por Luis Borges 30 de novembro de 2020   Pensata

Quem de nós imaginaria, no Natal do ano passado, um cenário de pandemia no Natal seguinte? Com a Covid-19 se alastrando pelo mundo em tempos desiguais, com diferentes intensidades, trazendo o medo da morte e de muitas sequelas?

Pois é, logo agora que atravessamos um ano de diversas agonias chegamos a mais um Natal, que deve ser bastante reduzido em termos de festanças, mas sem perder o seu significado de renascimento. É tempo de refletir sobre os motivos que temos para a ação, aqueles que vem de dentro de nós. E, neste ano, diante de momentos tão difíceis e desafiantes para enfrentar e vencer uma ameaça tão real trazida pelo novo coronavírus.

“Se muito vale o já feito, mais vale o que será… e o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir”

É o que dizem Milton Nascimento e Fernando Brant na música “O que foi feito devera” lançada em 1978 no álbum Clube da Esquina 2. Sendo assim, o que será possível fazer neste período de Natal em meio às condições de contorno bem restritas do ponto de vista sanitário na comparação com o já saudoso ano anterior?

Na conjuntura em que acontece o advento, tempo de preparativos para o Natal, prevalecem as preocupações em torno de um repique ou segunda onda da Covid-19 conforme os fatos e dados tem demostrado ao longo deste mês. Há especialistas que dizem que a primeira onda nunca acabou e que estamos vivendo um aumento de casos fruto das aglomerações e da maior circulação de pessoas.

Renovam-se as esperanças em torno das vacinas seguras e eficazes, que poderão estar disponíveis já neste fim de ano ou no inicio do próximo. Espero que haja planejamento e gestão suficientes para que as doses das vacinas cheguem a seus destinatários em tempo hábil e nas condições normais de temperatura e pressão, conforme preconizam a ciência e o conhecimento aplicado.

Encontrar o equilíbrio é sempre desafiante em meio a tantas ponderações. Mas sei que existem aqueles que não abrirão mão da festa no local de trabalho, com 10 ou mais pessoas, além dos encontros festivos das pequenas, médias e grandes famílias de todas as classes sociais, cada qual com o seu qual em nome da renovação da vida em risco.

Ainda permanecem na conjuntura balançando para lá e para cá, mas exigindo soluções adequadas, o retorno às aulas presenciais, o orçamento da União Federal para 2021, o programa de renda básica para substituir o auxílio emergencial, o combate à disparada de diversos preços de bens e serviços…

 

Árvore de Natal em frente à Matriz de São Domingos, em Araxá, em 2014. / Foto: Paola Pedrosa

 

Tudo o que foi feito – e também o que deixou de ser feito – pelas autoridades governamentais conforme suas responsabilidades e pelos cidadãos individualmente e socialmente nos trouxe até os resultados de hoje, que ainda não são suficientes.

Prossigamos rumo ao Natal, um dia de cada vez, com o realismo e o pragmatismo fundados na sabedoria e na esperança que fazem parte do nosso viver.

  Comentários
 

Eis aqui algumas percepções que tenho sobre o processo eleitoral municipal que está perto de ser concluído no dia 29/11 com a realização do 2º turno em 57 municípios. Só ficará faltando a cidade de Macapá, capital do Amapá, devido ao apagão de energia elétrica.

Acompanhei mais de perto as eleições em Araxá, minha cidade natal, e em Belo Horizonte, minha cidade do coração onde resido há 47 anos. Fiquei triste com a derrota de meu candidato a vereador em Belo Horizonte e alegre pela vitória do candidato que apoiei em Araxá. Sugeri a eles que façam uma avaliação dos resultados alcançados em função das metas estabelecidas e dos planos de ação feitos para atingi-las.

Chamou minha atenção a abstenção em Belo Horizonte, que chegou a quase 29%. Somada aos votos nulos e brancos nos mostram que o “não voto” chegou a 39%. Já em Araxá a abstenção passou de 24% que somada aos votos nulos e brancos chegou a 33,6% de “não votos”. O fato é que a cada eleição tem aumentado o percentual de abstenções na média nacional, que foi de 17,5% em 2016, pouco mais de 20% em 2018 e acima de 23% no primeiro turno deste ano. Penso que o voto é um direito de todos e não um dever. Na minha observação e análise as pesquisas de intenção de votos cumpriram a sua missão e deram uma fotografia para os eleitores que consomem este tipo de informação que pode auxiliar em sua tomada de decisão sobre em quem votar. Entretanto considero que as pesquisas deveriam registrar as intenções de quem deseja se abster de ir às urnas no dia da eleição.

Não tive muitas expectativas quanto à realização de grandes e intensos debates entre os candidatos a prefeito, mas entendo a estratégia daqueles postulantes líderes nas pesquisas de intenção de votos de não comparecer aos debates nas diversas mídias. Eles apenas gerenciaram o risco de vacilar ou ter desempenho comprometedor que poderiam lhes causar perdas desnecessárias.

Incrível a enorme ansiedade das pessoas devido ao atraso de três horas para a conclusão das apurações dos votos na noite do domingo, 15/11. Vale lembrar que as urnas eletrônicas são usadas no Brasil desde 1996 e esta foi a 13ª eleição de resultados plenamente confiáveis e alcançados com muita segurança. Agora, quem sonha com urna eleitoral de lona, voto rabiscado no papel e insegurança quanto à inviolabilidade do processo passa a sensação de estar buscando justificativas para resultados ruins em futuras eleições. Cabe também ao Tribunal Superior Eleitoral assumir os erros na implementação do Sistema de Apuração dos votos, centralizado pela primeira vez em Brasília.

Encerro com a percepção de que os partidos políticos do espectro de centro-direita – DEM, PSD, MDB, PSDB e PP – conseguiram melhorar a quantidade de prefeitos e vereadores eleitos e, no espectro da esquerda, o PSOL vai ganhando espaços que o PT começou a perder a partir de 2016. Agora é ver e agir na caminhada rumo às eleições de 2022, mas muita água ainda vai passar debaixo da ponte.

  Comentários
 

A queda é livre

por Luis Borges 17 de novembro de 2020   Pensata

A vida é um risco que precisa de gestão permanentemente. “Viver é perigoso”, disse João Guimarães Rosa. Nessa toada muitas são as citações e afirmações que podem ser feitas em variados espectros da nossa cultura. Meu ponto aqui está ligado a possíveis perigos, armadilhas que podem estar no caminho das pessoas e causar quedas em casa, nas calçadas das vias públicas, no local de trabalho ou de lazer…  Aliás, sabemos da física que é livre a queda dos corpos.

Assim, não raro, ficamos sabendo de alguma ocorrência envolvendo pessoas próximas ou mesmo distantes que tiveram alguma queda com variadas consequências. Às vezes nós mesmos é que estamos na cena, apesar de muitos acreditarem que as coisas só acontecem com os outros. Recentemente chamou minha atenção a informação no portal de uma universidade dando conta da morte de um professor quase octogenário, aposentado e emérito, que teve uma queda dentro de casa e bateu a cabeça no chão. A causa da queda não foi divulgada. Também fiquei incomodado com o caso de um morador septuagenário do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, que pisou em falso no buraco da calçada nas proximidades de uma padaria, acabou caindo e teve que se submeter a uma cirurgia no tornozelo da perna direita.

O fato é que segundo dados da Organização Mundial da Saúde as quedas são a segunda causa de mortes devido a lesões acidentais. Estima-se que cerca de 646 mil pessoas em todo o mundo morrem anualmente em consequência de quedas. Os idosos acima de 65 anos respondem pelo maior número de casos fatais. Outro dado importante é que em torno de 12%  dos idosos quebram algum osso ao cair e esse episódio pode criar neles o receio de que o evento possa vir a se repetir. Podemos também pensar na quantidade de pessoas que ficam sequeladas em diferentes graus devido à algum tipo de queda.

É óbvio que devemos conhecer as causas que levam as pessoas a ter uma queda e agir para aumentar a consciência de todos no sentido de evitar esse efeito tão indesejado. É preciso observar condições perigosas dentro de casa. Às vezes pode ser um piso muito encerado, cheio de tapetes esparramados, o excesso de móveis ou uma banheira com altura que exige um passo mais alto para ser acessada.

Por outro lado, é importante que as pessoas verifiquem seu estado de saúde, principalmente as mais idosas, para conferir seus níveis de pressão arterial, condições visuais, auditivas e motoras pois qualquer deficiência importante pode ser um facilitador para as quedas. Imagine alguém sentindo uma tonteira ao começar a descer uma escada de 4 degraus sem corrimão, por exemplo. São demais os perigos dessa vida. Estou citando casos simples que chamam a nossa atenção. Se olharmos as condições de muitas vias públicas veremos os riscos permanentes que corremos nos municípios pouco cuidadosos com a segurança de seus cidadãos, que também poderiam ser mais atentos e participativos. Mas se vier o pior a quem caberá cuidar do acidentado? É… aí o trem fica feio!

  Comentários
 

Vale a leitura

por Luis Borges 12 de novembro de 2020   Vale a leitura

A resiliência frente às adversidades da vida.

Nenhum dia é como o outro, ainda que se tenha diversas atividades repetitivas de um determinado processo que devem ser padronizadas. Ainda assim, o que não faltam são as pressões que vem de todos os lados e devem ser observadas, analisadas para não nos abater facilmente. Basta lembrar as cobranças indevidas de um chefe “mala” que só enxerga as coisas de um jeito, o medo da perda do trabalho numa conjuntura que exige estratégia de sobrevivência ou a não gestão dos conflitos num condomínio residencial ou comercial… como ter energia para encarar tudo isso sem perder o foco no que é essencial?

Nesse sentido conheça criticamente a abordagem sobre o tema feita por Cristiano Nabuco no artigo “O que é resiliência?” publicado no blog Viva Bem .

“O termo resiliência quer dizer – em seu significado original, na Física— o nível de resistência que um material pode sofrer frente às pressões sofridas e sua capacidade de retornar ao estado original sem a ocorrência de dano ou ruptura. A Psicologia pegou emprestada a palavra, criando o termo resiliência psicológica para indicar como as pessoas respondem às frustrações diárias, em todos os níveis, e sua capacidade de recuperação emocional. Falando de uma maneira bem simples, quando mais resiliente você for, mais fortemente estará preparado para lidar com as adversidades da vida.”

Avalie seu desempenho nas teleconferências

As teleconferências tornaram-se rapidamente uma realidade  no mundo corporativo e reforçaram bastante as possibilidades para o trabalho remoto. Quando nada, um modelo híbrido, que tem grandes probabilidades de ser bem utilizado de uma maneira que permita uma adequação entre o trabalho presencial e o remoto. Que avaliação você faz de sua experiência ao participar de teleconferências? Você sente que existem melhorias a serem feitas no sistema e na sua participação?

Leia a abordagem de Reinaldo Polito no artigo “Dominar reuniões a distância é uma boa chance para evoluir na carreira” publicado pelo portal UOL. 

“Se observarmos bem, a grande mudança está na maneira de se comunicar. De maneira geral, a comunicação a distância é mais difícil e exige mais habilidade. Falar com naturalidade; olhar de forma eficiente para o visor da câmera; manter o semblante arejado, simpático e comunicativo; gesticular de maneira moderada, sem falta, nem exagero; imprimir um ritmo agradável e envolvente; estruturar bem o pensamento, são alguns dos aspectos que irão determinar o sucesso do profissional nessas reuniões. É um novo momento. Os que aprenderem rápido e se adaptarem com mais facilidade terão a chance de buscar novos patamares profissionais. Aqueles que permanecerem resistentes, adotando a tática do avestruz, se escondendo para que a sua incompetência não seja percebida, talvez estejam com os dias contados. Essa não é hora de reclamar dos obstáculos e das dificuldades, mas sim a oportunidade de aprender e evoluir. Bora arregaçar as mangas.”

  Comentários
 

Finados e a finitude da vida

por Luis Borges 9 de novembro de 2020   Pensata

Em 2 de novembro tivemos o Dia de Finados, sempre lembrado por quem valoriza esse tipo de lembrança histórica que começou a acontecer entre os cristãos a partir do século II depois de Cristo.

Conversei com algumas pessoas sobre o dia dos que se finaram e o que isso significa para elas, bem como o que elas pesam sobre outros temas que têm conexão com a morte. Alguns temas se aproximaram de um consenso e outros ficaram mais no campo da indagação, do será. Ficou bem claro que a maioria dessas pessoas busca ter alguns momentos de maior introspecção para se lembrar de quem partiu, cada qual em seus diferentes níveis de proximidade, afetividade e convívio. Alguns também falaram que ficaram pensando por instantes sobre como será o dia de sua partida para outro plano espiritual. Duas pessoas disseram ter esperança de merecer que isso aconteça enquanto estiverem dormindo ou de maneira instantânea, numa espécie de morte súbita.

Surgiram também discussões sobre a ida aos cemitérios para marcar uma presença diante de jazigos onde foram sepultados os corpos de pessoas marcantes de alguma maneira. A presença do visitante, mesmo na pandemia, ficou abalada diante da judicialização da decisão de abrir ou manter cemitérios fechados no dia de finados em alguns municípios.

Houve também pessoas dizendo que não frequentam cemitérios e até evitam passar na porta, e quando passam não olham para o seu interior. Teve um que falou sobre o seu desconforto quando é obrigado a comparecer a velórios e, quando não tem jeito mesmo, fica lá o mínimo possível, o suficiente para cumprimentar pessoas ligadas ao morto e que cobrariam posteriormente a sua ausência num momento como aquele.

Aproveitei para questionar se velórios devem continuar existindo, principalmente a partir do padrão praticado na pandemia da Covid-19, em que tiveram a duração reduzida para duas horas e com a presença máxima de 20 pessoas. O argumento que mais ouvi a favor da realização do velório, independente do tempo de duração, é que ele faz parte do ritual religioso e social de marcar a passagem para outro plano espiritual. Também acaba sendo parte dos primeiros momentos de luto para quem teve perdas devido à ruptura de um vínculo.

Um pequeno espaço foi dedicado às preocupações com os custos da morte e sua cadeia produtiva no mercado, que disponibiliza uma boa variedade de bens e serviços tais como o espaço para o velório, urna mortuária, jazigo e cremação. Basta conferir a mais recente pesquisa de preços feita pelo site Mercado Mineiro.

Por último ficaram as falas sobre a importância de discutir a vida e a sua finitude, que tem na morte o seu marco. Caminhemos para lá com a lentidão que for possível, porém sabendo que chegaremos lá.

  Comentários
 

E quando a tecnologia não funciona?

por Luis Borges 29 de outubro de 2020   Pensata

O químico industrial Domiciano Barros Filho, 70 anos, aposentado, é cliente de uma operadora de planos de saúde regulamentados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. Diante dos aumentos de preços anuais em percentuais muito além dos reajustes do valor de sua aposentadoria decidiu mudar de plano para adequar seu orçamento. Dessa forma foi preciso sair de um com ampla cobertura para outro co-participativo, obviamente com o preço menor. No último dia do mês ele fez a operação de cancelamento para que no primeiro dia do mês seguinte entrasse em vigor a nova modalidade. Entretanto, o primeiro boleto bancário a ser pago não chegou em tempo hábil. O jeito foi entrar em contato com a operadora, o que normalmente gera fadiga. Tentou resolver o problema pelo telefone 0800, mas a demora foi tanta que desistiu. Em seguida entrou no site e logo veio a mensagem dizendo que devido à greve dos correios a 2ª via do boleto deveria ser solicitada no próprio site.

Na sequência surgiram algumas surpresas. O sistema informava que Domiciano tinha dois tipos de planos de saúde ativos, embora tenha surgido na tela por ocasião do cancelamento do contrato anterior que “a operação foi realizada com sucesso”. Tudo isso nove dias após a solicitação. Novamente tentou contato telefônico com a operadora e esperou 40 minutos para que se iniciasse o seu atendimento. Após 30 minutos de conversas e diante das evidências objetivas a operadora admitiu que houve uma falha no sistema, pediu desculpas pelo incômodo causado e informou o cancelamento retroativo ao último dia do mês anterior, que seria feito nas 48 horas seguintes.

Outra surpresa veio com a tentativa de emitir a 2ª via do boleto pelo site. A operação não se concluía devido a uma alegada divergência no CPF ou data de nascimento cadastrados. De novo foi necessário um contato pelo telefone, quando foi reconhecido que havia um problema no sistema desde o dia anterior e que estava sendo providenciada a solução. A saída emergencial foi indicar um telefone específico através do qual seria registrado o pedido de emissão de um novo boleto, que finalmente chegou via e-mail. O tempo perdido ficou por conta do desperdiço e a tecnologia tão decantada pela operadora do plano mostrou que estava no modo vagalume apagado.

Outro fato que também causou surpresa ocorreu quando Domiciano se preparava para fazer o derradeiro exame laboratorial antes do cancelamento do plano anterior. O laboratório solicitou que se fizesse o check-in pelo site, mas nada funcionou apesar da tentativa ter sido feita às 9 horas do dia anterior ao exame. O sistema informava que o serviço só poderia ser feito de 7 horas às 17 horas. O check-in estava sendo tentado no intervalo de horas previsto, e após 3 tentativas sem sucesso veio uma voz dizendo “desculpa, sou um robô”. Então Domiciano, “jogou a toalha” e resolveu fazer o check-in no balcão do laboratório, com ou sem fila, meia hora antes do início do exame num domingo.

A sensação que ficou é que a tecnologia é bem vinda, mas desde que funcione o tempo todo. Você já passou por alguma situação semelhante a essa, num banco, operadora de telefonia, cartão de crédito ou em um plano de saúde, por exemplo?

  Comentários
 

Estou pensando assim…

por Luis Borges 26 de outubro de 2020   Pensata

Nesse mês de outubro, no dia 24, completei 66 anos de nascimento. Nasci em Araxá, cidade eterna e capital secreta do mundo. Como tem acontecido nos últimos anos são muitas coisas que surgem na minha cabeça e que movimentam o meu outubro.

Tenho um amigo de longa data, que é 99 dias mais idoso que eu, que todo dia fica me lembrando a chegada cada vez mais próxima do dia 24. A reciprocidade acontece no período anterior a 17 de julho, dia do aniversário de nascimento dele.

Algumas pessoas me perguntaram como seriam as comemorações nesse ano e quais as perspectivas que tenho desenhado para os horizontes da minha vida. As comemorações clássicas, típicas de datas anteriores, deixaram de acontecer devido à pandemia que não acabou e ao protocolo sanitário determinando o distanciamento social. Quanto ao horizonte para o ano que vem acabei por filosofar um pouco com as pessoas que me encontraram pelo telefone. Ao ser perguntado como me sinto nesse momento de mais um ciclo da vida, que começou após os 60 anos, reafirmei a física dizendo que a energia do universo é constante e se manifesta de maneiras diferentes. Assim minha reflexão passa pelas condições funcionais que tenho em meu organismo, elas não são as mesmas de quando eu estava na lira dos 20 anos. Abordei também a minha crença de que a fase em que me encontro exige mais consciência sobre a finitude da vida e que a qualquer momento o nosso espírito deixará o nosso corpo e seguirá seu rumo em direção a outro plano espiritual.

Outra pauta foi sobre com quem contar para prosseguir na caminhada. Reafirmei que sempre contei, conto e contarei com a minha família, que é a base de tudo e de todo meu amor. Também conto com os laços familiares que são cultivados e com amigos que fiz ao longo da trajetória cuja amizade permanece em função do constante polimento.

Também houve abordagens sobre condições dignas de vida, inclusive na fase idosa. A expectativa é de continuar tendo o necessário para viver de maneira simples e com qualidade. Na questão política reafirmei que não me sinto representado por nada do que está aí, mas espero que o país saia da polarização e que voltemos à prevalência de uma sociedade respeitosa e sem ódio.

Por último, o tema que registrei  foi sobre o que fazer enquanto o tempo avança. Acredito que devemos lutar para não cair na condição de poliqueixoso permanente, pois isso pode ser um bom preceptor para a depressão e a melancolia. É importante ter projetos simples, mas constantes, de preferência que nos impeçam de ser “apo-sentados” nos aposentos .  O que posso fazer perante as condições que tenho?

Fiquei feliz com o meu aniversário!

  Comentários
 

Vale a leitura

por Luis Borges 17 de outubro de 2020   Vale a leitura

E se você precisar do SUS? 

O Sistema Único de Saúde – SUS – existe há 30 anos e faz parte da garantia constitucional de que “a saúde é um direito de todos e um dever do Estado”. Apesar disso, são crescentes as tentativas de reduzir de diversas maneiras os recursos financeiros destinados ao sistema. É óbvio que a sua gestão deve passar permanentemente pela melhoria contínua de seus processos e pela inovação bem gerenciada.

Leia a abordagem de Roberto Trindade sobre o tema no artigo “Vida longa ao SUS” publicado no blog Viva Bem.

“Apesar de fazer parte de nossas vidas há 30 anos, uma parcela importante dos brasileiros não tem ideia da real abrangência do SUS. É comum ouvir, principalmente nos usuários da saúde suplementar (planos de saúde), a afirmação de que “nunca utilizaram o SUS para nada, nem para tomar vacina”. Ledo engano…”

E se a conexão cair? 

Às vezes, quando menos se espera, podemos nos sentir perdidos, parados no meio do mundo em busca de algo que nos falta para reconectar a um sentido mais amplo da vida. Mas se isso demorar para acontecer, o que e como fazer para sair dessa “areia movediça” ?

Conheça o que diz Sandra Caselato no artigo “O oposto do vício é a conexão”, publicado no ECOA.

“Considero a conexão uma das mais importantes necessidades humanas universais. Desde que nascemos precisamos do contato físico e emocional com outros para sobreviver. Bebês humanos são os mais frágeis dentre todas as espécies, pois precisam de atenção e cuidado por vários anos. Sem este contato e cuidado inicial não sobrevivemos. Conforme crescemos nossa necessidade de conexão não deixa de existir, porém, aprendemos numa sociedade capitalista, materialista e individualista a valorizar mais as coisas do que as relações, as pessoas e a vida. Assim vamos nos sentindo isolados, deprimidos, desconectados…”

  Comentários
 

Um ano se passou e chegamos ao 1º de outubro, Dia Mundial da Pessoa Idosa. A novidade em relação ao ano passado é que dessa vez temos a pandemia da Covid-19 e os idosos são considerados membros de grupo de risco para a infecção. Tudo fica mais ameaçador se houver doenças pré-existentes, principalmente as descontroladas. A lista delas é falada “de cor e salteado” pelos mais informados – ou pelos os mais preocupados…

Mas que balanço podemos fazer sobre as melhorias e as “piorias” das condições de vida para as pessoas idosas após esse um ano que se passou? De cara podemos dizer que o número de idosos brasileiros está em mais de 28 milhões segundo o IBGE e a Organização Mundial de Saúde.

A reforma da previdência cravou em 65 anos a idade mínima para a aposentadoria de homens e 62 para mulheres. Enquanto isso, a lei brasileira define o idoso como uma pessoa com idade superior a 60 anos e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada tem estudos propondo a reforma do marco inicial da idade do idoso, que passaria a ser a partir dos 65 anos. Os argumentos básicos são o aumento da expectativa de vida da população e um alívio nos gastos com a Previdência Social. Haja reformas sem crescimento econômico e muitos desperdícios nos gastos públicos!

Também é importante lembrar que o poder aquisitivo no país caiu na faixa entre 17% para os mais ricos e 28% para os mais pobres (a maioria), ou seja, os idosos fazem parte desse bolo.

A inflação medida pelo IPCA do IBGE nesses últimos 12 meses (outubro/19 – setembro/20) ficou em 3,04% enquanto pelo IGP-M da FGV ficou em 19,4% (usado para reajustar aluguéis). A inflação específica para idosos é quase sempre maior que a oficial. Agora os aposentados, idosos ou não, podem fazer empréstimos bancários consignados comprometendo até 40% do valor do salário e por no máximo 84 meses (sete anos). A Caixa Econômica Federal está cobrando juros mensais de 1,5% para quem tem relacionamento com a instituição e 1,6% para quem não tem. Anualmente essas taxas significam juros em torno de 20%. O que não é novidade é o fato dos idosos fazerem empréstimos consignados para ajudar irmãos, filhos, noras, netos e amigos. Entretanto muitos não recebem do credor conforme o combinado, em diversos casos sem receber a menor satisfação, mas ficando com o sufoco financeiro e as relações pessoais abaladas por tentar receber o valor emprestado em confiança.

Agora fico pensando que “novidades” os idosos poderão esperar até o seu próximo dia no ano que vem. Quem sabe se até lá surgirão propostas como a criação do mês do idoso, tipo Outubro Branco, e a idade mínima para ser considerado idoso passe para 70 anos. Criatividade não falta!

Abordei aqui alguns novos problemas que surgiram no caminho dos idosos nesse período mais recente e que se somam a inúmeros outros problemas crônicos não solucionados. Não consigo entender como, ainda assim, aparecem pessoas e instituições dizendo que esta é “a melhor idade”. Sou esperançoso mas profundamente realista.

  Comentários
 

Simplesmente sumiu

por Luis Borges 5 de outubro de 2020   Pensata

Sabe aquelas pessoas, amigas de longa data, que de repente somem e não dão sinais de que alguma coisa diferente pode estar acontecendo? Isso aconteceu comigo. Na segunda quinzena de agosto, quando começou a surgir em meu radar seguidas vezes a imagem de uma amiga com quem converso pelo telefone, menos pelo fixo e mais pelo celular, em diferentes momentos, comecei a ficar intrigado. Diante da inquietante preocupação e entre uma atividade e outra que acabam levando o dia embora, telefonei para a amiga que, após dizer “alô”, ouviu de mim a clássica réplica “você sumiu, o que está acontecendo?”. A tréplica foi imediata: “peguei Covid-19 e passei um perrengue danado!”.

Apesar de seguir todas as orientações sanitárias e só ir às ruas para fazer o que é estritamente necessário, ela começou a sentir dores no corpo e desconforto respiratório… No terceiro dia em que as coisas só pioravam chamou o marido e foram a um hospital credenciado pelo seu plano de saúde co-participativo.

Lá chegando teve a paciência histórica de passar por todos os protocolos até ouvir a sentença de que deveria ficar internada. Foi constatada uma hipóxia silenciosa (sem sinais aparentes) – redução das taxas de oxigênio no ar, no sangue arterial ou nos tecidos – ou seja, a sua saturação de oxigênio estava em 87% quando o mínimo admitido é de 90% e existem especialistas que preconizam 95%.

O fato é que minha amiga ficou internada 3 dias e teve alta após permanecer com a saturação de oxigênio em 92% durante 24 horas, obviamente sem usar o respirador.

Ela cumpriu a quarentena isolada num dos quartos do apartamento no edifício em que mora. Interessante é que num determinado momento sua filha se cansou da comida fornecida por um restaurante e começou a produzir algumas refeições em casa para variar um pouco o sabor.

Tudo foi muito desafiante, inclusive ver o tempo passar rumo ao futuro, mas a resiliência prevaleceu no melhor estilo do “enverga, mas não quebra”.

Mas uma coisa importante que a amiga fez foi informar à sindica e aos zeladores do prédio de 20 andares a sua condição momentânea. Aliás, ela ficou sabendo dias antes da internação hospitalar de um caso de escândalo, “um barraco”, causado por uma pessoa de um outro prédio ao tomar o elevador no 6º andar e se deparar com um morador devidamente protegido e que estava curado da infecção. A cena foi constrangedora, segundo o relato de quem recebeu o ataque.

Que decisão você tomaria se estivesse no lugar da minha amiga?

  Comentários