Curtas e curtinhas

por Luis Borges 16 de julho de 2021   Curtas e curtinhas

Arrecadação do ICMS em MG 

Dados divulgados pelo Portal da Transparência do governo do estado de Minas Gerais mostram que a arrecadação do ICMS no primeiro semestre de 2021 foi de R$30,52 bilhões. O valor é R$7,13 bilhões superior ao que foi arrecadado no mesmo período de 2020 (R$ 23,38 bilhões). Dessa diferença, 25% pertencem constitucionalmente aos municípios – R$ 1,78 bilhão – e 75% – R$ 5,35 bilhões ao estado.

Enquanto isso, o estado deve em torno de R$7 bilhões aos municípios e entidades sem fins lucrativos relativos a convênios para a prestação de serviços de saúde previstos nos orçamentos de 2009 a 2020.

Por que o Governador de Minas não toma a decisão política de começar a pagar essa dívida usando, por exemplo, R$2,35 bilhões desse crescimento da arrecadação e conclui o restante em parcelas mensais nos próximos 4 anos?

Preço dos combustíveis 

O site Mercado Mineiro divulgou os resultados de suas pesquisas feitas na semana passada nos postos de combustíveis de Belo Horizonte e região metropolitana. Segundo o economista Feliciano Abreu, o preço médio do litro de gasolina, que era de R$4,64 em janeiro, chegou a R$5,88 agora, sendo que o menor preço encontrado foi de R$5,66 e o maior R$6,29. Em síntese, o aumento foi de 26,5%, ou seja, de R$1,23.

O litro de etanol subiu 31,96%de janeiro para cá. Seu preço médio naquele mês era de R$3,21 e agora está em R$4,24.O menor preço encontrado foi de R$4,05 e o maior R$4,99.

Já o litro de óleo diesel S10, cujo preço médio era R$3,84 em janeiro, aumentou 22% e agora está em R$4,69. O menor preço encontrado foi de R$4,38 e o maior R$4,99.

Como fazer diante de tamanha inflação que solapa o nosso poder aquisitivo em apenas 6 meses? Nesse mesmo período o IPCA do IBGE registrou aumento de 3,77% – que nem sempre é repassado para os salários dos trabalhadores.

O preço do barril de petróleo 

Antes da pandemia da Covid-19 o preço do barril de petróleo estava em torno de U$45,00 no mercado internacional. Os membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e os produtores independentes reduziram a produção em função da queda da demanda. Agora, diante do aumento do consumo, os produtores continuam sem aumentar a produção e tentam chegar a um consenso sobre qual poderia ser um novo patamar diante da nova realidade. Enquanto isso, o preço do barril está em torno dos U$78,00, e a Petrobras mantem a sua política de preços indexados ao mercado internacional – dolarizado.

É o mercado se autorregulando em função da oferta e da procura segundo os fundamentos do liberalismo econômico. Simples assim… se vier uma greve de caminhoneiros, quem sabe vem como solução o tabelamento de preços do óleo diesel dentro do mesmo liberalismo. A conferir.

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Sem cair na indiferença

por Luis Borges 13 de julho de 2021   Pensata

Faz tempo que a civilização brasileira tem sido marcada pela polarização política, que deve prosseguir cada vez mais intensa até as eleições presidenciais em outubro de 2022 – em pouco menos de 15 meses. Diante de tantas convicções de lado a lado, eis que vem à tona a tentativa de criar uma terceira via, buscando dizer que “nem um, nem outro”. Para tornar tudo um pouco mais complexo e complicado ainda temos a pandemia da Covid -19 a desafiar a arte de viver. Quantas mudanças tornaram-se obrigatórias diante do foco na necessidade de sobreviver apesar de todas as pedras do caminho, muitas delas surgidas por ações e omissões?

Considerando que tudo começa com a gente, seja individualmente e, a seguir, nas relações familiares e com os amigos, que percepções temos e que avaliações podemos fazer sobre o impacto da polarização no nosso cotidiano? Será que estamos conseguindo dar conta de prosseguir na caminhada mantendo a saúde mental e o convívio saudável, agradável e respeitoso com aqueles que estão mais próximos de nós? Percebo que tudo está muito desafiador e a nos exigir grande paciência histórica no esforço para viver e vencer um dia de cada vez, mas também carregados de expectativas sobre o que pode estar vindo por aí. Tudo isso sem deixar cair no esquecimento o filósofo grego Heráclito que no ano 508 antes de Cristo disse que “nada é permanente a não ser a mudança”. Como tem sido nossas atitudes e posturas diante do despreparo que nos torna mais fracos para enfrentar novas condições na sociedade em suas diversas camadas e nas nossas vidas com suas particularidades?

A cada dia ficamos sabendo de casos numa família ou num grupo de amigos, colegas de trabalho ou de vizinhos protegidos, por exemplo, em que alguém postou algo num grupo de WhatsApp e que alguns membros não gostaram. A consequência mais imediata tem sido o cancelamento, a exclusão monocrática, fora os demais desdobramentos na sequência. É obvio que se gasta muita energia para se ter uma participação efetiva nesse tipo de rede com variações em torno de uma bolha. Aliás, muitos são aqueles que sabem falar – e muito – quase como juízes do mundo da verdade absoluta. Porém não sabem ouvir. Os ditados populares dizem que “quem fala demais dá bom dia a cavalo” e “quem fala o que quer, ouve o que não quer”.

Imagine especificamente os casos de famílias ou amigos rachados pela polarização política e pelos patrulhamentos ideológicos. Muitos já são aqueles que tem preferido ficar à margem dos grandes embates para só conversar amenidades e prosseguir na convivência. Dizem que é melhor ficar no “modo silencioso” para não criar transtornos. Porém, qual deve ser a dosagem desse silêncio para não cair na indiferença?

 E você, caro leitor, como tem se posicionado em tempos tão belicosos?

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Vale a leitura

por Luis Borges 9 de julho de 2021   Vale a leitura

Método clínico centrado na pessoa

Segundo um dos fundamentos da gestão de negócios cabe ao cliente avaliar e dar uma nota aos bens e serviços que recebe de seus fornecedores. Como tem se dado isso em relação aos profissionais da área da saúde contratados para a prestação de serviços de maneira verbal ou formalizada em contrato? Especificamente na área da medicina, qual é o nível de satisfação dos clientes, que são atendidos com o nome de pacientes, muitos deles sentindo na pele a sensação de que a passividade seria inerente à relação médico (doutor) – paciente?

Uma abordagem interessante está no artigo “Método clínico centrado na pessoa”, escrito por Cristina Almeida e publicado no blog Viva Bem do portal UOL.

“O que caracteriza essa prática é que ela foca no aspecto essencial do cuidado, ou seja, busca atender às necessidades do paciente para além da queixa que o levou ao consultório.

De acordo com um artigo publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública, é como se o diagnóstico fosse colocado entre parênteses, para, antes, considerar o ser humano vivendo suas incertezas, medos, angústias, entre outros aspectos que compõem a sua vida. A ideia é colocar a ciência —ferramenta que poderá ou não ser utilizada— a serviço desse paciente, que é único.

“O MCCP nos ajuda a fazer uma consulta que estimula o maior entendimento da pessoa, do seu processo de adoecimento em todos os níveis, visando um cuidado mais assertivo”, completa a médica de família e comunidade Zeliete Zambon, presidente da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade).

A partir daí, constrói-se, junto ao paciente, um plano de corresponsabilidade —que também é um exercício de cidadania— no tratamento, que o coloca sempre como pessoa autônoma e protagonista da sua própria saúde.”

O aniversário do Tonho da Tininha

Digamos que hoje seja o aniversário de nascimento de seu pai. O que poderia ser feito para celebrar a data, principalmente se ele prossegue em sua trajetória de pai ou também avô, por exemplo? E se ele já partiu para outro plano espiritual, ou mesmo, se conviveu pouco ou quase nada com você?

Nesse sentido é interessante a leitura do artigo “Uma pausa para falar do meu pai”, que Julia Rocha escreveu para homenagear seu pai.

“Meu pai também me ensinou a ser resiliente. Quando o diabetes lhe rendeu pontes de safena e um AVC, ele comprou uma bengala e com ela seguiu fazendo suas caminhadas diárias. Quando a visão prejudicada lhe impediu de estudar, coisa que ele ama fazer, meu pai comprou um abajur e uma lupa e seguiu lendo avidamente! Quando os passos foram ficando lentos, ele começou a caminhar no quintal ou de mãos dadas com a minha mãe na rua de casa. Quando não dava mais para caminhar até a banca do jogo de bicho, seu único e irremediável vício, ele logo conseguiu o celular do rapaz que fazia suas combinações e agora meu velho se gaba de jogar no bicho “online”.

Em tempos tão duros em que tantas pessoas sofrem pela ausência antecipada de seus pais, ter o Tonho da Tininha tão pertinho é um imenso privilégio. Ora rabugento, ora cheio de graça, meu pai segue sendo pra mim um exemplo de solidariedade, de luta e de amor.”

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Gestão é o que todos precisam, mas nem todos ainda sabem que precisam. Essa é uma afirmação que tenho feito sempre que percebo a sua pertinência num determinado contexto. Por isso é que ela cabe nesse 5 de julho, 186º dia do ano cuja metade já foi embora, para que possamos fazer um balanço da nossa gestão individual visando atingir as metas estabelecidas para serem alcançadas até o final do ano. Será que os planos de ação formulados estão sendo cumpridos e os resultados parciais aparecendo na linha da meta a indicar que o rumo esta certo? Ou será necessário um reposicionamento estratégico em função de mudanças na conjuntura e nos cenários que poderão impactar nas entregas que nos desafiam?

O ponto aqui é fazer uma avaliação crítica, sem medo dos fatos e dados, sobre as metas pessoais, profissionais e familiares com as quais temos engajamento / comprometimento. Um método consistente a ser usado propõe que sejam respondidas as 5 perguntas básicas listadas a seguir:

  • O que foi planejado em função das premissas da virada do ano, portanto há meio ano?
  • O que foi executado nesse período de tempo?
  • Quais foram os resultados parciais alcançados até o momento?
  • O que está pendente no caminho traçado para o avanço da linha da meta?
  • Quais são os próximos passos, inclusive levando-se em conta os reposicionamentos estratégicos em função da conjuntura atual – após meio ano- e dos cenários que se desenham no horizonte?

É importante avaliar a consistência do que foi planejado e a sua capacidade de operar bem o plano de ação para atingir as metas, com foco, disciplina, constância de propósitos e verificação da qualidade da gestão naquilo que só depende de você, de suas iniciativas e protagonismos. Só reclamar dos outros e se vitimizar não te levará ao resultado esperado.

É fundamental também ter em mente que nós respondemos pelos processos sobre os quais temos autoridade e que devemos acompanhar as variáveis que não controlamos, mas que nos impactam direta ou indiretamente. Por exemplo, a inflação oficial e setorial, a carga tributária, o aumento de preços administrados pelos governos da União, estados, municípios, crescimento da economia, tamanho do mercado de trabalho, a relação entre o real e o dólar…

Caro leitor, será que o resultado do seu balanço de meio do ano é satisfatório ou são muitas as correções na rota para que você consiga atingir suas metas até o final do ano?

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Um dia sem água

por Luis Borges 28 de junho de 2021   Pensata

Sabe aqueles momentos do finalzinho das tardes de domingo em que algumas pessoas sentem que já não dá para fazer quase mais nada enquanto a segunda-feira se aproxima? Foi nesse momento do penúltimo domingo que o professor Leôncio alertou o seu vizinho, o comerciante Samuel, que havia um vazamento de água importante na calçada, mais precisamente na divisa entre suas casas. Elas ficam no bairro de Santa Tereza, zona Leste de Belo Horizonte, que tem quase que a mesma idade da cidade.

Ao observar detidamente o fenômeno da água estava escoando livremente rua abaixo, caracterizando um desperdício pleno, o professor Leôncio manifestou preocupação com a falta que ela faria nas casas enquanto Samuel tentava encontrar possíveis causas do problema percebido. Indagava se poderia ser a fragilização da rede de distribuição da água instalada há décadas e sem manutenção preventiva ou preditiva visível nos últimos tempos.

O jeito foi ligar para o atendimento ao cliente da companhia de saneamento, na esperança de não ser tratado como mero usuário. A atendente cumpriu o padrão de atendimento e conseguiu compreender que o caso necessitava de uma atenção imediata, do tipo “ver e agir”.

Por volta das 20h30 chegou ao local um técnico de uma empreiteira da empresa concessionária do serviço, que diagnosticou um vazamento na rede distribuidora de água instalada na calçada. Disse que o reparo seria feito a partir da manhã da segunda-feira e que tentaria fechar os registros da rede distribuidora nas esquinas de duas ruas próximas. Por volta de uma hora da madrugada o professor Leôncio percebeu que a água parou de escoar quase que totalmente. Soube-se depois que houve dificuldade para fechar totalmente os registros da rede, que estavam um pouco emperrados. Isso piorou as condições para o reparo da rede ao longo do dia.

Lá pelas 17h de segunda-feira a tubulação danificada estava substituída, mas ficou um buraco sinalizado que deveria ser totalmente fechado com a respectiva recomposição da calçada até 48 horas após.

Tudo ficou pronto na quarta-feira à tardinha, ou seja, 3 dias após o vazamento ter sido descoberto. Há quanto tempo o vazamento teria se iniciado sem ter sido percebido e qual o nível de qualidade do serviço feito pela empreiteira perguntou o professor Leôncio ao vizinho Samuel? “Sei lá, vamos ver quanto tempo vai durar”, respondeu ele.

Enquanto todos os moradores da rua passaram 24 horas sem água chegando em suas casas, os dois vizinhos conversaram sobre o período sem chuvas e o impacto que isso causa no consumo de água nas diversas modalidades de seu uso. Samuel levantou a hipótese de ficar três dias seguidos sem água em casa e como sua família se viraria no período. Nada de lavar roupas, aguar as plantas, reduzir drasticamente a duração dos banhos diários e sempre lembrando que a caixa d’água só tem capacidade para armazenar 1000 litros. Arrematou a conversa lembrando-se da crise hídrica e do muito que precisa ser feito para que a água não caminhe para a sua própria finitude. Mas como fazer para que isso não aconteça?

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Vale a leitura

por Luis Borges 27 de junho de 2021   Vale a leitura

Amizades tóxicas  

“Amigo é coisa para se guardar/ Debaixo de sete chaves/ Dentro do coração” canta Milton Nascimento na música Canção da América, lançada em 1980.

Mas quando e como avaliar a qualidade das relações de amizade feitas ao longo de uma trajetória de vida na família, na escola, no trabalho ou numa organização humana de propósito específico? É possível retificar uma amizade em que o benefício é menor que o custo ?

Leia a abordagem de Heloisa Noronha em seu artigo “Há vários tipos de amizades tóxicas; veja como identificar e lidar com elas” publicado no canal Viva Bem do portal Uol.

Amigo vítima – É aquele que sempre se coloca como mártir e sofredor das situações. Não importa o quanto você tenta ajudar a pessoa a se fortalecer, ela insiste em se manter numa postura de lamúrias e reclamações. É uma relação que, com o tempo, se mostra disfuncional. Primeiro, porque leva você a se sentir constantemente insuficiente e até inútil por não conseguir ajudar. Segundo porque, conforme especialistas, onde há uma vítima geralmente há também um carrasco. Não é raro, ainda, começar sentir culpa por questões que você sequer provocou ou tem responsabilidade. Por fim, a vitimização pode carregar doses de manipulação à medida que você vai fazendo o que o outro deseja, mesmo sem se dar conta, para minimizar a sua dor e apaziguar suas queixas.”

Como seria a imortalidade? 

Existem pessoas que morrem de medo da morte e preferem fugir de qualquer conversa sobre ela ou simplesmente varrer tudo para debaixo do tapete. Que finitude da vida que nada! Seria possível ou estimulante para essas pessoas pensar um pouco sobre a imortalidade ou é melhor também deixar isso para lá?

É interessante a abordagem feita por Rodrigo Lara sobre o tema no artigo “O que é imortal não morre no final?: como seria se fôssemos eternos?” publicado no canal Tilt do portal Uol.

Com “amanhãs” infinitos, não teríamos nenhum motivo para nos apressarmos em fazer algo ou resolver um problema. Isso vale para coisas mais práticas, como consertar aquele defeito na sua casa ou começar uma faculdade, como também nas relações que temos com outras pessoas. Se apaixonar, por exemplo, seria possível, mas perderia aquela gostosa sensação de urgência de querer realizar o máximo de coisas com a pessoa amada. Certamente teria menos graça. O mesmo vale na hora de encontrar os amigos, algo que sempre poderia “ficar para depois”. A tendência é nos tornarmos pessoas mais fechadas e menos expostas a tudo de bom e de ruim que o convívio social causa. Além da questão de desenvolvimento social, essa nova relação com o tempo também afetaria outro aspecto: a evolução científica e tecnológica. Afinal, por que avançar em ritmo acelerado e tentar tornar a nossa vida melhor hoje se teremos todo o tempo do mundo?

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Neste 21 de junho o Inverno chegou novamente ao hemisfério Sul do planeta, embora o frio já se fizesse presente a partir de meados do Outono na região metropolitana de Belo Horizonte. Nessa época começaram a pipocar notícias nas diversas mídias dando conta de que o último período chuvoso não foi forte o suficiente para encher de água os reservatórios das usinas hidrelétricas.

Também surgiram com mais intensidade notícias sobre o uso múltiplo das águas para o abastecimento humano, a irrigação das lavouras e criação de animais do agronegócio bem como sobre a vazão mínima para garantir a navegabilidade do sistema formado pelos rios Tietê – Paraná e a contribuição da bacia do Rio Grande, que nasce na serra da Mantiqueira, em Minas Gerais.

Em meio a tudo isso lembrei-me do racionamento do uso da energia elétrica, iniciado em 16 de maio de 2001, com a meta de reduzir 20% no consumo. Vale lembrar que o racionamento terminou em fevereiro de 2002. Todo mundo teve que fazer seus planos de ação próprios com as medidas necessárias e suficientes para atingir o resultado esperado.

Mas quais eram as causas do “apagão” da energia elétrica naquele momento? Falta de chuvas, desmatamento, falta de investimentos para a construção de linhas de transmissão de energia, matriz energética brasileira com baixa participação da energia fotovoltaica (solar) e dos ventos (eólica), planejamento e gestão deficientes. Agora, passados 20 anos, todas essas causas continuam sendo faladas em diferentes graus de aleatoriedade.

A grande saída para o capitalismo sem riscos no setor de energia elétrica é continuar fazendo o que tem sido feito nos últimos anos. A cada semana vem uma notícia ruim sobre a estiagem para justificar a necessidade de usar a energia das usinas térmicas movidas a óleo, gás e carvão e repassar o seu elevado custo para as tarifas pagas pelos consumidores. Tudo isto ancorado em lei, enquanto a cada mês o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) anuncia uma nova bandeira tarifária extra que está projetada para o nível máximo da bandeira vermelha a partir de julho custando R$ 7,57 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.

A sensação que fico diante de tanta falação sobre a escassez das chuvas é que ou aceitamos pagar um preço maior pela geração das usinas termelétricas ou teremos um racionamento de energia elétrica.

Não nos esqueçamos de que faz parte da nossa conta de energia elétrica o ICMS de 42%, as ligações clandestinas –“gatos”- com 5% e outros penduricalhos mais.

Fico pensando no impacto disso tudo na inflação em aceleração, que há seis meses vem sendo justificada como momentânea – 8,06% do IPCA dos últimos 12 meses. A pior perda para o poder aquisitivo das pessoas vem da inflação e quem consegue ter uma reposição dela anualmente em seus salários pode pôr as mãos para os céus.

Pelo andar da carruagem e segundo dizem as autoridades governamentais precisaremos esperar até novembro para que se inicie o próximo período chuvoso e, com ele, talvez ficaremos livres da bandeira tarifária vermelha em seu nível mais alto e caro. É o capitalismo sem riscos na energia elétrica.

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Na quarta-feira da semana passada telefonei para uma amiga de longa data visando cumprimentá-la pela passagem de seu aniversário de nascimento. Ela sempre espiritualizada, muito sensível e caminhante no campo da luz. Fazia algum tempo que não conversávamos voz a voz e, após os cumprimentos pela data, perguntei-lhe pelas expectativas sobre o que vem por aí, inclusive a aposentadoria no trabalho profissional em homeoffice atualmente .

Foi aí que ela contou que está reunindo forças para prosseguir, vivendo um dia de cada vez. Disse que enfrentou três casos de pessoas da família contaminadas pela Covid-19 em diferentes graus de gravidade.

A mãe ficou internada durante 20 dias num hospital, sem a necessidade de intubação, mas precisando de um respirador, enquanto o marido cumpriu 14 dias de isolamento em casa. Posteriormente foi a vez de seu irmão também passar, em casa, pelo mesmo processo de 14 dias de isolamento. Felizmente todos já superaram as respectivas fases, mas ela relatou como fez para enfrentar o “rojão” e como está participando da recuperação de sua mãe no pós-Covid.

Tomada por uma grande ansiedade nos desdobramentos de cada dia na estratégia de sobrevivência, ela disse que foi ao cardiologista para entender por que o coração batia tão forte e o sono desapareceu. Nada importante ou preocupante foi encontrado pelo profissional da saúde, que acabou sugerindo que a amiga se consultasse com um psiquiatra.

Foi o que ela fez e quando a consulta começou ouviu a clássica pergunta inicial do tipo “o que te trouxe até aqui?”.  A amiga deixou bem claro ao profissional que não estava buscando um decreto, um pacote sobre o que fazer. Disse que queria conversar um pouco mais sobre seu caso após a anamnese. Foi o que acabou acontecendo e o consenso foi pelo uso de uma “pílula” para domar a ansiedade elevada e combater a insônia, inclusive analisando algum possível efeito colateral. O tempo de uso da medicação foi previsto para 3 meses e seus resultados estão sendo avaliados mensalmente. A última avaliação prestes a acontecer. Se não houver suspensão ou redução da dosagem da medicação, ela disse que não vai sofrer e continuará firme cumprindo a sua missão. Felizmente, os piores momentos ficaram para trás, a mãe está em casa melhorando a cada dia, enquanto o marido e o irmão estão plenos em suas vidas cotidianas.

De qualquer maneira a amiga esta aliviada e agradecida pela força que teve para enfrentar e vencer o medo, a insegurança e a incerteza. Esses momentos são difíceis para todos em suas diferentes dosagens.

Quando terminamos a conversa eu disse à amiga que, parafraseando Aldir Blanc e  João Bosco na música O Bêbado e o Equilibrista, “a esperança equilibrista / sabe que o show de todo artista / tem que continuar”.

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Uma comparação interessante e importante que podemos fazer é sobre o comportamento de algumas pessoas ao fazer compras antes e durante a pandemia – que ainda está longe de se acabar.

Um pequeno esforço de memória pode nos fazer lembrar o “jeitão” de como agiam determinados grupos e tipos de pessoas no supermercado, padaria e sacolão. É só recordar daqueles que quase nos atropelavam com o carrinho de compras nos corredores internos indo na direção de um setor de frios ou bebidas, por exemplo. Vale lembrar também dos que ficavam atrás de nós na fila do caixa, esbarrando o carrinho de compras em nossos calcanhares com enorme ansiedade e conferindo com o olhar fixo a passagem de nossas compras pela registradora, a embalagem dos produtos nas sacolas plásticas, a escolha da modalidade de pagamento. Isso tudo imaginando que o sistema da registradora não cairia ou que algum produto estava sem preço na etiqueta.

De vez em quando se via um carrinho de compras abandonado no saguão após o caixa, no estacionamento de veículos ou mesmo na rua. De tempos em tempos, viria um empregado do supermercado para recolhê-los e dar destinação a tudo.

Nada muito diferente numa padaria, com algumas pessoas tentando passar à nossa frente para serem atendidas mais rapidamente, enquanto outros tomavam café ou o pingado – café com leite – acompanhado por pão com manteiga ou presunto e queijo.

No sacolão, a compra de frutas, verduras e legumes também sempre tinha alguns afoitos querendo resolver tudo rapidinho, até pedindo para furar a fila do caixa por estarem comprando poucas unidades, mas se esquecendo que todos devem fazer a gestão do tempo numa sociedade civilizada e respeitosa.

Agora, ao compararmos o antes da pandemia com esse durante que está passando pelo 16º mês, o que é possível perceber diante da necessidade de se cumprir os novos padrões e protocolos sanitários para combater a transmissão do vírus da Covid -19 e suas variantes?

Os comentários mais frequentes que ouço de quem vai fazer as suas necessárias compras tendo a disciplina do uso de máscaras, álcool em gel e mantendo distância para não aglomerar, é que sempre existem algumas pessoas que não seguem os procedimentos que são para todos. Alguns deles não usam máscaras ou ficam com ela no queixo e deixam a sensação de que a pandemia acabou.

Interessante observar que na padaria que atende pelo delivery as encomendas são preparadas nos balcões do café da manhã enquanto no sacolão os pedidos são preparados nos carrinhos que transitam diretamente pelos mesmos corredores em que os demais clientes escolhem seus produtos.

Se a educação é a base de tudo, o que nos resta é compreender que ainda estamos longe da excelência, mas sonhando que “esta terra ainda vai cumprir seu ideal”. Mas tudo também depende de nós e de nossas escolhas.

Como tem sido a sua experiência ao fazer compras nos supermercado, padaria e sacolão?

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A pandemia da Covid-19 surpreendeu a todos, de uma maneira ou de outra, e exigiu muita criatividade na busca por soluções imediatas para problemas inesperados. Ficou visível a necessidade de se ter estratégias de sobrevivência diante de tanta ameaça.

Agora estamos passando pelo 16º mês de pandemia preocupados com sinais de uma 3ª onda e na esperança do aumento da velocidade da vacinação. Que avaliação já podemos fazer de alguns aspectos evidenciados com maior frequência após a expansão do homeoffice – trabalho profissional em casa? Se ele era uma leve tendência antes, tornou-se uma realidade imediata na pandemia. A necessidade vem sendo encarada com diferentes graus de estruturação lógica ou simplesmente sendo feita através do delineamento de experimentos com os erros, ajustes e acertos inerentes ao processo.

Vou relatar a experiência de dois profissionais que estão mergulhados no trabalho em casa. Um deles é graduado em Engenharia Mecânica, especializado em Gestão de Negócios, tem 29 anos e é analista de dados numa empresa do segmento de telecomunicações. O outro é bacharel em Ciências da Computação, também com 29 anos, e trabalha como gerente de tecnologia da informação num banco digital.

Na avaliação deles, e é claro que a amostra não é representativa do todo mas tem sua importância enquanto observação, essa modalidade de trabalho veio para ficar e sua adequação ocorrerá permanentemente em função da natureza e do porte dos negócios conforme suas especificidades e localização geográfica de seus mercados.

Segundo eles, os primeiros meses foram extremamente desafiantes, pois muitas coisas tiveram que ser feitas rapidamente para assegurar uma estrutura consistente ao mesmo tempo em que o mercado abalado aguardava as entregas. Em meio às incertezas, medo e insegurança vieram uma extensão de jornadas de trabalho, muitas chamadas a qualquer instante pelos dispositivos tecnológicos, como se a disponibilidade fosse permanente, o que na prática acaba acontecendo para as funções de confiança da direção em alguns segmentos privados. Assim, houve gente perdendo o horário clássico do almoço para “dar conta do recado”, outros desequilibraram o organismo diante de tantos fatores estressantes.

Nessa fase ficaram evidentes as dificuldades para ter em casa um local minimamente adequado para trabalhar à distância. Ainda hoje são muitos os que trabalham nas salas de visitas de suas casas, apartamentos ou edículas, nas mesmas limitadas condições do início dos processos atuais. Sendo assim, é possível ouvir durante uma transmissão o som de um televisor ligado, a fala de crianças, o latido de um cachorro, o barulho da reforma na moradia de um vizinho ou de uma obra na rua… E ainda assim na expectativa de que a conexão nunca caia.

Ainda quanto à saúde os dois profissionais falaram sobre queixas relativas a dores na cabeça, no pescoço e na coluna, além de secura nos olhos que piscam menos diante de tantas abas abertas na tela do computador. Citaram também as diferentes condições dos dispositivos tecnológicos, muitos dos quais não possuem câmeras, e das diferentes condições oferecidas pelas empresas para a sua aquisição, manutenção e demais gastos para a sua utilização.

A conversa foi mais longa, mas o espaço aqui acabou e espero voltar ao tema num outro momento. E você, o que acrescentaria, de imediato, ao que foi abordado nessa Pensata?

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