A cansativa reforma de uma casa

por Luis Borges 14 de outubro de 2021   Pensata

Ter uma casa própria faz parte dos sonhos da vida de muita gente. A moradia é uma das necessidades do ser humano segundo a pirâmide de Abraham Maslow (1908-1970) como parte do quesito segurança.

Vou contar aqui o caso de um casal amigo – que também acontece com outras pessoas – que resolveu recentemente fazer uma pequena reforma em sua casa própria, com 150 m² de área construída, numa verdadeira demonstração de autoestima, de renovação e energização do ambiente do viver cotidiano. A meta estabelecida foi pintar a casa e os muros, bem como revisar o telhado (antes do período chuvoso), em seis semanas contínuas de trabalho, de segunda a sexta.

Todo o planejamento foi detalhado num plano de ação cuja primeira medida era a especificação dos serviços a serem feitos. Logo em seguida vinha a contratação de um prestador de serviços da modalidade Microempreendedor Individual (MEI), com dois ajudantes e com referências de qualidade na prestação de serviços a dois clientes. Essa fase foi bem difícil e demorou três semanas para ser concluída. Foram consultados 4 fornecedores, dos quais 1 estava com a agenda cheia e outro combinou uma reunião para conhecer o que seria feito, não compareceu, remarcou para a semana seguinte e, de novo, não apareceu e nem deu satisfação. Um terceiro que foi procurado ficou de apresentar uma proposta, foi cobrado algumas vezes para que a enviasse e até hoje nada, também não deu nenhuma satisfação. Acabou sendo contratado o único que apresentou proposta, por sinal compatível com a capacidade financeira do casal prevista no planejamento.

Assim os serviços se iniciaram na primeira semana de agosto para serem concluídos em meados de setembro. Dentro das condições gerais do contrato ficou estabelecido que caberia ao contratante – cliente – a compra de insumos e materiais necessários, mas que deveriam ser especificados e apresentados pelo contratado – fornecedor – com antecedência mínima de 24 horas. Na prática isso acabou gerando fadiga entre as partes, pois quase todos os dias se solicitava alguma quantidade de algum item que estava acabando, ou seja, a previsão inicial falhou.

Outros aspectos que incomodaram muito aos contratantes foram a limpeza do ambiente, bastante descuidada, a organização em geral (muita bagunça) e um certo desperdício de materiais, inclusive de tempo. Ainda bem que o casal se hospedou na casa de uma filha durante a prestação do serviço.

Outra percepção clara foi sobre o ritmo de trabalho no dia-a-dia, notadamente na segunda, “pegando no tranco”, e na sexta, com muita ansiedade pela chegada do fim de semana. Houve também pouca pontualidade em relação ao horário de início dos trabalhos pela manhã e na retomada após o almoço, mas a assiduidade foi plena. Diante de tudo que aconteceu, acabou sendo inevitável um atraso de duas semanas e os serviços foram concluídos no dia primeiro de outubro, data limite para o início do período chuvoso.

Qualquer semelhança com alguma experiência já vivida por você, caro leitor, pode nos permitir a repetição de um dito popular afirmando que isso “só muda de endereço”. É isso mesmo?

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 8 de outubro de 2021   Curtas e curtinhas

Reforma do Imposto de Renda

A proposta de reforma do Imposto de Renda está tramitando na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O relator é o Senador Angelo Coronel (PSD-BA), que deve apresentar o seu parecer no início de novembro. Ele afirmou que pretende elevar o limite de isenção do IR para quem ganha até R$5.000,00 mensais, que é o dobro da proposta aprovada pela Câmara dos Deputados. Essa medida atingiria em torno de 25 milhões de pessoas, ou seja, 9 milhões a mais do que prevê a proposta dos deputados federais. Na campanha eleitoral de 2018 o atual Presidente da República disse que isentaria do IR quem recebesse até 5 salários mínimos mensais, que equivalem atualmente a R$ 5.500,00. A conferir.

Microcrédito

A Caixa lançou no dia 27 de setembro um programa de microcrédito para empréstimos que poderão ser usados pelos clientes em gastos pessoais ou em microempreendimentos. Os valores vão de trezentos a mil reais e devem ser solicitados por meio do aplicativo “Caixa Tem”, que exige dos participantes a atualização cadastral permanente. A taxa de juros a ser cobrada será de 3,99% ao mês e o cliente poderá quitar a sua dívida em até 24 meses. Quem tomar um empréstimo de mil reais para pagamento em 24 meses, por exemplo, pagará R$ 68,38 a cada mês e ao final do período terá desembolsado R$1.641,12. E olha que a Caixa é um banco social.

Quem vai pagar o bônus?

O governo federal criou um bônus para quem economizar energia elétrica no período de setembro a dezembro de 2021, que será creditado na conta de janeiro ou fevereiro do ano que vem conforme o ciclo de faturamento da  distribuidora. Mas o dinheiro para cobrir o valor gasto com o bônus virá da própria tarifa de energia elétrica em seu próximo reajuste. Ele será lançado no pouco divulgado item relativo a “Encargos de Serviços de Sistema (ESS)” pois é um gasto não previsto que surgiu ao longo da vigência da tarifa atual. Na prática, todos os consumidores pagarão o custo do bônus, inclusive os que economizarem energia elétrica. Criatividade é isso mesmo!

Abstenção nas eleições 2022

Faltam 359 dias para as eleições de 2 de outubro de 2022. Pesquisas de intenção de votos já estão sendo divulgadas e tentam trazer um retrato do momento em relação a possíveis candidaturas já colocadas, principalmente para a Presidência da República e os governos dos estados. Mas, para ajudar a melhorar o retrato, a primeira pergunta a ser feita nas pesquisas deveria ser sobre a vontade do eleitor de comparecer às urnas. Apesar do voto ser obrigatório, um dever e não um direito, a abstenção no primeiro turno das eleições de 2018 ficou em 20,3% e em 2020 em 23,14%. Portanto, analisar e observar a abstenção é fundamental para quem quer melhor conhecer e compreender o processo eleitoral. Com a palavra os institutos de pesquisas.

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Amizades sobreviventes

por Luis Borges 5 de outubro de 2021   Pensata

Passados quase dois anos de enfrentamento do vírus da Covid-19 e de suas mutações, bem como das consequências da pandemia – que ainda não acabou, é bom lembrar – fico pensando nos rumos que as amizades entre as pessoas tomaram e continuaram tomando. As mudanças não param. Penso em duas músicas de Milton Nascimento. Nada Será Como Antes é a primeira. A segunda é Canção da América, na qual Milton canta que

“amigo é coisa para se guardar debaixo de 7 chaves, dentro do coração”.

Como estou cheio de perguntas, penso: será que é isso mesmo? Ou cada caso é um caso, em seu devido tempo?

Constato que muitas pessoas amigas de vários quinquênios e outras de alguns anuênios estão bem mais sumidas. De algumas até penso se não estão escondidas por questão de segurança, de cabeça cheia de preocupações generalizadas que se acumulam e consomem mais tempo em sua já intrínseca escassez. Com certeza, falta gestão. Mas, e se nos lembrarmos das principais características de nossas amizades antes da pandemia? Será que elas estavam sendo bem cultivadas e polidas? Havia tempo dedicado a elas apesar de toda a correria estressante de cada dia, semana ou mês? Antes da pandemia, qual era o real valor da amizade pra nós, mesmo que várias tenham se acabado após o prazo de validade?

Trazendo isso para hoje, tomando todas as precauções para conter a disseminação do vírus, é importante avaliar o nosso querer, os motivos que temos para continuar mantendo – e bem – as nossas amizades, com todos os conteúdos que podem ser abordados nessas relações. Depois que aconteceu o acontecido, que veio trazendo tantas consequências ameaçadoras para todos, do eu ao nós, será mais fácil gastar a energia que ainda temos na solidão? Quem sabe será possível caminhar para a solitude, sozinhos, mas nos sentindo bem, com energia suficiente para gastar um pouquinho do tempo para ser dedicado às amizades, mesmo que mais no modo remoto e ainda quase nada presencial? Será que é tudo isso mesmo ou dá para flexibilizar mais ? Qual o nível de medo de uma contaminação pelo vírus após a imunização que nunca será absoluta?

Diante de tudo que vai rolando e respeitando o momento que minhas amizades estão atravessando, tenho tentado encontrar as pessoas para conversar em viva voz, pelo telefone celular e rarissimamente no fixo, que quase ninguém tem mais.

Mesmo tendo a iniciativa de procurar as pessoas amigas sem cobrar reciprocidade, muitas são as dificuldades encontradas e que se acentuaram nessa pandemia. Uma delas é o fuso horário. Qual seria a hora adequada para fazer um contato usando o dispositivo tecnológico? Será que as pessoas estão dispostas a conversar e com qual profundidade, duração, capacidade de ouvir e falar? Pode ser que a fase esteja levando as pessoas a uma revisão de muitos valores, questionamentos de crenças jamais imaginadas.

O desafio permanece, mas espero que as amizades sobreviventes continuem ajudando mutuamente a quem nelas acredita e cultiva.

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Em 15 de setembro aconteceu mais um Dia do Cliente. A data tem como objetivo chamar a atenção de todos para a importância de quem está no papel de cliente nas relações entre as pessoas, a começar pela premissa que do outro lado existe alguém no papel de fornecedor. Aproveitando a onda surgem também as promoções comerciais do tipo “Setembro, mês do cliente” ou “Semana do Cliente”, por exemplo.
Sabemos que o cliente tem necessidades e expectativas relativas ao fornecimento de um determinado bem ou serviço. Isso pode acontecer no mercado amplo, nacional e internacional, ou internamente entre unidades de uma organização humana.
O cliente espera sempre que lhe seja fornecido tudo conforme as especificações combinadas, por um preço justo e atendimento de qualidade em todas as atividades do processo, inclusive no cumprimento de prazos.
É importante ressaltar que cabe ao cliente avaliar a qualidade da entrega feita pelo seu fornecedor, até mesmo dando uma nota na escala de 0 a 10, mas também deve se comportar de maneira clara, educada e sem arrogância, apesar de sua máxima e decisiva importância na relação entre as duas partes.
Nesse sentido, que avaliação podemos fazer sobre as nossas experiências vividas no papel de clientes? É bom também aproveitar a oportunidade para pensar sobre a qualidade do nosso trabalho quando estamos no papel de fornecedor. Será que é a mesma que exigimos como clientes ou deixamos a desejar? Sejamos sinceros.
Pelo que percebo está um pouco distante o tempo em que todo dia será do cliente e é por isso mesmo que existe a necessidade de se chamar a atenção sobre o tema. Ainda estamos longe da excelência e é preciso investir muito em gestão, educação e treinamento de modo permanente.
Fico pensando em alguns aspectos que mais me incomodam quando estou no papel de cliente. O primeiro deles é ser tratado como paciente na relação com qualquer profissional da área da saúde. Chega a incomodar a incapacidade de alguns para ouvir, só querem falar, determinar o que deve ser feito com absolutismo e arrogância. A empatia é próxima de zero. Outro incômodo grande é causado pelo acréscimo unilateral de serviços ou tarifas não contratados com operadoras de telecomunicações, bancos, distribuidoras de energia elétrica (bandeira vermelha nível 2 e emergência hídrica)…
Encerro lembrando de dissabores causados na prestação de muitos serviços públicos em que não existe outra opção e por isso somos classificados como usuários. É só lembrar dos transportes coletivos por ônibus e metro, a renovação de uma carteira de motorista num departamento de trânsito e o atendimento dos cartórios notariais, um serviço público concedido pelo Estado com preços corrigidos automaticamente a cada ano.

Imagine o estrago que uma pessoa maltratada como cliente, paciente ou usuária pode fazer ao seu fornecedor se resolver dar publicidade à suas queixas e reclamações, a começar pelas diversas mídias digitais…

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 25 de setembro de 2021   Curtas e curtinhas

Pix na berlinda

O Procon de São Paulo está questionando o Banco Central sobre riscos, principalmente de segurança, a que os usuários do PIX estão expostos. Entre os dados apresentados, o mais realçado foi a quantidade de sequestros relâmpago de pessoas tendo como contrapartida para a libertação a transferência de dinheiro da vítima pelo PIX.

O Procon sugeriu um limite de R$500,00 mensais para a movimentação de transferências até que o Banco Central apresente uma proposta mais consistente para solucionar o problema. A conferir.

Mais aumento da carga tributária

Apesar do discurso governamental de que não haverá aumento na carga tributária, isso não tem acontecido. Ela aumenta de forma indireta, com a não correção da tabela do Imposto de Renda, ou de forma deliberada, com o aumento da alíquota do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Com publicação de decreto da Presidência da República o Ministério da Economia aumentou o IOF para pessoas físicas de 3% para 4,08% ao ano e de 1,5 para 2,04% no caso das empresas. No caso das pessoas jurídicas será mais uma pancada para ajudar a aumentar a inflação, pois quem puder vai tentar repassar esse aumento para os seus preços. Quanto às pessoas físicas, o que resta é contar com mais perda de poder aquisitivo. Simples assim.

Fila no caixa do Governo de Minas

A partir do mês de agosto o Governo do Estado de Minas Gerais voltou a pagar os salários dos servidores ativos, inativos e pensionistas no quinto dia útil do mês. Os da saúde e segurança pública já recebiam seus proventos integralmente nesse dia há mais tempo. A propaganda sobre o acontecido chamou a atenção de quem está na fila para receber algo do Governo do Estado. Um exemplo esta na dívida do Estado com a União, que está há 6 anos sem ser paga, amparada por uma liminar da Justiça. A parcela não paga se aproxima dos 30 bilhões de reais, fora os juros, e ainda existem três vezes esse valor a vencer nos próximos anos. O Supremo Tribunal Federal ameaça derrubar a liminar se o estado não aderir ao regime federal de recuperação fiscal.

Também na fila, os servidores da segurança pública reivindicam o pagamento da segunda e terceira parcela de aumento salarial vetado pelo governador no ano passado. Como se vê, todo mundo fica atento também quando a farinha aumenta para melhorar primeiro o seu pirão.

Eleições em 2022

Faltando um ano para as eleições de Presidente da República, Senadores, Deputados Federais, Governadores e Deputados Estaduais vale a pena lembrar os nomes dos candidatos em que votamos, em qual partido estavam filiados à época e em qual estão hoje, bem como as entregas resultantes do trabalho que executaram com suas ações e omissões. No seu caso específico – e caso seus candidatos tenham sido eleitos – que avaliação você faz do desempenho deles e que nota você daria a eles numa escala de 0 a 10?

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E se vier a estagflação?

por Luis Borges 21 de setembro de 2021   Pensata

Faz tempo que estamos vivendo na expectativa de uma recuperação econômica – já são 7 anos (2015-2021). A prevalência tem sido de recessão ou crescimento pífio do PIB. O ideal seria um crescimento anual de 4% diante de uma população estimada em pouco mais de 213 milhões, dos quais 14,4 milhões estão desempregados e 6 milhões estão desalentados (desistiram de procurar trabalho).

É importante lembrar que, se a expectativa é maior do que a realidade, só nos resta o sofrimento diante da percepção de que tudo tem ficado bem abaixo do esperado. Os indicadores mostram os resultados entregues, apesar de algumas narrativas tentarem justificar os efeitos sem analisar as causas. Fica evidente que não dá para revogar a lei da gravidade.

O que pensar e o que esperar nesse momento em que a primavera chega para fechar o ano pelo calendário gregoriano diante de tantos problemas críticos, cujas soluções são vitais para a retomada consistente do crescimento econômico?

Podemos ilustrar isso com a crise hídrica, que ameaça pela falta d’água para o  consumo humano e demais seres vivos bem como a geração de energia elétrica. A saída mais fácil tem sido recorrer às caríssimas usinas termoelétricas que precisam ser bancadas pela cobrança de tarifas extras sobre as quais incidem também os tributos estaduais (ICMS) e federais (PIS- COFINS).

Outro problema crônico está na política de preços dos combustíveis praticada pela Petrobras desde 2017. Hoje o barril de petróleo gira em torno dos US$72 e a cotação do dólar tem ficado ao redor de R$ 5,25 . Segundo alguns economistas mais realistas o melhor seria que ficasse lá pelos R$4,00. É claro que quem está ganhando mais com o dólar alto não vai concordar com essa afirmação.

Vale também lembrar dos preços lá nas alturas das carnes, milho, soja, arroz, café… Ainda falta a chuva e sobram as queimadas, os desmatamentos e a mudança no clima, que resulta em aquecimento global.

Para completar esse quadro macro ainda temos a crise política permanente entre os poderes que constitucionalmente devem ser independentes e harmoniosos. No horizonte, as eleições de 2022.

Em meio a tudo isso haja inflação diante do desequilíbrio entre oferta e demanda, além da brutal perda de poder aquisitivo, principalmente para as camadas da base da pirâmide social, formada pela maioria da população, que reflete a brutal concentração de renda.

Agora está no Congresso Nacional a lei orçamentária para o ano eleitoral de 2022. Ela foi feita partindo da premissa de que o INPC terminará o ano em 6,3%, mas o Ministério da Economia já revisou o índice para 8,4%. Esse indicador é usado para reajustar o salário mínimo, aposentadorias e pensões do INSS. Pelo visto, é uma peça de ficção para cumprir a lei. Enquanto isso a inflação dos últimos meses medida pelo IPCA do IBGE ficou em 9,68%(a meta para o ano é 3,75%) e o PIB está projetado para um crescimento em torno de 4,9% no final do ano, após ter recuado 4,1% no ano passado. O mercado já projeta um crescimento do PIB inferior a 1% para o ano que vem.

E ainda temos a pandemia da Covid-19 e suas variantes, que ainda não acabou. Pelo que se vê diante de tantos sinais, não podemos descartar a possibilidade da economia continuar estagnada e com inflação alta, crescente, ou seja, a estagflação está no horizonte próximo. Quanto pior, pior mesmo!

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As preocupações com aquecimento global, mudança do clima nas quatro estações clássicas do ano, seca, geada, crise hídrica e de energia elétrica estão em evidência nas diversas mídias em variadas abordagens. Entretanto, não aparecem com a mesma frequência os problemas trazidos pela poluição sonora e seus impactos para os seres humanos e os animais, que fazem parte do ecossistema. Mas por que trazer à tona mais uma preocupação diante de tantas outras que já estão a nos incomodar? Acontece que o nosso sistema auditivo tem perdas significativas, mas silenciosas, ao longo do tempo de exposição aos barulhos, ruídos e sons acima de determinados limites.

Meu ponto aqui é relatar a percepção que tenho do aumento vertiginoso do nível de barulhos no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde resido há 33 anos. Se for feito ou atualizado o mapa acústico do bairro, veremos que o trem de ferro, que circula ininterruptamente 24 horas diariamente nos sete dias da semana, é a garantia de barulho permanente.

Tudo decorre da passagem de até 50 composições diárias do trem de ferro com dezenas de vagões de carga. Ao passar pelo bairro de Santa Tereza indo da ponte sobre a Avenida do Contorno até a Avenida Silviano Brandão, a composição se arrasta durante pelo menos 5 minutos em cada trecho, que é cercado e faz divisa com as residências a partir da beirada da cerca. Além do barulho naturalmente incômodo da composição, ainda vem os sucessivos e longos buzinaços, independente da hora em que passa, seja dia, seja noite, inclusive na alta madrugada.

Alega-se que isso é feito como um sinal de alerta para alguém que esteja parado na linha ou fazendo a travessia. Acontece que os trilhos que fazem a linha sobre os dormentes são cercados, o que dificulta bastante o acesso de pessoas, embora existam aquelas que conseguem furar o bloqueio da cerca. Dá para contar nos dedos das mãos qual é a frequência diária desse tipo de ocorrência.

Um buzinaço desse ecoa por todo o bairro e também nos bairros vizinhos, notadamente os que acontecem de madrugada.

Outro momento muito desagradável é quando o trem de ferro fica parado na região da estação Santa Efigênia do metrô de superfície da CBTU acionando o motor da locomotiva de 3 em 3 minutos durante 60 minutos na maior parte dos casos. Imagine o desconforto disso durante a madrugada, na alvorada do dia, na hora do almoço, no crepúsculo do dia ou à meia-noite. O descontentamento dos moradores é crescente e circula entre eles uma proposta reivindicando que haja um toque de recolher para os trens das 23 horas até as 6 da manhã. Outros moradores mais antigos se lembram do MOREL – Movimento para a Retirada das Linhas dos Trens do Centro de Belo Horizonte.

Não está nada fácil aguentar a barulheira, e vale lembrar que existem barulhos vindos também de casas de shows e eventos sem a devida proteção acústica além do trânsito das ruas e avenidas mais movimentadas nos horários de pico. E olha que Belo Horizonte possui a Lei do Silêncio 9.505/2008 que regulamenta os níveis de emissão de sons e ruídos nas diversas atividades em seus respectivos horários, mas a fiscalização do seu cumprimento ainda deixa muito a desejar. É o que temos para hoje, enquanto ouvimos, sem mobilização mais forte dos moradores, o barulho dos trens de ferro em Santa Tereza.

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Vale a leitura

por Luis Borges 9 de setembro de 2021   Vale a leitura

Entre a franqueza e a falta de educação  

Às vezes nos deparamos com pessoas que se dizem muito francas, que falam o que vem à boca, doa a quem doer e não medem as consequências disso. Geralmente se mostram toscas, como se fossem proprietárias absolutas da verdade e chegam a ser grosseiras, mal educadas. A sensação deixada é também de desequilíbrio associado à arrogância. Não conseguem ter empatia, ser agradáveis. E tudo fica ainda mais chato quando isso acontece na família ou no trabalho, por exemplo.

É interessante a abordagem sobre o tema feita por Heloísa Noronha em seu artigo “Sinceridade x grosseria: como identificar a linha tênue que as separa?” publicado no blog Viva Bem do portal UOL.

“Muitas pessoas dizem que têm “personalidade forte” ou que são sinceras quando, na verdade, ofendem e atacam os outros com suas colocações. E muita gente que se diz autêntica, na prática, acaba magoando os outros sem necessidade, com comentários que parecem motivadores ou críticas construtivas, mas não passam de ofensas ou opiniões grosseiras não solicitadas. Essas situações despertam algumas dúvidas, como: é possível diferenciar sinceridade e grosseria? E mais: quem age assim costuma se dar conta de que em diversos momentos machucam os outros?”

Tentando entender o sono perdido

Você faz parte do grupo de pessoas que perdem o sono facilmente ou é daqueles em que isso acontece só em ocasiões excepcionais? De qualquer maneira sabemos o quanto o sono é essencial para o nosso equilíbrio energético e o que é enfrentar um dia após uma ou mais noites mal dormidas.

Quais são as causas mais comuns que afetam a qualidade do sono das pessoas? Leia a abordagem de Flávia Santucci no artigo “Por que perdemos o sono diante de acontecimentos importantes?” publicado no blog Viva Bem do portal UOL. Abaixo, um resumo do que você vai encontrar na matéria:

  • Passar a noite em claro esperando por acontecimentos futuros é normal, mas é preciso estar atento à frequência com que a falta de sono acontece.

  • Ansiedade exacerbada pode desencadear níveis de tensão e estresse elevados, gerando baixa tolerância à frustração.

  • Em alguns casos, uma noite mal dormida pode interferir no humor e na saúde.

  • Boas noites de sono começam com ambientes silenciosos e de baixa luminosidade.

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Admitir que um problema existe pode ser meio caminho andado para a sua solução. O maior desafio é esse mesmo. É mais fácil ignorar, negar ou justificar (arrumando culpados ou mentindo) a existência de um problema do que buscar soluções gerenciadas, sem contaminações de qualquer natureza, que possam resolver o que precisa ser resolvido.

Se observarmos a atual crise hídrica poderemos verificar que só agora ela está sendo assumida pelas autoridades governamentais. Já estamos no início de setembro enquanto todos os fatos e dados existentes anteriormente foram enfiados nos balões de ensaio suavizando os sinais da crise hídrica para tentar medir sua repercussão na sociedade.

Diante de tudo, o que sobrou para nós outros foi pagar a conta com mais uma bandeira tarifária muito além da vermelha nível 2, a mais alta, agora denominada “Escassez Hídrica”, custando R$14,20 a cada 100 kwh(Quilowatt-hora) consumidos mensalmente. De qualquer maneira é só mais inflação e menos poder aquisitivo que nos obriga a fazer escolhas de gastos para que não sobre tanto mês no fim do salário.

Por isso mesmo é que estou fazendo a pergunta sobre como economizar energia elétrica. Ela não é feita por boniteza, mas por necessidade. Também nos ajuda a lembrar dos ensinamentos da gestão, nem sempre praticados, mostrando que gerenciar é resolver problemas, é atingir metas. Isso nos obrigará a relembrar os parâmetros usados para estabelecer metas, que aliás, devem ser desafiadoras, mas jamais malucas ou frouxas.

Outra lembrança é a do plano de ação contendo as medidas necessárias para atingir a meta. É preciso ficar claro o que vai ser feito, quem é o responsável, até quando precisa ser feito e como será o passo-a-passo na execução de cada medida (3W1H – o quê, quem, quando e como?). Enfim não existe meta sem plano de ação e muito menos planos de ação sem meta, como erroneamente se vê em diferentes ambientes.

Nesse sentido será que é desafiadora a meta de reduzir em 20% o consumo de energia elétrica em nossas residências até dezembro de 2021, como propõe o governo? Como se deu isso no apagão de energia elétrica em 2001? O que a história nos conta diante das necessidades daquela época? Será necessário, no caso da família, conhecer os principais itens consumidores de energia elétrica, frequência de uso e tempo de utilização, por exemplo. Serão lembrados os banhos demorados com chuveiro na posição inverno, o forno elétrico usado várias vezes ao dia, o ferro de passar roupas acionado sempre que necessário (é preciso passar todas as roupas?), lâmpadas acesas em cômodos vazios, equipamentos ligados sem ser usados, uso prolongado de ar-condicionado, ventiladores, secadores de roupas e de cabelo, geladeira no abre e fecha e às vezes precisando de manutenção na vedação da porta… Interessante observar também a perda de energia devido à insuficiência da carga contratada em relação à quantidade demandada por tantos aparelhos ligados – principalmente em edifícios – bem como periodicamente revisar a fiação da rede elétrica. Seria possível usar a energia fotovoltaica (solar)?

Agora cabe ao gestor da meta colocar o gerenciamento em movimento ajudado pelos responsáveis de cada medida do plano de ação bem como avaliar periodicamente se tudo está acontecendo conforme o planejado ou se novas medidas deverão ser tomadas para que o processo continue caminhando na linha da meta. Mas a gestão transparente e participativa é o que todos precisam, a começar por nós em nossas famílias e chegando aos mais diversos níveis das organizações humanas da República.

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Um inventário de preocupações

por Luis Borges 30 de agosto de 2021   Pensata

Vieram me perguntar se estou voltando a frequentar lugares que faziam parte de minha pauta antes da pandemia da Covid-19. Eu disse que, depois de tudo o que foi e tem sido enfrentado, não tenho pressa para voltar ao passado, já que estou aposentado do trabalho profissional, mas não da vida com todos os seus riscos. Acredito que essa parada quase que obrigatória em alguns segmentos foi desigual na medida em que para uma grande parte o obrigatório foi continuar trabalhando e circulando no ir e vir de cada dia.

Tenho reafirmado que minha estratégia tem sido a da sobrevivência e que a “cada dia se mede a água com o fubá”. Mas por que tanta precaução num momento em que os padrões sanitários e os protocolos estão sendo flexibilizados em suas inúmeras dimensões, me perguntou um colega que vive circulando de uma cidade para outra na região metropolitana de Belo Horizonte? Logo ele que já foi infectado duas vezes pelo vírus ao longo da pandemia.

Disse a ele que estou esperando o cumprimento da meta de aplicação da 1ª dose da vacina para as faixas etárias previstas até o final de setembro. Enquanto isso, a 2ª dose prosseguirá avançando e o reforço da 3ª dose para idosos também caminhará.

Tudo isso convivendo com as variantes Delta e Lambda da Covid-19, mantidos o uso de máscaras, higienização das mãos, distanciamento, ambientes ventilados livremente…

Só então terei mais confiança para ousar circular por ai afora, mas cumprindo os padrões sanitários que os novos momentos exigirem.

Contudo, se a saúde mental é sempre uma preocupação permanente, nesse momento novos entrantes só contribuem para aumentar mais ainda as preocupações mentais e consumir ainda mais as nossas energias que nem sempre são suficientes.

Uma nova preocupação além da pandemia, da saúde e da existência de trabalho, está nos balões de ensaio diários do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS( mostrando que o racionamento de energia elétrica “subiu no telhado”.

Pelo visto, o apagão da energia elétrica se faz presente, as usinas térmicas mais caras serão largamente usadas nos secos meses de setembro e outubro e o jeito será economizar energia na faixa dos 20% para não se assumir explicitamente o racionamento.

Vale a lembrança do apagão da energia elétrica em 2001 e os 20 anos que se passaram na janela sem que o problema da matriz energética fosse resolvido por quem deveria resolvê-lo.

Outra preocupação dentro da crise hídrica é com a água para o abastecimento humano, que precisa de energia elétrica para sua purificação e distribuição, bem como para o consumo de animais e plantas.

Para completar esse inventário de preocupações tem a inflação impulsionada pelos combustíveis, cujos preços são atrelados à cotação internacional do petróleo e à variação do dólar, como também aos preços da energia elétrica com bandeira tarifária vermelha no nível mais alto e dos alimentos de origem animal e vegetal com variações anuais subindo no mínimo 50%. Haja resiliência para constatar a enorme perda de poder aquisitivo para a inflação que nenhuma reposição salarial ou de proventos de aposentadoria trarão de volta. Essas perdas serão definitivas e o que nos resta é refazer o orçamento. O jeito é parar por aqui.

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