Você me abandonou
A campanha eleitoral oficial, com duração de 45 dias, está em andamento para os candidatos a prefeito e vereador das cidades brasileiras. Algumas mudanças nas regras do jogo – como a proibição do financiamento privado das campanhas dos candidatos e a redução do tempo de exposição das propostas aos eleitores – podem até nos dar a sensação de inovação. Mas em quem acreditar nessa altura da combalida democracia representativa, quando já prevalece em boa parte da população a anomia, a perda de identidade com o que aí está?
Tomando como referência a cidade de Belo Horizonte podemos tentar nos lembrar das eleições municipais de 2012 e avaliar os resultados – positivos e negativos – alcançados pelos eleitos para prefeito, vice-prefeito e vereadores.
Se olharmos só para os atuais 11 candidatos a prefeito veremos que cinco deles são deputados federais, dois são deputados estaduais e um é vice-prefeito e ex-deputado estadual . Além disso, uma deputada federal e um deputado estadual são candidatos a vice-prefeito. Vale a pena repetir a pergunta feita pelo repórter Eduardo Costa, da Rádio Itatiaia: o que cada candidato fez pela cidade de Belo Horizonte durante o exercício de seu mandato? Eu também gostaria de conhecer o diagnóstico e o prognóstico que fazem para a cidade, além de saber se eles já estudaram a Lei Orgânica do Município e se já estudaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2017, primeiro ano do mandato de quem for eleito.
Como geralmente a maioria dos candidatos só aparece em tempos de eleição, de dois em dois ou de quatro em quatro anos, só falta agora alguém aparecer falando em fidelidade, em compromissos que raramente serão cumpridos mas sempre lembrados nessas ocasiões.
Por isso continua sempre atual e facilmente aplicável a música Você me abandonou, de autoria de Alberto Lonato, que você ouve abaixo na interpretação da Velha Guarda da Portela. Mudar o que precisa ser mudado depende só de nós.
Você me abandonou Fonte: Letras.mus.br Você me abandonou Ô ô eu não vou chorar Mas hei de me vingar Não vou te ferir Eu não vou te envenenar O castigo que eu vou te dar é o desprezo Eu te mato devagar O desprezo é uma arma perigosa É pior do que uma seta venenosa O desprezo para quem sabe sentir Muitas vezes faz chorar Outras vezes faz sorrir