Ver e agir para combater o desperdício
Já estamos no outono de 2022. Mais uma vez temos a oportunidade de embalar as esperanças que nos darão alento para prosseguir na luta por dias melhores para se viver, apesar de tantas dificuldades que nos apertam. Nesse sentido, o que podemos fazer para atuar naquilo que só depende de nós, sem cair na indiferença, e qual pode ser a nossa contribuição para dar um empurrão rumo à solução para problemas coletivos com perspectivas mais alentadoras? Afinal de contas, é na dificuldade que a gente se prova.
O que e como fazer para combater o desperdício diante da escassez do poder aquisitivo que só se deteriora? Conseguir mais horas de trabalho, com o devido aumento do cansaço? Reivindicar reposições salariais – com greve no serviço público? Adequar o orçamento para um padrão de vida menor que o atual ou admitir que o “trem tá feio” e que a estratégia é de sobrevivência?
O que não dá para aceitar é quando dizem que a causa de tudo é apenas a atual inflação mundial, pois existem também as turbulências políticas e econômicas que estão aqui dentro do país, com a inflação nas alturas desde o início do ano passado. De qualquer maneira, existem ações que podem ser tomadas para mitigar um pouquinho a escassez de recursos, mas que dependem primeiramente de cada um de nós.
Aqui é importante lembrar o significado da palavra desperdício. Segundo o dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, é “despesa ou gasto exagerado; esbanjamento, desperdiçamento” e também “uso sem proveito; perda, desperdiçamento”.
Para evitar desperdícios é preciso um olhar atento para ver o que está acontecendo e que nos leva a ter tantos gastos exagerados, muito dos quais poderiam ser evitados ou minimizados. De cara, podemos observar e analisar como perdemos tempo por falta de gestão. Logo o tempo, que é um recurso escasso e que não volta.
Mas por onde começar? Além de olhar, olhar, podemos focar nas contas que representam os maiores gastos, por exemplo, os alimentos que são perdidos dentro de casa, a chama do fogão a gás nas alturas quando os alimentos poderiam ser cozidos com a chama baixa, lâmpadas acesas em ambientes vazios, vazamentos de água ocultos nas tubulações ou pingando gota a gota nas torneiras, banhos demorados, as tarifas bancárias cobradas indevidamente – mas não percebidas – ou os altíssimos juros pagos no cartão de crédito rotativo e no cheque especial…
Também é preciso lembrar das compras feitas no impulso e que nem sempre são úteis após uma análise mais crítica, o que acaba gerando desperdício do escasso dinheiro. Melhor seria combater a ansiedade tentando responder a perguntas como “eu preciso disso agora?” ou “cabe no orçamento?” ou mesmo “eu quero isso ou é só um escape pra outra coisa?”.
O olhar mais atento, o foco no que precisa ser focado, o combate ao “consumo, logo existo” e o enfrentamento da Síndrome Incontrolável da Vontade de Aparecer – SIVA podem ajudar a perceber mais o valor do seu dinheiro. Deixar de gastar com bens e serviços que retiram valor econômico, analisados criticamente, faz parte do combate permanente ao desperdício. É preciso disciplina, constância de propósitos e querer fazer o que precisa ser feito. Caso contrário é só reclamar, chorar…
Façamos, pelo menos o que só depende nós primordialmente e com a consciência de que as expectativas não podem ser maiores que a realidade.