Vale a leitura

por Luis Borges 8 de julho de 2016   Vale a leitura

Idoso é só sabedoria?

Em nossa cultura é muito comum se atribuir aos idosos uma sabedoria adquirida ao longo do passar do tempo. É bom lembrar que a legislação brasileira define que idoso é quem tem idade de 60 anos em diante. Por outro lado também falamos muito de um choque de gerações quando se compara o que os mais jovens querem com suas propostas de mudanças às garantias que os idosos querem assegurar para o curso final de suas vidas. Será que o simples fato de ser idoso garante a presença de muita sabedoria aplicada ou existem também muitas falhas advindas da educação e formação que se teve? Veja a abordagem de Contardo Calligaris no artigo A perigosa nostalgia dos idosos.

“Os idosos parecem sempre evocar o “tempo feliz” de sua infância, quando os pais eram severos e por isso educavam bem, quando dava para brincar na rua e a escola pública era muito boa. Mas, se a escola era tão boa, por que o cara é ignorante? E, se os pais eram grandes pedagogos, por que ele é bruto e mal-educado?

Cuidado: quase sempre, nós idosos nos servimos da saudade para “viver”, numa lembrança inventada, algo que, de fato, não conhecemos –e agora é tarde. Nossa vida não foi o que queríamos, e ela não vai mudar mais, no entanto “tivemos”(na lembrança) uma infância de conto de fadas, não é?”

Me engana que eu gosto

Muitas são as mulheres brasileiras que se sentem pressionadas a aparentar eterna juventude e que, por consequência, não se sentem bem ao responder perguntas sobre a idade. A antropóloga Mirian Goldenberg, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, aborda esse tipo de situação no artigo Quantos anos você acha que eu tenho? publicado na Folha de São Paulo.

Em determinado trecho do artigo, Mirian expõe a posição de uma mulher alemã frente a uma brasileira que se via no dilema descrito acima.

“Por que você quer parecer mais jovem? Por que dizer a própria idade é um drama para você? Por que você sente vergonha de ter 54 anos? Este é um comportamento muito infantil, não combina com uma mulher madura. Você não acha uma falta de dignidade querer ser o que você não é?”

Em uma cultura em que o corpo jovem é uma verdadeira riqueza, um “corpo-capital”, é compreensível que as mulheres tenham pânico de envelhecer e de revelar a idade. No entanto, quando a mulher é valorizada por outros capitais, ela pode envelhecer com mais dignidade, liberdade e felicidade.

Conhecendo mais a doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é sempre um fantasma rondando as cabeças daqueles que sabem da sua existência e dos seus efeitos. Mesmo passados mais de cem anos de sua descoberta, as causas que a geram e muitos detalhes do processo de seu desenvolvimento continuam a desafiar os cientistas que trabalham para ampliar o conhecimento no tema. Agora um importante passo para o diagnóstico da doença foi divulgado por cientistas num trabalho que traz avanços no sentido de se usar indicadores fisiológicos que podem facilitar o complexo diagnóstico da doença. É o que mostra Nicolau Ferreira no artigo Definida sequência de sintomas que resulta na doença de Alzheimer.

“Uma equipa de cientistas avaliou dezenas de aspectos fisiológicos associados à doença de Alzheimer tardia (que surge a partir dos 65 anos, em oposição a uma variante que aparece mais cedo, associada a mutações genéticas) a partir de exames feitos a doentes. Através de uma análise complexa, os cientistas dizem ter definido pela primeira vez a sequência de sintomas que acompanha a evolução da doença de Alzheimer. O primeiro sinal que anuncia este problema degenerativo é uma mudança na quantidade de sangue que chega a diferentes partes do cérebro, de acordo com o trabalho publicado nesta terça-feira na revista científica Nature Communications. Este sinal poderá servir, no futuro, para diagnósticos mais precoces da doença.”

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