Um Natal na pandemia
Quem de nós imaginaria, no Natal do ano passado, um cenário de pandemia no Natal seguinte? Com a Covid-19 se alastrando pelo mundo em tempos desiguais, com diferentes intensidades, trazendo o medo da morte e de muitas sequelas?
Pois é, logo agora que atravessamos um ano de diversas agonias chegamos a mais um Natal, que deve ser bastante reduzido em termos de festanças, mas sem perder o seu significado de renascimento. É tempo de refletir sobre os motivos que temos para a ação, aqueles que vem de dentro de nós. E, neste ano, diante de momentos tão difíceis e desafiantes para enfrentar e vencer uma ameaça tão real trazida pelo novo coronavírus.
“Se muito vale o já feito, mais vale o que será… e o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir”
É o que dizem Milton Nascimento e Fernando Brant na música “O que foi feito devera” lançada em 1978 no álbum Clube da Esquina 2. Sendo assim, o que será possível fazer neste período de Natal em meio às condições de contorno bem restritas do ponto de vista sanitário na comparação com o já saudoso ano anterior?
Na conjuntura em que acontece o advento, tempo de preparativos para o Natal, prevalecem as preocupações em torno de um repique ou segunda onda da Covid-19 conforme os fatos e dados tem demostrado ao longo deste mês. Há especialistas que dizem que a primeira onda nunca acabou e que estamos vivendo um aumento de casos fruto das aglomerações e da maior circulação de pessoas.
Renovam-se as esperanças em torno das vacinas seguras e eficazes, que poderão estar disponíveis já neste fim de ano ou no inicio do próximo. Espero que haja planejamento e gestão suficientes para que as doses das vacinas cheguem a seus destinatários em tempo hábil e nas condições normais de temperatura e pressão, conforme preconizam a ciência e o conhecimento aplicado.
Encontrar o equilíbrio é sempre desafiante em meio a tantas ponderações. Mas sei que existem aqueles que não abrirão mão da festa no local de trabalho, com 10 ou mais pessoas, além dos encontros festivos das pequenas, médias e grandes famílias de todas as classes sociais, cada qual com o seu qual em nome da renovação da vida em risco.
Ainda permanecem na conjuntura balançando para lá e para cá, mas exigindo soluções adequadas, o retorno às aulas presenciais, o orçamento da União Federal para 2021, o programa de renda básica para substituir o auxílio emergencial, o combate à disparada de diversos preços de bens e serviços…
Tudo o que foi feito – e também o que deixou de ser feito – pelas autoridades governamentais conforme suas responsabilidades e pelos cidadãos individualmente e socialmente nos trouxe até os resultados de hoje, que ainda não são suficientes.
Prossigamos rumo ao Natal, um dia de cada vez, com o realismo e o pragmatismo fundados na sabedoria e na esperança que fazem parte do nosso viver.