Todo cuidado é pouco
A segurança de pessoas e bens em imóveis, vias públicas e parques, por exemplo, é uma preocupação constante para todo cidadão. Para muitos, basta a sensação de insegurança para aguçar a paranóia ou até mesmo o pânico. Apenas reclamar dos governantes e das forças policiais, reivindicar agilidade do Poder Judiciário e Ministério Público ou ficar na expectativa de que mais presídios serão construídos para encarcerar os que não cumprem as leis não tem sido e não é suficiente para resolver o problema. Também podem ser paliativos os investimentos nas mais diversas modalidades de segurança eletrônica se as pessoas não tiverem uma atitude mais firme e focada nas questões ligadas à segurança. A autodisciplina será sempre fundamental para o cumprimento de todas as determinações contidas nos procedimentos padrão de segurança.
Na semana passada um pequeno e rápido descuido na entrada de um edifício típico de 6 apartamentos, modalidade 2 por andar e garagem no subsolo, foi o suficiente para que um ladrão esperto entrasse no do prédio. A mãe foi levar sua filha de 8 anos até o portão da rua, onde ela embarcaria num transporte especial rumo à escola. O detalhe que decidiu o jogo se deu após o acionamento do dispositivo para a abertura do referido portão, instalado dentro do prédio e antes da porta principal. Aqui é bom lembrar que a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte exige, para o bairro, uma distância mínima de 3 metros entre a parede frontal do edifício e o muro que faz divisa com a rua.
Acontece que o ladrão já estava à espreita e, ao ver o portão se abrir, caminhou rapidamente para dentro prédio. Quando a mãe passou por ele, pensou se tratar de alguma visita para o outro apartamento do primeiro andar. Após o embarque da filha, voltou para seu apartamento, onde deixara a porta da sala semiaberta. Percebeu que sua bolsa, com todos os clássicos pertences, tinha desaparecido. Foi quando ela finalmente se lembrou da pessoa que havia passado por ela há poucos instantes na entrada. Em seguida foi até a garagem, onde quatro pedreiros que estavam trabalhando nas obras de reforma do prédio cochilavam após o almoço. Aí foi percebido outro detalhe. O portão da garagem estava destrancado e ligeiramente encostado. As câmeras do circuito interno mostraram que o ladrão saiu por ali. O resto da história é o que todo mundo sabe e, ainda bem, para consolo da vítima e de outras possíveis vítimas, não houve confronto nem violência. Ficaram os transtornos dos bloqueios de cartões e documentos, a luta para se registrar um boletim de ocorrência na Polícia e a lembrança do acontecido sempre batendo intensamente na cabeça nos dias seguintes.
Mas o que restou mesmo foi a conscientização da necessidade de se mudar de atitude e a certeza de que tudo começa com a gente. Em situações como a que foi descrita acima não dá para simplesmente terceirizar a causa principal do efeito gerado.