A saudade virou ação no Espaço VIVALÓ
O feriado nacional de 2 de novembro marca o dia de finados, data em que adeptos de diferentes crenças religiosas dedicam mais intensamente o foco de suas lembranças e saudades às pessoas que fizeram parte de suas vidas. Apesar do tempo que escoa indelével, cada um de nós elabora de formas e durações diferentes a dor de cada perda. Buscar alento, forças e motivos para prosseguir também pode nos levar a abreviar um pouco a distância entre a dor e a saudade e, em função das diversas circunstâncias possíveis, compreender que a pessoa que morreu apenas partiu antes de nós. Nesse sentido, tomei conhecimento de um caso muito interessante, em função da solução dada para a continuidade das coisas da vida após uma perda inesperada.
No dia 11 de dezembro de 2013, por volta das 15 horas, a psicóloga Lorena Vale, então com 25 anos, dirigia seu automóvel durante uma chuva na rodovia Cândido Portinari, entre as cidades de Batatais e Franca, no estado de São Paulo. Seu destino era a cidade de Araxá (MG), onde se encontraria com seus pais Beto e Erci, dos quais era a única filha. De repente e inesperadamente – como sempre acontece, ainda que se discutam as causas do efeito – houve a colisão entre o carro de Lorena e um caminhão. Ela veio a óbito quase que instantaneamente e podemos imaginar todo o sofrimento que veio a seguir para todos os seus familiares e amigos.
A superação da perda foi e continua sendo muito difícil para a sua mãe, que é ex-radialista e professora aposentada. Mas na virada do ano de 2015 para 2016 floresceu a ideia luminosa que já estava sendo cultivada para manter viva a lembrança de sua filha. As saudades e energias da mãe foram canalizadas e o tempo fortemente dedicado para criar e colocar em ação o Espaço VIVALÓ. A missão do Espaço é contribuir na solução de demandas de pessoas de diferentes idades em busca de apoio nas áreas de psicologia, pedagogia, saúde, artes, orientação profissional e iniciação musical. A iniciativa conta atualmente com a participação de profissionais voluntárias, que doam algumas horas semanais em suas áreas de especialidades para atender as pessoas que procuram os serviços. A busca por vagas tem sido bem maior que a capacidade de atendimento e por isso mesmo já existe fila de espera em todas as modalidades e também a consciência do finito tamanho do espaço. Afinal de contas, o Espaço VIVALÓ funciona em ambiente cedido pela própria família, no Centro de Araxá, e sua sustentabilidade é garantida pelas próprias voluntárias que lhe dão vida participando de maneira efetiva e afetiva. A mãe de Ló se sente hoje bem mais fortalecida diante de tantas saudades e lembranças, mas também com muita energia e motivação, que vêm de dentro do coração, para melhor prosseguir com sua contribuição à pessoas que também querem melhorar suas vidas.