Renovação x Legado
Comparando as últimas copas, chama a atenção um aspecto negativo no modo como encaramos resultados: política de terra arrasada e a falta de planejamento para longo prazo.
Após o fracasso do Brasil em 2006, Dunga entrou com ordens de renovar a seleção. Cumpriu parcialmente. Se por um lado barrou medalhões sem espírito de grupo, por outro montou uma seleção envelhecida. Apenas Ramires tinha menos de 23 anos na Copa da África. Para efeito de comparação, a Alemanha levou 9 atletas nessa faixa, a Argentina levou 7 e a Espanha foi com 6.
Também chama a atenção que, em 2014, pela primeira vez em 20 anos, o Brasil vai à Copa sem nenhum campeão Mundial no elenco. O time de 2010 tinha Gilberto Silva, Lúcio, Kleberson e Kaká, vitoriosos de 2002.
Com experiência em Mundiais, retornam Júlio César, Daniel Alves, Maicon, Ramires e Thiago Silva, em sua maioria reservas do grupo de Dunga. A eles soma-se Fred, reserva na Alemanha em 2006.
É verdade que o Brasil revela muitos jogadores, e talvez por isso tantas apostas se percam. Mas as mudanças drásticas dizem muito sobre como agimos em caso de derrota. Basta comparar com outras grandes seleções, em que muitos nomes se repetem há três Mundiais ou mais. É o caso do goleiro Buffon, que esteve no grupo italiano que foi à Copa de 1998, na França, e vem ao Brasil para seu quinto Mundial.
E isso tudo, é garantia de quê? Bem, esse é o interessante do futebol: garantia de nada. O Brasil recente com maior número de ex-campeões convocados foi justamente 2006, com dez atletas. E o último a ir para uma Copa sem campeões levantou o caneco em 1994, sob o comando de Parreira.
Igor Costoli é jornalista e radialista de formação e atleticano de coração. É produtor e apresentador do Programa Invasões Bárbaras; na Rádio UFMG Educativa.