Quem não controla não gerencia
Faz um bom tempo que a palavra crise está presente em nosso cotidiano. A incapacidade de encontrar uma saída política resolver o problema central apenas contamina e realimenta a crise econômica e a social. Mas os mega escândalos que vem sendo apresentados à população brasileira e ao mundo globalizado mostram como a corrupção sistêmica de décadas unificou políticos partidários, governantes, servidores públicos coniventes ou omissos e empresários. Mas por que os mais diversos e variados órgãos de controle existentes não perceberam quase nada disso, se controlar faz parte da missão, da obrigação de cada um deles? Será que é porque o foco deles esta em marcar com muito rigor e pressão apenas as pessoas físicas assalariadas cujos impostos são retidos no ato do recebimento dos salários como faz fervorosamente a Receita Federal?
Nesse sentido tem sido deixado de lado um dos fundamentos da gestão quando diz que “quem não controla não gerencia”. É claro que gerenciar não é só controlar, mas sem o controle perde-se o domínio da função gerencial. O mesmo acontece com quem não mede as variáveis do seu processo de trabalho e os resultados a que levam. Por isso é inadmissível aceitar que um representante do povo instalado na estrutura do Estado em seus três poderes venha dizer que não sabia, que não conhecia o que acontecia ao mesmo tempo em que não consegue explicar coisa com coisa apesar de tantas evidências objetivas, inclusive suas alianças estratégicas com grandes grupos empresariais e associações que os representam.
Depois que aconteceu o acontecido não é exagerado afirmar que os órgãos de controle falharam e faliram junto com o sistema político partidário em vigor, como se nada de mais grave estivesse acontecendo. Já no mundo da pessoa física, do cidadão comum, o rigor da lei é absoluto e a sua aplicação é feita na plenitude. Basta observar o que sofre uma pessoa física ao deixar de declarar R$1.000,00 que fazem parte de sua renda quando entrega a declaração anual à Receita Federal. As penas imediatas são a malha fina, devassando a vida fiscal, acompanhada de juros e multa sobre o recolhimento do imposto relativo à parte omitida. Para a Receita Federal é como se fosse caixa 2, tão usado por muitas pessoas jurídicas. Contrastam com essa situação os bilhões de reais que transitam invisíveis entre tantas e poderosas partes interessadas, sem nenhum sistema de controle gritar alto ou baixo, no Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Fazenda, Banco Central, Receita Federal, Tribunais de Contas, Justiça Eleitoral, Agências Reguladoras, CVM (Comissão de Valores Mobiliários)… Fica até parecendo que são superestruturas fazendo cara de paisagem para não mexer no que deveria ser mexido.
Agora que tudo foi arrombado vozes se levantam defendendo a urgência do aperfeiçoamento e da utilização plena de um efetivo sistema de controle, sem sombreamentos, e com a implementação de todas as consequências previstas para quem não cumprir as regras do jogo.