Quem diria, era bicho-de-pé!

por Luis Borges 4 de outubro de 2017   Pensata

Um servidor público mineiro aproveitou o feriado de 7 de setembro, emendando a sexta-feira, para visitar seus parentes que residem numa fazenda no interior de Minas Gerais, pessoas que há muito tempo não via. O reencontro foi só alegria e todos os parentes ficaram muito felizes com a chegada do primo, que estava em companhia da esposa.

A estadia na fazenda possibilitou que se usufruísse um pouco de quase tudo, num convívio bastante agradável e com muita prosa naqueles quatro dias de tempo seco. Foi possível tomar um café da roça acompanhado de biscoito de polvilho, pão de queijo, broa de milho e bolo de fubá, bem como degustar a cachaça feita em casa antes de almoços em que foram servidos – em diferentes dias – frango caipira ao molho, costelinha de porco com mandioca, carne de boi na panela, paçoca de carne de boi…

À noite também foi possível cantar e dançar ao som de viola, sanfona e até mesmo jogar buraco, ofício em que o primo visitante é quase imbatível. Um dos grandes momentos do passeio aconteceu já no sábado pela manhã, quando o servidor foi até o curral para tomar um leite quentinho no melhor estilo ao pé da vaca. Obviamente que isso acabou rendendo uma fotografia, logo postada no grupo do WhatsApp da sua família e para mais um milhão de amigos de outros grupos de sua rede. Afinal de contas nem todo mundo sabe o que é ou já vivenciou uma situação como essa.

E assim o fim de semana prosseguiu maravilhosamente até a hora de se despedir dos queridos parentes já com saudades, no domingo à tarde para retornar a Belo Horizonte.

No segundo domingo após o retorno o servidor começou a sentir um grande incômodo nos pés e a principal característica do sintoma era uma coceira quase contínua em cada dedão. Ele foi ficando cada vez mais inquieto enquanto tentava decifrar o que poderia estar acontecendo. Chegou a imaginar terríveis situações futuras devido ao acompanhamento que faz do seu processo de metabolismo. Ainda assim, ele compareceu ao trabalho na segunda-feira mas, ao fim da tarde, não mais resistindo ao tamanho desconforto, resolveu procurar sua podóloga em busca de uma ajuda para solucionar o problema.

Acompanhado de sua esposa, ele chegou gemendo à sala de atendimento e foi imediatamente atendido. Assim que a podóloga olhou para os seus pés ela deu o diagnóstico rápido e certeiro: a causa de todo o seu mal estar era a presença de dois robustos bichos-de-pé, residindo cada um no dedão de um pé. Enquanto eram feitos os procedimentos para a retirada dos bichos-de-pé o servidor público lembrou-se que quando foi ao curral da fazenda tomar um leite quentinho ao pé da vaca estava calçando chinelos e passou ao lado do chiqueiro onde são criados os porcos.

Passado o desconforto e resolvido o problema ele foi buscar mais informações sobre o tal bichinho e descobriu que ele é bastante presente em áreas rurais e penetra facilmente na pele de diversos animais, notadamente na dos porcos e também na dos seres humanos. O período para a evolução do bicho de pé em seu hospedeiro é de duas a três semanas. Se você quiser conhecer mais sobre o assunto, clique aqui.

O servidor ficou tão feliz com a solução final para o seu problema que nem precisou se afastar do seu trabalho, apenas deixou de ir à academia durante a semana. Será que na próxima visita à fazenda ele vai proteger melhor seus pés?

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