Que trabalho é esse?

por Luis Borges 8 de setembro de 2016   Música na conjuntura

A Reforma Trabalhista está entrando com força na pauta, apresentada como mais uma das medidas salvadoras na busca do reequilíbrio das combalidas contas públicas. Ela contracenará com a tão falada Reforma da Previdência Social. Essas duas reformas estão sendo tratadas como as soluções para todos os erros e males que afetam o capitalismo brasileiro, agora em seu segundo ano de recessão econômica.

Diante de diagnósticos que nem sempre são feitos com a necessária amplitude e consistência metodológica, verifica-se a prevalência de muitos prognósticos alarmistas e a veiculação de diversas proposições de medidas para solucionar os problemas com a cara dos tecnocratas que as formulam.

Como parte dessa Reforma Trabalhista, que deve chegar ao Congresso em setembro, surgiu a proposição de dois novos tipos de contrato de trabalho. São o “contrato parcial” e o “contrato intermitente”, cujas jornadas de trabalho semanais serão menores que as 44 horas atualmente em vigor. Segundo a proposta, o “contrato parcial” terá a jornada de trabalho previamente definida em dias e horas. Um bom exemplo ilustrativo poderia ser o trabalho num bar nos finais de semana, propício para quem precisa complementar renda ou mesmo para quem procura uma primeira oportunidade de trabalho e, é claro, para quem está literalmente desempregado.

Já o “contrato intermitente” permitirá ao contratante acionar o empregado conforme suas necessidades específicas em variados dias do mês. Poderia ser adequado, por exemplo, a uma empresa de eventos, que contrata seus atendentes e garçons em função dos contratos fechados, que variam ao longo da semana e do mês. Mas, na verdade, não sei se os tecnocratas consideraram em seus estudos que boa parte desse tipo de contratação é feita atualmente na informalidade.

Enquanto a sereia canta, embalada por 11,8 milhões de pessoas desocupadas segundo dados do IBGE, e muitos economistas projetam uma retomada das contratações lá pelo meio do ano que vem, muitas ainda serão as discussões e proposições no sentido de mostrar a viabilidade desses tipos de contratos. Mas tudo pode ser acompanhado pela voz de Paulinho da Viola na música Que trabalho é esse?, de autoria de Zorba Devagar e Micau.

Que trabalho é esse?
Fonte: Letras.mus.br

Que Trabalho é Esse?

Que trabalho é esse
Que mandaram me chamar
Se for pra carregar pedra
Não adianta, eu não vou lá

Quando chego no trabalho
O patrão vem com aquela história
Que o serviço não está rendendo
Eu peço minhas contas e vou-m'embora
Quando falo no aumento
Ele sempre diz que não é hora

Veja só meu companheiro
A vida de um trabalhador
Trabalhar por tão pouco dinheiro
Não é mole, não senhor
Pra viver dessa maneira
Eu prefiro ficar como estou

Todo dia tudo aumenta
Ninguém pode viver de ilusão
Assim eu não posso ficar, meu compadre
Esperando meu patrão
E a família lá casa sem arroz e sem feijão
Como é que fica!

É mestre(?) Madeira(???)
Só ficou faltando você
E aquele Adolfo
E aquele sapateado
E aquele sorriso, né?
Mas não tem nada, não...
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