Quando o empregado demite o patrão

por Luis Borges 29 de novembro de 2022   Pensata

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Previdência Social, relativos ao mês de agosto de 2022, mostraram que 632.798 pessoas com carteira de trabalho assinada pediram demissão, ou seja, demitiram seus empregadores. Esse número foi um recorde dentro da série histórica feita com a metodologia introduzida em 2020.  O valor mais alto alcançado anteriormente foi de 603.136 pedidos de demissão em março desse ano, o que equivale a 33,2% do total naquele mês. Essencialmente, os números mostram que nos últimos 12 meses (setembro/21 a agosto/22) um em cada três trabalhadores desligados pediram demissão.

Dá para imaginar que nem todos conseguiram fazer algum tipo de acordo sobre itens como o cumprimento ou não de aviso prévio, recebimento da multa de 40% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –FGTS – e manutenção durante um determinado tempo de algum tipo de benefício, como por exemplo, plano de saúde.

Mas, como assim, tanta gente pedindo demissão numa conjuntura tão difícil para o trabalhador, onde prevalecem as estratégias de sobrevivência? Ou existe um limite para o que se torna insuportável?

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE do trimestre julho-agosto-setembro mostrou o desemprego em 8,7 % da população economicamente ativa (PEA), chegando a 9,5 milhões de brasileiros.

Ainda temos os desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho, cujo número está em 4,3 milhões.

Para melhor entender esse fenômeno, precisamos conhecer as principais causas que fazem parte do gerador desse efeito, o pedido de demissão. Alguns levantamentos feitos por estudiosos do mercado de trabalho recentemente mostram que entre as causas mais citadas estão a insatisfação com salários/benefícios, pouca flexibilidade na jornada de trabalho , mais chefes comandando e menos gestores liderando, piora da saúde mental, inclusive com a exaustão no trabalho, baixo índice de autorrealização, clima organizacional tóxico agravado por assédio moral e preconceitos quanto a gênero, raça e sexualidade.

Essas causas podem e devem ser desdobradas para dar mais consistência e coragem à aqueles que acreditam que existe vida fora do atual ambiente de trabalho, inclusive para a criação de um negócio próprio. Nesse caso, é preciso conhecer qual necessidade vai ser atendida, de quem ela é (Cliente) e como será atendida. Como dizia Heráclito no ano 308 antes de Cristo: “nada é permanente, exceto a mudança”. Mas não nos esqueçamos que tudo depende também do nosso querer e da nossa capacitação.

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