Acabaram de passar o dia e a semana das crianças. O 12 de outubro foi o epicentro da comemoração e da comercialização que a data enseja em função do sentido e do valor que a fase de criança tem para a vida de todos. Nesse sentido é importante realçar que a indústria e o comércio contavam com o momento para ajudar a despiorar seus negócios, já que ainda é muito tímida e incipiente a recuperação da economia brasileira.

Vale também lembrar que na mesma data ocorreu a celebração dos 300 anos da data em que a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, foi encontrada por três pescadores nas águas do rio Paraíba do sul.

Também é importante ter em mente que o dia da criança foi definido por lei de 1925, quando Arthur Bernardes era Presidente da República, e que o Estatuto da Criança e do Adolescente considera criança quem tem até 12 anos de idade.

Meu ponto aqui, porém, é simplesmente lembrar, sem saudosismo mas com alegria, os brinquedos e as brincadeiras da minha infância. Quem fizer as contas perceberá que ela já é cinquentenária, pois completei 12 anos de idade em outubro de 1966, e todo esse período foi vivido na minha querida e eterna cidade de Araxá, que considero ser a capital secreta do mundo. Minhas primeiras lembranças são do ano de 1960, quando eu tinha 5 anos e em Araxá moravam 28.626 pessoas segundo o UniAraxá.

Eu me lembro bem que não ganhava presentes pelo dia das crianças e que as comemorações do dia aconteciam no Grupo Escolar Pio XII, onde fiz o curso primário. Aconteciam diversas brincadeiras, como as corridas em que os participantes entravam dentro de um saco de linho e, quando era dada a largada, os competidores saíam pulando de forma semelhante a um sapo para percorrer um espaço de 25 metros no pátio da escola. Também brincávamos de corrida, carregando em uma das mãos um ovo de galinha cozido colocado numa colher. Outra lembrança é do desafio de comer um biscoito de polvilho suspenso num cordão, em altura desafiadora, e sem usar as mãos. Tudo terminava com um lanche especial, a grande atração que encerrava a festa de cada turno escolar.

Os brinquedos eram ganhados por ocasião do Natal, sempre comprados por meu pai na Casa Mineira de Dona Carlota na noite do dia 24. Era um a cada ano e a quantidade só aumentava se algum padrinho ou madrinha resolvessem fazer uma surpresa.

Fazendo uma lista rápida dos presentes – que deveriam ser bem cuidados para durar o maior tempo possível – me lembro de um caminhão de madeira de médio porte, de um jogo de varetas coloridas, da piorra, de um revólver sem espoleta, de um jogo de cartas contendo casais de animais para formar pares e um mico preto para sobrar na mão do perdedor, de uma gaita e de uma bola de futebol. Entre os brinquedos feitos em casa posso destacar os papagaios com rabo de argola, as pipas, os currais de uma fazenda contendo bois e vacas feitos com chuchu ou manga e a bola de meia. Já entre os que eram comprados com uma pequeníssima quantidade de Cruzeiros, a moeda da época, destaco as bolinhas de vidro ou de gude, de menor diâmetro tanto as de cor única quanto as multicoloridas e as “bilocas”, de diâmetro maior e cor única.

Nessa época eram bem definidos o que eram os brinquedos para meninos e os que eram para as meninas.

E você? Conseguiu se lembrar dos brinquedos e brincadeiras do seu tempo de criança?

  Comentários
 

A cidade de Belo Horizonte completará, em dezembro próximo, os seus 120 anos de existência. Como é de se esperar, muitas serão as celebrações e exaltações pelo feito e provavelmente serão bastante enaltecidas todas as coisas belas e prazerosas da cidade. Espero que a ocasião também seja uma oportunidade para se reconhecer os problemas crônicos que a cidade possui e que propostas para as suas soluções sejam apresentadas e ouvidas por quem de direito. Dá até para imaginar a quantidade de problemas que virão à tona se as pessoas ficarem mais atentas, observadoras e analíticas em relação às coisas que são varridas para debaixo do tapete.

Viaduto Santa Tereza | Foto: Marina Borges

Vou ilustrar o que estou falando com o exemplo do Viaduto Santa Tereza, um dos símbolos da cidade inaugurado em setembro de 1929, que liga o Centro aos bairros Floresta e Santa Tereza. Se muita gente passa diariamente a pé ou em veículos motorizados sobre os 390 metros de extensão do viaduto, outras pessoas também podem precisar dos banheiros que ficam embaixo do viaduto na Rua Aarão Reis, no espaço artístico e cultural da Praça da Estação.

Banheiro sob o Viaduto Santa Tereza | Foto: Sérgio Verteiro

As fotografias deste post são uma pequena amostra das condições de conservação em que se encontra este espaço público, principalmente levando-se em consideração que praticamente inexistem sanitários públicos no centro da cidade.

Banheiro sob o Viaduto Santa Tereza | Foto: Sérgio Verteiro

Você se lembra de outros problemas da cidade que estão escondidos e permanecem no anonimato?

  Comentários
 

Vale a leitura

por Luis Borges 8 de outubro de 2017   Vale a leitura

Imagine suas necessidades no ciclo idoso da vida…

Esse tema está sempre presente em minha pauta por razões óbvias. Afinal de contas o curso da vida já me trouxe para esse ciclo e longe de mim pensar que as coisas só acontecem com os outros. É claro que com ele podem vir limites ou restrições que abalam nossa autonomia e independência de variados modos e quantidades. A jornalista Cláudia Collucci aborda alguns aspectos dessas questões a partir de sua própria vivência familiar no artigo Cuidar de idoso não é só cumprir tarefa; é preciso dar carinho e escuta, publicado pela Folha de S. Paulo.

“Estive na última semana cuidando do meu pai de 87 anos, que se submeteu à implantação de um marcapasso. Após a alta hospitalar, foi um susto atrás do outro. Primeiro, a pressão arterial disparou (ele já teve dois infartos e carrega quatro stents no coração), depois um dos pontos do corte cirúrgico se rompeu (risco de infecção) e, por último, o braço imobilizado começou a inchar muito (perigo de trombose venosa).

Diante da recusa dele de ir ao pronto atendimento, da demora de retorno do médico que o assistiu na cirurgia e sem um serviço de retaguarda do plano de saúde ou do hospital, a sensação de desamparo foi desesperadora.

Mas essas situações também trazem lições. A principal é que o cuidado não se traduz apenas no cumprimento de tarefas, como fazer o curativo, medir a pressão, ajudar no banho ou preparar a comida. Cuidado envolve, sobretudo, carinho e escuta. É demonstrar que você está junto, que ele não está sozinho em suas dores.”

Até quando existirão empregadas domésticas e diaristas?

Na segunda metade do século passado muitas empregadas domésticas dormiam nas residências de seus patrões, onde geralmente permaneciam de segunda a sábado. Hoje essa é uma modalidade quase em extinção. O que mais se encontra são empregadas domésticas com a carteira de trabalho assinada que cumprem jornadas de 44 horas semanais de trabalho e muitos direitos sociais assegurados em lei. O que mais tem predominado no mercado atual é o trabalho doméstico feito por diaristas, em um ou dois dias por semana. Esses temas são abordados pela economista Maria de Fátima Lage Guerra em sua tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Demografia, do Cedeplar/UFMG sob o título “Trabalhadoras domésticas no Brasil: coortes, formas de contratação e famílias contratantes.

Como escreve a pesquisadora em sua tese, esse tipo de serviço poderá ser menos comum do que é hoje, devido ao “encarecimento dos serviços prestados pelas mensalistas, por um lado, e às mudanças de expectativas e de alternativas para as moças pobres mais educadas, por outro, além da crescente preferência das próprias trabalhadoras pelo trabalho por dia”.

Um modelo de distribuição gratuita de refeições

O Brasil possui 13,1 milhões de desempregados segundo o IBGE e 22 milhões de aposentados que recebem um salário mínimo mensal de R$937,00 segundo o INSS. Se o dinheiro é insuficiente ou mesmo inexistente só resta a quem está em dificuldade tentar encontrar algumas formas alternativas de ajuda solidária. Nesse sentido é bastante interessante a experiência da ONG beneficente israelita Ten Yad existente há 25 anos na cidade de São Paulo conforme mostra Dhiego Maia em seu artigo Refeitório no centro de SP dá comida de graça para a comunidade judaica, publicado pela Folha de S. Paulo.

“A expertise em produzir o grande volume de refeições deu à entidade a gestão de uma unidade do Bom Prato, restaurante do governo do Estado, no Glicério (centro). O local serve 1.800 refeições diárias a R$ 1 cada uma. O maior desafio da instituição é engajar mais voluntários para a causa.”

  Comentário
 

Sabor doce da infância

por Convidado 6 de outubro de 2017   Convidado

* por Sérgio Marchetti

“É comum a gente sonhar, eu sei/Quando vem o entardecer/Pois eu também dei de sonhar/Um sonho lindo de morrer…” V.M.

No entardecer da minha vida, eu também dei de sonhar e recordar. E, para dizer a verdade, ando com um desejo inexplicável de comer doce de leite em barra, mas que tenha o mesmo sabor dos doces que minha avó fazia na fazenda. Que saudade daquele fogão a lenha bem no meio da cozinha, soltando fumaça e preparando surpresas que agradariam plenamente à gula das crianças (e dos adultos também).

Adoro doces e quitandas da roça. Um café numa mesa com toalha xadrez, canecas esmaltadas, broa quente, bolo, biscoitos guardados em latas são o que aguçam minha gula. Comidas nem tanto. Confesso que a compulsão é fruto das lembranças do tempo em que eu era apenas uma criança repleta de sonhos.

Tenho sido agraciado com algumas mesas de café que me trazem satisfação. Mas, aquele doce, ainda não o encontrei – continuo à procura. Já comprei de vários fornecedores com a promessa de que havia sido feito no fogão a lenha e com leite direto do curral. Mas, embora os ache gostosos, ainda não são o que busco.

Minha avó fazia o doce de leite num tacho de cobre e depois o despejava numa enorme bandeja de madeira – que ela não chamava de bandeja, mas é o nome que me ocorre agora. Ali, após retirar do tacho, ainda quente, ia derramando aquela pasta até preencher toda a vasilha. Aos poucos, o doce ganhava uma consistência e, já mais frio, minha avó o partia de maneira que ele ficasse em formato de losango. Depois, separava um prato grande para a sobremesa e, o restante, mandava levar para a venda de meu avô. Eles tinham como destino uma prateleira fechada por telas para serem vendidos aos fregueses de seu estabelecimento. Não duravam mais do que um dia. Eram muito bons mesmo. Mas a gente também furtava, quando ele se distraía ou se ausentava momentaneamente.

Numa visita à minha tia, na mesma região, falei sobre meu desejo e da saudade de tudo que vivemos naquele lugar. Dois dias após, fui presenteado com doces de leite cortados em losango e me emocionei. Eram muito parecidos. Comi, saboreei, adorei. Porém não era exatamente o sabor dos doces de minha avó.

Comentei com meu irmão sobre o desejo e a procura incessante de encontrar o doce leite do passado. Contei a ele que já havia comprado em várias regiões de Minas Gerais, mas, apesar de serem deliciosos, nenhum era igual ao de nossa avó.

Meu irmão me disse que não existem mais doces de leite como aqueles, que sentia muito em me informar e que, mesmo que encontrasse, jamais o reconheceria. Foi então que percebi que o gosto não está realmente no doce. Ele era um componente das fantasias e da inocência de uma criança cheia de ilusões. Tudo depende de um contexto e nada, absolutamente nada, pode ser avaliado de forma fragmentada. Na verdade, para comer aquele doce com o sabor que trago na memória, eu teria que voltar a ter dez anos de idade e passar férias numa fazenda, com uma avó tão doce quanto o doce de leite que habita minhas lembranças. Descobri, depois de tanto tempo, que aquele menino também não existe mais. E que o passado, quando bem vivido, terá sempre um sabor doce, talvez dos doces de leite de minha avó.

Estão servidos?

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

  Comentário
 

Quem diria, era bicho-de-pé!

por Luis Borges 4 de outubro de 2017   Pensata

Um servidor público mineiro aproveitou o feriado de 7 de setembro, emendando a sexta-feira, para visitar seus parentes que residem numa fazenda no interior de Minas Gerais, pessoas que há muito tempo não via. O reencontro foi só alegria e todos os parentes ficaram muito felizes com a chegada do primo, que estava em companhia da esposa.

A estadia na fazenda possibilitou que se usufruísse um pouco de quase tudo, num convívio bastante agradável e com muita prosa naqueles quatro dias de tempo seco. Foi possível tomar um café da roça acompanhado de biscoito de polvilho, pão de queijo, broa de milho e bolo de fubá, bem como degustar a cachaça feita em casa antes de almoços em que foram servidos – em diferentes dias – frango caipira ao molho, costelinha de porco com mandioca, carne de boi na panela, paçoca de carne de boi…

À noite também foi possível cantar e dançar ao som de viola, sanfona e até mesmo jogar buraco, ofício em que o primo visitante é quase imbatível. Um dos grandes momentos do passeio aconteceu já no sábado pela manhã, quando o servidor foi até o curral para tomar um leite quentinho no melhor estilo ao pé da vaca. Obviamente que isso acabou rendendo uma fotografia, logo postada no grupo do WhatsApp da sua família e para mais um milhão de amigos de outros grupos de sua rede. Afinal de contas nem todo mundo sabe o que é ou já vivenciou uma situação como essa.

E assim o fim de semana prosseguiu maravilhosamente até a hora de se despedir dos queridos parentes já com saudades, no domingo à tarde para retornar a Belo Horizonte.

No segundo domingo após o retorno o servidor começou a sentir um grande incômodo nos pés e a principal característica do sintoma era uma coceira quase contínua em cada dedão. Ele foi ficando cada vez mais inquieto enquanto tentava decifrar o que poderia estar acontecendo. Chegou a imaginar terríveis situações futuras devido ao acompanhamento que faz do seu processo de metabolismo. Ainda assim, ele compareceu ao trabalho na segunda-feira mas, ao fim da tarde, não mais resistindo ao tamanho desconforto, resolveu procurar sua podóloga em busca de uma ajuda para solucionar o problema.

Acompanhado de sua esposa, ele chegou gemendo à sala de atendimento e foi imediatamente atendido. Assim que a podóloga olhou para os seus pés ela deu o diagnóstico rápido e certeiro: a causa de todo o seu mal estar era a presença de dois robustos bichos-de-pé, residindo cada um no dedão de um pé. Enquanto eram feitos os procedimentos para a retirada dos bichos-de-pé o servidor público lembrou-se que quando foi ao curral da fazenda tomar um leite quentinho ao pé da vaca estava calçando chinelos e passou ao lado do chiqueiro onde são criados os porcos.

Passado o desconforto e resolvido o problema ele foi buscar mais informações sobre o tal bichinho e descobriu que ele é bastante presente em áreas rurais e penetra facilmente na pele de diversos animais, notadamente na dos porcos e também na dos seres humanos. O período para a evolução do bicho de pé em seu hospedeiro é de duas a três semanas. Se você quiser conhecer mais sobre o assunto, clique aqui.

O servidor ficou tão feliz com a solução final para o seu problema que nem precisou se afastar do seu trabalho, apenas deixou de ir à academia durante a semana. Será que na próxima visita à fazenda ele vai proteger melhor seus pés?

  Comentário
 

Curtas e curtinhas

por Luis Borges 30 de setembro de 2017   Curtas e curtinhas

Idoso aos 50 anos?

Neste 1 de outubro o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) completa 14 anos de vigência. Enquanto isso a Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou, em 08/08/2017, o PL 1.118/11 definindo que as pessoas com deficiência física ou intelectual serão consideradas idosas a partir dos 50 anos de idade. A lei atual considera idosas, sem distinção, as pessoas com idade a partir dos 60 anos. A proposta esta em análise na Comissão de Constituição e Justiça e, se for aprovada, terá caráter conclusivo, ou seja, não será necessário a votação em plenário.

Operação abafa

Em 14 de setembro o então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF duas novas denúncias contra o Presidente da República. Isso foi o suficiente para acelerar a liberação das emendas parlamentares, que chegaram a cerca de 800 milhões de reais até o dia 22 de setembro segundo levantamento da ONG Contas Abertas. Esse valor só perde para as liberações dos meses de junho, quando foram liberados 2 bilhões de reais, e julho, com 2,2 bilhões – época da votação da primeira denúncia contra o Presidente. As emendas parlamentares são impositivas mas a liberação dos pagamentos é feita segundo as conveniências estratégicas do Poder Executivo, em função do “toma lá, dá cá” que rege as votações do Legislativo Federal. Ainda restam 15 meses para o encerramento do atual mandato presidencial, tempo suficiente para que surjam muitas oportunidades de negócios.

Direito adquirido e segurança jurídica

O leilão das quatro usinas hidrelétricas operadas pela Cemig coloca mais uma vez em evidência o que significam o direito adquirido e a segurança jurídica no Brasil. A Cemig acreditava que tinha o direito adquirido de renovar por mais 20 anos as concessões das usinas de Miranda, Jaguara e São Simão. O  Governo Federal, por outro lado, alegava que a Cemig, ao não aderir às regras propostas em 2013 para manter as concessões, causava insegurança jurídica no setor energético. Como é frequente a judicialização de variadas questões no país, aguardemos os próximos capítulos no Supremo Tribunal Federal, no Tribunal de Contas da União e tantas outras organizações do gênero. Vale também lembrar que as tarifas de energia elétrica são calculadas em função de várias variáveis que necessitam apenas de transparência para serem conhecidas, o que também é um direito adquirido do consumidor.

Grandes bancos na mira

A Receita Federal criou um grupo de trabalho especial, com 24 auditores, para investigar se os principais bancos privados do país estão usando de maneira abusiva o planejamento tributário para sonegar impostos. O planejamento tributário é uma estratégia – não necessariamente ilegal – utilizada, em geral, por empresas de grande porte para reduzir o recolhimento de tributos. A suposta manobra que está sendo investigada pela Receita Federal envolveria operações de transferência e venda de carteiras de crédito. Como o caso ainda está em apuração, os nomes dos bancos estão sendo mantidos em sigilo.

Imagine o que aconteceria se fosse uma situação envolvendo uma pessoa física que se esqueceu de informar na declaração do Imposto de Renda o recebimento de honorários de R$1.000,00 oriundos da prestação de serviços de consultoria em gestão…

  Comentários
 

Ansiedade pela aposentadoria

por Luis Borges 27 de setembro de 2017   Pensata

O Governo Federal prossegue em seu propósito de atingir a meta de manter o atual Presidente no cargo até 31 de dezembro de 2018, custe o que custar. O fim justifica os meios utilizados. Enquanto isso, a reforma da previdência pública e privada paira como a espada de Dâmocles sobre a cabeça daqueles que pensam que tem direitos adquiridos ou em aquisição para se aposentar num determinado momento segundo as regras atualmente em vigor.

Os novos parâmetros para a reforma apresentados na primeira versão da proposta foram mal divulgados estrategicamente e como eram leoninos causaram muita apreensão dos envolvidos de hoje e muito desânimo aos que se aposentarão num futuro mais longínquo. Basta lembrar, por exemplo, a exigência de 49 anos de contribuição para o sistema e 65 anos para a idade mínima de aposentadoria, ainda que em nome do equilíbrio das contas públicas. Agora, passado um ano mais de falação do que de discussão transparente e honesta intelectualmente, o que se verifica é a proposta original quase que totalmente desfigurada pelas concessões feitas a diversos segmentos sociais e a sensação que o que sobrou continua no telhado.

Por outro lado ficamos sabendo com frequência cada vez maior de casos de pessoas na faixa dos 50 anos ou mais que resolveram apressar a aposentadoria para se protegerem de prováveis condições mais desfavoráveis num futuro ainda incerto, mas cada vez mais próximo.

Um desses casos é o de uma gerente de suprimentos de uma empresa de médio porte do setor de embalagens, que tem 51 anos de idade e contribui para o INSS desde os 19. Ela se aposentou em janeiro deste ano com o direito de receber proventos mensais no valor de R$2.985,00, que passaram a se somar aos R$7.400,00 brutos mais benefícios como vale alimentação, plano de saúde e participação em resultados que recebe como gerente. Aconteceu que, agora em setembro, sua empresa passou por uma reestruturação para se adequar ao mercado atual. Como se sabe o setor de embalagens é uma referência sobre o comportamento da indústria, tanto para cima quanto para baixo. Uma das decisões tomadas foi a de demitir de uma vez só os 35 empregados da empresa que já são aposentados. Não houve escapatória para a jovem aposentada gerente de suprimentos.

Enquanto tentava elaborar a perda trazida pela surpresa da demissão, uma frase de consolo muito ouvida foi “antes pingar do que secar”. Mas inegavelmente a readequação à nova realidade exigirá muitos cortes para que o custo caiba dentro do faturamento que sobrou. É claro que outra saída seria arrumar imediatamente um novo emprego, algo cada vez mais difícil para quem tem 50 ou mais, ou encontrar trabalhos por projetos nem sempre disponíveis na rede.

E o que sobrou da reforma da previdência continua a nos apoquentar.

  Comentário