Basta morrer para virar santo

por Luis Borges 19 de agosto de 2017   Pensata

Quase ninguém se assusta mais ao ouvir alguma afirmação alusiva aos tempos difíceis e desafiantes que estamos vivendo. A estratégia é de sobrevivência e de muita vigilância em relação a finanças, segurança, saúde, relações sociais e pessoais. Especificamente nesse aspecto – e principalmente para quem está atravessando os 50 anos em diante – muitas tem sido as oportunidades para refletir sobre a finitude da vida.

A cada dia e à medida que o tempo escoa em regime permanente continuamos a ser surpreendidos e a nos assustarmos com algumas frases simples e diretas. “Você já ficou sabendo o que aconteceu?” “Sabe quem morreu?” Entre a reação de surpresa ou a confirmação de que já sabia, rola um pouco de tudo ou até mesmo de nada. Famosos ou anônimos, o fato é que cada acontecimento tem a repercussão com a intensidade de tamanho proporcional à mídia. Todas as variáveis que envolvem o acontecimento podem ajudar muito a formar pautas para conversas que envolvem dor, lamento e enaltecimento em torno de quem partiu.

Na semana passada acabei sendo envolvido numa típica situação como essa. Um colega de trabalho do final da década de 80 me fez uma visita pelo telefone. Assim que eu o atendi, ele me cumprimentou rapidamente e foi ansiosamente perguntando se eu tinha ficado sabendo da morte do nosso chefe de outrora. Enquanto eu dizia que já sabia, o colega disparou a manifestar seus mais profundos sentimentos pela perda do chefe ainda tão jovem, com apenas 82 anos de idade. Prosseguiu na falação dizendo que o ex-chefe era como um pai para ele e demais chefiados, mesmo nos momentos mais difíceis que enfrentamos juntos durante aqueles 5 anos. Quando o colega começou a enaltecer uma série de virtudes que eu nunca vi serem reconhecidas em vida, pedi para que ele desse uma pausa em sua fala e me ouvisse. Assustado e surpreso, ele parou de falar. Então aproveitei a oportunidade e fui direto ao ponto dizendo que lamentava a perda da vida de um ser humano, mas que a morte era parte do processo da vida e até mesmo do renascer para quem acredita. Disse também que mantinha todas as observações, percepções e análises que tinha do chefe e que trabalhamos profissionalmente cumprindo papeis previamente estabelecidos, ele como chefe e eu como especialista no negócio de atuação. Encerrei dizendo que nosso ex-chefe tinha o ego autocrata e que a sua morte não mudaria em nada a minha percepção sobre ele e nem ajudaria a transformá-lo num santo post mortem.

Em seguida o colega ainda surpreso com o teor da minha fala perguntou se eu iria ao velório do corpo. Eu disse que não, pois meu contato com ele era meramente profissional o que me levou a nunca ter tido contato com seus familiares. Concluí dizendo que, dentro dessa mesma diretriz, eu também não compareceria a nenhuma cerimônia religiosa do tipo missa de 7º dia ou culto.

E assim nos despedimos, com o colega dizendo que logo em seguida seguiria para o velório no cemitério com a expectativa de lá encontrar alguns outros colegas de trabalho da época. Assim ainda fiquei imaginando por alguns segundos se lá chegando o colega ainda continuaria insistindo em santificar o morto.

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Cheguei a Belo Horizonte em 6 de agosto de 1973 como já contei aqui no blog. Alguns dias depois, num feriado de 15 de agosto como hoje, fui visitar e conhecer pela primeira vez a Praça da Liberdade, um dos grandes símbolos da cidade de Belo Horizonte.

Agora já se passaram 44 anos e a praça prossegue sempre marcante por tudo o que nos pode proporcionar. Aliás, naquele dia eu nem imaginava que uma década depois eu estaria trabalhando na Praça, na esquina com a Rua Gonçalves Dias, onde funcionava a sede da Copasa, no prédio da Secretaria Estadual de Obras.

A preservação e manutenção da Praça e seu entorno deveriam ser parte fundamental do compromisso e da ação de todos em prol da sustentabilidade desse patrimônio da cidade que a todos beneficia de uma maneira ou de outra. Se em 1991 foi um grande alívio a mudança da Feira de Artesanato da Praça da Liberdade para a Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, sempre é preciso lembrar que a vigilância deve ser permanente e em todos os sentidos. Não podemos descuidar em meio a tantos contrastes que podem passar despercebidos em alguns momentos de pouca atenção aos detalhes.

Um bom exemplo pode ser visto nas fotografias deste post, que foram feitas dias atrás na plenitude do nosso inverno. A beleza dos ipês roxos é um convite à nossa contemplação e admiração, mas não podemos deixar de registrar o lixo que se acumula entre as hortênsias, que estão bastante maltratadas, ou a falta de grama nos canteiros neste tempo seco. Se a Praça da Liberdade já tem 120 anos é preciso sempre lembrar que nós e ela podemos muito mais. O que depende só de nós.

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*por Sérgio Marchetti

Caro leitor. Ninguém melhor do que os grandes compositores para falarem por nós sobre aqueles dias em que o mundo parece estar desabando sobre nossas cabeças.  Porém, aqueles compositores também estão acabando.  Sinto falta de ouvir poesia cantada. Mas os poetas e… “(…)Românticos são poucos/Românticos são loucos desvairados/Que querem ser o outro/Que pensam que o outro é o paraíso/ Românticos são lindos /(…)” “(…) /Romântico/ É uma espécie em extinção(…)”

Sabem o que queria agora? Assistir a um show do Vander Lee. Queria ouvir seu canto, cuja essência nascia da profundidade da alma. Queria compartilhar de sua sensibilidade para ver que os rios cantam para as nuvens e que, aquelas, estando emocionadas, derramam lágrimas sobre seus leitos, os abastecem e lhes dão vida.

 “(…) Sabe o que eu queria agora, meu bem?/Sair, chegar lá fora e encontrar alguém/ Que não me dissesse nada/ Não me perguntasse nada também/ Que me oferecesse um colo ou um ombro/ Onde eu desaguasse todo desengano/ Mas a vida anda louca/As pessoas andam tristes/ Meus amigos são amigos de ninguém/Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?/ Morar no interior do meu interior/Pra entender porque se agridem/ Se empurram pro abismo/ Se debatem, se combatem sem saber/ Meu amor/ Deixa eu chorar até cansar/ Me leve pra qualquer lugar/Aonde Deus possa me ouvir(…)”

Romântico é assim: chorão, idealista, justiceiro, bucólico, ufanista incorrigível que deseja mudar o país e o mundo.

“(…)Falar do Brasil sem ouvir o sertão/ É como estar cego em pleno clarão/ Olhar o Brasil e não ver o sertão/ É como negar o queijo com a faca na mão/ Esse gigante em movimento/ Movido a tijolo e cimento/ Precisa de arroz com feijão/ Que tenha comida na mesa/ Que agradeça sempre a grandeza/ De cada pedaço de pão/ Agradeça a Clemente/ Que leva a semente/ Em seu embornal/ Zezé e o penoso balé/ De pisar no cacau/ Maria que amanhece o dia/ Lá no milharal/ Joana que ama na cama do canavial/ João que carrega/ A esperança em seu caminhão/ Pra capital(…)”

Permitam-me caros leitores tomar um pouco mais de seu tempo para poder dizer que aquele poeta pede ao Pai que a fria luz da razão não lhe cale a poesia, em sua metáfora, ele é um domador que laça acordes e versos que vagam no ar, dispersos no tempo. Ele vê um trabalhador que dança balé enquanto pisa no cacau. E, estando nu, se veste da poesia para poder perceber que quando a noite chega, o sapo namora a lua. Ele quer ter o direito à vadiagem; pede para perder a hora, só para ter tempo de encontrar a rima e ver o mundo de dentro para fora. Pede ao Pai (como se soubesse que o Pai lhe preparava outro caminho) o direito de dizer coisas sem sentido e, quanto mais dizia, mais sentido colocava nas coisas – tamanha a profundidade de seus versos.

 “(…)Ó, Pai/ Não deixes que façam de mim/ O que da pedra Tu fizestes/ E que a fria luz da razão/ Não cale o azul da aura que me vestes / Dá-me leveza nas mãos/ Faze de mim um nobre domador/ Laçando acordes e versos/ Dispersos no tempo/ Pro templo do amor/ Que se eu tiver que ficar nu/ Hei de envolver-me em pura poesia/ E dela farei minha casa, minha asa/ Loucura de cada dia/ Dá-me o silêncio da noite/ Pra ouvir o sapo namorar a lua/ Dá-me direito ao açoite/ Ao ócio, ao cio/ À vadiagem pela rua/ Deixa-me perder a hora/ Pra ter tempo de encontrar a rima/ Ver o mundo de dentro pra fora/ E a beleza que aflora de baixo pra cima/ Ó meu Pai, dá-me o direito/ De dizer coisas sem sentido/ De não ter que ser perfeito/ Pretérito, sujeito, artigo definido/ De me apaixonar todo dia/ E ser mais jovem que meu filho/ De ir aprendendo com ele/ A magia de nunca perder o brilho/ Virar os dados do destino/ De me contradizer, de não ter meta/ Me reinventar, ser meu próprio deus/ Viver menino, morrer poeta.”

Mas o poeta, que pedia tempo para encontrar a rima, não teve tempo. Foi brilhar no céu.

“(…)Veio a manhã e eu parti/ Os astros podem contar/No dia em que me perdi/Foi que aprendi a brilhar/ Eu vi/ Virei estrela (…)”

A benção, poeta Vander Lee.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Venda casada

por Luis Borges 10 de agosto de 2017   Pensata

Uma senhora que já passou dos 80 e está viúva há cinco anos foi convocada pelo INSS para fazer sua “prova de vida”. Por isso, foi até a agência de um banco privado onde ela recebe sua pensão mensal no valor de um salário mínimo. A convocação deveria ser algo obrigatório e natural em todo processo envolvendo a gestão dos recursos públicos num país em que a corrupção e o “toma lá, dá cá” no escondidinho são características marcantes numa cultura secular.

A senhora estava acompanhada pelo seu filho mais novo, que tinha a missão de orientá-la e conduzi-la devido a algumas limitações em suas condições funcionais. Dá para imaginar as dificuldades para atravessar aquela porta de segurança giratória e se livrar da obsessão pela detecção de metais, por exemplo. A entrada na agência bancária é apenas uma pequena demonstração do grande rigor aplicado aos aspectos que envolvem a segurança do patrimônio ali existente.

Depois do primeiro obstáculo físico, apareceram outros. Ao iniciar o atendimento, a funcionária do banco informou que seria necessário abrir uma conta corrente. O filho estranhou e contestou imediatamente, lembrando à atendente que eles foram lá apenas buscar o novo cartão da pensionista do INSS e comprovar que ela estava viva como ocorre anualmente. A funcionária não se deu por vencida e continuou aplicando o procedimento operacional em vigor no banco, reforçando as vantagens da abertura de uma conta, inclusive sinalizando com a comodidade de atendimento em qualquer agência.

O filho reiterou com mais veemência o que foi fazer na agência, lembrando que sua mãe também queria receber o seu benefício do mês com o novo cartão, já que o anterior estava com o prazo de validade vencido há poucos dias. A atendente disse, então, que não havia cartão na agência e que ele demoraria 30 dias para chegar. Ao que o filho retrucou solicitando a emissão de um cartão provisório naquele momento para vigorar até o dia da chegada do definitivo. Numa tentativa final de ainda influenciar na mudança de posição em relação ao serviço não aceito, a atendente lembrou que tudo teria sido mais fácil e rápido se a conta corrente tivesse sido aberta.

Independente da maior prioridade dada no atendimento ao idoso com idade superior a 80 anos, o fato é que mãe e filho permaneceram durante 30 minutos na agência até que tudo fosse resolvido como eles queriam, dentro das regras do jogo e mantendo o direito de não abrir conta. Bem que o filho poderia ter gastado mais um pouco de seu tempo para lembrar ao gerente da agência que o Banco Central do Brasil proíbe esse tipo de operação casada e que uma denúncia do fato traria bons transtornos àquela agência.

Haja constância de propósitos e muita paciência para se garantir a observância e a prevalência do Código de Defesa do Consumidor!

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Vale a leitura

por Luis Borges 8 de agosto de 2017   Vale a leitura

Sonhar até quando?

Os sonhos fazem parte de nossas vidas e nos acalantam pelos caminhos que trilhamos. Mas muitos são os desafios e obstáculos que precisam ser vencidos até que tudo se torne realidade e possa gerar bem estar. Entretanto muitos são os casos em que não podemos ou não conseguimos prosseguir, insistindo em realizar algo para o qual não temos mais capacidade de processo. Encarar a situação com realismo pode nos ajudar a perceber os sinais da chegada aos limites. É o que aborda o artigo Quando desistir de seus sonhos? publicado pelo site Finanças Femininas.

“Existem sinais de que as coisas não estão funcionando. Um deles é quando, em vez de estimular e instigar, o caminho se transforma em um fardo. Sabe aquele momento em que é difícil levantar da cama ou enxergar um propósito para tanto esforço? Este pode ser o sinal de que está na hora de revisitar sua missão. Porém, tome cuidado para não confundir este sentimento com o cansaço que correr atrás de seu sonho pode causar – e, sim, isso acontecerá”.

Tecnologia demais também cansa

O contínuo avanço tecnológico traz muitas possibilidades para tornar a vida das pessoas cada vez melhor. Mas a que ponto e a que custo? Tudo vai ficando tão automático e tão volátil que às vezes deixamos de lembrar que as artes manuais também podem nos trazer muita satisfação e ajudar a atenuar muitos dos males contemporâneos que nos incomodam. É o que aborda Suzana Herculano-Houzel no artigo Trabalhos manuais podem criar prazer e felicidades tangíveis, publicado pela Folha de São Paulo.

“uma das maiores fontes de prazer para nós humanos é construir algo com as mãos. E poucas pessoas ainda fazem isso em seu dia a dia… Em meu trabalho, construo conhecimento que ocasionalmente ganha vida em papel, materializando-se em artigos e livros. Meu jardim, ao contrário, é tangível toda vez que olho pela janela ou coloco meu chapéu e luvas”.

Sorte também ajuda no sucesso?

Estamos atravessando tempos bastante difíceis em que a crise política não dá sinais que vai chegar ao fim e a economia reage lentamente após forte recessão. Continuar se preparando permanentemente para aproveitar as raras oportunidades que vão surgindo é praticamente uma obrigação para quem continua acreditando que as coisas ainda podem melhorar. Muitos até esperam ter um pouco mais de sorte enquanto outros não contam com o azar. Isso faz parte da abordagem de Reinaldo Polito em seu artigo Será que para ser bem sucedido na carreira é preciso ter sorte? publicado pelo portal UOL.

“Baseado na minha experiência e analisando a carreira de alguns que se saíram mal e de outros que triunfaram, tenho constatado que a realização depende de vocação, preparo, oportunidade, sorte e muita dedicação. Portanto não acredito que um desses ingredientes, isoladamente, possa levar uma pessoa a ser vitoriosa”.

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Um jovem casal de namorados na faixa dos 30-35 anos está se preparando para o casamento desde meados do ano passado. A meta é realizar a cerimônia religiosa, a festa e a viagem de núpcias na primeira semana da primavera de 2017. Para isso fizeram um detalhado plano de ação, que está sendo implementado com muita disciplina e realismo financeiro. Eles também são sabedores de que o melhor da festa é espera por ela e que aos poucos o dia vai chegando.

Nesse momento específico um item passou a preocupar e a incomodar o casal. Trata-se do apartamento de 80 m², sendo dois por andar num edifício de 10 andares de um bairro de Belo Horizonte. Adquirido na planta logo no início do ano passado em condições compatíveis com o poder aquisitivo dos dois, eles assinaram com a construtora um contrato do tipo promessa de compra e venda. Basicamente as condições foram o pagamento de uma entrada de 10% do valor de avaliação do imóvel, outros 10% pagos em parcelas trimestrais ao longo da construção e os 80% restantes financiados por um banco estatal durante 30 anos a partir da conclusão do imóvel.

No início de julho havia algo muito estranho no ar em função de um “empurra – empurra” entre a construtora que vendeu o apartamento e intermediou o contrato de financiamento com o banco oficial, pois havia chegado a hora da assinatura do contrato. O fato é que esses recursos para financiamento habitacional ficaram bem mais escassos com a crise econômica e existem linhas de crédito suspensas até o final do ano. Diante das pressões para liberar rapidamente o financiamento e sem condições de continuar adiando indefinidamente a liberação do contrato, o banco abriu o jogo e disse que os recursos não sairão por agora.

Apesar da frustração o jovem casal fez uma correção de rota no plano de ação e procuraram, com a ajuda da construtora vendedora, um banco privado para tentar um novo financiamento. Todos os documentos necessários foram apresentados mas, enquanto eram analisados pelo banco privado, houve uma mudança no limite do financiamento concedido em função do aumento da inadimplência. O até então limite de 80% passou para no máximo 70% e ainda variando em função da renda apresentada, taxa de juros, financiamento em 30 anos e possibilidades de uso do FGTS. O resultado de tudo isso é que o banco privado não se dispõe a correr riscos e emitiu um parecer afirmando que pode financiar no máximo 65% do previsto. Enquanto a construtora vendedora pula igual pipoca e tenta se justificar, o banco privado lava as mãos e o jovem casal está vivendo um impasse, pois as mudanças atrapalharam todo o planejamento financeiro. Mais uma vez caberá ao consumidor pagar o pato, realizar o prejuízo ou até mesmo desfazer o negócio. Na atual conjuntura será preciso muita resiliência para continuar sonhando com a casa própria.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 1 de agosto de 2017   Curtas e curtinhas

Reforma da previdência só em 2019?

Em junho de 2016 publiquei aqui no blog uma Pensata sobre a reforma ou o remendo da Previdência Social. Hoje já estamos no dia 1º de agosto de 2017 e só se fala na votação na Câmara dos Deputados para manter o Presidente da República intacto no poder e longe de qualquer julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Não se fala mais em Reforma da Previdência. Nessa altura em que os ocupantes de diversos cargos só pensam em se manter no poder, ninguém garante que o governo federal terá o mínimo de 308 votos para aprovar, em dois turnos na Câmara dos Deputados, o que ainda resta da proposta tão contestada, mesmo com toda a propaganda oficial.

Funcionalismo público federal

O Governo Federal começou a dar sinais de inquietação diante das dificuldades para cumprir a meta de déficit fiscal de R$139 bilhões em 2017. Os recursos arrecadados continuam ainda distantes das despesas sempre crescentes, apesar da Lei de teto de gastos. Vários sinais passaram a ser dados pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, mostrando que descobriram que o funcionalismo público dos três poderes está custando bem mais que o Tesouro aguenta pagar. Um verdadeiro tiroteio de propostas testando balões de ensaio está em curso. Já surgiu o Programa de Demissão Voluntária com a meta de se livrar de 5 mil servidores. O PDV abre também a possibilidade de reduzir a jornada de trabalho para 4 ou 6 horas diárias além de conceder licenças sem vencimentos de 3 a 6 anos. Também ganha força a elevação da contribuição previdenciária de 11% para 14% dos rendimentos mensais dos servidores federais, o adiamento dos aumentos salariais negociados para vigorar a partir de janeiro/18, a manutenção do teto salarial do funcionalismo em R$33.700 e até mesmo a redução da quantidade de funcionários contratados sem concurso público. Depois ainda vão descobrir as mordomias com os jatinhos da FAB, os carros oficiais, o auxílio moradia de R$4.377 isento de comprovação e Imposto de Renda, as férias de 60 dias… Será?

Banco digital

O boletim “Conexão Real” do Banco Central do Brasil informou que, em 2016, as transações bancárias por meio de equipamentos móveis chegaram a 16,7 bilhões, 28% do total de operações. Em 2015 a participação desses equipamentos foi de 19%. O crescimento na utilização dos aplicativos móveis tem sido enaltecido pela sua facilidade, comodidade e praticidade. O que será que podemos dizer em relação à utilização com segurança desses equipamentos?

Desemprego em queda?

O IBGE divulgou na sexta, 28/07, os resultados da PNAD Contínua do segundo trimestre de 2017. O índice de desemprego no país foi de 13% e o número de desempregados chegou a 13,5 milhões de pessoas enquanto no primeiro trimestre o desemprego estava em 13,7% e os desempregados eram, 14,2 milhões. Como no segundo trimestre o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego registrou a criação de quase 104 mil vagas com carteira assinada. Fica evidente o aumento do trabalho informal e das pessoas que estão desistindo de procurar emprego. É bom lembrar que o modelo de pesquisa adotado pelo IBGE só mede quem procurou trabalho nos últimos 30 dias. O caminho para a retomada do trabalho ainda vai ser muito longo.

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