A constatação do óbvio nem sempre é tão simples e óbvia como seria de se supor. É assim que consigo perceber que calendário o gregoriano marcou o fim da estação que é o inverno. Com a chegada da primavera, faço um balanço sobre muitas características e acontecimentos que marcaram a estação que está chegou ao fim. A primeira característica que vem à lembrança é que neste ano houve realmente um período frio mais longo conforme atestam as temperaturas medidas e as sensações térmicas que experimentamos em Belo Horizonte e região metropolitana. Foi até necessário usar mais agasalhos, tomar mais caldos de feijão ou de mandioca, que se tornaram mais convidativos e adequados em função do frio, e até mesmo usar algumas colchas a mais para dormir com mais conforto térmico. Vem também a lembrança do tempo seco, com baixíssima umidade relativa do ar, muitos ventos, longa estiagem, necessidade de se fazer o uso cada vez mais racional da água para consumo humano e a repetição anual dos incêndios nos parques, fazendas e condomínios com suas clássicas causas geradores.
Também fica difícil de esquecer o desconforto e a ruindade que muita gente enfrentou – e ainda está enfrentando – com os ciclos das gripes, resfriados e até mesmo pneumonias, que são hegemônicas na estação. Quando menos se espera lá estão as pessoas espirrando, tossindo com bastante frequência ou simplesmente ficando amuadas, não querendo fazer quase nada, perdendo o apetite e não raro indo direto para a cama até a onda passar. Em meio a tudo isso vem o uso de muitos medicamentos, em diversas posologias, indo do xarope ao chá de guaco ou de gengibre e passando por muita água e pela umidificação do ambiente. É claro que aqui estou citando apenas alguns exemplos, mas quem enfrentou ou está enfrentando a gripe vai se lembrar de diversas outras coisas que se viu obrigado a usar, inclusive de consultas médicas e até internações hospitalares para combater a pneumonia.
Mesmo quem não pegou a gripe ainda, com certeza conviveu ou está convivendo com alguém gripado em casa, no trabalho, no restaurante, na escola ou no meio de transporte que utiliza com mais frequência.
A reflexão que proponho aqui é sobre as afirmações e perguntas que mais acontecem nos encontros pessoais ou em meios digitais entre gripados e não gripados e até que ponto elas incomodam a pessoa que está gripada.
No seu caso específico alguém chegou a te perguntar se você já tinha ido ao médico? Ou qual remédio estava tomando e se o seu caso poderia virar uma pneumonia? Chegaram a te perguntar se você tinha tomado a vacina para se prevenir da gripe? Houve situações em que alguém realçou o quanto você estava tossindo, como sua voz estava rouca e como você quase não aparentava melhorias após dez dias gripado? Já que é uma reflexão, aproveite para acrescentar outros tipos de perguntas e afirmações que não foram citadas e também para dizer se esse tipo de situação te incomoda ou até mesmo constrange.