Tudo o que conseguimos fazer em nossa estratégia de sobrevivência neste ano tão difícil nos trouxe até o Natal. Pode até parecer utopia, mas de novo estamos diante de uma oportunidade para refletir e agir movidos pela esperança de algo que parece ainda estar tão longe. Mas desanimar jamais e desesperar muito menos.
Já dá para perceber que alguma coisa acontece, ainda que numa velocidade menor que a desejada. Percebe-se que o Natal pode trazer mais forças para nos ajudar a combater a indiferença, a apatia e também a intolerância que nos afasta uns dos outros. O clamor é pelo diálogo, pela possibilidade de um convívio civilizado entre ideias diferentes. Aliás, vale lembrar que elas convivem nas estantes de uma livraria ou de uma biblioteca.
Não vou negar que o regime capitalista em que vivemos traz em sua essência a busca pelo lucro e pela acumulação quase primitiva do capital nas mãos de pouquíssimos, a começar pelo capital financeiro que vai lambendo tudo.
A luta de classes está mais viva do que nunca e é pautada pela necessidade da sobrevivência em detrimento da imperiosa necessidade do crescimento e desenvolvimento rumo a um estado de bem estar social, ainda que no regime capitalista com todos os seus embates.
Espero que neste Natal fiquemos mais conscientes de que temos dois ouvidos e uma boca para nos ajudar a ouvir mais e a falar o essencial na construção do bem comum. São muitas as coisas que não queremos mais, mas com certeza uma delas a intolerância, hoje um atalho para a raiva e o ódio, precisa ser repensada.
O Natal pode ser mais que uma simples festa, ele pode também nos renovar rumo a uma vida mais interessante e com muita razão para ser vivida com dignidade para todos.