Simples reflexões

por Convidado 4 de janeiro de 2021   Convidado

*por Sérgio Marchetti

O Discípulo perguntou ao Mestre: – o que é a vida?

O Mestre lhe respondeu: – é um campo de luta de uma disputa eterna.

O discípulo ficou pensativo e decepcionado com aquela resposta. Ora, se a vida é uma disputa, nós seremos eternamente adversários de alguém – pensou. Então, voltou a indagar: – mas nós, em todos os dezembros, desejamos e externamos votos de paz e de um ano novo feliz. Estamos errados?

– Caro Discípulo, emendou o Mestre, cantarolando: – “…Cantar nunca foi só de alegria/com tempo ruim /todo mundo também dá bom dia…” (Gonzaguinha). E continuou: – São tradições, etiquetas, costumes que nos ensinaram e que tentamos crer que possam nos ajudar a construir um mundo melhor. Mas, via de regra, são ações automatizadas que, em raríssimos casos, contêm sentimentos que passam energias positivas e desejos reais.

– Que frustração me causou sua resposta.

– Você é jovem, meu querido seguidor. Quando for mais velho, verá que a vida não é exatamente como pensa hoje. O tempo se incumbe de minimizar as decepções. Tudo muda com o tempo, inclusive conceitos, ideologias, crenças e etc.

– Qual é a maior vantagem de ser velho? Será a sabedoria que se tem da vida? – indagou o jovem.

– Não. Nem todo velho é sábio. Os néscios também envelhecem. A vantagem é não ter morrido jovem (risos). Ademais, salvo melhor juízo de valor, é o tempo de convivência com as pessoas que amamos.

– O senhor é partidário do poema de Cassiano Ricardo que diz que “…desde o momento em que se nasce, já se começa a morrer…” ou que cada dia é mais, e não menos um dia?

– Poderíamos dizer que quem dá a vida, também dá a morte. Mas cada dia, para mim, é mais um dia. A vida, com toda a luta, é uma unidade que recebemos de presente e que devemos saber valorizar.

– E por que unidade?

– Porque é um verbo em movimento e não tem, como as outras coisas da vida, duas faces.

– Não entendi.

– Explico: o contrário de morrer, qual é?

– Viver, ora!

– Errou. É nascer. Viver não tem contrário. Viver é uma dádiva durante um determinado tempo. Naturalmente, quem embarcou primeiro tem um número de senha menor, e será convocado a descer antes. O que é justo; afinal quem chega primeiro tem o direto de ser chamado antes. O que ocorre fora da regra é que muitos jovens afoitos, acostumados a furar filas, acabam passando na frente.

– Crueldade, Mestre. E sobre o ano de 2021? O que acha dele, Mestre?

– Estamos nele, vamos “começar de novo/ E contar comigo/ Vai valer a pena/ Ter amanhecido…Ter sobrevivido…” (Ivan Lins / Vitor Martins).

– Está certo. Valeu a pena ter sobrevivido. Tive muito medo de perder pessoas e até de não sobreviver, mesmo sendo jovem.

– Está vendo. Estávamos, ainda estamos e sempre estaremos lutando contra um inimigo perverso. A vida, como lhe disse, é uma eterna competição; seja contra um adversário como a Covid, seja contra o desemprego, a estagnação, um vício, um parente, um colega traíra. Mas, e sobretudo, estaremos combatendo aquilo que pode nos tirar a vida. A sabedoria consiste em viver cada coisa de cada vez.

– Sabe, Mestre, queria muito que a vida fosse melhor, bem mais justa e menos desigual. Que as pessoas fossem melhores e mais honestas. Tudo não passa de um enredo, cuja essência é o engano. Até os pais mentem para seus filhos…

– Entendo seu sentimento. Um compositor-poeta, sentindo a mesma dor, escreveu:  … “Mas, a vida anda louca/ As pessoas andam tristes/ Meus amigos são amigos de ninguém …“ (Vander Lee).

– Mas a vida é boa sim. O mundo é um palco no qual realizamos espetáculos diversos e, mesmo tendo inúmeros vilões, há sempre muitas pessoas bondosas, solidárias e amigas que protagonizam a peça. Como disse Carlos Drummond: “existe uma pedra no meio do caminho”. A diferença entre sofrer e não sofrer depende de cada pessoa. Uns vão tropeçar na pedra, cair, se debater. Muitos irão atirá-la em alguém. Alguns vão se sentar nela. Outros, porém, irão utilizá-la como pedestal.

A escolha é de cada um.

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Você já parou um pouco para pensar sobre como esta a sua criatividade? Afinal de contas estamos enfrentando uma crise econômica, política e social que se arrasta há quase 10 anos e, para sobreviver nela, é preciso ter muita capacidade de criar para buscar estratégias de sobrevivência. Como diz o ditado popular “o sapo pula é por necessidade e não por boniteza” e nós também acabamos sendo obrigados a nos virarmos para criar saídas diante dos desafios enfrentados e que podem ser medidos pelo IVP – Índice de Viração Própria. Além da inspiração é sempre necessário muita transpiração, persistência e constância de propósitos.

Para embalar e acalentar as nossas reflexões e posteriores ações vale a pena ouvir a música “O poder da criação” de autoria de Paulo César Pinheiro e João Nogueira, lançada em 1980 no álbum Boca do Povo de João Nogueira.

O poder da criação
Fonte: Letras.mus.br

Não, ninguém faz samba só porque prefere 
Força nenhuma no mundo interfere 
Sobre o poder da criação 
Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito 
Nem se refugiar em lugar mais bonito 
Em busca da inspiração 

Não, ela é uma luz que chega de repente 
Com a rapidez de uma estrela cadente 
E acende a mente e o coração 
É, faz pensar 
Que existe uma força maior que nos guia 
Que está no ar 
Vem no meio da noite ou no claro do dia 
Chega a nos angustiar 
E o poeta se deixa levar por essa magia 
E um verso vem vindo e vem vindo uma melodia 
E o povo começa a cantar!
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Agora vai…

por Convidado 21 de dezembro de 2020   Convidado

*por Sérgio Marchetti

Enfim, chegamos ao final do sofrido e inusitado ano de 2020. Aos poucos, como um maratonista alquebrado e sem fôlego, mas que não se entrega ao cansaço, estamos próximos da linha de chegada. O mês do nascimento de Jesus, provavelmente, representa apenas o “box” – parada para descanso de uma jornada que nos surpreendeu com chuvas acima da média, queimadas recordistas e uma pandemia que encerrou os sonhos de tantas pessoas.

Em dezembro passado escrevi neste espaço que acreditava em dias melhores. Meu realismo “Nostradamicus” havia sido corrompido, possivelmente, por milhares de mensagens de otimismo que me levaram a fazer previsões ilusórias de que viria a bonança. Tive esperanças e acreditei mesmo. Não aconteceu. Vieram as tempestades, infelizmente.

E, falando nisso, peço licença aos meus bem-aventurados leitores para fazer um aparte. Vocês já devem ter percebido que as pessoas mais realistas acabam fingindo que acreditam num monte de baboseiras que, certamente, extrapolam os dogmas do pensamento positivo? Perceberam que, caso não concordem com certas extravagâncias, vocês serão taxados de pessimistas?

Entretanto, cabe a lembrança de que o pêndulo da vida, a temperança, está no centro das coisas, assim como o realismo é o ponto de equilíbrio entre o otimismo e o pessimismo – o que não significa que eu seja contra o otimismo. Creio que haja um momento para cada sentimento, e a esperança chega a ser milagrosa, sim, desde que exista a possibilidade de que algo se concretize. O autoengano, uma das faces do otimismo, nos leva à procrastinação de um ato que não irá acontecer e, certamente, não nos levará ao pódio.

Estão pensando que não acredito em dias melhores? Erraram. E, já que estamos falando em otimismo, creiam, meus fervorosos leitores, continuarei persistindo em minhas profecias de que 2021 nos será mais favorável. Transfiro todos os planos sonhados e os objetivos malogrados para o próximo ano e convido-os a refazerem seus propósitos com os pés no chão, mas com a alma nas estrelas. Afinal, merecemos momentos mais agradáveis.

Tudo isso me remete a um fato, ocorrido há muitos anos, numa empresa em que eu era recém-admitido e para a qual havia elaborado um projeto de mudanças e melhorias. Um dos gerentes, ao final de minha explanação, disse uma frase que me deixou feliz: “Agora vai…” e prosseguiu com um discurso de credibilidade, dizendo que havia esperado muito por aquela oportunidade, pois tentativas anteriores o haviam frustrado.

Num segundo momento, após a reunião, comentei com colegas sobre minha satisfação ao ver a reação do referido gerente. Recebi de volta um sorriso coletivo e, desconfiado, indaguei o porquê daquela risada. Tive como resposta de que não deveria levar em consideração aquele nobre colega, pois todos os anos, na reunião estratégica, a reação era sempre a mesma: “Agora vai…”

Mas, voltando ao fatídico 2020, contabilizamos perdas irreparáveis tanto de pessoas quanto financeiras. Porém, não temos outra opção a não ser nos reinventarmos e prosseguirmos em nossa corrida pelo circuito da vida. Para outros, foi um ano rentável e isento de doenças e perdas. Felizes são esses últimos que foram escolhidos e abençoados.

Diante de tudo isso e, apesar do ano frustrante, eu agradeço a Deus por estar aqui, chegando ao “box” para repouso, exaurido, mas grato por existir, resistir e trabalhar para ajudar pessoas a ressignificarem seus traumas e suas carreiras. Enfim, desejo a todos vocês que estiveram comigo e mantiveram viva a minha vontade de escrever, um Feliz Natal, pleno de harmonia e, carinhosamente, reafirmo em meu realismo, meio otimista, de que o ano novo nos possibilitará encontrar a paz que buscamos, a justiça, a alegria, a saúde, os encontros presenciais com abraços calorosos, e renovará a esperança de que as expectativas represadas transbordem e transformem nossos dias em conquistas.

Que tudo se realize em 2021.

Agora vai…

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Vale a leitura

por Luis Borges 16 de dezembro de 2020   Vale a leitura

Consulta monólogo 

Você já passou pela experiência de ir a uma consulta médica, no setor público ou privado, sem quase conseguir falar e sair do encontro rouco de tanto ouvir? Essa é uma situação que ainda ocorre entre profissionais que se esquecem de que, para saber falar, é preciso saber ouvir. A relação deve se dar respeitosamente entre as pessoas nos papéis de fornecedor e cliente.

Esse é o tema abordado por Júlia Rocha em seu artigo “O incrível médico que sabia ouvir” publicado no ECOA.

“Você, cara leitora (homens, sintam-se incluídos), já saiu de um consultório, seja em uma clínica, seja em um hospital, em um serviço privado ou público, com a sensação de que gostaria de ter tido tempo e oportunidade de dizer coisas que na sua opinião eram relevantes ao profissional que te atendeu? Você se sentiu mal por ter tentado falar, mas não ter conseguido pois foi frequentemente interrompida? Pois é. Você não está sozinha. Em média, médicas (médicos incluídos) interrompem seus pacientes 18 segundos após lhe dar a palavra. Cerca de 2% dos pacientes apenas conseguem concluir suas explicações.”

Perceba os sinais trazidos pela dor

Já ouvi muita gente dizendo que não gostaria de sentir dor por nada nessa vida, mas ela faz parte de nossos processo físicos e emocionais. Porém, como lidar com a dor e saber se posicionar a partir da percepção dos sinais trazidos por ela? Se a cabeça dói muito, dá para imaginar possíveis causas desse efeito indesejável e começar a agir, pois o tempo não para.

Leia o que Sandra Caselato diz sobre isso em seu artigo “A importância da dor” no ECOA.

“A dor é um sinal emitido pelo corpo que serve para proteção, indicando onde está o perigo. Ela é essencial para a manutenção da nossa saúde, pois ajuda a identificar doenças, como infecções, gastrite ou outras mais graves, como infarto, por exemplo. Quando a pessoa não sente dor, a doença vai progredindo e se agravando sem que ela perceba, e pode ser descoberta somente numa fase avançada quando é mais difícil o tratamento. Isso nos mostra o quanto a dor é importante para manter a homeostase e a saúde do nosso organismo. Da mesma forma, não apenas a dor física é essencial, mas também a dor emocional, que nos traz informações valiosas para manutenção da nossa saúde mental e psicológica.”

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O calendário gregoriano aponta inexoravelmente para o fim do ano, enquanto sinaliza os movimentos para a aproximação do outro que já vem vindo. Em nossa cultura muitas pessoas acabam dando uma paradinha neste momento do ano para agradecer pelo que aconteceu de bom, mesmo com tantas perdas inesperadas, e renovar os propósitos de fazer de maneira diferente o que “deu ruim”.

Nesse sentido é importante observar e analisar as condições em que viraremos o ano e com quais perspectivas poderemos contar realisticamente, sem fantasias e desejos insustentáveis. Na hora do “vamos ver” é preciso saber como vencer os desafios “medindo a água com o fubá” diante da percepção de que o poder aquisitivo dos cidadãos caiu bastante e não só por causa da pandemia. Segundo o IBGE as camadas de maior renda tiveram perdas em torno de 17,5%, as médias 20% e as populares 28%. Será possível negociar algum nível de reposição salarial numa conjuntura que exige estratégias de sobrevivência? Diante de tudo isso o que pode ser feito para atenuar a perda do poder aquisitivo? Procurar mais trabalho, mesmo difícil de ser encontrado, cortar custos com as mãos de tesoura para que fique só o que cabe no orçamento real ou iniciar a redução de custos pelo combate ao desperdício, nem sempre percebido?

Digamos que você não liga muito para o hábito de trabalhar com um orçamento mensal, anotar os gastos e analisar como foram feitos. Você sabe que as tarifas dos serviços administrados pelos governos federal, estaduais e municipais estão na bica para ser aumentados por índices que vão muito além do IPCA do IBGE, sob a alegação de grandes aumentos dos custos operacionais? A gestão dos negócios nunca melhora.

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Dá para imaginar que quem não conhece os hábitos de consumo de água dos moradores de uma casa e das condições de suas instalações hidráulico-sanitárias terá que mudar de hábito para verificar a ocorrência de perdas que só aumentam a conta. Causas poderão estar na fragilização das tubulações, gerando vazamentos ocultos, nas válvulas desreguladas, nas torneiras gotejando, nos banhos demorados… Imagine os desperdícios com a energia elétrica devido ao uso de equipamentos eletrodomésticos desregulados, chuveiro na posição inverno na primavera-verão, lâmpadas acesas em diversos cômodos de uma casa como se fosse um palácio encantado…

É obvio que o combate ao desperdício não resolverá toda a perda do poder aquisitivo mas é um primeiro passo para a adequação de seus custos à realidade atual de seu orçamento. Avalie e verifique se você tem desperdícios também nos gastos com telefonia, tarifas bancárias, juros no parcelamento de cartões de crédito, transporte individual, alimentação em casa e fora, plano de saúde, lazer, vestuário…

O combate ao desperdício deve ser permanente e sempre colocado em prática conforme nos ensina a educação financeira.

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Um Natal na pandemia

por Luis Borges 30 de novembro de 2020   Pensata

Quem de nós imaginaria, no Natal do ano passado, um cenário de pandemia no Natal seguinte? Com a Covid-19 se alastrando pelo mundo em tempos desiguais, com diferentes intensidades, trazendo o medo da morte e de muitas sequelas?

Pois é, logo agora que atravessamos um ano de diversas agonias chegamos a mais um Natal, que deve ser bastante reduzido em termos de festanças, mas sem perder o seu significado de renascimento. É tempo de refletir sobre os motivos que temos para a ação, aqueles que vem de dentro de nós. E, neste ano, diante de momentos tão difíceis e desafiantes para enfrentar e vencer uma ameaça tão real trazida pelo novo coronavírus.

“Se muito vale o já feito, mais vale o que será… e o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir”

É o que dizem Milton Nascimento e Fernando Brant na música “O que foi feito devera” lançada em 1978 no álbum Clube da Esquina 2. Sendo assim, o que será possível fazer neste período de Natal em meio às condições de contorno bem restritas do ponto de vista sanitário na comparação com o já saudoso ano anterior?

Na conjuntura em que acontece o advento, tempo de preparativos para o Natal, prevalecem as preocupações em torno de um repique ou segunda onda da Covid-19 conforme os fatos e dados tem demostrado ao longo deste mês. Há especialistas que dizem que a primeira onda nunca acabou e que estamos vivendo um aumento de casos fruto das aglomerações e da maior circulação de pessoas.

Renovam-se as esperanças em torno das vacinas seguras e eficazes, que poderão estar disponíveis já neste fim de ano ou no inicio do próximo. Espero que haja planejamento e gestão suficientes para que as doses das vacinas cheguem a seus destinatários em tempo hábil e nas condições normais de temperatura e pressão, conforme preconizam a ciência e o conhecimento aplicado.

Encontrar o equilíbrio é sempre desafiante em meio a tantas ponderações. Mas sei que existem aqueles que não abrirão mão da festa no local de trabalho, com 10 ou mais pessoas, além dos encontros festivos das pequenas, médias e grandes famílias de todas as classes sociais, cada qual com o seu qual em nome da renovação da vida em risco.

Ainda permanecem na conjuntura balançando para lá e para cá, mas exigindo soluções adequadas, o retorno às aulas presenciais, o orçamento da União Federal para 2021, o programa de renda básica para substituir o auxílio emergencial, o combate à disparada de diversos preços de bens e serviços…

 

Árvore de Natal em frente à Matriz de São Domingos, em Araxá, em 2014. / Foto: Paola Pedrosa

 

Tudo o que foi feito – e também o que deixou de ser feito – pelas autoridades governamentais conforme suas responsabilidades e pelos cidadãos individualmente e socialmente nos trouxe até os resultados de hoje, que ainda não são suficientes.

Prossigamos rumo ao Natal, um dia de cada vez, com o realismo e o pragmatismo fundados na sabedoria e na esperança que fazem parte do nosso viver.

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Eis aqui algumas percepções que tenho sobre o processo eleitoral municipal que está perto de ser concluído no dia 29/11 com a realização do 2º turno em 57 municípios. Só ficará faltando a cidade de Macapá, capital do Amapá, devido ao apagão de energia elétrica.

Acompanhei mais de perto as eleições em Araxá, minha cidade natal, e em Belo Horizonte, minha cidade do coração onde resido há 47 anos. Fiquei triste com a derrota de meu candidato a vereador em Belo Horizonte e alegre pela vitória do candidato que apoiei em Araxá. Sugeri a eles que façam uma avaliação dos resultados alcançados em função das metas estabelecidas e dos planos de ação feitos para atingi-las.

Chamou minha atenção a abstenção em Belo Horizonte, que chegou a quase 29%. Somada aos votos nulos e brancos nos mostram que o “não voto” chegou a 39%. Já em Araxá a abstenção passou de 24% que somada aos votos nulos e brancos chegou a 33,6% de “não votos”. O fato é que a cada eleição tem aumentado o percentual de abstenções na média nacional, que foi de 17,5% em 2016, pouco mais de 20% em 2018 e acima de 23% no primeiro turno deste ano. Penso que o voto é um direito de todos e não um dever. Na minha observação e análise as pesquisas de intenção de votos cumpriram a sua missão e deram uma fotografia para os eleitores que consomem este tipo de informação que pode auxiliar em sua tomada de decisão sobre em quem votar. Entretanto considero que as pesquisas deveriam registrar as intenções de quem deseja se abster de ir às urnas no dia da eleição.

Não tive muitas expectativas quanto à realização de grandes e intensos debates entre os candidatos a prefeito, mas entendo a estratégia daqueles postulantes líderes nas pesquisas de intenção de votos de não comparecer aos debates nas diversas mídias. Eles apenas gerenciaram o risco de vacilar ou ter desempenho comprometedor que poderiam lhes causar perdas desnecessárias.

Incrível a enorme ansiedade das pessoas devido ao atraso de três horas para a conclusão das apurações dos votos na noite do domingo, 15/11. Vale lembrar que as urnas eletrônicas são usadas no Brasil desde 1996 e esta foi a 13ª eleição de resultados plenamente confiáveis e alcançados com muita segurança. Agora, quem sonha com urna eleitoral de lona, voto rabiscado no papel e insegurança quanto à inviolabilidade do processo passa a sensação de estar buscando justificativas para resultados ruins em futuras eleições. Cabe também ao Tribunal Superior Eleitoral assumir os erros na implementação do Sistema de Apuração dos votos, centralizado pela primeira vez em Brasília.

Encerro com a percepção de que os partidos políticos do espectro de centro-direita – DEM, PSD, MDB, PSDB e PP – conseguiram melhorar a quantidade de prefeitos e vereadores eleitos e, no espectro da esquerda, o PSOL vai ganhando espaços que o PT começou a perder a partir de 2016. Agora é ver e agir na caminhada rumo às eleições de 2022, mas muita água ainda vai passar debaixo da ponte.

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