Arrumando a própria casa

por Luis Borges 17 de maio de 2021   Pensata

Enquanto a pandemia da Covid-19 persiste com suas ondas e variantes ameaçadoras ao longo do tempo que passa, prosseguimos na esperança permanente da chegada de mais doses das vacinas, apesar de todos os pesares. Também ainda vale lembrar dos alertas sempre difundidos como o “se puder, fique em casa”; “lave as mãos”; “use máscaras”…

Mas o que as pessoas que estão ficando em casa para trabalhar remotamente, cuidar de crianças e idosos… tem feito além disso? Sei que são inúmeras as possibilidades e impossibilidades em função das necessidades, expectativas e recursos de cada um, inclusive levando em conta uma certa fadiga inerente ao próprio prolongado processo pandêmico.

Tenho conversado por telefone com pessoas próximas, a maioria acima dos 50 anos, que tem destinado um pouquinho do tempo para observar e analisar a quantidade de documentos, artigos, comprovantes diversos, relatórios e livros, por exemplo, acumulados em algumas décadas e praticamente inertes desde então. Invariavelmente as pessoas tem relatado as lembranças – boas ou ruins – suscitadas ao ver de novo algo que estava parado há tanto tempo com a justificativa de que um dia poderia ser necessário o seu uso.

Foi interessante também o relato que todos fizeram sobre a quantidade de itens descartados por não serem mais necessários e dos poucos que foram mantidos em função dos critérios definidos para justificar a sua preservação. Entre os itens descartados, só para ilustrar, foram citados convites para formatura, atas de assembleias de clubes, convites para casamentos, o projeto de uma casa que nunca foi construída, o planejamento de uma viagem ao nordeste brasileiro, o plano de um negócio que ficou só no plano, uma enorme variedade de revistas, recortes de jornais… Isso me fez lembrar o programa 5S, utilizado pelos japoneses para iniciar a implementação da gestão pela qualidade em seus negócios. No programa, são aplicados cinco sensos – utilização, arrumação, limpeza, saúde e autodisciplina.

No caso das conversas ficou evidente a aplicação do senso da utilização, que nos ajuda a combater o desperdício. Ele propõe que fiquemos só com aquilo que precisamos e que o desnecessário seja doado para alguém que esteja precisando ou então seja descartado de maneira adequada. Muitos se disseram surpresos com a quantidade de espaços que estão ficando livres em gavetas, estantes, arquivos e que provavelmente uma parte deles poderá não ser mais necessária.

Por outro lado, alguns poucos disseram que aproveitaram para rever a configuração de suas casas e descobriram que havia excesso de móveis e aparelhos eletroeletrônicos, muitos dos quais estão em desuso devido ao avanço tecnológico acelerado, cheio de inovações. Também usaram o senso da utilização e os principais ganhos foram os espaços mais livres, a redução do estoque de bens não utilizados e uma menor quantidade de tropeços em móveis. Um dos amigos passou até a pensar na possibilidade de se mudar para um espaço menor, casa ou talvez apartamento. Porém tudo vai depender dos demais membros da família.

Enquanto isso, podemos tentar encontrar mais coisas que precisam ser feitas e para as quais nunca tivemos tempo ou ainda não temos. A gestão do tempo é um desafio permanente, difícil de terceirizar principalmente porque sabemos que tudo começa com a gente.

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Lá num dia não tão belo do verão do ano passado ficamos sabendo que a Covid-19 tinha chegado ao Brasil e logo veio a informação sobre a primeira morte causada pelo vírus. Fomos surpreendidos pelo acontecimento que chegou trazendo medo, incerteza, insegurança e ansiedade diante do que estaria por vir.

O que e como agir diante da nova conjuntura? Naquele momento, desenhar cenários era mais difícil ainda. Desde o início ficou claro que não havia unidade de ação entre os entes federativos para combater o problema, que era nacional e mundial, conforme reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De lá para cá quase todo mundo sabe ou tem alguma noção do que foi feito ou deveria ter sido feito. Mas hoje, proponho uma reflexão sobre o processo de vacinação. Tomo como exemplo o município de Belo Horizonte.

Na semana passada, entre os dias 3 e 7 de maio, as pessoas da faixa etária de 64 a 67 anos esperavam receber a segunda dose da vacina Coronavac, produzida em parceria pelo Butantan com a chinesa Sinovac. Essas pessoas começaram seu ciclo de imunização em abril e receberam o cartão de vacinação marcando a segunda dose para até 28 dias após a primeira agulhada no braço, o que seria em maio. Depois dessa agulhada, surgiu naturalmente a expectativa de algo bom para acontecer – a imunização completa – mantida pela municipalidade até a tarde da sexta-feira, 30 de abril.

Só a partir dai é que a Prefeitura começou a assumir que não tinha, em estoque, as quase 80 mil doses da Coronavac necessárias para o cumprimento do cronograma para todas as pessoas dessa faixa etária. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde a causa foi a orientação do Ministério da Saúde para que não se reservasse estoque para garantir a segunda dose, pois outras remessas chegariam em tempo hábil. Porém, isso não aconteceu e, com isso, o cronograma de vacinação foi atrasado. Essa informação foi repassada via imprensa pois, para quem consultou o portal da Prefeitura até o dia 06 de maio, a informação era conflitante e dizia que havia estoque de Coronavac, o que não era verdade. As causas internas dessa diferença cabe à Prefeitura explicar.

O fato é que ficou uma frustração para quem tinha a expectativa de concluir o processo de imunização no prazo marcado. Alguns até compareceram aos postos esperando “dar uma sorte” e outros ainda tentam entender os impactos para a saúde de esperar mais 10 ou 15 dias além do prazo inicialmente fixado. Hoje, 11 de maio, a Prefeitura está aplicando a segunda dose apenas para os que tem 67 anos, fazendo uma “rapa” do estoque e juntando com algumas doses que recebeu do Ministério da Saúde. Para os idosos de 64 a 66 anos resta seguir aguardando.

Essa acaba sendo uma boa oportunidade para refletirmos sobre nossas reações diante de um processo sobre o qual não temos autoridade nem controlamos, como no caso da pesquisa, produção, aquisição, distribuição e aplicação das vacinas. Se a expectativa for maior do que a realidade acabaremos sofrendo – e muito.

O que nos resta é treinar nossas competências emocionais para aumentar a paciência, a perseverança e a resiliência para nos fortalecer no enfrentamento de tantos problemas que a pandemia trouxe. Isso também não deixa de ser um cuidado mental que devemos ter.

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Como será o amanhã?

por Convidado 6 de maio de 2021   Convidado

*por Sérgio Marchetti

Observem, persistentes leitores, as frases que tenho ouvido:

Depois da pandemia da COVID-19, nada voltará a ser como antes.”

“No novo normal, as pessoas serão meros robôs.”

“Os trabalhos serão realizados à distância e nunca mais voltarão a ser como antes.”

“Era necessário um castigo para que a humanidade se tornasse melhor.”

Como vimos, o que não faltam são palpites, suposições, opiniões, interpretações e achismos que preenchem nossos dias, prenunciando um novo tempo que está por vir. Surgem, então, os cientistas, futurólogos, profetas do acontecido e oportunistas que exploram a doença e a desgraça alheias para alcançarem seus objetivos escusos.

É num momento como este que percebemos o quanto somos frágeis. A morte chega sem aviso e carrega as pessoas que amamos. O que já é ruim fica pior, quando algumas mídias desestabilizadoras do equilíbrio emocional — de tanto repetirem, massificarem, induzirem — nos transformam em pessoas tristes, depressivas e isoladas. E, embora desejemos entender como tudo acontece, a pandemia não dá dicas, nem nos deixa estabelecer padrões de acometimento de pacientes. O pânico cresce e traz com ele doenças psicológicas.

Em face do caos que testemunhamos, as pessoas se perguntam: como será o futuro próximo? O que é real? Pergunta difícil, meus leitores realistas. Aprendemos que o real é tudo o que existe, independentemente de nossa inteligência interpretativa. O que significa dizer que realidade, diferentemente do real, é uma espécie de alucinação coletiva, um sentimento solidário, com o qual muitas pessoas concordam. A partir desse entendimento, fica evidente a necessidade de reequilíbrio, de manter a calma e estabelecer um plano para sobreviver no mundo real.

Temos uma problemática. Pensemos juntos. Estamos enfrentando um inimigo invisível que nos impõe restrições, falências, desempregos, enfermidades e nos leva à morte. Soluções: mudanças de trabalho ou de metodologia de trabalho, planejamento, distanciamento racional (considerando saúde e economia), uso de álcool gel, máscaras, e, embora ainda faltem respostas às reações que a doença nos causa, gradativamente, as vacinas começam a resguardar vidas. Outros inimigos, igualmente preocupantes, podem causar danos tão irreversíveis quanto o da pandemia. O pior deles é o radicalismo —  que, sendo dono da verdade, presta desserviços, massifica ideias, assombra incautos e simplórios. Infelizmente, ainda não há vacinas para a doença que torna as pessoas radicais. Os infectados sofrem alucinações, não aceitam argumentos (comprovações) que contrariem suas suposições e veem como inimigos todos que discordam deles. Os sintomas mais comuns são: apontar culpados pela doença e mortes, em vez de pensar nas causas e soluções; emitir opiniões sobre assuntos que não dominam; fazer afirmações sem base comprobatória e misturar ideologia com pandemia.

Diante disso, precisamos de ações que tragam desfechos positivo para nossas vidas. Pois, como disse Santa Tereza de Calcutá: “o dia mais importante de nossas vidas é hoje”.  E completo: colheremos amanhã o que plantarmos hoje.

Então, vamos lá, esperançosos leitores. Parem! Respirem fundo. Inspirem, expirem… Luzes, ação!

 “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer…”

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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O engenheiro civil e sanitarista Décio Gonçalves, 54 anos, casado, 2 filhos solteiros, trabalha há quase 30 anos no serviço autônomo de água e esgoto de um município do interior de Minas Gerais, na bacia hidrográfica do Rio Grande. A esposa é professora do ensino fundamental na rede estadual e os filhos estão prestes a concluir o curso de Engenharia Agronômica numa Universidade Federal do estado.

Com o passar do tempo o engenheiro Décio foi se comprometendo cada vez mais com seu trabalho, sempre atualizando os conhecimentos técnicos específicos e também se sentindo confortável com a estabilidade de um servidor municipal concursado. Para ele ficou claro que um dia chegaria a hora de se aposentar por ali mesmo. Desde o início da carreira profissional ele estabeleceu a meta de poupar 15% dos rendimentos mensais, sempre colocados em aplicações financeiras conservadoras.

Há 5 anos Décio ficou muito incomodado e preocupado com a “falação” sobre a Reforma da Previdência Social. Pensou muito em obter uma renda para complementar os proventos vindos da aposentadoria e também numa atividade suficiente para não deixá-lo sentado nos aposentos, ou seja, “apo-sentado”. Foi aí que surgiu a ideia de ter um pequeno negócio próprio, no qual aplicaria a metade dos recursos financeiros até então acumulados. Dois anos depois conseguiu comprar uma fazendinha distante 30 km do perímetro urbano. O lugar tem bom acesso, instalações físicas em razoável estado de conservação, água em quantidade e qualidade adequadas. A propriedade adquirida mede 3 alqueires – 14,4 hectares – algo em torno de 150 mil metros quadrados.

Hoje ele se ressente por não ter feito o passo-a-passo de um plano de negócios documentado e ter apressado tudo em função da ansiedade e se esquecendo que estava arriscando seu próprio dinheiro. Assim, cada dia desses três últimos anos tem sido uma peleja para fazer as coisas acontecerem diante de tantos problemas que surgem. A começar por ele mesmo, que só pode ir ao local nos finais de semana e feriados, pois ainda não se aposentou.

Ele possui 30 cabeças de gado bovino, das quais 10 são vacas leiteiras cujo leite se destina a produção de queijo artesanal, não certificado. Nesse momento, os custos da ração estão pesando muito – mais que dobraram – e não dá para repassar quase nada ao preço pago pelos clientes.

Mas a maior dificuldade mesmo está na rotatividade dos profissionais para trabalhar na função de caseiro e de auxiliar de caseiro, que são fundamentais para operar bem o dia-a-dia. Até agora ninguém chegou a completar um ano no trabalho, mesmo recebendo salários e benefícios competitivos no mercado regional. Um dado interessante é a baixa escolaridade de todos, pois a maioria não conseguiu cursar além da primeira metade do ensino fundamental, e a idade deles varia na faixa de 30 a 40 anos. Mesmo eles sendo treinados em procedimentos operacionais padrão, escritos ou verbais, é grande a dificuldade que sentem para colocá-los em prática. Eles querem fazer tudo do jeito que já conhecem e são muito resistentes a outras práticas que podem ser melhores ou mais eficientes.

Décio não conseguiu mais poupar os 15% dos seus rendimentos mensais, que têm sido direcionados ao negócio. Às vezes ele pensa em “chutar o balde” diante da análise mensal das contas que não fecham, das raivas que tem passado, das surpresas ruins como a morte de uma vaca, os ovos de galinha que não aparecem, ou do uso “recreativo” da cachaça, por exemplo. Mas quando pensa na vida depois da aposentadoria ele ainda acredita que tudo vai melhorar quando for possível a sua presença diária na operação do negócio.

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Vale a leitura

por Luis Borges 1 de maio de 2021   Vale a leitura

Que livros você está lendo? 

Talvez melhor seria perguntar primeiro se você está lendo algum livro e, em caso positivo, aí sim, perguntar os nomes, o gênero literário… Aliás, a Receita Federal quer tributar os livros sob alegação de que só as camadas sociais de maior renda é que lêem.

Aberrações à parte, você gosta de ler um livro de cada vez ou vários simultaneamente? A sua leitura é rápida ou você degusta o livro bem devagar?

Leia o que Rodrigo Casarin escreveu sobre o tema no artigo “Quantos livros você lê por mês? E isso importa?” publicado no canal Splash do portal Uol.

“De uns tempos para cá, virou moda falar em devorar páginas e se gabar de ler trocentos títulos por mês. Nada contra os bitolados, mas é tosco dar ares de competição à leitura. Muitos livros exigem certo vagar, uma entrega para se familiarizar com o universo proposto, com o ritmo, a estrutura, a linguagem, algo que não combina em nada com um desafio contra o relógio. Saramago me parece um bom exemplo de autor que exige essa espécie de doação serena.

Sei que o papo contraria o imediatismo de nosso tempo. Só que estamos condenados a jamais conseguir ler tudo o que nos indicam, tudo o que surge como grande lançamento, tudo o que é apontado como a promessa da vez, tudo o que já é consagrado e merece a nossa atenção. Não há alternativa. Então, é melhor garantir a liberdade de escolher bem e ter o discernimento para entender o tempo que cada livro merece.”

Quando é inevitável um dinheiro emprestado 

A maioria das pessoas está enfrentando tempos muito difíceis com a pandemia da Covid-19. Perda de poder aquisitivo, desemprego… e às vezes o jeito é tomar um dinheiro emprestado diante de uma emergência. Mas com quem fazer o empréstimo e em quais condições?

É o que aborda Gabriela Chaves em seu artigo “O que fazer quando você está apertado e a única saída é pegar empréstimo?” publicado na editoria de economia do portal UOL.

“A base da organização financeira consiste na busca pelo equilíbrio entre o quanto se ganha e o quanto se gasta. Contudo, no contexto de crise econômica em que vivemos, esse equilíbrio está cada dia mais ameaçado, empurrando as famílias, indivíduos e empresas para o endividamento. É evidente que a tomada de crédito deve ser evitada ao máximo, sobretudo em momentos de crise econômica. Mas quando o endividamento é inevitável, existem alguns conhecimentos simples que podem ajudar na busca pela melhor opção de crédito.”

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Estamos chegando aos 15 meses da pandemia da Covid-19, agora com outras variantes advindas das mutações do vírus cujo combate necessita do conhecimento científico e gerencial.

Às vezes podemos ter a sensação de que estamos diante de um grande problema, e realmente estamos, mas muitas pessoas acreditam que antes da pandemia as coisas estavam até indo bem, no melhor estilo “agora vai”. Entretanto não podemos e não devemos nos iludir diante das tentativas de mostrar que muitos problemas só pioraram por causa da pandemia, que surpreendeu todo mundo.

Segundo o dicionário eletrônico Houaiss a palavra problema, em um de seus verbetes, é “mau funcionamento crônico de alguma coisa, que acarreta transtornos, pobreza, miséria, desgraças etc., e que exigiria grande esforço e determinação para ser solucionado”.

Do ponto de vista de um sistema de Gestão de Negócios de qualquer natureza o conceito mais simples de problema diz que ele é o resultado indesejável de um processo, que por sua vez, é um conjunto de causas que provoca um ou mais efeitos. Fundamentalmente é a relação causa e efeito que nos ajuda a compreender os fenômenos e como eles são gerados.

Ainda do ponto de vista da gestão podemos dizer que gerenciar é resolver problemas e isso traz sempre o desafio do “como fazer” para chegar a um resultado desejável e com método, não na “bistunta”. Um caminho esta no método de análise e solução de problemas – MASP – principalmente para os casos em que um pequeno problema não resolvido no início torna-se crônico com o passar do tempo e a sua solução mais cara. É claro que a primeira condição para quem quer resolver um problema é admitir que ele existe ao invés de negar ou ignorar a sua presença.

Vale lembrar como estavam alguns problemas crônicos em janeiro de 2020, portanto há 16 meses. A economia brasileira cresceu apenas 1,1% no ano anterior e seu crescimento era estimado em 2,5% no final do ano. Veio a pandemia e com ela uma retração de 4,1% na economia, que muitos consideram razoável mas se esquecem que as comparações foram feitas com uma base anterior fraca, praticamente no fundo do poço. Um problema que se arrasta praticamente por toda a última década.

Também em janeiro de 2020 o número de pessoas desempregadas já era de aproximadamente 12 milhões e hoje se aproxima dos 14,5 milhões. Na mesma época, quais eram as dificuldades para marcar uma consulta médica ou conseguir uma vaga para se internar numa UTI, tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde? No início da pandemia já era grande o temor de um colapso do sistema de saúde e ficou tudo escancarado nessa segunda onda da pandemia.

Na educação, o ensino a distancia também escancarou a desigualdade e a concentração da renda. Estão postas as diferentes condições dos alunos para ter acesso a um dispositivo tecnológico e à internet nas diferentes regiões do país, inclusive nas condições físicas de suas moradias.

Que outros problemas crônicos estão muito mais visíveis nesse momento crítico que estamos atravessando em busca da sobrevivência?

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 23 de abril de 2021   Curtas e curtinhas

Nova data limite para Imposto de Renda

A Receita Federal do Brasil adiou para 31 de maio o prazo limite para a entrega anual da Declaração do Imposto de Renda das pessoas físicas, anteriormente previsto para 30 de abril. Segundo a Receita pouco mais de 12 milhões de pessoas já entregaram suas declarações deste ano.

Enquanto isso, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que estica o prazo de entrega da declaração para 31 de julho, o que agora só depende da sanção do Presidente da Republica.

Mais importante que isso é a correção da tabela do IR, que esta defasada em mais de 113% acumulados nos últimos 24 anos, segundo o Sindifisco. A não correção significa mais aumento da carga tributária anual e isso está ficando por isso mesmo.

Reajuste de aluguéis de imóveis

A Câmara dos Deputados está para votar um projeto de lei estabelecendo que os reajustes dos preços dos aluguéis de imóveis passem a ser feitos baseados no IPCA do IBGE em substituição ao IGP-M da FGV.

Em 2020, o IPCA fechou em 4,53% e nos últimos 12 meses está em 6,1%. Já o IGP-M ficou em 23,13% no ano passado e nos últimos 12 meses fechou em 31,1%. É importante lembrar que o IPA- Índice de Preços no Atacado – responde por 60% da composição do IGP-M.

Como se vê, o liberalismo econômico não dá conta de tudo mesmo e o mercado não consegue se auto regular. Ai sobra para a lei dar uma “mãozinha”.

Microempreendedor individual faz 13 anos

Criado em 2008 o programa do Microempreendedor Individual (MEI) está chegando aos 13 anos. Segundo dados do Ministério da Economia existem atualmente pouco mais de 11 milhões de inscritos no programa, o que equivale a 25% do número de pessoas com carteira profissional assinada. A contribuição mínima para a previdência social, via INSS, equivale a 5% do salário mínimo (R$ 55,00 mensais). Atualmente 37% dos participantes estão em atraso. Mas, de qualquer maneira, a precarização nas relações de trabalho continua e se acentua após a reforma trabalhista, a reforma da Previdência Social e a pandemia da Covid-19.

Pesquisas eleitorais e abstenções

Teremos eleições para os poderes Executivo e Legislativo da União e dos estados em outubro de 2022, portanto daqui a 17 meses. Neste momento tem surgido pesquisas de intenção de votos buscando tirar um retrato principalmente dos postulantes à Presidência da República. O resultado apresentado por essas e outras futuras pesquisas ficaria melhor se a primeira pergunta fosse sobre a intenção do eleitor de comparecer às urnas ou de se abster.

Mesmo o voto sendo obrigatório 22% dos eleitores inscritos se abstiveram de comparecer às urnas no segundo turno das eleições presidenciais de 2018 e 29,5% não compareceram no segundo turno das eleições para prefeito em 2020, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Se somarmos os votos nulos e brancos, que ficaram em torno de 10% nesses dois casos, veremos que o “não voto” variou de 32% a 40% respectivamente.

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