Cabe também à população do bairro uma maior vigilância para fazer valer os seus direitos como cidadãos, inclusive registrando suas reclamações pelos canais da prefeitura, como o telefone 156 na opção 1 para reclamações, na Ouvidoria, na Zeladoria e na Administração Regional Leste, por exemplo. Quem cala consente!
Nada Será Como Antes – Milton Nascimento e Beto Guedes
Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Neste abril, me reservei o direito de tirar férias e ir para o campo. Muita gente pode pensar que depois da reclusão imposta pela pandemia, o que precisamos é de trabalho e não de folga. Mas como estão as cabeças? Estão aptas às exigências do trabalho? O que tenho ouvido de depoimentos é que as pessoas estão cabisbaixas, desanimadas e depressivas.
Por isso, meus bucólicos leitores, após concluir um trabalho, decidi fazer uma quinzena sabática. Fugi do roncos dos motores, das buzinas de pessoas impacientes (nem por isso justifica-se a falta de educação), dos garis que acordam os moradores, sem cerimônia, perto da zero hora. Mas o maior ganho foi dispensar a internet e a televisão por todos os dias. Somente lá, percebi que estava sendo intoxicado e, pior, tendo meu cérebro massificado para que não conseguisse pensar por mim. Não assisti aos jogos de futebol, nem vi meu galo ganhar outra vez. Será que ganhou? Também não vi nada sobre o covarde massacre à Ucrânia. Tampouco ouvi notícias sobre a política, felizmente. Vocês estão se perguntando, meus tecnológicos leitores, se fiquei sem internet por tantos dias e sobrevivi?
A prova viva de que não morri é que estou, agora, escrevendo a minha experiência. A sensação é de “estou limpo”, como dizem os viciados em drogas quando conseguem ficar um tempo sem elas. O que impera aqui é o silêncio, apenas quebrado pelo canto dos pássaros. Nada substitui o cheiro do orvalho sobre a relva. Os morros, tão verdes quanto a esperança de um menino, me cercam por todos os lados, e um céu de um azul estonteante completa o quadro de paz que me serve como palco neste teatro da vida. Sentado num banco de madeira e usufruindo de toda essa benção que Deus me proporciona, aproveito alguns instantes para reler o livro de Charles C. Mans, Felicidade: a escolha é sua. Título apropriado para a ocasião.
Os benefícios desta imersão começam pela saúde que, como todos sabem, depende da mente: – mente sã, corpo são. E o mais surpreendente é que descobrimos o quanto nossas lentes estavam embaçadas, a ponto de vermos coisas de maneira invertida, como escreveu Machado de Assis, quando se referiu à imagem do espelho. Nos vemos invertidos.
Parece utopia, mas não é. Creiam em mim. Precisamos sair do quadrado para enxergá-lo nitidamente. Quando estamos envolvidos não conseguimos agir com precisão, porque a emoção ilude a razão. Salta-me ao pensamento uma memória de um tal “Efeito Halo”. Aprendi sobre ele quando realizava o primeiro trabalho de Avaliação de Desempenho Organizacional. Faz tempo… mas o fundamento era que dificilmente avaliamos algo ou alguém somente com a razão. Sem precisar dizer que os agentes da comunicação profissional, quando lhes convêm, produzem notícias e têm recursos que nos levam a ver o demônio com a imagem do Salvador. O pior disso tudo é que nos convencem.
Por essa razão, já que estou no campo, é que temos que deixar de sermos rãs e nos transformar em pintassilgos, para sair do buraco, voar e descobrir que há vida fora da caverna, e com liberdade. Assim escreveu Rubem Alves (O pintassilgo e as rãs) e, muito antes dele, Platão também nos fala lindamente sobre o mesmo tema, em O mito da caverna.
Apesar de tudo isso, ainda não aprendi a voar, apenas meus pensamentos voam “parecem uma coisa à toa…” mas estou apreciando o voo dos pássaros e “A insustentável leveza do ser”.
Sinto-me mais leve de espírito, mais sóbrio, e creio, me recarreguei de energia sem poluentes.
Olho para os morros e, são tantos, uns após os outros, que os vejo de mãos dadas para que a ganância dos homens jamais os consiga separar.
*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.
O novo prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), foi entrevistado pelo jornalista Eduardo Costa no programa Rádio Vivo, da rádio Itatiaia, no dia 12 de Abril. Ele falou que, entre as prioridades de seu mandato, estão as ações para resolver problemas nos transportes coletivos urbano por ônibus e pelo metrô. Também pretende aproveitar o período seco para acelerar os empreendimentos que visam combater alagamentos e enchentes do tempo das chuvas, encarar de frente os desafios ligados à população em situação de rua, fazer o recapeamento de vias públicas com início nos bairros e partindo rumo ao centro da cidade, fortalecer as administrações regionais centralizadas na secretaria de governo e colocar em movimento a zeladoria criada com a reestruturação feita na prefeitura, cujo gestor já foi indicado, com foco na solução de muitos problemas pequenos que vão surgindo no dia-a-dia .
É interessante notar que a imagem de zeladoria nos municípios, que em primeira instância é onde as pessoas moram, geralmente está ligada à capina de logradouros públicos, varrição, limpeza, jardinagem. Espero que a zeladoria criada em BH vá muito além disso, com uma atuação e interação abrangendo todo o sistema que constitui a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Nesse sentido, a zeladoria deve estimular, incentivar a participação efetiva dos cidadãos para apresentar reclamações sobre os processos de trabalho que estejam com resultados insatisfatórios segundo o seu ponto de vista.
Acredito que a zeladoria deve estar focada e com muita disposição para agir em função das reclamações dos cidadãos sobre as não-conformidades na implementação dos padrões municipais existentes de qualquer natureza. Elas podem chegar por diferentes meios, como o telefone, aplicativo, ouvidoria, imprensa ou até presencialmente. O mais importante é saber receber a reclamação, analisar se ela é procedente a partir dos fatos e dados informados, e que tudo seja gerenciado com qualidade para atender as necessidades e expectativas dos cidadãos. É claro que o cidadão deve ser informado sobre o meio para acompanhar o andamento do processo até o prazo estabelecido para a entrega do resultado final.
É importante realçar que a grande premissa para a existência de uma zeladoria é zelar para que os processos de prestação dos serviços municipais aconteçam conforme o que está especificado e que assim que os desvios forem percebidos e relatados as ações gerenciais corretivas devem ser feitas para que tudo volte à normalidade.
Geralmente um pequeno problema ignorado ou não corrigido inicialmente poderá se tornar crônico com o passar do tempo, o que só encarece e dificulta a sua solução. Imagine um pequeno buraco em sua rua que não foi tampado quando começou a surgir e, tempos depois, virou uma cratera trazendo riscos para todos os usuários da via pública.
Por outro lado, e partindo da premissa de que “nada é tão bom que não possa ser melhorado”, a zeladoria e outros canais de acesso à prefeitura, inclusive as administrações regionais, poderiam também estar acessíveis para o recebimento de sugestões para a melhoria contínua, e até inovações, em seus processos de trabalho. É óbvio que tudo deve ser avaliado para verificar se procede ou não, inclusive em caso positivo, se existe viabilidade financeira no orçamento.
Vamos participar e acompanhar os passos e a avaliação do desempenho da zeladoria em função dos resultados (entregas) alcançados e para combater a nossa própria indiferença quanto aos problemas da cidade.
Conversar sobre o cotidiano geralmente faz parte da pauta de muita gente diante de uma oportunidade que surge espontaneamente ou induzida por alguém que precisa falar por não aguentar guardar só para si o que aconteceu.
É interessante refletir e saber se posicionar diante de acontecimentos que surgem do nada e nos surpreende ao nos colocar, no mínimo, como figurantes numa determinada cena. Conforme as consequências e desdobramentos, dá até para ser classificado como testemunha integral ou parcial do ocorrido.
Nesse sentido, vale a pena relembrar o que aconteceu no domingo de Páscoa, dia 17 de Abril, num supermercado da zona norte de Belo Horizonte mais especificamente na região da Pampulha.
Um rapaz aparentando idade em torno dos 30 anos entrou no supermercado por volta do meio-dia. Seu foco era na compra de um frango assado para o almoço com a família em função da passagem da Páscoa, com sonhos e propósitos de mudanças para melhor, tanto em casa quanto na sociedade.
Ele foi rapidamente para o local de venda e lá foi surpreendido por uma cena inimaginável em andamento. Um senhor e uma senhora, ambos na faixa dos 65 anos, batiam boca numa disputa para definir qual dos dois consumidores teria o direito de comprar o último frango assado do supermercado disponível naquela hora do dia.
O senhor dizia que chegou primeiro e, na réplica, a senhora falou que viu o frango primeiro e que não admitia sair de lá sem ele. Diante da radicalização entre as partes em conflito, o rapaz acionou rapidamente o gerente, que imediatamente chegou ao setor.
Ele iniciou a tentativa de mediação entre os dois clientes explicando que o supermercado foi surpreendido por uma procura muito além da meta de vendas para aquele domingo. A senhora retrucou dizendo que não tinha nada a ver com o erro no estabelecimento da meta e que não abria mão do seu direito de comprar e levar o frango assado para casa, ainda mais que era o domingo de Páscoa. O gerente olhou para o senhor como que a dizer “me ajuda aí “. Enquanto isso alguns clientes iam chegando ao local e se posicionavam para aguardar a solução do problema.
Inesperadamente, o senhor disse que abriria mão do frango para que o impasse fosse resolvido e terminasse o constrangimento gerado pela situação, apesar do seu direito por ter chegado primeiro ao local.
Então, cada participante tomou seu rumo dentro do supermercado com a pequena plateia se desfazendo e a senhora com o seu precioso frango assado, mas mantendo um discreto ar de triunfo pelo resultado alcançado.
Por outro lado, o rapaz que chamou o gerente deixou o local e foi fazer a sua compra numa pequena mercearia a seis quarteirões dali e que tinha disponibilidade para entrega imediata. Ao chegar em casa, começou a contar para todos o que havia acontecido.
Você já presenciou ou foi parte de acontecimentos desse tipo, na Páscoa ou fora dela?
Sabe daquelas ocasiões em que alguém te convida para um encontro num barzinho, boteco ou restaurante para comemorar o aniversário de alguém que faz parte de um determinado grupo?
O caso que vou contar aqui ocorreu em Belo Horizonte e o ápice do evento foi na noite da sexta-feira, 8 de abril, num barzinho da zona leste da cidade. Diz-se popularmente que “o melhor da festa é esperar por ela”, então só por aí dá pra imaginar como foi a mobilização e a preparação para esse evento. No dia, o objetivo era comemorar o aniversário de nascimento de uma das participantes de um grupo composto por 9 amigas de longa data.
As duas participantes do grupo que tiveram a iniciativa de propor o encontro assumiram a produção do evento e logo definiram o local da festa, com antecedência de 15 dias. Ficou decidido que a aniversariante teria como presente a não participação no rateio das despesas e que a duração da festa seria de 3 horas – das 19h às 22h. Foi criado um grupo no WhatsApp para centralizar todas as comunicações relativas ao evento e manter mobilizadas as participantes. Pelo menos duas vezes por dia uma das administradoras do grupo reforçava no WhatsApp a contagem regressiva para o dia marcado e fazia alusão sobre as roupas que cada uma usaria bem como as comidas e bebidas que estariam disponíveis.
A quarta-feira que antecedia o evento era a data limite para que todas confirmassem a presença, até mesmo a aniversariante, a grande homenageada.
Foi aí que surgiu a dificuldade de uma das convidadas para chegar ao local na hora combinada. Uma das coordenadoras insistiu para que ela se esforçasse para dar uma passadinha lá assim que seu compromisso profissional terminasse.
E assim chegou o dia da querida festa. Pontualmente às 19 horas teve início a comemoração. Tudo começou com a fala de uma das coordenadoras do evento, enaltecendo a aniversariante que, em seguida, balbuciou algumas palavras de agradecimento pelo momento. Em seguida começaram a ser feitos os pedidos de bebidas destiladas, fermentadas e até sucos, bem como os tira-gostos como salgadinhos e porções de carne, batatinha e mandioca frita, por exemplo.
Após duas horas de muita conversa, bebida, comida e olhos na tela do celular alguém propôs que se cantasse os parabéns para a aniversariante. Alguém tentou sugerir que se esperasse um pouco mais pela chegada da amiga que estava no trabalho. A proposta foi atropelada pelo canto entoado pelo grupo, que acabou contagiando outras mesas do barzinho. Era visível o “grau” mais elevado de algumas das participantes.
Quando faltavam 15 minutos para o fim do evento a amiga que faltava chegou ao local, cumprimentou a aniversariante e as demais presentes. Naquela altura o clima já era de final de festa. Disse também que estava muito cansada e com fome. Pediu ao garçom uma porção de pastéis pequenos, com quatro unidades, e um refrigerante em lata.
Quando acabou de ser atendida uma das colaboradoras do evento falou – bem mais alto para superar o alarido – que a conta tinha sido fechada com a inclusão do pedido feito pela última participante a chegar. Disse, também, que tudo ficou em R$960 com a gorjeta do garçom incluída e que cada participante, menos a aniversariante, pagaria R$120 em dinheiro ou em cartão de crédito/débito.
A última participante a chegar ficou surpreendida com a forma usada para dividir a conta, mas não teve coragem de fazer objeção nenhuma. Enquanto comia o último dos quatro pasteizinhos entregou à coordenadora os R$120 da parte que lhe coube.
Porém ficou pensando que tudo ficou muito caro para ela. Ao dar uma “passadinha” na festa em função da duradoura amizade desembolsou mais dinheiro do que gostaria ou mesmo do que seria justo. Decidiu que lutará para não cair outra vez numa situação deste tipo. Será?
Você já viveu uma situação como esta? Qual foi a sua reação?