Avoroço

por Convidado 20 de agosto de 2022   Convidado

por Sérgio Marchetti

Por acaso, caros leitores, vocês conhecem um avô que mergulha na piscina com os netos, brinca como se fossem da mesma idade, dá “caldo”, faz rir e também chorar quando as crianças bebem aquela água de cloro? E um avô que vai para o parque com um carro cheio de netos de cinco a doze anos e participa de todos os brinquedos; indo da roda gigante ao trem fantasma? E que leva na sorveteria e dá gargalhadas pelo exagero que alguns “anjinhos” cometem ao servirem seus sorvetes? Um avô que conserta brinquedos, mochilas, tênis? E além disso, faz sorvetes em casa junto com os netos numa algazarra generalizada. Vocês conhecem? Também com as pipocas não é diferente. Pipocas estourando e enchendo os saquinhos para dar aparência bem profissional. Mas não é de agora, com os filhos também sempre foi assim, participativo. Jogavam, juntos, futebol e peteca. Nas férias, era o companheiro principal nas viagens para a praia e, no mar, era quem mais avançava para mergulhar e furar as ondas.

Depois, vinha o almoço com camarões; sua comida predileta.

Meu tio o apelidou de avoroço, tamanho o estardalhaço que fazia ao jogar balas de todas as cores para cima, e ver a confusão que a criançada fazia, se divertindo com as disputas para pegarem as balas. Os menores ficavam aos prantos por não conseguirem apanhar as guloseimas. Mas havia algumas surpresas guardadas para os menos favorecidos. Bombons, pirulitos e outros doces.

Diariamente, lia jornais, e durante sua longa vida de 94 anos, esteve sempre atualizado. E, falante como era, transmitia todas as notícias para a família. Gostava de serestas e, tendo espírito alegre, cantarolava as marchinhas e as canções do carnaval.

Eu disse “era”, “gostava”, “cantarolava”, no pretérito perfeito. Pois, num pretérito mais que perfeito para nós, vivera, esse avoroço, para nos alegrar. Mas “um dia tudo mudou, a vida se transformou e nossa canção também…”. O verbo mudou de tempo. Virou passado e os risos se converteram em lágrimas. Sim, ele nos deixou há um mês. Ficamos mais fracos, mais tristes e mais pobres com a sua partida. Um vazio e um silêncio mortais tomaram conta de nós. Os dias perderam a cor. Concluímos que quando uma pessoa de presença tão forte nos deixa, a dor da ausência é mais sentida. De personalidade marcante, foi um homem inteligente, exigente, destemido, protetor, pragmático e, simultaneamente, uma pessoa de extremo carinho.

Viveu com toda sua energia até o último dia. Partiu como viveu, lúcido e sem reclamar da vida. Aos poucos, nas últimas horas — assim como a lagarta se transforma em borboleta — o sono se transformou… e ele transcendeu numa paz magnifica.

Eu sabia que iria doer. E que iria fazer muita falta. Sabia sim ”…que doía tanto, uma mesa num canto, uma casa e um jardim… Naquela mesa está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim”.

Meu querido pai, Altair Marchetti, deixou um legado de integridade, honestidade, força e de valorização da família. Seus exemplos e virtudes nos servirão de guia para que nunca nos desanimemos, nem nos desviemos do caminho da honestidade, da lisura e da retidão, mesmo que para muitos isso não pareça ser valor.

Que meu pai esteja em paz e que a dor e a saudade se transformem em energia positiva para que nossos espíritos possam abraçá-lo e iluminar a sua caminhada na atual dimensão.

Obrigado por tudo!

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Lázara Borges partiu sob aplausos

por Luis Borges 15 de agosto de 2022   Pensata

Aconteceu que às 11:02 do dia 5 de agosto, uma sexta-feira, o espírito deixou o corpo de Lázara Barreto Borges, minha mãe, e partiu para outro plano espiritual, onde já está bem acolhido.

Mesmo para quem tem clareza sobre a finitude da vida e a opção pelos cuidados paliativos em contraposição a obsessão terapêutica pela cura diante do sabidamente incurável, a chegada do momento final e dos primeiros dias após o desenlace mexe bem com o nosso eixo. Aí é só o tempo que passará para dissipar a dor, que será transformada em saudades e lembranças, boas ou não, de tudo o que foi vivido.

O ritual do velório do corpo teve expressiva presença das pessoas de seu convívio cotidiano ao longo dos 79 anos em que morou em Araxá. Marcante também foram a duração do velório no modelo reduzido – 4 horas-, herança dos tempos do auge da pandemia da Covid-19, a cerimônia de encomendação da alma feita pelo diácono Valtinho e os aplausos à Lazinha no momento do fechamento da urna mortuária.

Mas o que quero relembrar e registrar aqui são alguns fatos que marcaram muito a passagem da Lazinha pela terra.

O primeiro deles é que ela era quase uma unanimidade nos ambientes em que circulava, ou seja, tinha grande aceitação. Era marcante o seu jeito doce de ser, o rosto sorridente, o batom vermelho nos lábios e a grande capacidade de ouvir a todos. Sentia-se confortável e elegante com os tipos de roupas e complementos que gostava de usar. Ela dizia que ficava chiquérrima.

Interessante lembrar a sua religiosidade, sua devoção à Nossa senhora da abadia e a Santa Luzia além da necessidade de rezar para as almas antes de dormir. Ela dizia que se não fizesse isso não teria um sono tranquilo.

Gostava de ler o jornal Correio de Araxá, do qual foi a primeira assinante, e de revistas que abordavam temas ligados à televisão, principalmente das novelas das 6, das 7 e das 9 da noite.

Lazinha também gostava muito da mídia rádio e foi com ela que comecei a ouvir, ainda bem criança. Em Araxá, ela sempre ouvia a rádio Imbiara e, quando se mudou para Belo Horizonte, onde viveu seus últimos 10 anos, ouvia alguns programas da rádio Itatiaia.

Também gostava muito de conversar, de se informar sobre os parentes e amigos. Seu time de futebol era o Galo.

Já na arte culinária, estão marcados para sempre o pé de moleque da Lazinha, feito com o amendoim moído, o arroz doce, a queijadinha, o doce de mamão e de moranga madura, o pão de queijo, a língua de boi, o frango ao molho e o cafezinho especial de todas as tardes.

Meu espaço está chegando ao fim, mas infindáveis são as lembranças e recordações que eternizam a marcante presença da sempre querida Lazinha Borges, uma grande mãe.

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Partindo da premissa de que “a política é a arte do possível” nas relações político partidárias, onde são intensas as negociações entre suas tendências e grupos, bem como as alianças com outros partidos federados ou não, fiz uma transposição para a política no convívio familiar. Pensei no grande e complexo desafio na arte de viver nesse meio que é uma organização de base na sociedade ampla em que vivemos. Foi aí que se inseriu um caso acontecido no último dia de julho no reencontro de parte de uma família de Belo Horizonte.

O fato é que essa família composta por 9 irmãos entrou no período inicial da pandemia da covid-19 rachada pela polarização política. De lá para cá, dois irmãos se finaram devido a causas não-relacionadas diretamente com o vírus, cuja disseminação ainda se combate até o momento com diversas medidas de saúde pública. A medida propondo o distanciamento social veio em boa hora para ajudar a manter cada um em seu canto. Entretanto, ao longo da pandemia a guerra da comunicação familiar prosseguiu com alguns momentos tensos pelo grupo de WhatsApp da família que, aliás, já perdeu a maior parte de seus participantes.

Como ninguém é de ferro e os seres humanos são gregários, uma sobrinha propôs um almoço de domingo, para um reencontro presencial de parte da família que se entende um pouco melhor. Dos 4 convidados, um não pôde comparecer porque tinha um compromisso inadiável na mesma data. A vontade de se encontrar após um distanciamento de dois anos e meio era tamanha que o encontro foi mantido assim mesmo.

O encontro na casa da sobrinha começou com a chegada simultânea de dois irmãos que são gêmeos acompanhados das suas respectivas esposas. Um pouco depois chegou sozinho o irmão mais novo.

Tudo transcorreu muito bem nas conversas amenas e animadas pelas narrativas que todos fizeram para contar como chegaram vivos até aquele encontro, inclusive com saúde mental. Apesar das perdas anteriores no convívio familiar, era visível o esforço de todos para tentar ouvir e falar respeitosamente uns aos outros e sem retrocessos civilizatórios.

Caminhando para o final do encontro chegou em casa um adolescente de 17 anos, filho mais velho da sobrinha anfitriã e, portanto, sobrinho-neto dos três irmãos presentes no evento. Ele falou um “oi” rapidamente para todos, sentou-se à mesa e começou rapidamente a operar a tela do telefone celular totalmente desligado do ambiente.

O tio mais novo não concorda com o manuseio das telas quando as pessoas estão reunidas à mesa para o café, almoço ou jantar. Ele é famoso na família pela rigorosa posição da qual nunca se arredou. Ele tentou chamar a atenção do sobrinho-neto no intuito de trazê-lo para as conversas com todos que estavam à mesa. O adolescente não se fez de rogado e continuou firme em seu foco na tela. Então o tio-avô, que sempre fez palestrinhas para fazer valer as suas posições, acabou de tomar um café, agradeceu a todos pela convivência respeitosa após tanto tempo e deixou rapidamente o local antes dos demais, temendo ter uma recaída nas posturas de outrora. Enquanto isso o sobrinho-neto prosseguiu firme na tela do celular.

Parafraseando os compositores Vinícius de Moraes e Baden Powell na música Samba Da Benção, feita em 1967, “A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.

Como se vê ainda é grande o desafio para que se prevaleça o respeito, a tolerância e a capacidade de dialogar entre as pessoas na plenitude dos conflitos geracionais e dos embalos da transformação digital.

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Faz tempo que estamos convivendo com o fantasma da inflação, após praticamente duas décadas e meia de estabilização econômica advinda do plano real de 1994, no governo federal do engenheiro Itamar Franco. Temos toda uma geração de brasileiros que ainda não tinha convivido com essa tamanha perda do poder de compra de bens e serviços.

Precisamos olhar bem e prestar atenção redobrada nas inúmeras sutilezas que acompanham os processos inflacionários.

O fato é que a inflação é uma garantia da perda de poder aquisitivo a começar pela incapacidade de muitas categorias de trabalhadores para conseguir repor em suas negociações salariais, pelo menos, a metade dos índices inflacionários do período negociado. Ainda assim, a carga tributária também aumenta devido a não correção da tabela do imposto de renda na fonte desde 2015.

Como existe uma forte tributação sobre o consumo dos alimentos, combustíveis, serviços de saneamento, energia elétrica, telecomunicações e transportes, fica claro que quem mais paga o pato são as camadas de mais baixa renda, que fazem parte da cada vez mais larga base da pirâmide social. Diante de tudo que está sendo falado e não falado nesse ano eleitoral polarizado, é grande o desafio para os diversos setores da economia em tentativas para mascarar a inflação na busca da minimização de seus efeitos.

Esse fenômeno é abordado pelo neologismo denominado reduflação, que segundo a enciclopédia livre Wikipedia é “o processo em que os produtos diminuem de tamanho ou quantidade, enquanto que o seu preço se mantém inalterado ou aumenta. Este efeito é consequência do aumento do nível geral dos preços dos bens, manifestado por unidade de peso ou volume, causado por inúmeros fatores, principalmente a perda do poder aquisitivo da moeda e a queda do poder de compra dos consumidores e/ou do aumento do custo dos insumos, cuja resposta da oferta é a redução do peso ou tamanho dos bens transacionados”.

Um bom exemplo foi dado por um supermercado na zona leste de Belo Horizonte que vendia uma dúzia de ovos de galinha por R$ 11,90 e agora passou a vender uma caixa com espaço para 10 unidades (dúzia de 10) pelo mesmo preço da dúzia. Será que a pesquisa para compor o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA do IBGE consegue captar essa diferença sutil? Vale lembrar que nos últimos 12 meses (julho 2021 à junho 2022) ele ficou em 11,89%.

Inúmeros outros exemplos podem ser citados para chamar a nossa atenção sobre esse fenômeno e o processo que o gera. Lembremos da comida congelada, que você comprava em quantidade suficiente para alimentar duas pessoas e que o preço ainda é o mesmo, mas a quantidade foi reduzida em 40% e até a embalagem passou por uma readequação.

Lembremos também daquele medicamento de uso diário e contínuo que a indústria farmacêutica embalava no blister contendo 30 comprimidos, que agora vem com 28 e pelo mesmo preço alto de sempre.

Que tal a lembrança das bolachas recheadas, que tiveram a quantidade reduzia de 10 para 8, bem como o próprio diâmetro, e o preço simplesmente aumentou. Assim, cada um de nós pode perceber a enorme criatividade de todos que tentam fazer algo se parecer com o que não é. Mas é no bolso que cada um, conforme seu tamanho, pode perceber o quanto já perdeu e o enorme desafio que é fazer a gestão do orçamento.

Outros aspectos da reduflação estão ligados à legislação existente sobre a obrigatoriedade de informar ao consumidor a redução da quantidade e peso dos bens durante seis meses após a alteração. Vale também lembrar que existe no país o código de defesa do consumidor há mais de três décadas.

Mas esses temas ficarão para outra pensata.

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Panela vazia na carestia

por Luis Borges 18 de julho de 2022   Pensata

As pessoas nascidas em 1954 estão completando 68 anos ao longo desses 12 meses que vão se passando. Naquele ano, a música Panela Vazia, na voz de Leny Eversong, fez muito sucesso ao mostrar a carestia reinante no país. Aliás, segundo o dicionário eletrônico Houaiss, carestia é “escassez de víveres ou de determinado produto; encarecimento do custo de vida; preço elevado, acima do valor real”.
Passado todo esse tempo, a história se repete, apesar das transformações cada vez mais aceleradas nas várias dimensões da vida que também geram muitas desigualdades.
A sensação que tenho nesse momento é que estamos passando e sobrevivendo em meio à grandes pontos de inflexão, em busca de novos rumos dentro de uma sociedade polarizada em meio a alguns pequeninos satélites.
 É chocante a desigualdade na distribuição de renda no Brasil, que nos mantém muito distantes da equidade social enquanto a realidade grita diante da fome que tem pressa.
Conforme o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, no Brasil são 33 milhões de pessoas em situação de insegurança grave, ou seja , em situação de fome. A inflação alta e persistente só faz aumentar a perda do poder aquisitivo que atinge a todos de maneira desigual, bem menos aos poucos que estão no topo da pirâmide social e extremamente mais a quem está na sua ampla base.
A carestia convive com o alto número de pessoas desempregadas (10,3 milhões), com o crescimento da quantidade de moradores de rua e com o aumento da insegurança diante saques, furtos e roubos a começar por onde tem comida.
 Enquanto isso, o endividamento das pessoas e famílias vai crescendo e alguma reserva, por ventura existente, vai sendo queimada rapidamente. No primeiro semestre desse ano foram retirados mais de 50 bilhões de reais da caderneta de poupança.
A carestia prossegue tão grande e crescente que até as solidárias doações da fase mais aguda da pandemia da covid-19 caíram assustadoramente, o que só acentua o quanto as panelas estão vazias.
Como canta Leny Eversong, “Meu Deus do céu que carestia / Falta tudo na vida hoje em dia / Falta gás no fogão, falta luz no fulhão / Falta água na pia/ Fogo apagado panela vazia / A minha situação não tá boa, não / Já não sei o que fazer…” (Confira a letra completa)
O que e como fazer, pois o trem tá feio e quanto pior, pior mesmo.

 

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por Sérgio Marchetti

Hoje, resolvi dedicar algumas horas da minha vida revendo livros, papéis e pastas com as lições de uma pessoa que me foi muita querida. Mas, antes de dar detalhes, quero compartilhar com vocês um pouco de minha história — que não é somente minha — porque ninguém realiza uma história sem ajuda de outros atores. Aqueles que pensam que fizeram tudo em carreira solo, certamente estarão sendo injustos com muitos personagens e figurantes de suas vidas.

Muitos de vocês talvez não saibam, meus sábios leitores que, paralelamente à área de Recursos Humanos, antes da Qualidade, Gestão e outras áreas, fui iniciado na oratória. A História começa quando eu, ainda jovem, ocupava a gerência de Recursos Humanos de uma empresa. Num daqueles dias, o Presidente da Empresa mandou me chamar para que eu programasse um curso intensivo de oratória para todos os gerentes de departamentos e divisões. Naquele momento, fui apresentado ao Professor que mudaria a minha vida. Com um sorriso largo e uma simpatia cativante, me agradeceu pela atenção com que o tratei.

O curso foi programado e, embora tenha me confidenciado com o Professor sobre minha timidez, ele disse que me sairia muito bem. Não nego que passei meus apertos, tive acanhamento, nervosismo, sudorese e outras manifestações de meus neurotransmissores inibitórios. Mas fui dedicado, disciplinado e, mesmo não me autoavaliando bem, ganhei a admiração do Mestre que, para minha sorte, veio trabalhar na área de comunicação da Companhia.

Como acredito que oportunidades são raras, não as desperdicei. Fui me aprimorando na oratória, criando meus métodos e cheguei a escrever Falar em Público e Comunicar… é só começar, livro autografado pelo saudoso Mestre da oratória.

O tempo passou, o acaso nos fez reencontrar em eventos comuns para colocarmos nossa conversa em dia. Depois, veio novamente a distância e, somente há cerca de uns quatro anos, recebi seu telefonema me convidando para tomar um café em sua casa. Fiquei extremamente honrado e feliz pelo convite. Foi uma prosa demorada e, na oportunidade, o Professor me falou com tristeza e pesar sobre sua viuvez. Mas ainda tinha planos e me deixou admirado pela vontade de continuar realizando seus cursos e projetos, apesar de estar com a idade avançada.

Ao sair de sua casa, nos prometemos não ficar tanto tempo sem nos falarmos. Porém, no mês passado, já há algum tempo sem notícias, antes de ligar para ele, resolvi fazer uma pesquisa sobre oratória. Aí, caros leitores, tive uma surpresa, ao me deparar com um texto, escrito há cerca de dois anos, por Reinaldo Polito, um dos mais conhecidos professores de comunicação oral do Brasil, lamentando o falecimento de seu amigo Olto Mariano dos Reis.

Não sei como não fiquei sabendo antes, mas, por isso, hoje me dediquei a rever seus trabalhos e homenageá-lo com um agradecimento eterno por ter sido um orientador, um mestre e um amigo que me proporcionou o aprendizado da arte de comunicar. E, graças a ele, como professor, sinto um enorme orgulho de ter treinado, em cursos de graduação, pós-graduação, treinamentos e orientações individuais, inclusive fora do Brasil, mais de 25 mil pessoas em oratória.

Retransmito em parte, abaixo, algumas de suas palavras no prefácio que me ofertou. E, por não saber absolutamente nada dos mistérios da transcendência, só posso enviar o meu abraço saudoso, pleno de energias para que meu amigo, aonde estiver, descanse em paz e receba todas as manifestações da minha gratidão:

“(…)O Professor Sérgio Marchetti, com larga experiência em treinamento em várias empresas e entidades é como esses bandeirantes que abrem picadas, descobrem novos caminhos, e depois voltam inúmeras vezes para rever, sentir que o mato não cresceu, não tomou conta do espaço. Assim, através de suas dificuldades, de suas experiências, ele vai nos passando conhecimentos como em um filme; prende o nosso interesse e vai estimulando a nossa imaginação(…)”

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Um senhor de 65 anos de idade, recém aposentado, tem um plano de saúde co-participativo na expectativa de não ter dor de cabeça quando precisar ser atendido em suas necessidades de assistência médica. O pior foi descobrir que seu plano também lhe causa dor de cabeça. Nesse início de julho, entrou em contato com a secretária de seu cardiologista para marcar uma consulta. O meio disponível para acesso foi o telefone celular, pois o seu preferido, o telefone fixo, foi desativado há algum tempo.
Após tentar pela 4ª vez, finalmente foi atendido e antes de mais nada reclamou da demora. O fato foi justificado pela secretária devido à sua ida a portaria do edifício resolver um problema momentâneo para o seu chefe.
Logo em seguida, o cliente disse boa tarde rapidamente e pediu para marcar uma consulta com o doutor. Quase sem esperar que a fala terminasse, a secretária disse ao cliente que a as consultas passaram a ser marcadas apenas pelo WhatsApp, através de mensagem de texto, forneceu o número e desligou logo em seguida, pelo visto, para não dar chance de nenhum questionamento. Dá até para lembrar de um ditado popular dizendo que “Manda quem pode, obedece quem tem juízo “. A respeitosa relação entre cliente e fornecedor quase sofreu um abalo. O jeito foi o cliente passar uma mensagem de texto perguntando quando haveria um horário vago para consulta.
Quase meia hora depois ele recebeu mensagem dizendo que, pelo seu plano de saúde, naquele momento, só existia vaga para o final de setembro. Pensou em perguntar sobre a possibilidade de uma consulta particular, que possivelmente existiria para o dia seguinte, mas desistiu da ideia para não estourar seu orçamento mensal.
Na sequência, o cliente enviou nova mensagem perguntando se havia vaga disponível para a terça feira, 27 de setembro, às 14 horas. Esperou mais 15 minutos e recebeu nova mensagem da secretária dizendo que terça não daria, mas que poderia deixar a consulta marcada para a quinta-feira, 29 de setembro, no mesmo horário solicitado.
Na mensagem seguinte o cliente confirmou a aceitação da agenda proposta e perguntou pela possibilidade de receber antecipadamente uma lista contendo alguns exames laboratoriais que geralmente o médico solicita. A ideia era tentar ganhar algum tempo. A secretária respondeu que só daria uma informação segura assim que o médico estivesse disponível no intervalo entre consultas.
No início da noite, o cliente recebeu a mensagem com o pedido dos exames laboratoriais a serem feitos na semana anterior à da consulta. Enquanto isso, caberá ao cliente esperar e torcer para que na data marcada o médico possa cumprir a agenda.
Fiquei pensando como que a gestão estruturada e a tecnologia da informação precisam caminhar juntas, pois os processos de trabalho devem sempre ser racionalizados, simplificados, buscando a melhoria contínua e a inovação de maneira adequada. Independente do tamanho do negócio.

Você já enfrentou alguma situação semelhante a essa que foi contada aqui? Apenas uma vez ou mais de uma?

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