Com quem passar o Natal?

por Luis Borges 22 de novembro de 2022   Pensata

O calendário da Igreja Católica estabelece que 27 de novembro de 2022 será o primeiro domingo do advento e com ele serão iniciadas as quatro semanas preparativas para o Natal. Neste ano, a festa pelo nascimento de Jesus se dará com a sociedade brasileira bastante polarizada, o que se acentuou no recente processo eleitoral e seus desdobramentos, trazendo distanciamento e rompimento entre muitas pessoas e famílias. Ainda vale lembrar que nos dois anos anteriores o Natal aconteceu em meio às medidas sanitárias, inclusive distanciamento social, determinadas para combater a disseminação da Covid-19. Aliás, nesse momento, também estamos diante da retomada do uso de máscaras em função do rápido avanço das mais novas variantes do vírus. Será que essa nova onda se encerrará antes do Natal?

Mas o fato é que na nossa cultura muito se fala que o Natal deve ser passado em família e a virada do ano com amigos. Todavia, como viabilizar isso após tantos rachas, rompimentos e profundos silenciamentos entre familiares, primos, amigos e até mesmo entre colegas de trabalho e irmãos de fé cristã? Como conciliar o espírito natalino com a intolerância e a dificuldade que muitas pessoas tem para aceitar opiniões diferentes?

Isso é o que está posto na conjuntura e será necessário muito diálogo e compreensão para juntar os cacos entre os que ainda sentem falta dos que estão afastados, distantes sem dar sinais de um possível reatamento. Para isso é preciso querer, mas o bloqueio, por parte de muitos, é permeado pelo ódio, a intolerância e o desrespeito, que é mais uma negação da sociedade civilizada em que imaginamos viver no regime democrático.

Nesse sentido, são muitos os relatos de verdadeiros “barracos” em família, gerando constrangimentos e posturas envergonhadas… mas o desafio é a mudança do clima para que as pessoas se reaproximem em nome do espírito natalino. Será que vai dar tempo? Ou o jeito será admitir que nem todos passarão o natal em família. Até quando, ainda que em nome da sobrevivência?

Buscando conhecer para melhor compreender o que se passa nas relações familiares e as expectativas de qualidade nas relações entre seus membros, vou citar o que disse a psicóloga Márcia Almeida Batista, diretora da clínica psicológica da PUC-SP, em recente entrevista ao UOL. “A polarização política tem intensificado conflitos familiares (…) Temos uma fantasia de que só porque somos da mesma família queremos as mesmas coisas, o que não é verdade. Podemos ter visões diferentes (…) Quando tem um clima de polarização e disputa na sociedade, isso gera reverberações dentro de todas as instituições, como escola, empresas e, inclusive, na família (…) A questão não está em expor o conflito, mas sim no modo como a gente vai mostrá-lo para o outro.”

Enquanto isso, o natal se aproxima e nós vamos fazendo nossas escolhas. Com quantos e quais, mesmo assim, passaremos o natal em família? Na casa de quem?

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Passados 15 dias da proclamação dos eleitos para a Presidência (Lula) e Vice-Presidência (Alckmin) da República, um tema que mexe com a atenção de quem acompanha a cena política é a designação dos membros da equipe que está fazendo a transição para o futuro governo.

Partindo da premissa de que a política é a arte do possível, e que ela conta com o diálogo entre as partes envolvidas, fico imaginando a quantas andam as conversas e as articulações na coalizão dos 14 partidos que estão alinhados com o Presidente eleito. Na pauta estão temas como responsabilidade fiscal, teto de gastos, bolsa família, revisão da reforma trabalhista, reforma tributária, correção da tabela do imposto de renda, subsídio à merenda escolar, reajuste dos salários dos servidores do poder executivo, proteção ao meio ambiente…

Será necessário ter muita inspiração, transpiração e priorização para se chegar a um generoso consenso definidor da unidade de ação para colocar em movimento a gestão do novo mandatário eleito democraticamente. O posicionamento e o reposicionamento estratégico serão um desafio permanente. Aqui vale a lembrança do engenheiro Leonel de Moura Brizola dizendo que “quanto maior a frente, menor o programa”. Agora vejo na mídia, por exemplo, que existem petistas incomodados com a chegada cada vez maior de pessoas ligadas ao vice-presidente à equipe de transição coordenada por ele. E olha que ainda existem diversas possibilidades de se convidar especialistas para contribuir com o trabalho de modo voluntário. É claro que isso traz visibilidade e amplia as possibilidades de um voluntário participar da futura equipe de governo.

Observando & analisando tudo isso, me veio à lembrança a música Os Alquimistas Estão Chegando, feita pelo cantor e compositor Jorge Ben Jor em 1974. Ela se encaixa muito bem na conjuntura atual. De quebra ela traz a palavra alquimia que, segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa, é “a química da Idade Média, que procurava descobrir a panaceia universal, ou remédio contra todos os males físicos e morais, e a pedra filosofal, que deveria transformar os metais em ouro; espagiria, espagírica”.

Veja a letra e ouça a música na voz de Jorge Bem Jor :

Os alquimistas

Estão chegando

Estão chegando

Os alquimistas

Eles são discretos

E silenciosos

Moram bem longe dos homens

Escolhem com carinho

A hora e o tempo

Do seu precioso trabalho

São pacientes, assíduos

E perseverantes

Executam

Segundo as regras herméticas

Desde a trituração, a fixação

A destilação e a coagulação

Trazem consigo, cadinhos

Vasos de vidro

Potes de louça

Todos bem e iluminados

Evitam qualquer relação

Com pessoas

De temperamento sórdido

De temperamento sórdido

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Finados e finitude

por Luis Borges 7 de novembro de 2022   Pensata

Esta pensata foi escrita na manhã da quarta-feira 2 de novembro, dia de finados, em meio a muita introspecção e lembranças de tanta gente que partiu, a começar pelos familiares.

Finados traz sempre mais uma oportunidade para a reflexão daqueles que querem levar em consideração a finitude da vida e outros temas a ela associados. Se consultarmos o site Cerejeiras, veremos que “Finados” nos leva ao verbo “finar”, que vem do latim “finis” ou seja: acabar, finalizar, encerrar. O significado gramatical de finados seria então algo que finou, findou, acabou, morreu.

Mas porque se preocupar muito ou pouco com os aspectos ligados à duração da vida, ao seu fim e ao que virá depois da morte?

Como será que foi o tempo antes do início da vida? Ou, simplesmente, de onde viemos e para onde vamos? De qualquer maneira, com ou sem explicações satisfatórias, vale lembrar que na cultura dos povos, a começar pelos cristãos, os mortos são rememorados desde o século I depois de Cristo. Já no ano 998 (século X), foi criado na França o Dia de Finados, em 2 de novembro, na sequência do Dia de Todos os Santos, e a partir do século XI a igreja católica reforçou a necessidade da existência de um dia para se lembrar de todos os mortos.

No Brasil, a Lei nº 10.607 de 19 de dezembro de 2002 foi sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso estabelecendo como feriado nacional o dia dos finados.

Conforme o dia da semana, dá até para emendar com feriado específico que comemora o dia dos servidores públicos da União Federal, Estados e Municípios. Nesse ano, vários foram os casos em que o feriado do dia 28 de outubro foi transferido para o dia 31 e emendado com o dia 01, que se somou ao dia 2, e tudo só voltou ao normal na quinta-feira dia 3, após 5 dias de descanso. No Brasil, uma parte expressiva da população passa o dia um pouco mais introspectiva lembrando os finados entes queridos.

Para muitos faz parte do ritual uma visita aos cemitérios, a colocação de flores nos túmulos, acendimento de velas e as preces pelas almas.

No meu caso específico, a partir do século XXI, passo o dia de finados em casa, portanto não vou mais a cemitérios nessa data.

Minha memória fica sempre muito aguçada nesse dia ao me lembrar de tanta gente querida que partiu para o outro plano espiritual em diferentes idades e circunstâncias. Ainda agora estou saindo do luto pela partida de minha mãe Lazinha, há quase três meses. Enquanto morou em Araxá, ela sempre levava flores para homenagear e enfeitar os túmulos de sua mãe e sua sogra, as duas Anas minhas avós, cujos corpos foram sepultados no cemitério das Paineiras. Ao pensamento também vem o meu pai Gaspar Borges, que foi embora há 10 anos, o sogro Lalado, que embarcou há 12 anos, a tia Landinha, que nos deixou há 25 anos, e a sogra Violanta, que foi embora tão cedo, há exatos 27 anos. É claro que são inúmeras as lembranças e saudades de tantas outras pessoas cujos nomes ocuparia um enorme espaço nesse texto, mas sempre serão lembradas em função do convívio que tivemos.

Por último, fiquei também pensando ao longo do dia sobre os velórios dos corpos enquanto ritual de passagem desse plano para o outro, a duração do próprio velório, que foi bastante reduzida após a pandemia da covid-19, o sepultamento dos corpos ou a sua cremação. Enfim, cheguei a pensar na minha própria finitude, mas acabei afastando do pensamento um pouco depois de seu início ao me lembrar que estou sem pressa. Entretanto, espero ter o merecimento de partir subitamente quando chegar a minha hora. Que assim seja!

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Quando foi que isso começou?

por Convidado 4 de novembro de 2022   Convidado

*por Sérgio Marchetti

Não quero ser pessimista, meus caros (e)leitores, mas tenho a impressão de que estamos testemunhando um dos piores momentos de nossa história política. Aqui, nesta terra descoberta por Cabral, há uma guerra psicológica gerada pela disputa de poder que tem por inspiração (apenas por inspiração) o famoso “Manifesto Comunista, no qual Marx e Engels afirmam que “a história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes”. Pena que mais de 90 por cento das pessoas desconheçam tal teoria. Porém, ainda assim, e não por acaso, servem ao objetivo dos que pretendem alçar voo rumo ao pódio. No aqui e no agora há exageros e jogos de interesses dos dois lados. Mas, sendo justo, a hipocrisia dos que não governam extrapolou os limites, inclusive voltando ao tempo das censuras, que tanto queremos esquecer. E a parcialidade prejudica a já abalada confiança das pessoas. Imaginem um jogo entre Brasil e Argentina cujos árbitros sejam torcedores da Seleção Argentina e fãs de Maradona…

Descobrimos que o poder é uma doença maldita e que George Orwell foi magnificamente brilhante ao escrever a Revolução dos Bichos. A América do Sul sobreviveu à ditadura militar, mas, numa análise crítica constatada pela mídia mundial, com a ideologia atual, sua destruição será iminente. Os bichos de Orwell são mais deslumbrados, desleais, inescrupulosos e desonestos do que os antigos donos da fazenda.

Recorrendo um pouco ao passado, como fuga para deixar o cérebro esfriar, quando ouço pessoas que viveram na década de 1950 dizerem que foi o melhor momento do mundo — não por acaso denominado de anos dourados —, me ponho a lembrar de minha infância e percebo que provavelmente tenha sido o melhor tempo para se viver. Era o pós-guerra. Buscava-se a recuperação do ser humano e a tentativa de viver em paz. O mundo tornava a começar e trazia em sua bagagem um propósito de ser feliz. Prevaleciam as reuniões de família, amigos, vizinhos, empregos duradouros…

O relógio girou. Estávamos na década de 1960 — era criança, mas daquela posso falar. As pessoas eram mais humanas. Minha casa no interior nunca ficou fechada à chave durante o dia. Mas o mundo mudou, e como uma enchente carregou nossa tranquilidade e segurança para muito distante.

O período do “para sempre” havia se encerrado. Na terra do pau-brasil a geração X experimentava tempos cinzentos e aplaudia a riqueza rebelde da música brasileira. Continuamos “caminhando e cantando e seguindo a canção…” mas a ilusão de sermos iguais se findou.

De volta ao mundo real, a desigualdade aumentou e vieram novos dias e novas doenças, sobretudo as psicológicas. A vida perdeu o seu valor. O futuro agia na surdina e nos preparava a maior mudança que os seres vivos já presenciaram. Os bens não seriam duráveis como antes. Vieram as gerações Y e Z e a desumanização se acelerou e, embora na teoria trocássemos os chefes por líderes, o distanciamento hierárquico e a pressão por resultados só aumentaram.

Caminhando mais um pouco, a palavra “conectados” se tornou sinônimo de pessoa desenvolvida, atualizada. Muitos perderam suas “faculdades” mentais ao desvalorizarem o ensino universitário. Mas nada de emoção. Apenas prazer. Somos razão — pensam os desavisados. Aristipo está de volta, mas certamente seus adeptos ainda não o conhecem. E, tudo isso, provavelmente fez tremer até a um Daniel Goleman.

Os antigos valores, lamentavelmente, se tornaram obsoletos. A palavra honestidade, que tem origem no latim honos e remete para dignidade e honra, não encontra respaldo na sociedade atual. Os fins justificam os meios escusos para se chegar ao poder.

Acredito que estejamos vivendo a era do desamor. Falta respeito, afeto e carinho. Notadamente, o esforço para destruir os antigos costumes tem sido cada vez maior e com mais seguidores.

Registrem para não esquecer: ”haverá choro e ranger de dentes”.

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Completei 68 anos de idade no dia 24 de outubro com a mente povoada por lembranças, reflexões e pensamentos sobre o que foi, o que é e o que poderá ser a minha passagem pelo planeta Terra. Meu propósito é sempre buscar a melhoria contínua do meu modo de ser, viver e conviver de maneira civilizada, respeitosa e sem retrocessos, ainda mais na fase idosa da vida.

Fui buscar em algumas músicas que cultivo há décadas, e continuarei cultivando, um pouco mais de inspiração para embalar esse instante específico do curso da vida.

Foi assim que senti firmeza e consistência na música O que foi feito devera (1978) de Milton Nascimento, Márcio Borges e Fernando Brant ao dizer que “Se muito vale o já feito, mais vale o que será. E o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir”.

Não posso negar, ignorar ou esquecer o passado, mas olhá-lo como forma de aprender com erros e acertos que me trouxeram até o presente momento. É a partir dele que posso encarar e projetar, com planejamento e gestão, o que poderão vir a ser alguns cenários depois dos 68 anos.

Por outro lado, como sou consciente da finitude da vida, com todas as suas condições de contorno e riscos associados, sei que a paisagem seguirá em permanente mudança enquanto o tempo passa indelével. A propósito disso, fui buscar na música Ouro de Tolo (1973) de Raul Seixas um alerta quando ele diz que “Eu é que não me sento no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”.

E por isso mesmo que não dá para se contentar com a mera condição de aposentado, ainda que com determinados graus de alguma piora das condições funcionais que nos exigem adaptações e adequações no modo de vida. É claro que sei que cada caso é um caso na sociedade brasileira, marcada por extrema desigualdade e enorme concentração de renda nas mãos de poucos.

Interessante é quando os pensamentos se voltam para o futuro com diferentes projeções de distâncias. Prevalece o princípio da incerteza com o contorno das várias variáveis que nos instigam. Mas o importante é não nos sentirmos vencidos na plena consciência dos desafios que precisam ser vencidos a cada dia, mas um de cada vez e com muita resiliência. Até me vem a imagem do bambu, que enverga, mas não quebra. Nesse ponto, são estimuladores e fortalecedores os versos do cantor e compositor Geraldo Vandré na música O Plantador (1968) ao dizerem que “Quanto mais eu ando, mais vejo estrada. E se não caminho, não sou nada”.

Prosseguirei em meu realismo esperançoso…

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Vencendo o cliente pelo cansaço

por Luis Borges 24 de outubro de 2022   Pensata

A relação entre clientes e fornecedores é sempre colocada à prova no processo que envolve o atendimento às necessidades e expectativas que as pessoas tem em relação aos produtos (bens e serviços por elas demandados).

É importante lembrar que as pessoas podem estar no papel de clientes ou de fornecedores conforme a situação em cada caso. Não nos esqueçamos que o cliente tem em suas expectativas que tudo seja fornecido segundo a qualidade especificada, preço negociado e que o atendimento seja marcado pelo cumprimento do prazo de entrega e demais condições estabelecidas.

Sabemos que o código de defesa do Consumidor está em vigência no país desde setembro de 1990. Posteriormente, a lei estabeleceu que o consumidor pode cancelar a compra de um produto, do qual não tenha gostado, até sete dias após o seu recebimento e que em caso de defeito a troca deve ocorrer em até 90 dias.

Entretanto, até hoje são registrados casos e mais casos em que o consumidor não é tratado como cliente, muitas vezes é desrespeitado quando reclama e tem sua paciência testada durante o penoso processo para fazer prevalecer os seus direitos previstos na lei.

Algo nesse sentido aconteceu com um cliente que desejava comprar um par de tênis masculino de número 45 no padrão brasileiro. Por não encontrar com facilidade essa modalidade no comércio varejista de sua cidade, ele resolveu fazer uma compra diretamente da fábrica, mais especificamente no site em que suas vendas são centralizadas. Fisicamente, a fábrica fica no estado de São Paulo.

A saga começou no primeiro contato, o qual imaginava que seria o único para resolver a sua necessidade. A compra caminhou normalmente no passo a passo até chegar à forma de pagamento. Quando ia ser digitado que a opção era pagar por meio de boleto bancário já apareceu na tela que seria via Pix. Logo ele, que sequer tem Pix. O jeito foi cancelar aquele processo de compra e reiniciar outro no qual conseguiu cravar rapidamente a opção pelo boleto.

Após dois dias do evento, a empresa ainda enviou mensagens conclamando o cliente para concluir a compra.

Logo começaram a chegar os avisos sobre a conclusão de cada etapa do processo, tais como a separação do produto (bem), embalagem, envio para transportadora e entrega no endereço indicado. Isso aconteceu quatro dias antes do prazo estabelecido.

Algum tempo depois da entrega, por sinal alguns dias antes do prazo estabelecido, o cliente foi felizinho conferir a mercadoria, mas ficou decepcionado, quase infeliz. O par de tênis enviado tinha o número 43 e veio numa embalagem etiquetada com o número 45, que foi o solicitado na compra.

Assim que tomou um fôlego, o cliente entrou em contato com a fábrica pelo site de compras e foi direcionado para fazer sua reclamação sobre a não conformidade pelo CHAT. Começou aí uma longa agonia de 2 horas. O primeiro desafio foi ajudar o atendente a localizar o pedido de compra, mostrar que houve uma falha e que deveria ocorrer uma ação corretiva. Várias perguntas começaram a ser feitas de maneira inquisitorial, dando sinais de que haveria muita enrolação para não resolver o problema. A todo instante o atendente pedia um momento e sumia da conversa. Quando insistentemente chamado, pedia desculpas pela demora e justificava como causa a lentidão do sistema. Enquanto isso o tempo passava, como é da sua própria natureza.

Nesse vai da valsa, chegou o momento em que o atendente solicitou que o cliente apresentasse uma evidência objetiva da falha. Sugeriu que fosse enviada uma fotografia do par de tênis focando no número 43 e outra mostrando a embalagem. Nesse momento o cliente perdeu a paciência, que estava por um fio, o seu sangue ferveu e ele encerrou a conversa finalizando a desistência da reclamação. Mesmo consciente que estava realizando um prejuízo, o cliente se esqueceu que o impulso caminha na contramão da estratégia. Para ele, ficou claro que o fornecedor não queria fazer a troca e o venceu pelo cansaço, mas o perderá para sempre.

E você caro leitor? Já viveu alguma situação semelhante ?

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O telefone ficou mudo outra vez

por Luis Borges 17 de outubro de 2022   Pensata

Nenhum dia é como o anterior no passar do tempo, mas algumas coisas podem acabar por se repetir, principalmente quando se trata da prestação de serviços. Foi o que aconteceu em minha residência por volta das 9h do sábado, 8 de outubro. O telefone fixo simplesmente ficou mudo e arrastou com ele a internet e a TV a cabo.

Tudo voltou a funcionar, ou seja, o serviço voltou a ser prestado pela operadora lá pelas 16h.

Quando reclamei da indisponibilidade dos serviços, a operadora informou que havia problemas técnicos na minha região, sempre eles, e que a solução estava programada para ocorrer até o final da tarde.

Se a prestação do serviço não fosse retomada até aquele momento, o procedimento a ser feito consistiria em desligar o equipamento da tomada de energia elétrica, deixá-lo desligado durante 10 segundos e religá-lo em seguida. Isso acabou não sendo necessário porque o serviço foi normalizado antes do tempo estimado.

No dia seguinte, domingo pela manhã, o telefone e demais partes do sistema (combo) ficaram indisponíveis de 7h às 11h, enquanto a previsão de retorno era para as 14h30. Os contatos com o serviço de atendimento ao cliente foram feitos por chamada de voz através do telefone celular.

É importante registrar que problemas dessa natureza já ocorreram outras cinco vezes ao longo desse ano, sendo que a pior delas foi durante a chuvarada de janeiro, ocasião em que o telefone ficou mudo durante 4 dias conforme postei aqui no blog.

Vale a pena lembrar nesse momento a quantas anda a utilização da telefonia fixa pelo país a fora. Segundo o site Teleco – Inteligência em Telecomunicação, existiam 27,5 milhões de telefones fixos em operação no Brasil no mês de agosto desse ano. Esse número era de 45 milhões em 2014, no auge dos sistemas de telefonia fixa, mas em novembro de 2021 já tinha caído para 28,9 milhões. Estima-se entre os especialistas do setor que esse número chegará a 20 milhões no final de 2026.  Enquanto isso, o número de telefones celulares chegou a 262,5 milhões em agosto, ao mesmo tempo em que a geração 5G vai avançando pelo país e a 6G dá seus sinais de aproximação.

Em função desses números podemos nos lembrar, sem muito esforço, de quantas pessoas próximas de nós “demitiram” o telefone fixo nesses últimos tempos.

Diante dessas constatações, é importante dar uma ida até a parede da memória para observar a telefonia brasileira nos últimos 50 anos (1972- 2022). Na primeira metade desse período, o telefone fixo era um investimento, a Telemig vendia uma linha no plano de expansão em 36 parcelas mensais, muitos proprietários alugavam suas linhas telefônicas, residenciais ou comerciais, e o Telefone Público (TP), o popular “orelhão”, era muito útil, mas também muito depredado…

Voltando para o presente, constato que a operadora do meu telefone fixo seguirá insistindo para que eu mude o quanto antes para a fibra óptica, o telefone ficará mudo outras vezes e o período em que ele ficar indisponível não será deduzido da conta mensal, mesmo diante das solicitações feitas. Ainda assim, o telefone fixo continua firme, mesmo minguando dia após dia. Até quando?

E você, ainda possui um telefone fixo ou ele já está com os dias contados?

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