A viagem que virou uma saga

por Luis Borges 5 de setembro de 2023   Pensata

Segundo o dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, Saga é uma sequência de acontecimentos fecunda em incidentes, conforme um dos seus verbetes. Foi o que aconteceu com um mineiro de 64 anos, residente em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, que possui uma propriedade rural de grande porte no Sul do Estado de Goiás. O seu negócio é a soja, destinada à exportação. Tudo é feito em conformidade com a sustentabilidade ambiental.

A cada 30 dias, o proprietário vai à sede do seu empreendimento onde permanece em torno de 7 dias verificando a conformidade da gestão dos processos operacionais, o andamento das metas e as ações corretivas que se fizerem necessárias. Ele faz também contatos com fornecedores, clientes e outros proprietários de empreendimentos na região.

Desde que entrou nesse negócio, tem sido bem complicada a logística para ir até a propriedade e retornar a Nova Lima. Exemplificam bem isso os acontecimentos da visita ocorrida em meados do mês de julho.

Tudo começou na ida de Belo Horizonte para Goiânia, quando foi marcado um voo para as 17h30. Ele saiu de casa em Nova Lima um pouco antes das 15h, com a meta de chegar ao aeroporto de Confins com 1h15 de antecedência em relação à decolagem da aeronave. Afinal de contas, a empresa aérea só recebe as malas para quem paga pelo despacho de bagagem até 60 minutos antes da hora marcada para o início da viagem. Entretanto, foi surpreendido no guichê ao ser informado do cancelamento do seu voo e a sua inclusão no próximo, previsto para 21h50. Um detalhe: a passagem de ida, com o despacho de uma mala custando R$ 1.800,00 e a de volta, 10 dias depois, ao preço de R$ 1.300,00.

Quando o avião pousou em Goiânia no meio da pista do aeroporto, bem distante do local clássico de desembarque, quase todos os passageiros se levantaram para sair rapidamente da aeronave. Imediatamente, o comandante solicitou pelo alto-falante que todos os passageiros deveriam ficar sentados em seus lugares. Isso porque agentes da Polícia Federal entrariam na aeronave para identificar dois passageiros que estavam sendo procurados. Os nomes foram anunciados no autofalante com o pedido para que se apresentassem espontaneamente. Como ninguém se manifestou, dois agentes começaram a verificar o documento de identidade de todos que estavam a bordo, até que na 8ª fila uma passageira se identificou e já ficou detida.

Os passageiros que não faziam parte do alvo da operação começaram a desembarcar enquanto os agentes avançavam pela aeronave até encontrar o outro procurado.

Após chegar no saguão do aeroporto, poucos minutos antes da meia-noite, o fazendeiro foi buscar o veículo reservado na locadora e teve mais uma pedra inesperada no caminhar do dia. A sua reserva havia caído no sistema e não havia disponibilidade do modelo de veículo de sua preferência. O jeito foi pegar e aceitar o que tinha lá e partir imediatamente para o sul de Goiás e chegar ao município onde fica sua propriedade por volta das 5 horas da madrugada. Foi a conta de se preparar para o primeiro compromisso de sua jornada marcada às 9h daquela manhã.

Como podemos ver, essa viagem tornou-se uma saga mesmo com todo o planejamento. O que prevalece é o desrespeito ao cliente da empresa aérea que, além de cobrar altos preços, ainda não cumpre do que foi combinado com os passageiros, a começar pelo cancelamento de um voo, por exemplo.

E você, caro leitor, já passou por perrengues desse tipo? Reclama ou fica por isso mesmo?

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 28 de agosto de 2023   Curtas e curtinhas

Mais vagas para cursos de medicina

A Secretaria de Educação Superior – Sesu, do Ministério da Educação – MEC, enviou ofício circular às universidades federais pedindo que elas avaliem com urgência a ampliação do número de vagas ofertadas e a abertura de novos cursos de medicina.

A medida foi criticada pela Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades – Abrafi, uma das principais entidades de representação do ensino superior privado.

A avaliação é de que o Governo Federal vai inviabilizar a abertura de novas vagas em instituições pagas.

É o capitalismo sem riscos, buscando garantir uma reserva de mercado ao se sentir ameaçado diante da possibilidade do aumento de vagas no ensino público gratuito.

Aguardemos o desfecho do caso.

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO 2024 

O Poder Legislativo da União Federal, Estados e Municípios precisa aprovar até 31 de agosto de cada ano a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO enviada pelo Poder Executivo com os parâmetros para a elaboração do orçamento do ano seguinte.

Em Araxá, por exemplo, a Câmara Municipal fez uma reunião extraordinária no dia 21 de agosto e aprovou a LDO (Projeto de Lei 46/2023), que prevê uma arrecadação de R$ 792 milhões para o Município em 2024. Vale lembrar que em 2023 a arrecadação esperada é de R$ 720 milhões.

Pelo visto, está difícil de se alcançar essa meta, mas é preciso conhecer as causas fundamentais desta dificuldade.

Agora é aguardar o projeto da Lei Orçamentária Anual de 2024, a ser enviado pelo Poder Executivo.

Os imóveis do patrimônio da União Federal

O Governo Federal e o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Administração – Consad estão lançando a Rede Nacional de Patrimônio Público na expectativa de melhorar a gestão dos imóveis que pertencem a União, Estados e Municípios.

Fala-se, atualmente, que a União possui mais de 700 mil imóveis, dos quais 10 mil estão desocupados, sem manutenção adequada e correndo risco permanente de invasão.

Segundo dados do Tribunal de Contas da União – TCU, os gastos anuais com aluguéis no âmbito da estrutura dos órgãos da administração Federal são de R$ 1,6 bilhão e mais R$ 180 milhões são despendidos com o pagamento de taxas de condomínio.

Ainda segundo o TCU, o valor total dos bens imóveis em poder da União é de R$ 1,36 trilhão e chama atenção a depreciação desses bens, que está em R$ 18 bilhões por ano.

O equilíbrio das contas públicas é um desafio permanente

O Arcabouço Fiscal foi aprovado pelo Congresso Nacional para substituir o teto de gastos. Agora, a discussão da Reforma Tributária prossegue no Senado, mas o grande desafio para os gestores públicos continua sendo a gestão do que se arrecada e do que se gasta. Nesse momento, não dá para aumentar a já alta carga tributária e a economia ainda está longe de um crescimento pujante diante das necessidades do país.

Olhando para a arrecadação de Estados e Municípios, é possível verificar que nem tudo são flores. Cerca de 51% dos municípios mineiros afirmaram que estão com a arrecadação de janeiro a julho desse ano menor que o projetado no oçamento. O Estado de Minas Gerais arrecadou no mesmo período R$ 63,964 bilhões ante R$ 68,090 bilhões em igual período do ano passado em valores nominais. Já o município de Araxá, por exemplo, recebeu pela transferência de sua participação no ICMS, IPI e IPVA R$ 142,564 milhões nos 7 meses desse ano ante R$ 173,853 milhões em igual período do ano passado.

Aguardemos para ver como os gestores públicos farão para fechar o ano. Qual será a diferença entre o orçado e o realizado?

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A Linha caiu

por Luis Borges 22 de agosto de 2023   Pensata

Por volta das 8 horas e 20 minutos da terça-feira, 15 de agosto, feriado municipal em Araxá, Belo Horizonte e Belém, teve início um apagão no sistema integrado de energia elétrica do Brasil. Após 6 horas, todas as partes tinham voltado à normalidade.

Estima-se que 30 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica em 25 estados e no Distrito Federal. O estado de Roraima não foi afetado por estar fora do sistema integrado nacional. Agora, o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL e o Ministério de Minas e Energia – MME buscam as causas das falhas que levaram o sistema a se proteger com a redução de 25% da carga.

Quantas vezes algo semelhante aconteceu em diferentes magnitudes nos últimos 25 anos? Um ponto para reflexão que esse último apagão da energia elétrica nos enseja é sobre a confiabilidade dos variados sistemas a que estamos submetidos no dia a dia.

Partindo da premissa de que sistema é um conjunto de partes interligadas, cada qual com inúmeros processos, atividades e tarefas, o que e como fazer quando a linha cai e ficamos fora do ar?

Imediatamente só nos resta constatar que o sistema caiu deixando a expectativa esperançosa de que ele poderia voltar a qualquer momento, de preferência o quanto antes. Mas nada impede a geração de uma enorme ansiedade entre os usuários em decorrência da falha acontecida. Isso não impede que alguns digam que a tecnologia só é boa quando funciona e que outros comecem a discursar sobre a inteligência artificial, por exemplo.

O fato é que, quando a linha e o sistema caem, só nos resta saber que a tecnologia não funciona infinitamente por si só. Ela também precisa de gestão estruturada e planos alternativos para enfrentar os apagões de qualquer natureza. Vale lembrar que a gestão do risco faz parte do jogo e que devemos estar preparados para fazer a análise do modo e efeito de falhas. Como escreveu Guimarães Rosa “viver é perigoso ” e o ditado popular afirma que “a vida é um risco”.

Para ilustrar, podemos nos lembrar do caso de uma empresa aérea, cujo piloto sentiu-se mal no trajeto de um voo de Miami para Santiago do Chile, dia 14 de agosto, com 271 passageiros a bordo. Mas diante da emergência o piloto foi autorizado a entrar no espaço aéreo do Panamá e conseguiu pousar no Aeroporto Internacional do país. Imediatamente, teve início o atendimento ao piloto que morreu pouco tempo depois. Pensemos na finitude.

Cada um de nós tem muitos exemplos e casos para mostrar algo que não funcionou, a solução que foi dada e em quanto tempo. Sempre aparece alguém para dizer que “o que não tem remédio, remediado está”. Conformados ou inconformados, acabamos ficando numa encruzilhada e precisando tomar uma decisão perante as falhas que surgem mesmo diante das altíssimas tecnologias. Imaginemos o caso do telefone celular, esse dispositivo tecnológico que se tornou uma extensão, apêndice do corpo humano. Se o WhatsApp apresenta instabilidade ou até sai do ar por algum tempo, como ficam as vidas associadas a ele. E no sistema bancário, no bloco cirúrgico de um hospital, no transporte por metrô, no trânsito das cidades…?

Enfim, o jeito é prosseguir pensando que a confiabilidade não é absoluta, que probabilidades existem e que a tecnologia deve ser usada de maneira equilibrada…

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De vez em quando é bom dar uma parada no tempo presente, que caminha indelével, e buscar na parede da memória algo marcante de um determinado momento.

Foi assim que passei o dia 5 de agosto, com a lembrança viva do mesmo dia, há 50 anos, portanto em 1973, quando cheguei num domingo a Belo Horizonte para morar, estudar, trabalhar, viver.

Eu estava com 18 anos e já tinha vivido 16 anos em Araxá – querida terra natal – e dois anos em Uberaba.

Após enfrentar as perdas irreversíveis decorrentes de um erro médico que me levaram a um glaucoma cortisônico em ambos os olhos, o ponto de inflexão resultou na decisão de prosseguir a vida em Belo Horizonte, de comum acordo com meus pais e apoio deles em todas as dimensões, inclusive a financeira.

Agora que estou a relembrar a chegada a BH, a memória registra mais um dos anos de Chumbo da Ditadura Militar com todos os seus horrores – prisões arbitrárias, torturas, mortes, desaparecimentos de pessoas… A imprensa estava sob censura prévia, bem como os bens culturais produzidos. O milagre econômico brasileiro estava no ápice naquele ano com o Produto Interno Bruto – PIB crescendo 14% e a inflação a 15,6% ao ano.

Meu ponto aqui é lembrar que cada época tem a sua sonoridade musical, e por isso mesmo vou citar 4 músicas, que fizeram muito sucesso em 1973, em meio a tantas outras, que ouvi muito e ainda ouço até hoje, mesmo após 50 anos do surgimento delas. A primeira é Comportamento Geral, música de Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, dizendo que “Você deve notar que não tem mais tutu /E dizer que não está preocupado / Você deve lutar pela xepa da feira / E dizer que está recompensado/ Você deve estampar sempre um ar de alegria / E dizer: tudo tem melhorado / Você deve rezar pelo bem do patrão / E esquecer que está desempregado / Você merece, você merece / Tudo vai bem, tudo legal / Cerveja, samba, e amanhã, Seu Zé / Se acabarem teu carnaval?… Você deve aprender a baixar a cabeça / E dizer sempre muito obrigado / São palavras que ainda te deixam dizer / Por ser homem bem disciplinado”.

 

Também é sempre marcante a música Ouro de Tolo de Raul Seixas, considerada de estilo inovador no panorama da música popular brasileira – MPB. Raulzito instigava as mentes cantando ” É você olhar no espelho / Se sentir um grandessíssimo idiota / Saber que é humano, ridículo, limitado / Que só usa 10% de sua cabeça animal / E você ainda acredita / Que é um doutor, padre ou policial / Que está contribuindo com sua parte / Para o nosso belo quadro social / Eu é que não me sento / No trono de um apartamento / Com a boca escancarada, cheia de dentes / Esperando a morte chegar / Porque longe das cercas embandeiradas / Que separam quintais / No cume calmo do meu olho que vê / Assenta a sombra sonora dum disco voador”.

 

Duas músicas do grupo Secos e Molhados, cantadas por Ney Matogrosso, completam minha lista. Uma é Sangue latino, música de Joao Ricardo e Paulo Roberto dizendo que “Jurei mentiras e sigo sozinho / Assumo os pecados / Os ventos do norte não movem moinhos… Rompi tratados, traí os ritos / Quebrei a lança, lancei no espaço / Um grito, um desabafo / E o que me importa é não estar vencido / Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos / Meu sangue latino / Minh’alma cativa”.

 

A outra é Rosa de Hiroshima de Gerson Conrad e Vinícius de Moraes entoando que “Pensem nas crianças mudas, telepáticas / Pensem nas meninas cegas, inexatas / Pensem nas mulheres, rotas alteradas / Pensem nas feridas como rosas cálidas / Mas, oh, não se esqueçam da rosa, da rosa / Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária / A rosa radioativa, estúpida e inválida / A rosa com cirrose, a anti-rosa atômica / Sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada” e assim vou mantendo um pequeníssimo registro na parede da memória musical que já tem 50 anos (1973 – 2023…) em Belo Horizonte.

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Lutar por uma moradia digna, dela cuidar e buscar a melhoria contínua do “nosso cantinho” faz parte, ou deveria fazer, de nossos sonhos, propósitos, objetivos e metas. Atingir uma meta estabelecida de maneira fundamentada, sem delírios, é sempre um grande desafio, porém possível de ser alcançada.

Nesse sentido, vejamos o caso de um casal de operadores do mercado financeiro que vive junto há 15 anos. Ao longo desse período eles residiram num apartamento com área de 100 m² no último andar de um edifício de três andares (4 unidades por andar) num bairro da zona sul de Belo Horizonte. O detalhe é que o acesso aos apartamentos só é feito por escadas e nem todos eles têm direito a uma vaga de garagem, inclusive o deles.

Após 5 anos morando no local, o casal começou a sentir o desafio de subir e descer escadas todos os dias, quase sempre carregando alguma coisa, além de uma bolsa ou um dispositivo tecnológico. Eles já estavam na metade da faixa dos 50 anos de idade e já pensando sobre como fazer diante do avanço dos anos num futuro cada dia mais próximo.

Então estabeleceram a meta e as medidas de um plano de ação para viabilizar um apartamento com elevadores de acesso e tendo duas vagas de garagem num horizonte de 10 anos.

A meta foi atingida no final do ano passado, numa operação que envolveu a venda do imóvel em que moravam e que deveria ser entregue ao comprador no fim de março deste ano.

Como o apartamento adquirido foi construído há mais tempo, tornou-se necessário fazer uma reforma abrangendo uma nova configuração do espaço existente, mudança dos pisos, alterações no sistema hidráulico-sanitário, instalação de ar condicionado nas salas, quartos e escritório, bem como uma pintura geral, troca na pedraria da cozinha e banheiros, além de substituição da fiação elétrica.

O planejamento feito previa a contratação de um profissional da arquitetura para fazer um projeto com as modificações desejadas e outro da engenharia civil para a implementação. Coube a ele contratar a mão de obra necessária e comprar os materiais e insumos utilizados.

A partir daí começaram os problemas de cada dia. O profissional de arquitetura não entregou o projeto no prazo estabelecido e sempre tinha uma justificativa para o atraso, inclusive falta de tempo devido à carga horária na empresa em que é empregado. Na prática, o projeto era apenas um “bico” para ele, ainda mais que recebeu adiantadamente parte dos honorários ao fazer um contrato verbal com os seus clientes.

O jeito foi começar a obra no início de fevereiro com a previsão de conclusão no fim de abril, ou seja, em três meses.

Na linha do “cada dia com sua agonia” aconteceu um pouco de tudo, a começar pela mão de obra, geralmente precisando de mais capacitação técnica e desistindo do trabalho diante de qualquer pequeno conflito ou contrariedade. Problemas também com a assiduidade e pontualidade das pessoas, desperdício de materiais e insumos por incapacidade técnica ou meros descuidos, pouco zelo com a limpeza de ferramentas, utensílios e do próprio local de trabalho…

Resumindo a história, a obra atrasou em dois meses, com o custo ficando 40% acima do previsto, o projetista entregou o projeto com um atraso de um mês e erro na medição do espaço para a máquina de lavar roupa, pois não considerou a altura dos pés do equipamento.

A perfuração de uma tubulação de água num dos banheiros causou vazamento no andar de baixo durante todo um final de semana, o que obviamente, gerou conflitos com os moradores atingidos.

Exaustos, desgastados e morando a dois meses num apart hotel e com os móveis e utensílios guardados num depósito, o casal decidiu paralisar a obra deixando para fazer depois uma série de acabamentos, inclusive a instalação de armários.

Finalmente eles conseguiram se mudar no último fim de semana de junho para usufruir da meta atingida, ou seja, morar num edifício com 2 elevadores e 2 vagas de garagem. Mas já tiveram que corrigir alguns defeitos nesse quase um mês e meio morando no “novo cantinho”.

Você já passou por algo semelhante ao reformar sua moradia?
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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 3 de agosto de 2023   Curtas e curtinhas

Quem quer revisão do Recenseamento de 2022?  

O IBGE tinha projeções para a população brasileira em 2022 que variavam de 208 a 213 milhões de habitantes. Entretanto, o recenseamento mostrou uma população de 203 milhões de habitantes. Os números mostraram que 2.399 municípios tiveram redução na quantidade de habitantes em relação a 2010 e que 770 municípios perderão recursos do Fundo de Participação dos Municípios –FPM. Esse fundo é formado por uma parte dos tributos advindos do Imposto de Renda – IR e do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, por exemplo.

Agora, a Confederação Nacional dos Municípios – CNM – pressiona o IBGE para que seja feita uma recontagem no recenseamento. Também quer que volte a ser feita a contagem da população nos anos 5 de cada década, a ser retomada em 2025.

Vale lembrar as dificuldades que os recenseadores tiveram para coletar os dados no ano passado, a começar por aqueles que se recusaram a receber os pesquisadores. Alguns prefeitos também nada fizeram em prol do levantamento dos dados.

Salários de Vereadores em evidência 

O programa Fantástico, da TV Globo, mostrou no domingo (30 de julho) uma matéria sobre os aumentos de salários (subsídios) dos vereadores em Câmaras Municipais do país. Foram citados os casos de 25 municípios do estado de São Paulo, entre os quais estão Sorocaba, São José do Rio Preto, Rio Claro e Ourinhos.

Tudo valerá para os candidatos eleitos em outubro de 2024 e vigorará no mandato de 2025 a 2028.

Já em Araxá, a Câmara de vereadores aprovou na reunião virtual de 3 de maio de 2023 com 9 votos favoráveis, 1 contra e 4 ausências justificadas o aumento de seus salários para recompor a inflação do período de janeiro de 2021 a março de 2023. Assim, a partir de 1º de maio, o salário de cada vereador passou a ser de R$ 14.827,31 em substituição ao anterior de R$ 12.500,00. Vamos esperar para ver qual será o valor na próxima legislatura.

Só falta aumentar o número de vereadores para 17 ao invés dos atuais 15, conforme permite a lei. Dinheiro é o que não falta no orçamento para a Câmara, pois ela recebe 4,5% do orçamento anual do município.

A privatização da Cemig, Codemig e COPASA – 3C 

Após as férias de julho, os 77 deputados estaduais voltaram aos trabalhos na terça-feira, 1º de agosto. Continua a falação sobre a proposta do Governo do Estado para a privatização das empresas estatais Cemig, Codemig e COPASA, as 3 C.

Além de toda a tramitação e aprovação da proposta pela Assembleia Legislativa, será necessário um referendo popular para confirmar o resultado, caso ele seja favorável à venda da parte do Estado nas empresas.

Essa é uma exigência constitucional que deve ser respeitada. A quem tiver medo de encarar o referendo e diante da obsessão pela privatização, só restará a tentativa de mudar a constituição do Estado através da aprovação de uma emenda constitucional.

A conferir.

Vagas disponíveis no Sine em Minas Gerais

O Sistema Nacional de Emprego – Sine em Minas Gerais tinha 12.984 vagas disponíveis na segunda-feira, 31 de julho. A maior oferta foi em Uberlândia, com 2.743 vagas e população de 713.232 habitantes. Em seguida estava Araxá, com 650 vagas e população de 111.691 habitantes. Em terceiro lugar estava Belo Horizonte, com 510 vagas e população de 2.315.560 habitantes. As funções mais ofertadas no dia eram as de alimentador de linha de produção, com 1.245, telemarketing ativo e receptivo, com 1.106, e servente de obras, com 954 oportunidades.

Enquanto isso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios –PNAD – Contínua do IBGE no segundo trimestre desse ano mostrou o país com 8,6 milhões de desempregados (8,0% da população economicamente ativa) e 3,7 milhões de desalentados(que desistiram de procurar trabalho).

Muitas são as causas do desemprego, mas é fundamental estar capacitado para disputar as oportunidades que vão aparecendo.

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por Sérgio Marchetti*

Conforme descrevi outro dia (falando do Clube Atlético Mineiro — que não melhorou nada), há muitos anos os especialistas em administração de empresas e gurus de destaque mundial vêm fazendo uma analogia entre equipes de futebol, vôlei, basquete com as equipes de uma empresa. A palavra time encontrou guarida nas organizações e na filosofia de trabalho de muitas delas que, estando voltadas para resultados coletivos, consolidaram missão, visão, valores, metas e objetivos. De fato, um time de futebol, por exemplo, conta com a participação de todos os membros da equipe. Por outro lado, se as empresas adotaram a estratégia dos times ou do esporte, os times viraram empresa e se estruturaram como tal. Mas a lucratividade se sobrepõe às vitórias e conquistas.

Destacamos semelhanças e diferenças que ambas as organizações podem utilizar para atingir seus objetivos. Detalhes como possuir publicidade, trabalhar adesão de clientes e associados, contratar profissionais de ponta, realizar treinamentos etc. são pontos comuns em todas as organizações. As diferenças também são muitas: salários, prêmios, fama, não punição pelos erros cometidos durante o trabalho (jogo). Essas são prerrogativas exclusivas aos profissionais do esporte. Também não inventaram nada que faça uma jogada brilhante ser repetida e padronizada. São como ondas, acontecem sempre de forma diferente (“a vida vem em ondas…”). Prova disso é a oscilação de um time de futebol que num dia realiza um jogo brilhante e no outro fracassa de forma humilhante (só para rimar). Mas o líder pode ajudar a fazer com que o índice de erros seja menor. Pode haver regularidade, sim. Na empresa mais desenvolvida, quando um profissional erra duas vezes, seu líder procura saber a causa e busca solução. A causa pode estar ligada à problemas pessoais ou técnicos. No primeiro caso, oferecem ajuda psicológica ou sugerem que a procure fora da empresa. No caso de ser problema técnico, treina-se, substitui-se.

No futebol, parece que errar foi institucionalizado como normal. Perder com placar dilatado também. Um goleiro que não sabe chutar, e que a metade de seus lançamentos feitos com os pés vão para fora do campo, não deveria ter tantas bolas atrasadas, pois esse é um ponto fraco e fatalmente poderá acarretar em erro. Talvez o treinador não veja que isso acontece. Deve ser míope. Mas o treinador ignora falhas grosseiras e repetidas a cada partida.  Na empresa, ou se corrige ou substitui o profissional ou o líder. Algumas demissões sempre acontecem. Os erros não ficam impunes. No futebol, quase sempre buscam um culpado – o técnico “paga o pato”.  Às vezes merecidamente, pois tem aqueles que não aceitam críticas, ironizam, não alteram sua estratégia, não treinam seu goleiro (mesmo que esteja falhando bastante) não treinam os demais jogadores que erram 30 passes durante o jogo. Também não reconhecem seus erros, não se incomodam de ser “saco de pancada”, e por vezes são premiados pela diretoria com a renovação de seu contrato. Isso tudo com direito a aumento do salário. Viram, leitores, como a empresa do esporte é diferente das demais. Na empresa você pergunta: – o que ganhamos este ano? – Nada? Então algo terá que ser mudado. No futebol fazemos a mesma pergunta: – o que ganharam este ano? – A Copa Brasil? – Não. – O campeonato Nacional? – Não. Mas, ironicamente, ainda assim, alguns treinadores, quando questionados parecem ter visto outros jogos e com a “cara mais lavada” consideram o resultado como ótimo. E, para amenizar as perdas, ainda conjugam o verbo competir e o colocam como a ação mais importante.

Competir é preciso, ganhar não é preciso.

 

*Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

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