Curtas e curtinhas

por Luis Borges 17 de junho de 2015   Curtas e curtinhas

Fechamento da Avenida Paulista

A Prefeitura Municipal de São Paulo estuda a possibilidade de fechar a Avenida Paulista aos domingos, deixando passagem para veículos apenas no cruzamento com a Avenida Brigadeiro Luis Antônio. O primeiro teste será feito no próximo dia 28, por ocasião da inauguração da ciclovia, quando se espera a presença de milhares de pessoas na avenida e ciclofaixas lotadas. Aliás, o bloqueio da Avenida Paulista é cada vez mais frequente em função da quantidade de manifestações que lá acontecem e com as quais os paulistanos já estão se habituando forçosamente. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego de SP) prossegue em seus estudos e testes, mas fechar avenidas em finais de semana é uma tendência internacional e significa, também, dar um pouco mais de espaço para a vida sem o automóvel que quer ser o dono de todos os espaços.

Você já imaginou, em Belo Horizonte, a Avenida Afonso Pena Fechada aos domingos da praça Sete até a Avenida Getúlio Vargas? Cheia de gente caminhando e pedalando, além da Feira de Artesanato?

Tempo de mídia

Um relatório elaborado pela Zenith, empresa global de análise e compras de mídia, mostra que, em 2015, a população mundial deverá destinar 8 horas por dia ao consumo de mídia. Esse valor é calculado levando-se em conta o tempo que as pessoas gastam lendo jornais e revistas, ouvindo rádio, assistindo televisão, navegando na internet, olhando outdoors e painéis de rua. Esse valor é 1,5% superior ao consumido no ano passado. Segundo os dados, em 2014 o tempo gasto com a internet chegava a uma hora e cinquenta minutos. Pelas projeções do estudo esse tempo diante da internet continuará aumentando ainda que muitos dos conteúdos visitados sejam elaborados originalmente para rádios, TVs, jornais e revistas. O relatório aposta que até 2017 o tempo médio gasto pelas pessoas com a televisão cairá 1,5% ao ano, enquanto a queda do tempo destinado a jornais e revistas será de 4,5% ao ano. A conferir.

Crédito estudantil privado

O ajuste fiscal resultou na redução dos recursos financeiros disponíveis para a obtenção do Fies. Também aumentaram as exigências a serem atendidas pelos candidatos a esse financiamento, que cobra taxa de juros anuais de 3,4%. Foi o suficiente para que voltasse a florescer no mercado a procura pelos programas privados de crédito estudantil. A diferença está nas taxas de juros que são cobradas, encontrando-se casos em que chegam a 2,19% ao mês para contratos com duração de seis meses. Segundo a Federação Nacional das Escolas Particulares 2,1 milhões de estudantes matriculados em cursos de graduação têm contratos com o Fies, enquanto o total de alunos da graduação chega a 6,5 milhões.

PIS/Cofins

O PIS (Programa de Integração Social) e a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), representam 20% do valor que a União arrecada com impostos. De janeiro a abril deste ano o montante arrecadado foi de cerca de R$86 bilhões diante de um total de R$414 bilhões. Como a cobrança desses desses dois impostos é muito complicada, pelo excesso de alíquotas e mecanismos de compensação em função dos diferentes segmentos da economia, a Receita federal do Brasil estuda a substituição deles por uma só contribuição social, com alíquota única. Na prática, se isso realmente acontecer, ocorrerá apenas uma mudança na forma pois o conteúdo continuará intacto sem se abrir mão de nenhum centavo. E ainda tem gente que fala e sonha com reforma tributária.

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Travessia

por Luis Borges 16 de junho de 2015   Música na conjuntura

O compositor Fernando Brant fez a travessia, sua passagem para outro plano espiritual. Foi embora deixando rastros de luz, perpetuados nas letras de suas poesias que uniram os reinos das palavras e da música. Tudo isso expresso pela real grandeza da melodia e voz de Milton Nascimento.

Diante da quantidade de homenagens, citações, referências através de variados meios e maneiras, só me resta também registrar aqui minha admiração e reconhecimento pelo conjunto de sua obra, legado que se eterniza.

Ainda assim, quero também deixar registrados três outros aspectos que a passagem de Fernando Brant me fez lembrar.

O primeiro deles diz respeito à sua condição de fervoroso torcedor do América Futebol Clube, verdadeiro estado de espírito que unifica uma imensa nação em torno da arte e do ofício da bola. No sábado em que seu corpo foi sepultado a bandeira do time estava presente junto à urna mortuária, o hino foi executado em alto e bom som, aconteceu mais uma vitória no estádio Independência e a camisa da Máquina tinha seu nome e letras de suas músicas.

Homenagem do América Futebol Clube a Fernando Brant./ Foto: Uarlen Valério - Fonte: Jornal O Tempo

Homenagem do América Futebol Clube a Fernando Brant./ Foto: Uarlen Valério – Fonte: Jornal O Tempo

Outra lembrança já é mais histórica e data do ano de 1979, ainda nos tempos da Ditadura Militar. A UNE (União Nacional dos Estudantes) havia sido reconstruída e houve uma eleição direta para a sua primeira diretoria após 15 anos vivendo proscrita e na clandestinidade. A tendência política Liberdade liderava uma boa parcela do movimento estudantil mineiro e participou da chapa Mutirão, que disputou e venceu as eleições para a diretoria. Fernando Brant escreveu para embalar a campanha eleitoral os versos a seguir. “A UNE volta mais nossa, a UNE volta mais forte, com a nossa união, com o nosso Mutirão”. Lá se vão 38 anos.

O terceiro aspecto está ligado aos dois transplantes de fígado a que Fernando Brant foi submetido. Fiquei pensando na complexidade que é o transplante de um órgão, que possui centenas de funções conhecidas, além das desconhecidas. Imaginei realisticamente o significado da rejeição do novo órgão implantado no sistema que é o corpo humano. Por fim, comparei essa situação à do transplante da córnea de um olho, que é apenas um tecido, mas extremamente necessário sistemicamente e que também pode apresentar sucessivas rejeições. Aparentemente tudo bem mais simples, porém muito complexo.

Gostei da letra e da música de Travessia desde a primeira vez que a ouvi, ainda nos anos 60 do século passado, quando eu era um estudante secundarista já questionando e tentando entender a nossa realidade social. Por isso, reitero o convite para que você ouça Travessia, letra de Fernando Brant, melodia e voz de Milton Nascimento.

Travessia
Milton Nascimento e Fernando Brant 
Fonte: Site oficial de Milton Nascimento

Quando você foi embora 
fez-se noite em meu viver 
forte eu sou mas não tem jeito 
hoje eu tenho que chorar 
minha casa não é minha 
e nem é meu este lugar 
estou só e não resisto 
muito tenho pra falar 

Solto a voz nas estradas 
já não quero parar 
meu caminho é de pedra 
como posso sonhar 
sonho feito de brisa 
vento vem terminar 
vou fechar o meu pranto 
vou querer me matar 

Vou seguindo pela vida 
me esquecendo de você 
eu não quero mais a morte 
tenho muito que viver 
vou querer amar de novo 
e se não der não vou sofrer 
já não sonho 
hoje faço com meu braço meu viver
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Abusos financeiros contra idosos

por Luis Borges 15 de junho de 2015   Pensata

 

O 15 de junho é o dia mundial para se chamar a atenção sobre a importância do combate aos abusos dos quais são vítimas as pessoas idosas, segundo proposição da ONU (Organização das Nações Unidas). O assunto é extremamente relevante na medida em que aumenta a longevidade da população. No Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a expectativa média de vida já se aproxima dos 76 anos de idade, enquanto 23 milhões de pessoas possuem idade igual ou superior a 60 anos – idosos, conforme a Lei. Desse contingente, 3 milhões têm idade igual ou superior a 80 anos e, entre eles, 450 mil possuem 90 anos ou mais.

O envelhecimento ativo e saudável é desafiante e exige preparação ao longo do curso da vida, o que nem sempre se verifica para muitas pessoas de diversas camadas sociais. As surpresas vão se sucedendo mediante os abusos físicos, emocionais e financeiros. A negligência e a omissão de parentes, familiares, amigos e de todo o aparato de assistência social do estado e da sociedade civil organizada muitas vezes nos chocam diante de tanta penúria, dificuldades e graus de exploração da desgraça alheia. E quanto pior, pior mesmo, quase que beirando-se ao clássico popular quando afirma que “o que não tem remédio, remediado está”. Só não sabemos ainda até quando.

Nesse espaço quero falar especificamente sobre uma modalidade de abuso contra o idoso que está crescendo geometricamente nesses últimos anos – o abuso financeiro. Saímos dos tempos do desenvolvimento econômico baseado no incentivo ao consumo amparado pelo crédito fácil, notadamente o consignável para os idosos aposentados. Agora o modelo anterior foi dado como esgotado. Juros e inflação estão em alta, poder aquisitivo e emprego estão em baixa e a Presidente da República ainda diz que todos devem continuar consumindo. Como o idoso vulnerável vai se defender dos ataques especulativos de todos que lhe torpedeiam? Se a conta não fecha, a primeira dimensão que faz tudo balançar é a financeira, que simplesmente puxa as demais, a começar pela emocional.

abuso financeiro contra idosos

Quase todo dia alguém tem um caso para contar sobre um idoso que levou um golpe financeiro. Nos últimos dias fiquei sabendo de uma senhora idosa que recebeu empréstimo consignável sem ter solicitado, mas foi usada pelo gerente do banco que queria bater a meta de empréstimos. O mesmo gerente já havia lhe empurrado a aquisição de títulos de capitalização cujo processo documental foi feito no próprio lar da idosa.

Um outro caso e após vários anos, descobriu-se que o próprio cuidador do idoso estava se apropriando do seu dinheiro para fazer viagens turísticas pelas praias brasileiras e realizar compras em centros comerciais.

Soube, também, de uma mocica que casou-se com um senhor que tem idade seis décadas superior à sua, e ele se diz muito bem cuidado por ela. Já seus filhos nunca se preocuparam com ele e, após a viuvez, um novo casamento foi um passo, já que surgiu alguém de alma boa.

Outro caso super interessante é o de um empresário que está em dificuldades financeiras e passou a fazer operações em nome da mãe e a usar seus bens imóveis como garantia. Para não alongar muito e dar uma oportunidade para que você também se lembre de outros casos, vou terminar lembrando da filha de um casal que voltou para casa dos pais separada do marido, desempregada e trazendo dois filhos, um de 20 e outro de 22 anos. Outro detalhe é que um deles é dependente químico e toda hora quer dinheiro com a avó.

O que e como devem fazer para não serem pegos de surpresa todos aqueles que hoje tem 30, 40, 50 ou 60 anos de idade? O curso da vida continua desafiando a todos. Só xingar e reclamar dos governantes não será suficiente.

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Que tal cada um fazer sua parte?

O discurso a favor do exercício da cidadania é recorrente em diversos segmentos da sociedade brasileira. O grande desafio continua sendo colocar esse exercício em prática, principalmente sabendo-se que tudo começa com a gente. Falta iniciativa e sobra reclamação terceirizadora das causas da inércia. Um bom exemplo da não participação cidadã ocorre nos condomínios residenciais e comerciais, horizontais e verticais. É o que mostra o jornalista Ricardo Kotscho neste artigo publicado em seu blog.

De tanto delegar responsabilidades a terceiros ou aos governos, perdemos o direito de exigir dos outros o cumprimento de obrigações comuns ao bem estar da sociedade. Depois, não adianta xingar o síndico ou o prefeito.

Bolha, não. Poço.

Ajuste fiscal, contração da economia, desemprego, inflação alta e perda de poder aquisitivo são algumas das causas que levaram diversas pessoas a retirar dinheiro de suas aplicações em caderneta de poupança. Até meados de maio, o valor já superava os R$32 bilhões. Logo a caderneta, cuja remuneração significa dinheiro barato para os bancos, que a remuneram a 6% ao ano acrescidos da TR (taxa referencial de juros) do período. O crédito está ficando mais caro diante dos sucessivos aumentos da taxa de juros do Banco Central. A desconfiança de que existia uma bolha de consumo na indústria da construção civil parece se confirmar cada vez mais. O que virá pela frente? É o que aborda o pesquisador Eduardo Zylberstajn, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas)/USP, neste artigo publicado no Estadão. Leia um trecho abaixo:

As famílias menos acostumadas com o mundo das finanças deixam dinheiro nos bancos com remuneração igual à metade da taxa Selic. Assim, os bancos têm uma fonte barata para emprestar a juros mais baixos a quem quer financiar seu imóvel com prazo longo. Em essência, esse é o mecanismo de financiamento imobiliário do país. E, claramente, há problemas com ele.

Primeiro, o sistema dá liquidez instantânea para quem quiser sacar. Ou seja, o banco usa um dinheiro que pode evaporar da noite para o dia para dar um financiamento que dura décadas. Se o dinheiro é sacado (como vem sendo nos últimos meses), o banco necessita captar de outra fonte (mais cara) para cobrir o buraco e aí tem prejuízo (que pode ser enorme). Segundo e mais grave, o universo de brasileiros dispostos dar dinheiro de graça ao banco (afinal, a poupança vem tendo rendimento real negativo) parece que chegou ao limite. A poupança secou e em breve não haverá recursos para financiamento imobiliário às taxas com as quais nos acostumamos. Os juros para o financiamento imobiliário correm o risco de voltar para perto dos 20% ao ano, o que fará com que as parcelas do financiamento fiquem inviáveis para parte relevante da população. O preço dos imóveis cairia então significativamente, um problema seriíssimo em particular para quem comprou imóvel recentemente.

Um negócio de baixo risco

Fazer o que se ama e disso retirar seu sustento é o sonho de muita gente. Mas o que fazer e como fazer? Qual é a necessidade a ser atendida e quem tem essa necessidade? Qual o dinheiro necessário para compor o capital inicial e o capital de giro? Essas são algumas perguntas que deveriam passar pela cabeça e ser respondidas por aqueles que sonham em ser felizes e trabalhadores donos de seus negócios próprios. Se possível, que o empreendimento comece pequeno, com um tamanho bem adequado, enquanto o experimento vai sendo delineado.

Um caso interessante foi publicado no site do Projeto Draft – Pão, Facebook e Motoboy: Como uma padaria caseira virou um negócio de baixo risco em São Paulo. A experiência da Beth Bakery, uma micropadaria que assa pães, bolos e biscoitos semanalmente, mostra que é possível começar pequeno e, quem sabe, continuar pequeno, sem deixar de trabalhar ou lucrar.

Terapia de grupo contra a crise

A maior parte dos indicadores de gestão mostra o tamanho e a profundidade da crise econômica, política e social que o país está vivendo. Cada pessoa, no seu nível, vai tentando se virar para superar um dia após o outro. Na troca de figurinhas muitas são as ideias e sugestões compartilhadas a partir das mais variadas experiências. Se isso for feito com método, o resultado pode ser melhor ainda e servir de referência para muito mais pessoas. Neste artigo publicado pelo jornal O Globo, o repórter Bruno Rosa mostra a experiência de empresários e presidentes de Conselhos de Administração que estão se reunindo para observar e analisar a conjuntura e os cenários que vão se desenhando no curso da crise. Um dos entrevistados disse:

“Numa empresa, só há um presidente. Então, é importante se reunir com outros presidentes uma vez por mês para trocar ideias e buscar aconselhamentos. A gente ainda tem palestras sobre vários temas de interesse. E, num momento como o atual, de desafio econômico, esses encontros se tornam mais relevantes”.

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É dia dos namorados outra vez. Também pudera, o amor é lindo, existe e persiste entre pessoas. Ele também agrada ao comércio, onde nasceu para combater as vendas fracas de um mês de junho. O dia 12 ficou perfeito para celebrar o amor e trocar presentes na véspera de Santo Antônio, o santo casamenteiro. Se tudo vai bem, obrigado, é sinal de que o amor floresce e prospera na complexa arte de viver a felicidade pelos desafiantes momentos.

Mas, e se vier o fracasso? E se o amor não virar o que dele se esperava e o namoro se tornar algo que deixou de ser? É como se tudo estivesse num ponto mas, de repente, prevaleceu o contraponto e a certeza definitiva de que tudo passou. O que fazer para combater o desencanto e prosseguir buscando a arte do encontro?

Nessa véspera do dia dos namorados resolvi focalizar esse outro ângulo. Lembrei-me de uma música de Cartola, feita por ele em 1937, quando tinha 29 anos. Nessa música ele teve as parcerias de Carlos Cachaça e Zé da Zilda. Ouça na voz de Ney Matogrosso.

Não quero mais amar a ninguém
Fonte: Rádio UOL

Não quero mais amar a ninguém 
Não fui feliz, o destino não quis 
O meu primeiro amor 
Morreu como a flor, ainda em botão, 
Deixando espinhos que dilaceram meu coração. 
Semente de amor sei que sou desde nascença, 
Mas sem ter a vida e fulgor, eis minha sentença, 
Tentei pela primeira vez um sonho vibrar, 
Foi beijo que nasceu e morreu, sem se chegar a dar. 
(bis da primeira parte) 
Às vezes dou gargalhada ao lembrar do passado, 
Nunca pensei em amor, nunca amei nem fui amado, 
Se julgas que estou mentindo, jurar sou capaz, 
Foi simples sonho que passou e nada mais
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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 10 de junho de 2015   Curtas e curtinhas

CPMF

Umas das propostas que deve ser discutida no 5º Congresso Nacional do PT é a volta da CPMF – Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira, o imposto do cheque, que o Senado Derrubou em 2007. Outra proposta deve ser a taxação das grandes heranças e fortunas. Mas pouco se fala em taxação do lucro dos bancos ou da redução das taxas de juros da dívida interna da União. A conferir.

Inflação na Venezuela

De maio de 2014 a abril de 2015 a inflação na Venezuela ficou em 100,7%, segundo dados do Bank of America e da consultoria venezuelana Ecoanalítica. A chegada à inflação de três dígitos coloca o país como sério candidato ao título de campeão mundial da inflação. Alguns analistas avaliam que, num cenário otimista, até o final do ano a inflação chegará aos 120% e o PIB ficará 4% negativo. Já os mais pessimistas projetam a inflação anual em 198% e o PIB com redução de 7,5%. O país possui em torno de 30 milhões de habitantes e já sofria com seus problemas estruturais antes da brutal queda no preço do barril de petróleo, que responde pela quase totalidade de suas exportações. O governo do país não divulga dados sobre a inflação oficial desde o final do ano passado, e em meio à crise política e econômica, a inflação prossegue corroendo o poder aquisitivo da população. Pois é, a inflação baixa durou menos de 20 anos e voltou com tudo.

Proteção ao emprego

O setor automotivo responde por 20% da indústria brasileira e floresce no país desde os anos 50 do século passado, a partir do governo de Juscelino Kubitschek. Nesses quase 60 anos vimos o país optar claramente pelo transporte rodoviário, pelo petróleo como combustível e pelo veículo individual, entre várias outras características. Agora, diante do ajuste fiscal e do crescimento negativo da economia, após a desoneração da folha de pagamento e redução das alíquotas do IPI, o setor vê suas vendas caindo 25%. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o setor retrocedeu aos seus números de 10 anos atrás. Enquanto mais de 25 mil empregados estão em casa, as montadoras afirmam que ainda assim possuem estoques para 51 dias. Nesse discurso de salvar postos de trabalho a Anfavea está defendendo ardorosamente o programa de proteção ao emprego, situação em que o empregado recebe seus salários proporcionalmente aos dias trabalhados e os encargos sociais também seguem a mesma proporcionalidade. Para o segmento essa modalidade poderia até substituir o seguro desemprego. Até parece, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra  coisa.

Cartão de crédito indesejável

O Código de Defesa do Consumidor considera ilegal o envio de cartão de crédito a quem não tenha feito essa solicitação. Agora quando o código está prestes a completar 25 anos, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) confirmou que esse envio configura prática abusiva, ilícita, passível de indenização e de aplicação de multas aos infratores, conforme publicado no Diário da Justiça no início dessa semana. Antes tarde do que muito tarde, mas haja persistência e paciência para que se prevaleça um direito de praticamente um quarto de século!

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por Sérgio Marchetti

Capítulo 2

Conforme dissemos no artigo anterior, o ato de falar em público tem sido apontado como um dos maiores medos e dificuldades dos seres humanos.  A angústia que muitos indivíduos sentem, dias e horas antes da apresentação, resultam num dos maiores desconfortos vividos pelas pessoas. Assim sendo, cuidemos de um dos fatores que mais afeta o orador, tanto psicologicamente quanto na qualidade do conteúdo, que é a escolha do tema. Portanto, quem apresenta deve ter pleno domínio do assunto, com uso de referências e fontes fidedignas. Algumas apresentações se tornam enfadonhas, e até desastrosas, justamente pela falta de conhecimento e de convicção do emissor.

É essencial que o orador conheça seu próprio estilo e potencialize suas qualidades. Pretender ser engraçado apenas por modismo sem dúvida será um passo arriscado com poucas chances de êxito. É importante manter o estilo e não inventar nada. Outra coisa: embora sejamos brasileiros e tenhamos uma cultura de pouco planejamento, algumas providências devem ser tomadas obrigatoriamente com antecedência. São elas:

  • escolha do tema,
  • objetivos e metas que espera alcançar,
  • identificação do público-alvo,
  • planejamento das estratégias e
  • seleção dos recursos.

Toda informação sobre o perfil do público para o qual irá se apresentar, será decisiva para a conclusão do planejamento.

Uma ação que faz muita diferença é conhecer o local onde será realizado o evento e saber sobre suas condições. Podendo, o palestrante deve ensaiar a palestra no local, ainda que por cinco minutos. Isso irá ajudá-lo significativamente.

Outro fator que pode levar um profissional da comunicação em público ao fracasso é a administração inadequada do tempo. É comum vermos palestrantes correndo com suas apresentações ou finalizando-as antes da hora. Passar slides rapidamente dizendo que não são importantes é gafe, além de demonstração de falta de planejamento e até de desrespeito para com aquele público. Justificar, principalmente de forma antecipada, o fracasso ou mesmo uma dificuldade, é falha imperdoável.

Em minhas andanças e observações pude presenciar episódios surreais em eventos. Num deles, o palestrante já se apresentou dizendo que não dominava o tema, e que estava extremamente nervoso. Também pudera… Acreditem, caros leitores, não parou por aí. Ele afirmou ainda: -“Temos duas horas pela frente, Deus é Pai e irá nos ajudar”. Em outra ocasião, um orador ficou mudo, levando a plateia a pensar que era algum truque. Mas ocorreu-lhe uma paralisia, um estado catatônico que o impediu de se apresentar. Foi retirado do palco dizendo repetidamente: -“esqueci tudo!”

Evitar o fumo, as bebidas alcoólicas e alimentos pesados também se fazem necessário.

No planejamento, é importante que o palestrante saiba se haverá perguntas depois da palestra. Digo depois, porque durante a explanação é totalmente desaconselhável quaisquer interrupções. Mas estar preparado para as perguntas é fundamental. Ao respondê-las o orador deve ser objetivo e conciso, evitando quaisquer prolongamentos, o que é muito frequente e cansativo.

Então, meus amigos, como vimos, o ideal é elaborar o conteúdo com um mês de antecedência, pesquisando o tema e fazendo anotações que poderão enriquecer sua palestra.

Por fim, imagine-se ovacionado e aplaudido de pé pelo público.

Clique aqui para ler o Capítulo 1 – Falar em público e comunicar… é só começar

Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui Licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br .

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