Conversando sobre aposentadoria

por Luis Borges 24 de janeiro de 2016   Pensata

Quanto mais se avança na idade e se chega em torno dos 50 mais surgem questões ligadas à aposentadoria.

“Quando você vai se aposentar?”

“Você paga previdência privada para complementar o INSS ?”

“Ah, você é concursado. Ainda bem, você tem direito à aposentadoria integral, não é mesmo?”

Essas perguntas são amostras de conversas das quais tenho participado com pessoas da classe média, de idades entre 53 e 68 anos.

Os temores e as dúvidas são muitos, as suposições e simulações quase sempre são mentais e às vezes se verbalizam nas conversas. Poucos falam com clareza sobre o planejamento que fizeram para deixar o trabalho no serviço público ou privado aos 58, 63 ou 68 anos por exemplo. O medo do novo aparece implícito em muitas falas e acaba transparecendo mais no decorrer das conversas.

Algumas dessas pessoas já estão em condições técnicas de se aposentar, mas estão protelando a tomada de decisão enquanto tentam planejar como será a rotina na condição de aposentado. Outros manifestam explicitamente a preocupação com a redução dos proventos do atual salário de, digamos, 12 mil reais, que cairá ao máximo de R$5.189,82, teto atual do INSS. Alguns que estão nessa condição tentam manter a disciplina de formar um fundo próprio para suplementar o que será recebido da Previdência Social.

Existe também 0 caso de um funcionário público que está ansioso para completar 60 anos, o que acontece daqui alguns meses, esperando poder se aposentar antes que ocorra alguma mudança na regra do jogo nesses tempos de queda na arrecadação do setor público. Nesse caso, a prioridade é garantir o direito adquirido. A sequência do cotidiano será ajustada sem a pressão do temor de perdas financeiras significativas.

Também existe o caso de uma pessoa que já se aposentou no poder Judiciário Federal e que fica encorajando outros colegas a fazer o mesmo. Descreve seu ócio atual, cheio de pequenas atividades e de um bom tempo “pirulitando” em redes sociais e também buscando outros conteúdos. Essa pessoa toma cuidado para não se exceder nos exemplos, pois teme passar a sensação de que está totalmente livre. Não quer ouvir o famoso “já que” – “já que você está à toa, podia ir ao banco”…

aposentadoria ócio

Curtir o ócio na varanda de um café é uma opção para você? | Foto: Marina Borges

Por último, completo a amostragem com o caso de um funcionário de uma empresa de economia mista. Ele se sentiu obrigado a se aposentar pelos critérios de um programa de demissão voluntária incentivado. Ainda não completou 59 anos de idade e esperava trabalhar pelo menos mais três antes de se aposentar. Mas, em uma conversa, seu gerente imediato deixou claro que a expectativa da empresa era pela sua aposentadoria. Só lhe restou assinar a solicitação formalizando a decisão para vigorar após o carnaval. Decisão tomada, ele começou a planejar o futuro, projetando trabalhar numa semana “zipada”, de terça a quinta-feira, sem vínculos empregatícios. O final de semana será de sexta a segunda-feira.

Se cada caso é um caso, um certo friozinho na barriga acaba acontecendo, ainda que nem sempre seja admitido. De qualquer maneira, a questão da aposentadoria se impõe num determinado instante do curso da vida, ainda que não se possa controlar todas as condições. A cantilena da reforma da Previdência Social continua aparecendo na pauta, como se fosse um grande passo para a salvação de todos os desajustes das contas públicas. Mas se e quando se viabilizar tem grandes chances de trazer algo pior do que já temos hoje.

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A lista

por Luis Borges 20 de janeiro de 2016   Música na conjuntura

Como está sua lista de promessas para 2016? Neste dia 20 de janeiro você já começou a se mexer para realizar os desejos expressos após a virada?

Não é fácil mudar. Entender as causas fundamentais desse processo que resulta nos baixos índices de mudança é um desafio para quem quer transformar o próprio jeito de ser e agir. E nem sempre o tempo está a nosso favor. Muitas vezes ele nos surpreende, inclusive de maneira triste.

Conversei com um amigo por telefone na noite do 1 de janeiro. Ele começou a conversa dizendo que perdera uma pessoa querida justo naquele dia. Realçou a ironia do destino, que levou para outro plano o seu amigo de apenas 59 anos, surpreendido por um infarto agudo do miocárdio. O lamento calou mais fundo porque os dois se encontraram três dias antes numa confraternização e, entre uma latinha e outra de cerveja, o amigo verbalizou uma pequena lista de mudanças que faria em sua vida em 2016. Dela constava o item “cuidar melhor da saúde”, que começaria por um check-up ainda antes do Carnaval. Ele também reduziria a quantidade de bebidas alcoólicas ingeridas, que só consumiria no fim de semana. Caminharia 30 minutos diariamente, “fecharia a boca” diante dos alimentos com alto índice calórico, largaria o tabaco. E se encontraria pessoalmente com os melhores amigos ao menos duas vezes por ano.

Reflexão

Os 366 dias deste ano já se transformaram em 346 e o ano novo já vai deixando de ser tão novo assim. O que pensar e o que fazer com tantas listas carregadas de muitas intenções e poucos gestos para demonstrar que o querer é verdadeiro?

A trilha sonora que sugiro é a música A Lista, de Oswaldo Montenegro. Composta em 1999, traz um pouco de inspiração para avaliarmos metas que porventura tenhamos feito e perceber o que efetivamente pode e vai ser realizado em função do tempo que ainda temos. E, quem sabe, até mesmo concluir que determinados itens destas listas já não têm sentido hoje, enquanto outras necessidades surgem em função das mudanças no curso da nossa história.

A Lista
Fonte: Letras.mus.br

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assovia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
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Vale a leitura

por Luis Borges 10 de janeiro de 2016   Vale a leitura

Em família

Ouvi novamente no fim de 2015 pessoas explicando que gostam de passar o Natal em família e que, no Ano Novo, preferem fazer a festa longe dos parentes.

É claro que a família é uma unidade básica dentro da sociedade e, mesmo com os problemas e desafios que enfrentamos contemporaneamente, ela é uma grande referência para os seus membros nos diversos níveis de entrelaçamento.

Para este ano, sugiro uma reflexão a partir deste texto de Rosely Sayão. Quando nos encontramos em família temos oportunidade de festejar mas também de avaliar como nos inserimos nela. Será que estão prevalecendo o diálogo, a paciência? Ou a insatisfação, a intolerância, o ódio? Pense na sua família e mude o que couber.

Família é assim: acolhedora, preconceituosa, discriminadora, amorosa, briguenta, ciumenta, amável, doce, generosa, paciente e impaciente, exigente, possessiva e muito mais. Não há famílias que sejam mais ou menos deste ou daquele jeito: em todas as famílias, os afetos, as peculiaridades, as qualidades e os defeitos se alternam. É claro que alguns aparecem mais do que os outros, mas há sempre de quase tudo em todas as famílias.

Celular no trabalho

Não sei se você ainda se lembra, mas o aplicativo WhatsApp ficou fora do ar no Brasil no dia 17 de dezembro do ano passado. Foram apenas algumas horas, mas as reclamações foram muitas. E teve muito usuário dizendo que não conseguiria viver sem o aplicativo.

Dentro de algumas empresas há uma busca por controlar ou proibir o uso de celulares e do aplicativo. Elas alegam razões de segurança do negócio ou necessidade de melhoria da produtividade, como mostra esta reportagem da Exame.

Empresas que trabalham com dados de consumidores ou de outras companhias não podem, por exemplo correr o risco de que estas informações vazem. Desenvolvedoras de novos produtos também tomam este tipo de medida para proteger protótipos da concorrência e do mercado até seu lançamento oficial.

Você sobreviveria diante de restrições ou proibições desse tipo?

Sem tempo

O blog Vida Organizada publicou este texto no fim do ano passado, com uma bela “sacudida” – você quer passar 2016 correndo atrás, deixando tudo para depois, no rush? A reflexão da autora foi motivada pelo fim dos dias úteis de 2015, mas continua válida. Pense em como você quer que seu ano seja e coloque em prática.

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Depende, uai!

por Convidado 5 de janeiro de 2016   Convidado

* por Sérgio Marchetti

Eu tenho repetido sempre em meus cursos e trabalhos com o público que tudo é circunstancial. Tudo depende do contexto. E alerto-os para que não cometam inferências sem analisar o processo. Compreender o todo ou exercitar a visão sistêmica são práticas decisivas para a compreensão das causas e dos efeitos. Mas num mundo tecnológico de pessoas impacientes, nomofóbicas e robotizadas, parece não haver tempo para contextualizar mais nada.

Talvez para sair desse manicômio, dia desses fui para o interior desta nossa Minas Gerais e aproveitei para visitar uma tia idosa. Constatei (eu já sei há tempos) que a vida no interior é mais intensa. Eu disse vida – coisa de gente ultrapassada que cumprimenta os vizinhos e conversa com os amigos… Algum leitor deve estar se perguntando: vida intensa, como? O tempo não passa, as pessoas falam devagar. Não há diversão nas pequenas cidades. Ressalto que isso é relativo. Ou como diria minha tia, mineirinha legítima: “aí depende, uai!”. Fiquei pensando naquela frase e percebi nela uma profundidade bem maior do que imaginava. O mineiro – desconfiado por natureza – não se arrisca a responder nada sem pensar bastante. Por isso o “depende, uai!” vem sempre antes de qualquer afirmação. E, ao contrário do que muitos pensam, há sim muita sabedoria contida naquela expressão. Porque tudo depende mesmo do contexto e das circunstâncias. Nada deve ser visto, resolvido, respondido sem que se conheça o processo. Minha tia possui visão sistêmica, mas não sabe o que é isso, nem precisa saber.

Mas em meu agradável diálogo com a parenta idosa, fiz uma viagem ao passado e revivi momentos, além de um vocabulário muito especial. Ela usou frases interessantes: “de primeiro, uma moça não saía de casa desacompanhada de seus pais”. Há quanto tempo eu não ouvia o “de primeiro”. E faz tempo que “moça” não podia sair desacompanhada dos pais. E continuou me “interteno” com aquela prosa quase musicada, me dizendo para por sentido na modernidade e falando que não era do “feitio” dela falar mal de ninguém, mas as mulheres de hoje não “se dão ao respeito”. “A vizinha, por exemplo”, disse ela, “é uma sirigaita daquelas”. “Vê se tem base uma coisa dessas, meu querido” – completou minha tia com um olhar compenetrado e com volume de voz bem baixo para que ninguém ouvisse suas inconfidências sobre a vida alheia. Enfim, prosseguiu com suas histórias que trouxeram à tona a Emulsão de Scott, a gemada, os chás caseiros, inclusive o de Macela – que de tanto ser chamado de Marcela foi aceito nos dicionários como tal. Também se referiu às suas chinelas, à “cardeneta” que anotava o fiado. E sempre surgia o “depende, uai!” Não posso deixar de mencionar que em nossa conversa ainda surgiram acode, arreda, marmota, cruz-credo, “partileira” e outras pérolas do mineirês que me fizeram gostar ainda mais de minha origem. E, antes de sair, claro que não faltaria o café “quentin” passado no coador de pano e acompanhado com quitandas, broa de fubá, pão de queijo, sonhos e muita iguaria. Mas mineiro não sai de mãos abanando da casa de um parente. Além da azia, trouxe na mochila doces de leite cortados em losango e goiabada cascão na caixinha de madeira.

Pão de queijo não pode faltar em mesa mineira. / Foto: Marina Borges

Pão de queijo não pode faltar em mesa mineira. / Foto: Marina Borges

Ao me despedir, decidi que iria andar à pé pela cidade e usufruir da calma e do ar puro que muitas cidades ainda ousam exalar. No caminho, um homem me abordou com toda educação e perguntou quanto tempo levaria para chegar ao centro da cidade. Eu, sem pensar, talvez ainda contaminado pela autenticidade de minha tia, respondi a ele: depende, uai!

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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Só passando de ano

por Luis Borges 1 de janeiro de 2016   Alguma poesia

Percebo com tristeza
E também com dor na alma
O fim de um ano
Que se esvaiu
Como água entre os dedos
Numa suicida polarização
Entre políticos partidários
Buscando o poder pelo poder.

Esquecida fica a nação
Onde só aumenta a anomia
E se acentua a entropia
Para acalantar e embalar
O grito vivo das ruas
Em busca de uma primavera
Em que não se aceitará
Mais do mesmo que se tem.

2016 mudança ano

Só passando de ano. | Foto: Marina Borges

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Presépios de Minas

por Luis Borges 25 de dezembro de 2015   A vida em fotografias

O presépio é um dos símbolos do Natal e, em sua montagem, representa-se uma gruta, um estábulo ou algum tipo de estrebaria. O menino Jesus nasceu num lugar como esse que, segundo a crença cristã, foi o local possível encontrado por Maria e José para que o menino Jesus viesse à luz.

Presépio no Lar Santa Terezinha, em Araxá. | Foto: Elayne Pedrosa

Presépio no Lar Santa Terezinha, em Araxá. | Foto: Elayne Pedrosa

Essa singela representação nos remete à humildade e à simplicidade presentes naquele grandioso momento. No ano de 1223, portanto há 792 anos, São Francisco de Assis criou o presépio, representação do nascimento de Jesus com imagens de Maria, José, os três reis magos, alguns animais e a estrela guia. Desde então a tradição perdura. Hoje outros símbolos da data se juntaram a ela, como a árvore enfeitada, o Papai Noel, a ceia, as músicas natalinas e os presentes.

Presépio  na Praça da Liberdade, em BH. | Foto: Sérgio Verteiro

Presépio na Praça da Liberdade, em BH. | Foto: Sérgio Verteiro

Olhando ao seu redor nessa data festiva, sei que você encontrou e contemplou lindos presépios contemporâneos, que lembraram o significado da data de hoje. Acrescento algumas contribuições nas fotografias desde post.

Presépio no Parque Municipal de Belo Horizonte. | Foto: Sérgio Verteiro

Presépio no Parque Municipal de Belo Horizonte. | Foto: Sérgio Verteiro

No Parque Municipal de Belo Horizonte, há uma exposição de presépios que pode ser apreciada até o fim de dezembro.

Quantos outros presépios você conseguirá perceber? Boas descobertas!

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Então é Natal

por Luis Borges 23 de dezembro de 2015   Música na conjuntura

Tive a sensação de que neste ano o espírito de Natal demorou mais a chegar. Parece que as coisas aconteceram muito rapidamente e em grande quantidade, mas com prevalência de coisas ruins, que acabam nos preocupando em função dos impactos diretos e indiretos que podem ter em nossas vidas.

Por mais que tenha ocorrido um paradeiro descontagiante, já posso dizer que Então é Natal conforme nos fala a música de Cláudio Rabello cantada por Simone.

Prossigamos em nossa busca por luz, sabedoria, justiça e paz no renascimento que o Natal pode nos propiciar, num novo tempo que se faz cada vez mais necessário em função de tudo que a nação está vivendo e enfrentando de diversas maneiras.

Então é Natal
Fonte: Letras.mus.br

Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez
Então é Natal, a festa Cristã
Do velho e do novo, do amor como um todo
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem souber o que é o bem

Então é Natal, pro enfermo e pro são
Pro rico e pro pobre, num só coração
Então bom Natal, pro branco e pro negro
Amarelo e vermelho, pra paz afinal
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem, souber o que é o bem

Então é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez
Então é Natal, a festa Cristã
Do velho e do novo, o amor como um todo
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem, souber o que é o bem

Harehama, há quem ama
Harehama, ha
Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez
Hiroshima, Nagasaki, Mururoa, ha...

É Natal, é Natal, é Natal.
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