O lixo de toda eleição

por Luis Borges 9 de outubro de 2014   Gestão em pauta

A democracia representativa leva os brasileiros obrigatoriamente às urnas de dois em dois anos. De vereador a Presidente da República, todos passam pelo voto digitado e confirmado na urna eletrônica.

No dia do pleito, em torno dos locais de votação, os “boqueiros” fazem um intenso trabalho de boca-de-urna, tentando influenciar principalmente os indecisos e os que sequer escolheram candidatos. Assim como permanece a cultura da propaganda de última hora, permanece o hábito de jogar no chão o material publicitário recebido, a começar pelos famosos santinhos.

santinhos espalhados na rua e na calçada

Dia de eleição no bairro de Santa Teresa / Foto: Gustavo Borges

Não foi à toa que a cidade de Belo Horizonte registrou doze acidentes nas eleições do dia 05 de outubro, de pessoas que escorregaram ao pisar nos benditos santinhos espalhados pelo chão. Algumas das consequências foram braço quebrado, traumatismo craniano, torção de tornozelo e pé quebrado.

santinhos jogados na rua

Em outro local de votação, no bairro União, muito material de divulgação jogado nas ruas. / Foto: Sérgio Verteiro

As fotografias deste post foram feitas nos bairros de Santa Teresa e União. Elas são uma pequena amostra da capacidade que alguns eleitores têm para sujar plenamente as vias cidade, estimulados pelos candidatos. No total, foram recolhidas mais de 139 toneladas de lixo eleitoral em Belo Horizonte, segundo balanço da SLU.

Os papéis se acumulam entre a rua e a calçada, chegando também aos bueiros. / Foto: Gustavo Borges

Os papéis se acumulam entre a rua e a calçada, chegando também aos bueiros. / Foto: Gustavo Borges

Um dos valores que aprendemos em casa e na escola é que “lugar de lixo é no lixo”. O programa 5S, implantado e implementado no Brasil de maneira mais sistemática desde 1990, vai além. Ele ensina que “lugar limpo não é o que mais se varre, mas o que menos se suja”.

santinhos espalhados na calçada

Outro flagrante no bairro União / Foto: Sérgio Verteiro

Após 25 anos de 5S no Brasil – e mais tempo ainda de eleições democráticas – continua desafiadora a prática do senso da autodisciplina, essencial para o cumprimento dos padrões estabelecidos. Fica o desafio para 2016. Menos sujeira, mais autodisciplina.

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