O dia do idoso e os problemas cotidianos

por Luis Borges 13 de outubro de 2020   Pensata

Um ano se passou e chegamos ao 1º de outubro, Dia Mundial da Pessoa Idosa. A novidade em relação ao ano passado é que dessa vez temos a pandemia da Covid-19 e os idosos são considerados membros de grupo de risco para a infecção. Tudo fica mais ameaçador se houver doenças pré-existentes, principalmente as descontroladas. A lista delas é falada “de cor e salteado” pelos mais informados – ou pelos os mais preocupados…

Mas que balanço podemos fazer sobre as melhorias e as “piorias” das condições de vida para as pessoas idosas após esse um ano que se passou? De cara podemos dizer que o número de idosos brasileiros está em mais de 28 milhões segundo o IBGE e a Organização Mundial de Saúde.

A reforma da previdência cravou em 65 anos a idade mínima para a aposentadoria de homens e 62 para mulheres. Enquanto isso, a lei brasileira define o idoso como uma pessoa com idade superior a 60 anos e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada tem estudos propondo a reforma do marco inicial da idade do idoso, que passaria a ser a partir dos 65 anos. Os argumentos básicos são o aumento da expectativa de vida da população e um alívio nos gastos com a Previdência Social. Haja reformas sem crescimento econômico e muitos desperdícios nos gastos públicos!

Também é importante lembrar que o poder aquisitivo no país caiu na faixa entre 17% para os mais ricos e 28% para os mais pobres (a maioria), ou seja, os idosos fazem parte desse bolo.

A inflação medida pelo IPCA do IBGE nesses últimos 12 meses (outubro/19 – setembro/20) ficou em 3,04% enquanto pelo IGP-M da FGV ficou em 19,4% (usado para reajustar aluguéis). A inflação específica para idosos é quase sempre maior que a oficial. Agora os aposentados, idosos ou não, podem fazer empréstimos bancários consignados comprometendo até 40% do valor do salário e por no máximo 84 meses (sete anos). A Caixa Econômica Federal está cobrando juros mensais de 1,5% para quem tem relacionamento com a instituição e 1,6% para quem não tem. Anualmente essas taxas significam juros em torno de 20%. O que não é novidade é o fato dos idosos fazerem empréstimos consignados para ajudar irmãos, filhos, noras, netos e amigos. Entretanto muitos não recebem do credor conforme o combinado, em diversos casos sem receber a menor satisfação, mas ficando com o sufoco financeiro e as relações pessoais abaladas por tentar receber o valor emprestado em confiança.

Agora fico pensando que “novidades” os idosos poderão esperar até o seu próximo dia no ano que vem. Quem sabe se até lá surgirão propostas como a criação do mês do idoso, tipo Outubro Branco, e a idade mínima para ser considerado idoso passe para 70 anos. Criatividade não falta!

Abordei aqui alguns novos problemas que surgiram no caminho dos idosos nesse período mais recente e que se somam a inúmeros outros problemas crônicos não solucionados. Não consigo entender como, ainda assim, aparecem pessoas e instituições dizendo que esta é “a melhor idade”. Sou esperançoso mas profundamente realista.

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