Me deixe em paz
Os fatos e dados não podem ser negados, ignorados ou justificados com desculpas que agridem a inteligência humana. Eles geram informações, que poderão ser transformadas em conhecimento que, por sua vez, contribui para a tomada de decisões que impactam os rumos das pessoas nas sociedades humanas.
Escrito dessa forma tudo parece simples e linear, mas as variáveis são complexas e tornam-se complicadas em função dos diversos posicionamentos individuais e de grupos.
Decorridos quase seis meses das eleições presidenciais de outubro/14, é inegável a insatisfação de uma parte das pessoas com os rumos do país. A crise econômica só acentua essa insatisfação traduzida pela perda de poder aquisitivo em função da alta inflacionária ou pelo desemprego que ronda à porta de muitos de nós. O ajuste fiscal que está sendo proposto vem com premissas salvadoras da pátria, para consertar o que nunca antes foi admitido. Mas a verdade faltou, e continua faltando.
O jogo continua sendo mal jogado pelos representantes do povo, eleitos pela singela democracia representativa. O presidencialismo de coalizão, mas que na prática é de cooperação, ainda não permitiu a solução política para o problema econômico. Mas também, pudera, quanto maior a quantidade de aliados maiores são os interesses que precisam ser contemplados e menor é o programa que os uniu para a ocupação do poder.
Se muitas são as necessidades e faltam o pão, a segurança, o trabalho, a verdade, a democracia participativa, sobram anseios por justiça e paz. Se a verdade também está na rua e no povo, não é demais lembrar que 37,2 milhões de pessoas se abstiveram de comparecer às urnas no segundo turno ou votaram nulo/branco. Isso num universo em torno de 143 milhões de eleitores, dos quais 54,5 milhões reelegeram a presidente e 51 milhões votaram em seu concorrente. Pela regra do jogo quem ganhou, levou, e não existe terceiro turno.
Mas nada existe em caráter permanente a não ser a mudança, já dizia Heráclito no ano 501 a.C. Ainda que se queira paz e não se possa negar que a luta de classes exista, é preciso que aqueles que se dizem republicanos tenham atitudes também republicanas. Não dá para enganar a todo mundo o tempo todo.
A insatisfação de muitos pode ser embalada pelos versos da música Me deixe em paz, de Aírton Amorim e Monsueto, cantada por Linda Batista.
Me Deixe Em Paz Fonte: Letras.mus.br Se você não me queria, Não devia me procurar, Não devia me iludir, Nem deixar eu me apaixonar! (bis) Evitar a dor É impossível. Evitar esse amor É muito mais! Você arruinou a minha vida! Agora, vai, mulher! Me deixe em paz!
Ótima reflexão. Parabéns!O texto me fez pensar no velho e gasto pensamento: “A emenda saiu pior do que o soneto”. Sabemos que é preciso consertar o “malfeito”, como se refere a “Presidenta”, em seu eufemismo para abrandar a verdade cruel da palavra corrupção. Mas no nosso caso não tem mais como emendar. Tem que começar novo, porém que arranjem outros para pagar a conta. “Me deixe em paz”.