Mais um conflito pelas telas do residencial
O residencial Jardim das Hortênsias foi construído num terreno de 800 m² na região nordeste de Belo Horizonte. Na parte central do lote está um edifício com 12 apartamentos, sendo 4 por andar, e área base de 85 m² cada um. No subsolo existem duas vagas de garagem para cada apartamento. No primeiro andar os 4 apartamentos possuem área privativa. No segundo estão os apartamentos tipo e no terceiro ficam apartamentos com as respectivas coberturas. O prédio tem elevador, mais uma vaga externa de garagem para cada apartamento, área de lazer, segurança eletrônica e síndico profissional. A construtora vendeu o prédio na planta e, aos trancos e barrancos, levou 8 anos para entregar o que foi vendido.
Como acontece com frequência nessas situações, muitas coisas não foram feitas e outras receberam a aplicação de materiais e componentes bem abaixo da qualidade que foi especificada. A construtora geralmente se justificou, se contorceu em explicações ou simplesmente fugiu de suas responsabilidades.
Passados 5 anos em que os apartamentos estão ocupados pelos proprietários, sendo que três deles mudaram de proprietário, o que não muda é o nível e a quantidade de atitudes desrespeitosas da maioria deles.
Qualquer coisa que acontece, independente do que diz o regimento interno, é suficiente para se instalar o tribunal do grupo de WhatsApp integrado pelos moradores. Muitos que são valentes nas telas não resistem aos mínimos argumentos numa conversa cara a cara ou numa assembleia geral do edifício diante de fatos, dados e evidências objetivas conforme a natureza dos temas. O portão de pedestres ou da garagem esquecidos abertos, churrasqueira desregulada esparramando fumaça, o lixo domiciliar armazenado de qualquer jeito, sem obedecer aos padrões, música em alto volume em alguns apartamentos, ocupação indevida de vagas de automóveis na garagem… aparecem com frequência nas postagens do grupo.
Mas o que “bombou” na semana passada foi uma tentativa de entrega de uma encomenda para um morador que não estava em casa. Não demorou muito, ele recebeu um aviso da transportadora dizendo que a encomenda foi entregue com sucesso. Foi o suficiente para que ele perguntasse no grupo de WhatsApp quem havia recebido a sua encomenda. Como ninguém respondeu de imediato, ele insistiu na pergunta.
Pelo menos sete moradores responderam que não pegaram e não precisavam de ficar com a encomenda, dois perguntaram se o vizinho estava pensando que eles eram ladrões e todos disseram que de agora em diante não pegarão encomendas para ninguém.
Isso é um pequeno resumo do nível das falas postadas no dia do ocorrido.
No início da manhã seguinte o morador postou nova mensagem pedindo desculpas pelo ocorrido no dia anterior, dizendo ter sido informado pela transportadora que sua encomenda não foi entregue e que, devido a um erro de processamento, ele acabou sendo avisado do contrário.
Como se vê os detalhes decidem, inclusive para quem não presta atenção nas coisas e age no impulso com muita vontade de dar vazão à própria ansiedade por algo que estava esperando e também buscar um culpado pela não chegada da encomenda às suas mãos.
Apontar o dedo é bem mais fácil que gerenciar para resolver problemas.