Mais quanto tempo neste trabalho?
Um grupo de colegas de trabalho fez uma festa para os aniversariantes do mês no final do expediente da ultima sexta-feira. O encontro demorou para começar, já que muitas pessoas estavam “agarradas” em seus setores. Quando finalmente conseguiam chegar ao local combinado muitas diziam que “o bicho tá pegando”.
Até chegar a hora do “Parabéns” as conversas se avolumavam e também ficavam mais altas, principalmente com a rapidez da maioria para ingerir as cervejas e algumas doses de destilados. O soro da verdade acabou contribuindo para que muitos falassem um ou dois tons mais alto.
O principal assunto era a pesquisa de clima organizacional feita nos diversos setores da empresa no início da semana. Eram 50 questões, respondidas por meio eletrônico, mas as mais comentadas foram as duas últimas. Uma tentava saber quanto tempo o empregado pensava que ainda continuaria trabalhando na empresa – até 3 anos, até 5 anos, até 10 anos ou até 15 anos. A outra perguntava se o empregado acreditava que os resultados daquela pesquisa seriam usados na solução dos principais problemas abordados. E só dava duas opções: sim ou não. Não havia meio termo, não dava para subir no muro.
Para essa segunda questão, mesmo com os temores de serem identificados apesar da garantia de anonimato dada pela pesquisa, a maioria dos presentes disse que respondeu “não”. Quanto ao tempo de permanência na empresa a maioria dizia que optou por 15 anos, até mesmo para não frustrar a expectativa de alguns diretores que pensam que tudo é maravilhoso na empresa. Mas, no papo com os colegas, não esconderam o temor pela terceirização de sua função num tempo relativamente próximo. Ponderaram, também, que esse tempo não será suficiente para a suas aposentadorias se forem aprovados os parâmetros propostos no presente momento para a Reforma da Previdência Social.
Foi aí que um participante já mais exaltado afirmou que, a julgar pelo o que está acontecendo em seu setor de trabalho, dificilmente vai aguentar passar mais 15 anos naquele ambiente. Para ele falta gestão pela liderança e sobra autoritarismo. Também faltam foco, capacidade de ver as coisas por outros ângulos e sobra favoritismo do chefe em relação a alguns colegas, que escolhem o que querem fazer mas sem se preocupar com prazos. Aqui dá até para imaginar como que os empregados mais competentes e produtivos devem estar sendo punidos em função da competência e do comprometimento. Aí o que sobra é o desânimo e o desestimulo dessas pessoas e, é claro, tudo isso vai ajudar a impactar a motivação que vem de dentro de cada um.
Infelizmente a realidade nos mostra, com muita frequência, o pouco interesse e a baixa percepção que muitos gerentes ou chefes têm de seus ambientes de trabalho, nos quais as pessoas são fundamentais. Mas daí até alguém perceber e reconhecer que o clima organizacional está ruim vai uma longa distância, e a maior parte das pessoas acaba pagando o pato de uma forma ou de outra.