Jogando contra a gestão
O programa Pronatec Aprendiz foi anunciado pelo governo federal há uma semana. A presidente Dilma Rousseff participou do lançamento das novas vagas, e se enrolou ao falar da meta global do programa, de 12 milhões de alunos até 2018. Aliás, o MEC diz que, de 2011 até agora, foram 8 milhões de matrículas no Pronatec, mas não fala em evasão ou número de concluintes. O que é assunto para outra pensata.
Ao tentar justificar a razão para que, neste momento, sejam apenas 15 mil novas vagas no segmento Aprendiz, que tem meta específica de 1 milhão de alunos, a Presidente disse:
“Nós não vamos colocar uma meta. Nós vamos deixar uma meta aberta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta.”
É uma fala deseducadora do ponto de vista da Gestão e coloca ainda mais dúvida sobre o que significa o mote “Brasil, pátria educadora”.
Para contornar um questionamento a Presidente jogou para escanteio um dos fundamentos mais elementares da gestão, sempre a nos ensinar que gerenciar é atingir metas. E mais, quem não tem meta não tem norte, não sabe para onde ir e, por isso, qualquer resultado que for alcançado será satisfatório.
Notadamente a partir do final dos anos 80 do século passado, o Brasil começou a passar por um grande esforço em educação e treinamento, para que os nossos negócios em todos os segmentos da economia, ainda que de maneira desigual e combinada, sejam gerenciados por um sistema de gestão estruturado, orientado para resultados e com foco na satisfação do cliente.Esse esforço precisa ser permanente e exige muita constância de propósitos, inclusive para não se perder muito do que já foi feito.
Graças ao que se fez e ao que se faz é que hoje estão presentes em nossa cultura gerencial palavras como meta, plano de ação, foco, método, estratégia, causa, efeito, processo, gestão de pessoas, conformidade, risco, qualidade, produtividade, competitividade e tantas outras.
Fiquei com a sensação de que depois da contabilidade criativa, das pedaladas fiscais e do ajeitamento das contas públicas agora é a vez de se embarcar na gestão criativa, na qual é possível revogar e inventar conceitos, sem fundamentação científica, tudo isso para encobrir o que merece ser transparente.
Espero que a Presidente perceba que não dá para revogar a Lei da Gravidade e nem os fundamentos da gestão.
Meta é para ser atingida e, para isso, será sempre necessário um plano de ação potente, inclusive para o Governo Federal.