Finados e a finitude da vida

por Luis Borges 9 de novembro de 2020   Pensata

Em 2 de novembro tivemos o Dia de Finados, sempre lembrado por quem valoriza esse tipo de lembrança histórica que começou a acontecer entre os cristãos a partir do século II depois de Cristo.

Conversei com algumas pessoas sobre o dia dos que se finaram e o que isso significa para elas, bem como o que elas pesam sobre outros temas que têm conexão com a morte. Alguns temas se aproximaram de um consenso e outros ficaram mais no campo da indagação, do será. Ficou bem claro que a maioria dessas pessoas busca ter alguns momentos de maior introspecção para se lembrar de quem partiu, cada qual em seus diferentes níveis de proximidade, afetividade e convívio. Alguns também falaram que ficaram pensando por instantes sobre como será o dia de sua partida para outro plano espiritual. Duas pessoas disseram ter esperança de merecer que isso aconteça enquanto estiverem dormindo ou de maneira instantânea, numa espécie de morte súbita.

Surgiram também discussões sobre a ida aos cemitérios para marcar uma presença diante de jazigos onde foram sepultados os corpos de pessoas marcantes de alguma maneira. A presença do visitante, mesmo na pandemia, ficou abalada diante da judicialização da decisão de abrir ou manter cemitérios fechados no dia de finados em alguns municípios.

Houve também pessoas dizendo que não frequentam cemitérios e até evitam passar na porta, e quando passam não olham para o seu interior. Teve um que falou sobre o seu desconforto quando é obrigado a comparecer a velórios e, quando não tem jeito mesmo, fica lá o mínimo possível, o suficiente para cumprimentar pessoas ligadas ao morto e que cobrariam posteriormente a sua ausência num momento como aquele.

Aproveitei para questionar se velórios devem continuar existindo, principalmente a partir do padrão praticado na pandemia da Covid-19, em que tiveram a duração reduzida para duas horas e com a presença máxima de 20 pessoas. O argumento que mais ouvi a favor da realização do velório, independente do tempo de duração, é que ele faz parte do ritual religioso e social de marcar a passagem para outro plano espiritual. Também acaba sendo parte dos primeiros momentos de luto para quem teve perdas devido à ruptura de um vínculo.

Um pequeno espaço foi dedicado às preocupações com os custos da morte e sua cadeia produtiva no mercado, que disponibiliza uma boa variedade de bens e serviços tais como o espaço para o velório, urna mortuária, jazigo e cremação. Basta conferir a mais recente pesquisa de preços feita pelo site Mercado Mineiro.

Por último ficaram as falas sobre a importância de discutir a vida e a sua finitude, que tem na morte o seu marco. Caminhemos para lá com a lentidão que for possível, porém sabendo que chegaremos lá.

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