Falta d’água em Araxá
No Natal de 2014, visitamos a querida e sempre bem-humorada tia Luci Barreto Borges, em Araxá (MG). Durante o seu clássico café da tarde, acompanhado de pães de queijo, biscoitos de polvilho, café novinho, queijo e boa prosa, conversamos sobre receitas que ela usa em sua arte culinária. De repente, ela tirou do seu arquivo uma edição do Correio de Araxá do dia 03 de setembro de 1961. O jornal registra a história da cidade desde 1957, ininterruptamente.
Interessante foi notar a divulgação de um comunicado do Departamento de Águas da Prefeitura Municipal falando da seca do período, da escassez da água, do combate a vazamentos, da necessidade de se fazer economia e do pedido para que se denunciasse quem não estivesse colaborando com as medidas propostas. Naquela época a cidade tinha em torno de 28 mil habitantes, Tia Luci estava com 25 anos e eu com apenas 6 anos e 10 meses.
Hoje, quase 54 anos depois, a história se repete com a intensa seca do Sudeste brasileiro, cujo ciclo se iniciou em 2012, que se acentua pela escassez de água nesse janeiro. Agora a população da cidade está estimada em pouco mais de 101 mil habitantes, que estão sendo chamados pela Copasa, sucessora do Departamento de Águas da época, para reduzir o consumo em 30%. Que lições podemos aprender com mais uma crise da água? Estamos diante de mais uma oportunidade, sabendo que o sapo não pula por boniteza, só por necessidade, mesmo sendo anfíbio.