Expectativas de um idoso em fase de crescimento
Se pensata é um pensamento que se registra numa espécie de ata, faz-se necessário registrar neste momento alguns sonhos e propósitos relativos aos temas que surgem em minha mente sempre aguçada.
Pela lei brasileira estou passando pelos primeiros dias do 4º ano de minha fase idosa da vida, pois completei 63 anos de idade no último dia 24 de outubro. Não fico matutando sobre quantos anos se passarão para que meu curso da vida chegue ao fim, mas tenho conhecimento de que a atual expectativa média de vida dos brasileiros está em torno de 77 anos segundo o IBGE.
Entre os muitos cumprimentos que recebi pelo aniversário, num deles chamou minha atenção a pergunta direta, sem rodeios, feita por um amigo. Ele me perguntou como eu imaginava – ou gostaria que fosse – o final de minha passagem pela Terra nessa encarnação. Respondi sem pestanejar que espero ter o merecimento de ser desligado deste plano de maneira repentina e na plenitude de minha autonomia, mesmo que a independência esteja limitada por alguma restrição nas condições funcionais. Seria como um passarinho que estivesse cantando e, de repente, parasse de cantar para sempre.
Se não for o caso desse tipo de merecimento, e se eu pudesse fazer uma segunda opção, seria recebendo apenas cuidados paliativos em todas as suas dimensões, ainda que numa clínica especializada, poupando ao máximo os queridos familiares e amigos, mas sem nenhuma obsessão terapêutica em prol de uma cura que se assemelha a um ponto extremamente fora de qualquer curva.
O amigo ficou um pouco assustado com a clareza e a instantaneidade das minhas respostas, dizendo que também sonhava em ter o merecimento de partir de repente para não sofrer muito e também para não dar muito trabalho às pessoas que o cercam. Acabamos nos despedindo concordando que precisamos conversar mais sobre a finitude da vida e como poderemos melhor elaborar nossos posicionamentos diante de um fato inexorável e do qual não teremos como desviar, talvez só gerenciar para adiar.
E você, já gastou algum tempo para pensar na finitude da sua vida?