Era gripe

por Luis Borges 14 de maio de 2019   Pensata

Estamos fazendo a travessia de mais um outono e já passamos da metade da estação. Mais uma vez a grande sensação da temporada é a epidemia de dengue trazida pelo mosquito aedes aegypti para deixar muita gente fora de combate. Ainda que nem tudo acabe em dengue, ela acaba causando muitas preocupações. E, de repente, lá num dia nem tão belo assim e como se não tivesse vindo, do nada sua garganta começa a dar sinais de desconforto, principalmente com a sensação de que tudo está arranhando ao passar por lá. A auto-observação geralmente induz à conclusão de que se trata de um resfriado de pequena magnitude.

Enquanto os dias passam parece que vários sintomas aumentam, como a tosse, dor no corpo em geral, dor de cabeça e sobra apenas ficar amuado. De repente surge uma febrícula, que logo é combatida com o uso de um antitérmico em típica automedicação. A tosse fica ainda mais seca, o sono mais difícil, cheio de variações e o tempo que não pára logo registra que o processo todo já dura 7 dias. Acontece que você convive com diversas pessoas em casa, no trabalho, na igreja, na padaria ou no clube de lazer e aqueles que se interessam por você e se preocupam com a melhoria das suas condições funcionais. Invariavelmente essas pessoas querem saber se você já fez uma consulta médica, se seus sintomas são de dengue, pneumonia, faringite, sinusite ou gripe muito forte e uma pergunta que nunca falta é se você se vacinou contra a gripe.

Uma resposta muito citada tem sido que você tomou a decisão de se vacinar pela primeira vez, mas foi pego pela gripe na fase que ficou entre a decisão e ação de tomar a vacina. Muito comum também é surgir alguém afirmando que sua resistência está baixa e, por isso, você está sofrendo com tantos sintomas sem saber do que realmente se trata. Isso acaba sendo mais um tipo de achismo que, aliás, é bastante comum entre muitos de nós.

Lá pelo nono dia de desconforto e sofrimento você acaba conseguindo ir a um consultório médico tentando encontrar alguma resposta para as suas próprias preocupações e também para as de todos que lhe querem bem e fazem parte do seu cotidiano. Depois de feitos todos os procedimentos determinados pelo protocolo médico você ainda fica na expectativa do diagnóstico. “Sabe o que era?”, pergunta você às pessoas de seu convívio. E você responde logo – e aliviado – que era gripe mesmo e que ela vai prosseguir por mais alguns dias e será combatida com o uso de xarope, muito líquido, soro no nariz…

Ainda bem! Pior seria se fosse a dengue ou a pneumonia. Melhor seria mesmo era ter se vacinado, o que teria poupado o sofrimento e a preocupação de tanta gente, a começar por você mesmo. Vivendo e aprendendo permanentemente no curso de vida.

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