Em quem acreditar?

por Luis Borges 27 de abril de 2016   Música na conjuntura

Mais uma vez o Brasil teve a oportunidade de conhecer a sua própria cara. Foi a partir das declarações de voto dos deputados federais na sessão da Câmara no domingo, 17 de abril, que decidiu pela aceitação do impedimento da Presidente da República. Eles foram eleitos para representar o povo segundo os parâmetros da democracia representativa. É o que temos para hoje. Agora o processo prossegue sua tramitação no Senado Federal, composto por 81 parlamentares que representam os 26 estados e o Distrito Federal. Eles também foram eleitos pelo povo e demonstram ser mais do mesmo dentro da democracia representativa.

A sensação que fica é a de que a maioria absoluta deles continua longe dos problemas do Brasil real e vivem num mundo em que cada um procura garantir o que é melhor para suas famílias e suas capitanias hereditárias. As difusas, mas intensas mensagens passadas nas manifestações populares de 2013, sem a presença dos partidos políticos, ainda não foram percebidas. Operações da Polícia Federal, como a Lava Jato, a Acrônimo e a Zelotes, são uma pequena amostra do apodrecimento do sistema político brasileiro.

O que fazer e como fazer sem lideranças que tenham credibilidade e com os anseios de quem almeja uma democracia participativa? Em quem acreditar e como manter a esperança ativa, realista e com alguns graus de utopia em prol de uma sociedade mais civilizada pelo diálogo e com menor desigualdade? Para buscar inspiração para responder essa pergunta nos faz bem ouvir Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha (1945-1991), em sua música Acredito na rapaziada. Afinal de contas quem canta traz um motivo.

Acredito Na Rapaziada
Fonte: Letras.mus.br

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada

Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada

Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...

Eu acredito é na rapaziada
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