E agora, José?
Muitos dos nossos filhos participaram das manifestações de junho de 2013. A oportunidade foi a Copa das Confederações e o recado foi claro, ainda que marcado em vários momentos pela violência de vândalos, mascarados ou não. No geral, a maioria das pessoas se surpreendeu nos papéis que ocupavam na estrutura social e governamental diante do novo momento. Atônitas, elas levaram um tempo para compreender as causas e os efeitos daquilo tudo, já que, na era da informação e do conhecimento, muitos não haviam percebido nada antes das eclosões. De lá para cá ficou a expectativa traduzida pela expressão “imagine na Copa”, nova oportunidade para a população manifestar suas insatisfações.
No sétimo dia do evento, ficam nítidas as ações e as omissões de quem deveria ter feito reformas, simplificações e melhorias levando em conta os anseios sociais. Um bom exemplo é o reposicionamento estratégico dos órgãos de segurança, cercando as manifestações de rua, que hoje têm baixa adesão se comparada com o ano passado. É claro que a violência contribuiu muito para esse afastamento das pessoas.
Nesse sentido repercutiu intensamente nas mídias e redes sociais a cena do pai, funcionário público, enfrentando seu filho de 16 anos para retirá-lo de uma manifestação onde ele protestava e reivindicava novas condições sociais.
Mas como avançar na construção de uma sociedade mais justa e de paz tirando de cena os nossos filhos, que têm a obrigação de nos superar, sem nenhum grau de confronto?
É sempre bom nos lembrarmos da história recente do nosso país e verificar que muitas das pessoas que hoje ocupam altos e diferentes postos, inclusive na política partidária, militaram e lutaram nos movimentos sociais contra a Ditadura Militar, pela redemocratização, pela anistia, por “Diretas Já! e pelo impeachment de um presidente corrupto. Eu diria que foram emblemáticos anos como 1968, 1977, 1984 e 1992. Se o conflito é a essência da política e o show de todo o artista tem que continuar, é hora de reconhecer 2013 também como emblemático e reconhecer com sabedoria que, se a vida é um risco, gerações sucedem gerações na complexidade de sempre.