De frente pro crime

por Luis Borges 29 de maio de 2015   Música na conjuntura

Foram quatro facadas que tiraram a vida de um ciclista, médico cardiologista de 56 anos, que pedalava na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Isso aconteceu 10 dias atrás, mas o caso continua repercutindo intensamente. Diariamente são inúmeras ocorrências com uso de armas brancas pelo país.

Diante da pouca segurança e da grande sensação de insegurança, diversas proposições vieram à tona junto com a indignação que muitas pessoas e entidades estão manifestando. Destaco uma dessas proposições, um Projeto de Lei que tramita na Câmara dos Deputados desde 2004. Ele propõe a criminalização do porte de armas brancas em vias públicas e prevê detenção de três meses a um ano, além de multa, para quem descumprir o proposto. O autor do PL2967/2004, Lincoln Portela (PR-MG) justifica que a restrição ao porte de armas de fogo levou ao aumento da utilização de armas brancas. Enquanto os crimes vão se acumulando, a justiça prossegue lenta, o Poder Executivo falha no planejamento e gestão da segurança e o Poder Legislativo segue na sua inércia. Para o PL acima, são 11 anos sem análise de uma proposta de um parágrafo.

Os cidadãos é que devem ficar espertos para não serem surpreendidos por alguns portadores de faca, facão, canivete, punhal, espada, navalha, tesoura e assemelhados. É preciso estar de ouvidos atentos e olhos bem abertos nessa vida em que o risco só aumenta. E faz parte da gestão do risco pular igual pipoca e saltar de banda, principalmente quando se ouvir uma ou mais vozes gritando “olha a faca”, “olha o sangue” ou o pós-moderno “perdeu, perdeu”.

Qual seria a minha, a sua, a nossa reação se estivéssemos presentes numa cena como a que foi vítima o ciclista que pedalava sua bicicleta? O fato é que estamos cada vez mais expostos e tudo se aproxima mais e mais de nós todos. Para embalar essa reflexão, ainda que sem ação, que tal ouvir a musica De frente pro crime, de João Bosco e Aldir Blanc, na voz do próprio João Bosco, que é mineiro de Ponte Nova?

De frente pro crime
Fonte: Letras.mus.br

Tá lá o corpo
Estendido no chão
Em vez de rosto uma foto
De um gol
Em vez de reza
Uma praga de alguém
E um silêncio
Servindo de amém...

O bar mais perto
Depressa lotou
Malandro junto
Com trabalhador
Um homem subiu
Na mesa do bar
E fez discurso
Prá vereador...

Veio o camelô
Vender!
Anel, cordão
Perfume barato
Baiana
Prá fazer
Pastel
E um bom churrasco
De gato
Quatro horas da manhã
Baixou o santo
Na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então...

Tá lá o corpo
Estendido no chão
Em vez de rosto uma foto
De um gol
Em vez de reza
Uma praga de alguém
E um silêncio
Servindo de amém...

Sem pressa foi cada um
Pro seu lado
Pensando numa mulher
Ou no time
Olhei o corpo no chão
E fechei
Minha janela
De frente pro crime...

Veio o camelô
Vender!
Anel, cordão
Perfume barato
Baiana
Prá fazer
Pastel
E um bom churrasco
De gato
Quatro horas da manhã
Baixou o santo
Na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então...(2x)

Tá lá o corpo
Estendido no chão...
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