Curtas e curtinhas
Seca prolongada – A Sabesp, empresa de saneamento básico do estado de São Paulo registrou 60,9 milímetros de chuva na bacia do sistema Cantareira no período de 1 a 20 de janeiro. Isso equivale a 22,5% da média histórica para janeiro. Nos meses de outubro, novembro e dezembro do ano passado choveu apenas 60% do que foi registrado em outros anos. A continuar assim, o jeito será reduzir a quantidade de água captada no sistema e, obviamente, racionar o seu consumo. Será que as autoridades vão assumir isso de peito aberto? O mínimo que podemos esperar é que haja transparência nas informações e acesso fácil a elas. Como será que está a real situação das águas em Minas Gerais?
Ouro Preto – O Serviço Municipal de Água e Esgoto da histórica, turística e universitária Ouro Preto iniciou nesta semana o rodízio no abastecimento de água à sua população. As partes montanhosas serão as mais afetadas diante da distribuição de água dia sim, dia não. A medida foi tomada no momento de grande estiagem e de forte calor, não tendo data para terminar. Tudo vai depender da intensificação do período chuvoso que nem a meteorologia sabe dizer quando será. O município possui cerca de 74.000 habitantes segundo estimativas do IBGE em 2014. Essa população costuma dobrar no período do Carnaval para cujo início oficial faltam apenas 24 dias.
Água mineral – Já tem gente da classe média estocando água mineral e divulgando o ato na sua rede de relacionamentos. Isso me faz lembrar do sumiço da carne de boi e de outros produtos durante o Plano Cruzado do governo Sarney, em 1986. Naquela época o boi gordo foi caçado nos pastos. Será que no pânico atual a classe média vai perfurar poços artesianos em suas propriedades?
Pronatec – O Governo Federal iniciou o ano devendo R$ 800 milhões ao Senai e R$ 700 milhões ao Senac, relativos à compra de cursos do Pronatec (Programa de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Outra dívida do governo se refere à divulgação do índice de evasão de alunos até o último dia do ano passado, sem usar maquiagens conceituais.
Imposto de Renda – O veto presidencial à correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5% consolida mais perdas para os assalariados. Só para esse caso o Governo Federal usa a meta de 4,5% de inflação anual. Para quem quiser sentir o tamanho das perdas bastará a lembrança de que a inflação de 1996 a 2014 medida pelo IPCA do IBGE foi de 226,2% e a correção da tabela do Imposto de Renda ficou em singelos 99%. Esperar que o novo Congresso Nacional, onde a base aliada de apoio ao governo é majoritária, derrube o veto é muita ingenuidade. Portanto, vem aí Medida Provisória corrigindo a tabela em 4,5%. Já para Ministros do STF, Poder Judiciário, Senadores e Deputados o aumento salarial foi de 14,3% e prontamente sancionado pela Presidente da República. Nesse caso é dando que se recebe, uma mão lava a outra e as duas enxugam o rosto.
Apagão – A matriz energética brasileira depende excessivamente da geração de energia hidrelétrica. Mais um ano de prolongado período de seca obriga a geração de energia pelas usinas térmicas em sua capacidade total, logo elas que foram projetadas para ser um mero complemento. O apagão ocorrido na segunda feira em 11 estados mostrou mais uma vez as autoridades do setor batendo cabeças e demonstrando pouco compromisso com a transparência. O Ministério das Minas e Energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico, as empresas geradoras, transmissoras e distribuidoras tentam se justificar e fugir de suas responsabilidades, enquanto a Presidente da República pede medidas para que os apagões não se repitam. Que planejamento fazer e que medidas tomar para que chova dez dias sem parar, como outrora nessa mesma época, e para que as pessoas melhorem seu conforto térmico sem precisar de ventilador e ar condicionado? A única garantia que temos nesse momento é o tarifaço de até 50% nas contas mensais.