Curtas e curtinhas

por Luis Borges 26 de agosto de 2014   Curtas e curtinhas

Crescimento decrescente – A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) era de 2,5% até o final deste ano. Iniciando-se a última semana de agosto, o Boletim Focus do Banco Central aponta crescimento de apenas 0,7%. Até agora foram 13 quedas consecutivas da projeção. A se manter o ritmo, brevemente se chegará a 0,5%. Esse é o mesmo valor do seno de 30 graus que muita gente estudou em trigonometria da saudosa matemática do ensino médio. Nesse nível, o PIB poderá continuar a ser chamado de pibinho. Isso não é pessimismo, apenas realismo.

Suicídio – As mídias abordam pouco esse tema e, quando o fazem, geralmente está associado a pessoas com um maior grau de exposição, como um ator de cinema ou de televisão. Agora os 60 anos do suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas estão em evidência. Na minha opinião já está passando da hora de conhecermos melhor as causas que levam a essa abreviação da vida.

Refis da Copa – O Programa de Recuperação Fiscal (Refis) já está em sua 8ª edição, dessa vez considerada um legado da Copa. É óbvio que seu objetivo é melhorar a arrecadação da União, para que o balanço de 31 de dezembro apresente números mais vistosos nesse ano de baixo crescimento econômico e sinais de estagflação. O programa tenta atrair pessoas físicas e jurídicas com dívidas vencidas até 31/12/2013, e oferece descontos de até 60% no valor das multas e prazos de pagamentos de até 180 meses. Apesar da enorme carga tributária, quem sempre pagou em dia pode se sentir punido, pois os bônus são para os devedores.

Cartão de crédito – As compras feitas com cartão de crédito no Brasil em 2013 cresceram 15% em relação a 2012, e movimentaram R$ 543 bilhões. As operadoras de cartões e os bancos ligados a elas enaltecem as vantagens e incentivam o uso do dinheiro de plástico, que continuará crescendo. Mas nenhum deles aborda as taxas pagas pelos comerciantes, nem os valores cobrados pelas anuidades dos usuários ou as taxas de juros anuais de até 300% para quem financia seus saldos devedores. Só mesmo a educação financeira para ajudar as pessoas a se equilibrarem no uso do cartão de crédito.

Sem teto – Segundo a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) apenas 12% dos moradores das ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, instaladas no terreno da Granja Werneck, no bairro Zilah Spósito, na região Norte de Belo Horizonte, estariam enquadrados nos critérios exigidos pelo governo federal e pela prefeitura para serem beneficiados pelo programa de habitação Minha Casa, Minha Vida. Na verdade, o município de Belo Horizonte colhe os frutos da ausência de uma política habitacional de verdade nas últimas décadas, e tenta tampar o sol com a peneira ao citar casos extremos. Seria também o caso de se perguntar qual patrimônio deveria ser exigido daqueles que ocupam ou querem ocupar os cargos de prefeito, vice, secretários e vereadores?

Em chamas – Segundo o Instituto Tempo Clima da PUC Minas, já chega a 1.200 o número de incêndios em Minas neste ano, que é bem superior aos mais de 900 do ano passado. Só de domingo para cá já arderam em chamas o parque do Itacolomi, que fica entre Ouro Preto e Mariana, e outra vez o Parque da Serra do Rola Moça, no Solar do Barreiro em Belo Horizonte. Baixa umidade relativa do ar, dias quentes de inverno, pouca educação para a proteção ambiental, deficiente estrutura de equipamentos e pessoas para combate a incêndios surgem como causas de tantas ocorrências. Mas o que mais efetivamente nós, indivíduos e sociedade, podemos fazer para evitar tantas perdas quando Minas fica em chamas?

  Comentários

Publicado por

Publicado em