Continuar usando máscara é uma opção
Depois de tudo o que aconteceu nesses poucos mais de dois anos, temos evidências objetivas de que, no momento, o pior passou. Todavia, ainda está na parede da memória a insegurança, a ansiedade e o medo diante das incertezas no auge da pandemia da Covid-19 e suas mutações, sem vacina, e alguns dizendo que “nada será como antes” – aliás, nome de uma música de Milton Nascimento e Beto Guedes feita em 1972.
Isso foi muito propalado para embalar o “novo normal” decorrente das necessárias condições de segurança sanitária. Ou seja, “quando a história muda, tudo volta à zero” com a mudança dos paradigmas.
Meu ponto aqui é observar e analisar como algumas pessoas estão se comportando no local de trabalho após o uso de máscaras deixar de ser obrigatório em ambientes fechados, conforme a autonomia de cada munícipio. Medida que, entretanto, não se aplica a transportes coletivos, escolas, hospitais e clínicas.
Porém, como encarar as pessoas que usam máscaras no ambiente fechado em que elas já não são mais obrigatórias? Acredito que todos devem ser aceitos com o maior respeito previsto, com muita naturalidade perante a lei de Murici, ao dizer que “cada um cuida de si” dentro do ecossistema.
Observemos, com atenção, o que aconteceu no escritório de uma prestadora de serviços de segurança eletrônica de Belo Horizonte em que as pessoas, todas devidamente vacinadas, trabalham presencialmente numa sala de 50 m².
No primeiro dia após o fim da obrigatoriedade, 3 dos 9 colegas de sala continuaram usando o dispositivo protetor no rosto. À medida em que foram chegando ao local, por volta das 8 horas da segunda-feira, o alarido só crescia. Os sem máscaras começaram a patrulhar os que continuaram a usá-las.
Todos perguntavam “na lata” aos colegas porque continuar usando. Após o constrangimento inicial causado pela pergunta, um dos patrulhados resolveu justificar sua decisão. Disse aos colegas que usará a máscara até se sentir plenamente seguro de estar correndo um risco mínimo de contaminação. Lembrou também que a não obrigatoriedade não revogou a opção pelo seu uso para quem quiser.
Outro patrulhado respondeu que estará de férias na próxima semana e não quer correr o risco de ter de desmarcar sua viagem por causa de alguma contaminação advinda de um descuido. Após a turbulência, o dia seguiu seu curso enquanto alguns sem máscaras olhavam de modo meio atravessado para os que optaram por continuar a usá-las.
Fico pensando como as pessoas vão se comportar diante de um surto de gripe, que não é tão inesperado assim nessa época do ano. Será que usarão mascaras para a proteção de todos que trabalham na sala?
É quase incrível como certas pessoas passam dos limites estabelecidos nas regras do jogo e tentam impor as suas próprias regras como se fossem o único e limitado caminho possível e de maneira desrespeitosa.
Como fica o clima organizacional numa situação como essa? Como se vê, a gestão pela liderança faz falta em muitas organizações humanas e as deixa distantes da excelência, mesmo sabendo que “nada será como antes”. Mas como será?
Nada Será Como Antes – Milton Nascimento e Beto Guedes
Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol