Panela vazia na carestia

por Luis Borges 18 de julho de 2022   Pensata

As pessoas nascidas em 1954 estão completando 68 anos ao longo desses 12 meses que vão se passando. Naquele ano, a música Panela Vazia, na voz de Leny Eversong, fez muito sucesso ao mostrar a carestia reinante no país. Aliás, segundo o dicionário eletrônico Houaiss, carestia é “escassez de víveres ou de determinado produto; encarecimento do custo de vida; preço elevado, acima do valor real”.
Passado todo esse tempo, a história se repete, apesar das transformações cada vez mais aceleradas nas várias dimensões da vida que também geram muitas desigualdades.
A sensação que tenho nesse momento é que estamos passando e sobrevivendo em meio à grandes pontos de inflexão, em busca de novos rumos dentro de uma sociedade polarizada em meio a alguns pequeninos satélites.
 É chocante a desigualdade na distribuição de renda no Brasil, que nos mantém muito distantes da equidade social enquanto a realidade grita diante da fome que tem pressa.
Conforme o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, no Brasil são 33 milhões de pessoas em situação de insegurança grave, ou seja , em situação de fome. A inflação alta e persistente só faz aumentar a perda do poder aquisitivo que atinge a todos de maneira desigual, bem menos aos poucos que estão no topo da pirâmide social e extremamente mais a quem está na sua ampla base.
A carestia convive com o alto número de pessoas desempregadas (10,3 milhões), com o crescimento da quantidade de moradores de rua e com o aumento da insegurança diante saques, furtos e roubos a começar por onde tem comida.
 Enquanto isso, o endividamento das pessoas e famílias vai crescendo e alguma reserva, por ventura existente, vai sendo queimada rapidamente. No primeiro semestre desse ano foram retirados mais de 50 bilhões de reais da caderneta de poupança.
A carestia prossegue tão grande e crescente que até as solidárias doações da fase mais aguda da pandemia da covid-19 caíram assustadoramente, o que só acentua o quanto as panelas estão vazias.
Como canta Leny Eversong, “Meu Deus do céu que carestia / Falta tudo na vida hoje em dia / Falta gás no fogão, falta luz no fulhão / Falta água na pia/ Fogo apagado panela vazia / A minha situação não tá boa, não / Já não sei o que fazer…” (Confira a letra completa)
O que e como fazer, pois o trem tá feio e quanto pior, pior mesmo.

 

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Um senhor de 65 anos de idade, recém aposentado, tem um plano de saúde co-participativo na expectativa de não ter dor de cabeça quando precisar ser atendido em suas necessidades de assistência médica. O pior foi descobrir que seu plano também lhe causa dor de cabeça. Nesse início de julho, entrou em contato com a secretária de seu cardiologista para marcar uma consulta. O meio disponível para acesso foi o telefone celular, pois o seu preferido, o telefone fixo, foi desativado há algum tempo.
Após tentar pela 4ª vez, finalmente foi atendido e antes de mais nada reclamou da demora. O fato foi justificado pela secretária devido à sua ida a portaria do edifício resolver um problema momentâneo para o seu chefe.
Logo em seguida, o cliente disse boa tarde rapidamente e pediu para marcar uma consulta com o doutor. Quase sem esperar que a fala terminasse, a secretária disse ao cliente que a as consultas passaram a ser marcadas apenas pelo WhatsApp, através de mensagem de texto, forneceu o número e desligou logo em seguida, pelo visto, para não dar chance de nenhum questionamento. Dá até para lembrar de um ditado popular dizendo que “Manda quem pode, obedece quem tem juízo “. A respeitosa relação entre cliente e fornecedor quase sofreu um abalo. O jeito foi o cliente passar uma mensagem de texto perguntando quando haveria um horário vago para consulta.
Quase meia hora depois ele recebeu mensagem dizendo que, pelo seu plano de saúde, naquele momento, só existia vaga para o final de setembro. Pensou em perguntar sobre a possibilidade de uma consulta particular, que possivelmente existiria para o dia seguinte, mas desistiu da ideia para não estourar seu orçamento mensal.
Na sequência, o cliente enviou nova mensagem perguntando se havia vaga disponível para a terça feira, 27 de setembro, às 14 horas. Esperou mais 15 minutos e recebeu nova mensagem da secretária dizendo que terça não daria, mas que poderia deixar a consulta marcada para a quinta-feira, 29 de setembro, no mesmo horário solicitado.
Na mensagem seguinte o cliente confirmou a aceitação da agenda proposta e perguntou pela possibilidade de receber antecipadamente uma lista contendo alguns exames laboratoriais que geralmente o médico solicita. A ideia era tentar ganhar algum tempo. A secretária respondeu que só daria uma informação segura assim que o médico estivesse disponível no intervalo entre consultas.
No início da noite, o cliente recebeu a mensagem com o pedido dos exames laboratoriais a serem feitos na semana anterior à da consulta. Enquanto isso, caberá ao cliente esperar e torcer para que na data marcada o médico possa cumprir a agenda.
Fiquei pensando como que a gestão estruturada e a tecnologia da informação precisam caminhar juntas, pois os processos de trabalho devem sempre ser racionalizados, simplificados, buscando a melhoria contínua e a inovação de maneira adequada. Independente do tamanho do negócio.

Você já enfrentou alguma situação semelhante a essa que foi contada aqui? Apenas uma vez ou mais de uma?

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No início da noite de 27 de junho, uma segunda-feira, aconteceu um incêndio no quarto 61 do décimo andar do hospital da Santa Casa em Belo Horizonte. Segundo o portal G1, o fogo foi causado por um vazamento de oxigênio atrelado à pane de um equipamento. No andar existem 50 leitos do Centro de Tratamento Intensivo-CTI e naquele momento 931 pessoas estavam internadas no hospital, que teve de ser evacuado. Foram confirmadas as mortes de duas pessoas no translado.
Incêndio causou estragos no 10º andar da Santa Casa — Foto: Santa Casa/Divulgação

Santa Casa/Divulgação

Quando surgem problemas desse e de outros tipos que tem grande repercussão na mídia a pergunta imediata é sempre a mesma, ou seja, quais as causas do incêndio. Em menor escala surgem os caçadores de culpados de qualquer natureza e também alguns propondo soluções para que o fato não se repita.
 Mas que lições podemos tirar e pontuar para que todos possam conhecer, compreender e se conscientizar da importância da gestão da manutenção para colocá-la em prática. Isso vale para as pessoas físicas e jurídicas nos setores públicos e privados.
É importante lembrar que Sistema é um conjunto de partes interligadas que por sua vez possuem inúmeros processos, conjunto de causas que provoca um ou mais efeitos. Quando o resultado de um processo é ruim, indesejável nos deparamos com um problema, mas que precisa ser resolvido, jamais ignorado, negado ou justificado com desculpas. Gerenciar é resolver problemas com uma visão sistêmica.
A nossa reflexão aqui deve partir da premissa de que tudo começa com a gente e com o nosso querer nos ambientes em que atuamos devidamente comprometidos. Mas quais tem sido as nossas atitudes perante a necessária e prioritária gestão da manutenção? Podemos começar, por exemplo com a gestão da saúde individual nos diversos níveis de cuidados e descuidos que cada um tem, o que mostram os indicadores e os sintomas (sinais) disponíveis.
Essencialmente a gestão da manutenção poderá ser corretiva – a mais cara – para remover as falhas, preventiva para evitar que as falhas ocorram e preditiva para predizer que algo deve ser feito a partir da probabilidade de ocorrer uma falha em determinado componente após certo tempo de uso (num avião, por exemplo). Não dá para esperar a exaustão para depois agir.
Raciocínio semelhante pode ser feito para a manutenção de nossas residências ao longo do seu tempo de uso. Daqui a 3 meses terá início o período chuvoso. Será que os nossos telhados com as suas calhas serão revisados e limpos para evitar futuros entupimentos? Caso contrário a água das chuvas procurará caminhos alternativos para seu escoamento e poderá pingar dentro da casa.
Na mesma direção e sentido podemos pensar sobre a quantas anda a gestão da manutenção em tudo aquilo que está sob a responsabilidade dos municípios, dos estados e da União. A sensação que dá é de muita manutenção corretiva, mas isso precisava ser confirmado pelos dados constantes nos respectivos portais da transparência, pois afinal de contas, quem não mede, não gerencia e quem não controla também não gerencia.
E se houver um incêndio no local de trabalho público ou privado de cada um de nós, se o elevador emperrar com sua lotação máxima no vigésimo andar de um prédio, se o motor do veículo fundir no meio do viaduto ou se uma carreta perder o freio na decida de uma avenida, por exemplo, o que fazer? Ou apenas sentiremos falta da gestão da manutenção?
Como se vê gestão é o que todos precisam, inclusive a da manutenção, mas nem todos ainda sabem que precisam.
Para ler a matéria do G1, clique aqui.
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Pensemos na situação de uma pessoa que está procurando uma vaga para consulta médica, eletiva ou de urgência, preocupada para encontrar um profissional que aceita atender pelo plano de saúde já na primeira prestação de serviço. E como ela ficará se a espera for pelo resultado de determinado exame de apoio a um diagnóstico médico? Pensemos também em quem está esperando a reconstrução da casa destruída numa das enchentes do início do ano. Ou em outra pessoa que continua aguardando a liberação de sua parte na herança deixada por uma tia solteira que se finou no início do ano passado. Meu ponto aqui está ligado às expectativas geradas pelas respostas que temos de esperar e também pelas que nunca chegam. É muita expectativa, que segundo o dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa é “situação de quem espera a ocorrência de algo, ou sua probabilidade de ocorrência, em determinado momento”.

Entretanto esse momento nem sempre chega para muitas pessoas que participam de processos seletivos que visam preencher vagas de trabalho em determinados tipos de organizações humanas, a começar por empresas dos mais diferentes portes. E isso não é de agora. É que nelas predomina a incapacidade de informar aos candidatos não selecionados a sua real situação, ou seja, que não foram aprovados. Se essa informação não vem, podemos até imaginar quanto tempo vai se passar para que a pessoa conclua que aquele determinado processo não resultará em nada positivo. Essa ausência de retorno acaba sendo uma postura muito desrespeitosa com quem está procurando uma oportunidade de trabalho para bancar a própria sobrevivência.

Outra modalidade que tem sido usada sem se preocupar com o retorno para quem entra no processo é o anúncio de vaga para trabalho com inscrição a ser feita no portal de algumas empresas com o pedido de preenchimento da ficha e anexação do currículo. De repente, o anúncio é retirado do ar durante o período de inscrição, sem nenhuma explicação, e tudo fica por isso mesmo.

Alguns que se inscreveram ficam matutando sobre o destino da vaga. Será que foi cancelada, adiada ou redirecionada para outra necessidade mais prioritária de determinado setor da empresa em tempo de orçamento apertado? Dá até para pensar se a empresa só queria medir o mercado para verificar as principais características do momento, inclusive a disponibilidade de pessoas capacitadas, por exemplo. Obviamente que organizações humanas desse tipo sempre terão variados argumentos para justificar o ato desinformativo.

Muitos dirão que a organização não tem estrutura e tempo para dar esse tipo de retorno diante da quantidade de candidatos. Também justificam o ato sob a alegação de que existia muita pressa para admitir quem foi selecionado para preencher logo uma lacuna existente e combater a sobrecarga da equipe. Outros alegaram dificuldades para dar uma notícia ruim a alguém. Mas, cá para nós, é melhor saber logo o resultado do processo, inclusive se ele foi cancelado. Isso é mais respeitoso com as pessoas participantes e deixará o caminho livre, sem ilusões para ajudar no reposicionamento de cada um na vida que prossegue.
Uma oportunidade para trabalhar com dignidade nessa conjuntura em que a estratégia é de sobrevivência é o que muitas pessoas querem e precisam. Isso torna-se cada vez mais agudo diante dos 11,3 milhões de desempregados e 4,6 milhões de desalentados – os que desistiram de procurar trabalho -, além da fome e da insegurança alimentar.

Como se vê não dá para simplesmente deixar de levar em consideração as expectativas das pessoas enquanto o tempo vai passando. Alguma resposta é muito mais respeitosa com as pessoas do que nenhuma resposta.

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O residencial Jardim das Hortênsias foi construído num terreno de 800 m² na região nordeste de Belo Horizonte. Na parte central do lote está um edifício com 12 apartamentos, sendo 4 por andar, e área base de 85 m² cada um. No subsolo existem duas vagas de garagem para cada apartamento. No primeiro andar os 4 apartamentos possuem área privativa. No segundo estão os apartamentos tipo e no terceiro ficam apartamentos com as respectivas coberturas. O prédio tem elevador, mais uma vaga externa de garagem para cada apartamento, área de lazer, segurança eletrônica e síndico profissional. A construtora vendeu o prédio na planta e, aos trancos e barrancos, levou 8 anos para entregar o que foi vendido.

Como acontece com frequência nessas situações, muitas coisas não foram feitas e outras receberam a aplicação de materiais e componentes bem abaixo da qualidade que foi especificada. A construtora geralmente se justificou, se contorceu em explicações ou simplesmente fugiu de suas responsabilidades.

Passados 5 anos em que os apartamentos estão ocupados pelos proprietários, sendo que três deles mudaram de proprietário, o que não muda é o nível e a quantidade de atitudes desrespeitosas da maioria deles.

Qualquer coisa que acontece, independente do que diz o regimento interno, é suficiente para se instalar o tribunal do grupo de WhatsApp integrado pelos moradores. Muitos que são valentes nas telas não resistem aos mínimos argumentos numa conversa cara a cara ou numa assembleia geral do edifício diante de fatos, dados e evidências objetivas conforme a natureza dos temas. O portão de pedestres ou da garagem esquecidos abertos, churrasqueira desregulada esparramando fumaça, o lixo domiciliar armazenado de qualquer jeito, sem obedecer aos padrões, música em alto volume em alguns apartamentos, ocupação indevida de vagas de automóveis na garagem… aparecem com frequência nas postagens do grupo.

Mas o que “bombou” na semana passada foi uma tentativa de entrega de uma encomenda para um morador que não estava em casa. Não demorou muito, ele recebeu um aviso da transportadora dizendo que a encomenda foi entregue com sucesso. Foi o suficiente para que ele perguntasse no grupo de WhatsApp quem havia recebido a sua encomenda. Como ninguém respondeu de imediato, ele insistiu na pergunta.

Pelo menos sete moradores responderam que não pegaram e não precisavam de ficar com a encomenda, dois perguntaram se o vizinho estava pensando que eles eram ladrões e todos disseram que de agora em diante não pegarão encomendas para ninguém.

Isso é um pequeno resumo do nível das falas postadas no dia do ocorrido.

No início da manhã seguinte o morador postou nova mensagem pedindo desculpas pelo ocorrido no dia anterior, dizendo ter sido informado pela transportadora que sua encomenda não foi entregue e que, devido a um erro de processamento, ele acabou sendo avisado do contrário.

Como se vê os detalhes decidem, inclusive para quem não presta atenção nas coisas e age no impulso com muita vontade de dar vazão à própria ansiedade por algo que estava esperando e também buscar um culpado pela não chegada da encomenda às suas mãos.

Apontar o dedo é bem mais fácil que gerenciar para resolver problemas.

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A volta dos encontros presenciais

por Luis Borges 13 de junho de 2022   Pensata

A pandemia da Covid-19 e suas variadas mutações impôs a muita gente a obrigatoriedade do “se puder, fique em casa” e do distanciamento social para evitar as aglomerações, o que muito contribuiu para combater a disseminação do vírus.

Foi um longo percurso, mas chegamos à segunda dose de reforço vacinal para quem tem mais de 50 anos de idade e tomou a última há mais de 4 meses. Agora estamos diante de mais um repique do vírus e uma recomendação para se usar máscaras em ambientes fechados. Lembremos que recomendação não é obrigação e que cada indivíduo tem o livre arbítrio para cuidar de si e também se preocupar com quem está no seu entorno, sua área de influência.

Mas se “cada dia com a sua agonia”, como se diz no nordeste brasileiro, que decisão tomar com segurança em termos de flexibilização de procedimentos depois de tudo que tem acontecido nesses últimos dois anos e seis meses de pandemia?

Além da Covid-19, agora entrando para o calendário de vacinas, ainda temos gripe, resfriado comum, dengue, zika, chikungunya, sinusite, rinite, febre amarela, sarampo…

Nesse tempo que ainda estamos atravessando, bem mais flexibilizado, vale registrar a grande aceleração dos relacionamentos a distância entre as pessoas, com mediação das telas dos dispositivos tecnológicos. Mas até quando ficar manter distância à medida em que tudo vai voltando ao ritmo da pré-pandemia nas mais diversas atividades que necessitam e contam com a presença das pessoas, que são gregárias por natureza?

Nesse sentido cada caso é um caso na retomada dos encontros presenciais entre as famílias em seus diferentes laços, parentes e amigos que cabem nos dedos das mãos.

Vou contar aqui o caso de dois casais amigos de décadas, na faixa etária dos 60 a 70 anos, que não se encontravam presencialmente há quase 3 anos. Obviamente que nesse período mantiveram contatos a distância, cuja frequência foi compatível com o tamanho da amizade longeva. Na pauta sempre fazia parte a expectativa pelo momento em que ocorreria um encontro presencial cheio de energia para ser compartilhada. Na segunda quinzena de maio ficou claro para os casais amigos que era chegada a hora do encontro presencial, com a devida gestão de riscos que o momento ainda exige.

O casal anfitrião foi o que fez a última visita presencial ao casal amigo ainda em 2019, ano anterior ao início da pandemia no Brasil. Finalmente no sábado 4 de junho à noite aconteceu o tão esperado encontro presencial. Preparado com muito esmero pelos anfitriões com todas as características do seu jeito de ser.
Foram três horas de uma conversa animada e feliz com a sensação gostosa da retomada do convívio característico de quem sabe polir e cultivar as amizades.

Na hora da despedida veio o convite do anfitrião para o encontro que vai celebrar o seu aniversário de nascimento num espaço aberto e com duas dezenas de participantes. O casal amigo disse que sim, mas voltou para casa pensando em como seria estar com mais gente num aniversário já adiado por 2 anos. Isso porque a visita que estava acabando de terminar foi a primeira que fizeram após tanto tempo na retranca pela sobrevivência.

E você caro leitor, como tem sido a sua retomada dos encontros presenciais com as pessoas mais próximas?

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O dia 31 de maio marca o fim do prazo de entrega, sem o pagamento de multa, da declaração anual do imposto de renda de pessoas físicas à Super Receita Federal do Brasil. Inicialmente, o prazo era 29 de abril e foi prorrogado também como parte das “bondades” que acontecem em anos eleitorais. A expectativa da Receita Federal é de receber 34,1 milhões de declarações até as 23:59 desse dia.
Apesar do trabalho que dá, a preparação de toda a documentação com as evidências objetivas que comprovam o que é declarado, para não cair na malha fina, o que merece e precisa ser focado é o grande aumento da carga tributária que incide sobre as pessoas físicas. Para melhor compreender o fenômeno, podemos nos lembrar que a última correção, parcial, na tabela do Imposto de Renda- IR aconteceu em 2015 e de lá para cá ela está totalmente congelada. Já se passaram sete anos marcados pela crescente inflação cada vez mais espalhada pelos vários setores da economia.
Com isso, o poder aquisitivo despenca continuamente. As categorias profissionais que conseguiram repôr total ou parcialmente as perdas inflacionárias, ou mesmo os poucos que obtiveram aumento real, imediatamente mudaram de patamar, para cima, com o consequente aumento da carga tributária devido à tabela congelada.
Segundo o Sindifisco Nacional – Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil , a defasagem da tabela de 1996 a 2021 é de 134%. Se considerarmos os últimos 7 anos sem correção, e com grande alta da inflação, a defasagem chega a 50,7% e nos quatro primeiros meses desse ano está em 4,29%. Tudo isso só amplia a urgente necessidade de correção da tabela.
Em sua campanha, o atual presidente da república afirmou que corrigiria a tabela do IR elevando o limite da isenção para quem recebe até cinco salários mínimos mensais,  atualmente R$ 6160.  Já a tão falada e decantada reforma tributária começou a ser discutida, mais uma de muitas vezes, no ano passado, com a primeira fase tratando da simplificação do processo de arrecadação e a segunda fase tratando do imposto de renda, contendo uma tímida proposta de correção da defasagem. O fato concreto é que até agora nada foi resolvido.
Enquanto isso, a carga tributária vai ficando cada vez mais pesada para os pagadores de impostos e a Super Receita Federal só bate recordes de arrecadação. Se não houver pressão, tudo seguirá como está e a desigualdade na distribuição de renda continuará se acentuando.
Fico até imaginando a situação da tabela do IR se ela fosse corrigida por um critério semelhante ao usado para reajustar o preço dos combustíveis, lastreados na cotação do barril de petróleo e do dólar. Deixando a imaginação de lado, só sei que a gente vai ficando para trás e com cada vez menos poder aquisitivo. A estratégia é de sobrevivência.
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“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.”
Esses versos fazem parte do poema “No Caminho com Maiakóvski” do poeta Eduardo Alves da Costa. Eles me estimularam a escrever esta pensata sobre o que está acontecendo no bairro de Santa Tereza, no que tange ao contínuo desrespeito ao Código de Posturas Municipais e à Lei do Silêncio.
Realmente, não dá para ficar parado diante de tanto desrespeito às regras que regulam o convívio social no espaço urbano.
O que está acontecendo na rua mármore, por exemplo, a principal do bairro, é que alguns estabelecimentos comerciais como bares e restaurantes estão usando toda a calçada e parte da pista de rolamento para colocar mesas e aumentar o espaço para atendimento a seus clientes. Alguns até delimitam parte da pista com grades. Tudo fica mais difícil para a circulação de pedestres, de todas as idades, que muitas vezes são obrigados a passar entre as mesas, geralmente ocupadas por pessoas eufóricas após tomar algumas cervejas. Quando não é possível, o jeito é passar pela pista de rolamento e, em alguns casos, depois do gradeamento, o que só aumenta a insegurança e o risco de acidentes ou quase acidentes.
Existe o caso de um bar que já coloca mesas até na calçada da Praça Duque de Caxias que fica em frente. Existe um outro que utiliza o espaço de um posto de combustíveis vizinho às suas instalações para fazer um pagode às noites de domingo. O som advindo do evento fica muito além dos limites estabelecidos pela Lei do Silêncio. Problema semelhante, mas de maior dimensão, existe numa casa de shows musicais e eventos que fica a 3 quarteirões dali – Rua Conselheiro Rocha – cujo alvará de funcionamento dado pela Prefeitura Municipal colocou como uma das condicionantes o isolamento acústico do local. A vizinhança reclama bastante, principalmente das músicas que ecoam até as 3 horas da madrugada, o que só aumenta a poluição sonora, notadamente nos finais de semana. Alie-se a isso o caos instalado nas ruas que dão acesso à casa.
É importante lembrar que o Código de Posturas do município de Belo Horizonte aprovado pela lei 8616/2003 e modificado pela Lei 9845/2010 estabelece que a colocação de mesas nas calçadas precisa ser licenciada pela Prefeitura, e mesmo assim se a calçada tiver largura acima de 2,75 metros. Já a colocação de mesas e gradeamentos nas pistas de rolamento é simplesmente proibida. Por outro lado, a Lei do Silêncio de número 9505/2008 que dispõe sobre o controle de ruídos, sons e vibrações estabelece que o limite para as emissões entre 19h01 até as 22h é de 60 decibéis, de 22h01 às 23h59 é de 50 decibéis e de 0h às 7h é de 45 decibéis.
Vale lembrar que o bairro de Santa Tereza é uma Área de Diretrizes Especiais- ADE segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo, possui em torno de 16.400 mil habitantes segundo o IBGE e estima-se que apenas 10% dos moradores frequentam os seus bares, restaurantes e casas de shows musicais.
Como se vê, é preciso avaliar o desempenho da fiscalização da Prefeitura e sua Administração Regional Leste diante do descumprimento de diversas exigências contidas nas leis de regulação urbana. E como tem sido a fiscalização da Câmara de vereadores em relação aos atos e omissões do poder executivo municipal?

Cabe também à população do bairro uma maior vigilância para fazer valer os seus direitos como cidadãos, inclusive registrando suas reclamações pelos canais da prefeitura, como o telefone 156 na opção 1 para reclamações, na Ouvidoria, na Zeladoria e na Administração Regional Leste, por exemplo. Quem cala consente!

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Nem tudo que reluz é ouro

por Luis Borges 17 de maio de 2022   Pensata

A estratégia de sobrevivência tornou-se cada vez mais obrigatória no foco de quem está enfrentando o altíssimo desemprego (quase 12 milhões de pessoas desempregadas), a imprevisível demanda por prestação de serviços informais, o desalento, a persistente inflação crescente nos últimos anos(12,13% nos últimos 12 meses) com grande perda do poder aquisitivo e salários menores para quem consegue recolocação.
Muitas são as pedras no caminho diante de uma economia que projeta um pífio crescimento entre 0,5% e 0,9% nesse ano.
Nesse contexto, tenho observado e analisado casos de pessoas buscando se tornar visíveis, tendo em sua base a disseminação do Curriculum Vitae, em latim, ou Currículo, em português, por meio físico e digital. Segundo o dicionário eletrônico Houasis, currículo é um “documento em que se reúnem dados relativos às características pessoais, formação, experiência profissional e/ou trabalhos realizados por um candidato a emprego, atividade de autônomo, cargo específico etc.; curriculum vitae”.
Mas qual o nível de confiabilidade que se pode ter nas informações contidas num currículo nesses tempos de tantas Fake News e necessidades básicas de sobrevivência em conjuntura tão adversa?
Profissionais que trabalham no processo de recrutamento para atender a determinados perfis especificados citam os itens mais inflados ou exagerados nos currículos que analisam. Os mais citados, em ordem decrescente, são: formação acadêmica, fluência em idioma estrangeiro, falsa experiência na área, acréscimo de atribuições para supervalorizar cargos anteriores, remuneração anterior e benefícios, tempo de permanência nas empresas, garantia de mobilidade e flexibilidade.
Diante da grande concorrência existente no mercado, a atitude mais comum entre os recrutadores é eliminar do processo seletivo os candidatos que inflam as informações contidas no currículo e que são facilmente percebidas. Por exemplo, quem afirma que tem fluência em idioma estrangeiro pode ser testado quando o recrutador inicia um diálogo na língua citada e o candidato não consegue seguir em frente. Títulos de formação acadêmica, trabalhos anteriores e referencias pessoais podem ser facilmente checados. Aliás existem empresas no mercado que trabalham com a checagem de antecedentes para deixar expostas as informações que não são verdadeiras.
Mesmo aqueles que conseguem ser admitidos sem ser descobertos por suas informações falsas, quando apresentam desempenho incompatível com as informações passadas podem acabar sendo demitidos. Um ditado popular muito lembrado diz que “mentira tem perna curta”. Recentemente, um senhor indicado para ser ministro da educação do Brasil renunciou ao cargo após vir à tona que algumas informações sobre cursos de pós-graduação citados em seu currículo não eram totalmente verdadeiras.
Melhor seria que o currículo só tivesse informações verdadeiras e que as pessoas reconhecessem as lacunas existentes para saná-las e ficarem mais competitivas. Como sabemos, nem tudo que reluz é ouro e cada vez mais não dá para enganar todo mundo o tempo todo. Sustentar uma mentira consome muita energia e traz muitos sobressaltos a qualquer momento.
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Depois de tudo o que aconteceu nesses poucos mais de dois anos, temos evidências objetivas de que, no momento, o pior passou. Todavia, ainda está na parede da memória a insegurança, a ansiedade e o medo diante das incertezas no auge da pandemia da Covid-19 e suas mutações, sem vacina, e alguns dizendo que “nada será como antes” – aliás, nome de uma música de Milton Nascimento e Beto Guedes feita em 1972.
Isso foi muito propalado para embalar o “novo normal” decorrente das necessárias condições de segurança sanitária. Ou seja, “quando a história muda, tudo volta à zero” com a mudança dos paradigmas.
Meu ponto aqui é observar e analisar como algumas pessoas estão se comportando no local de trabalho após o uso de máscaras deixar de ser obrigatório em ambientes fechados, conforme a autonomia de cada munícipio. Medida que, entretanto, não se aplica a transportes coletivos, escolas, hospitais e clínicas.
Porém, como encarar as pessoas que usam máscaras no ambiente fechado em que elas já não são mais obrigatórias? Acredito que todos devem ser aceitos com o maior respeito previsto, com muita naturalidade perante a lei de Murici, ao dizer que “cada um cuida de si” dentro do ecossistema.
Observemos, com atenção, o que aconteceu no escritório de uma prestadora de serviços de segurança eletrônica de Belo Horizonte em que as pessoas, todas devidamente vacinadas, trabalham presencialmente numa sala de 50 m².
No primeiro dia após o fim da obrigatoriedade, 3 dos 9 colegas de sala continuaram usando o dispositivo protetor no rosto. À medida em que foram chegando ao local, por volta das 8 horas da segunda-feira, o alarido só crescia. Os sem máscaras começaram a patrulhar os que continuaram a usá-las.
Todos perguntavam “na lata” aos colegas porque continuar usando. Após o constrangimento inicial causado pela pergunta, um dos patrulhados resolveu justificar sua decisão. Disse aos colegas que usará a máscara até se sentir plenamente seguro de estar correndo um risco mínimo de contaminação. Lembrou também que a não obrigatoriedade não revogou a opção pelo seu uso para quem quiser.
Outro patrulhado respondeu que estará de férias na próxima semana e não quer correr o risco de ter de desmarcar sua viagem por causa de alguma contaminação advinda de um descuido. Após a turbulência, o dia seguiu seu curso enquanto alguns sem máscaras olhavam de modo meio atravessado para os que optaram por continuar a usá-las.
Fico pensando como as pessoas vão se comportar diante de um surto de gripe, que não é tão inesperado assim nessa época do ano. Será que usarão mascaras para a proteção de todos que trabalham na sala?
É quase incrível como certas pessoas passam dos limites estabelecidos nas regras do jogo e tentam impor as suas próprias regras como se fossem o único e limitado caminho possível e de maneira desrespeitosa.
Como fica o clima organizacional numa situação como essa? Como se vê, a gestão pela liderança faz falta em muitas organizações humanas e as deixa distantes da excelência, mesmo sabendo que “nada será como antes”. Mas como será?
Nada Será Como Antes – Milton Nascimento e Beto Guedes

Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã

Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã

Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

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