Desde 1994 que a Reforma Tributária aparece nas análises de conjuntura e cenários de quem faz planejamento e reposicionamento estratégico estruturado para seus negócios, como ameaça para alguns segmentos da economia e como oportunidade para outros.

Apesar de sempre citada como uma necessidade premente e vendida como mais uma panaceia para quase todos os males existentes no país, o fato é que só nos últimos três anos chegaram ao Congresso Nacional propostas mais estruturadas para início das discussões sobre um tema tão complexo e impactante.

Entretanto, alguns aspectos precisam ser mais bem observados e compreendidos para que se faça algo consistente e compatível com a realidade lastreada pelo conhecimento, fatos e dados. Não dá para aprovar nada a toque de caixa, empurrando goela abaixo algo tão estratégico. Aliás, melhor seria fazer antes uma reforma administrativa para se conhecer o tamanho do Estado – União, estados e municípios – buscando dimensionar uma suportável capacidade de se pagar tributos por parte da sociedade. Algumas premissas fundamentais são a austeridade nos gastos do Estado, teto para a remuneração das castas de servidores públicos, nada de mordomias, gestão pela qualidade dos serviços prestados e nenhum aumento da alta carga tributária atual, por exemplo. É importante lembrar que em 1993 a carga tributária brasileira equivalia a 22% do Produto Interno Bruto (PIB) e atualmente, 30 anos depois, está em torno de 35% do PIB.

Fico me lembrando da Reforma Trabalhista, aprovada em 2017, que foi vendida como uma grande saída para o crescimento do nível de emprego e deu no que deu. Seria possível hoje uma contrarreforma? Também me lembro agora da reforma da Previdência Social do setor privado, aprovada em 2019, com crescimento dos requisitos para a aposentadoria a começar pelo aumento da idade mínima de homens (65 anos) e de mulheres (62 anos), e tempo de contribuição de todo o período trabalhado e não mais de 80% das maiores contribuições, deixando de fora do cálculo as 20% mais baixas.

No momento, a Câmara dos Deputados fala em aprovar o texto da Reforma Tributária até 15 de julho, visando uma simplificação do processo de cobrança de tributos – impostos, contribuições e taxas, mas deixando de fora, para análise no segundo semestre, o imposto sobre a renda e o patrimônio. O que está sendo proposto é o Impostos Sobre Bens e Serviços – IBS , sendo um para o plano Federal, englobando o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e outro IBS para os estados a ser composto pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) hoje recolhido pelos municípios. Faltando menos de 20 dias para a data marcada para a aprovação da última versão da Proposta de Emenda Constitucional (PEC), aumentam os questionamentos de setores como serviços, comércio e agronegócio diante do aumento da carga tributária em função das alíquotas estabelecidas.

Segundo um estudo da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo – CNC, a proposta atual pode resultar em aumento de impostos em diversos setores do comércio e serviços.

Como ficarão os pequenos municípios diante de tudo isso? Cerca de 3.770 municípios (67,7%) possuem população abaixo de 20 mil habitantes e concentram 31,6 milhões de habitantes, o que corresponde a 14,8% da população país.

Como se vê, são muitas as perguntas e questionamentos e o que eu citei aqui é uma pequeníssima amostra desse universo. As variáveis são tão complexas que a previsão é de que toda a Reforma proposta estará totalmente implementada até o ano de 2078.

É o que temos para hoje.

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Decisões médicas conflitantes

por Luis Borges 21 de junho de 2023   Pensata

Na semana passada, tomei conhecimento de dois acidentes surpreendentes que ocorreram com pessoas com quem tenho uma amizade viva que se aproxima de cinco décadas.

O primeiro caso ocorreu na quarta-feira, 14/06, quando a amiga descia uma escada em sua casa. Ela usava chinelos, se desequilibrou e caiu sentada, mas bateu o ombro fortemente na parede lateral. A intensa dor veio imediatamente e o jeito foi procurar o pronto atendimento de um hospital que atende ao seu plano de saúde regido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS. Vale lembrar que, segundo a agência reguladora e fiscalizadora, cerca de 25% da população do país possui algum tipo de plano de saúde, com variados tipos e limites técnicos.

Após 5 horas no hospital, variados exames de imagem e outros procedimentos pertinentes, o profissional médico que liderou o atendimento concluiu que houve 4 fraturas no ombro direito, mas recomendou um tratamento conservador com duração inicial de 6 meses. Disse que é cirurgião especializado em ombros, que adora fazer cirurgias, mas que esse procedimento não era o recomendado para o caso dela. Ainda assim, ela procurou um segundo especialista, que ratificou o tratamento indicado pelo colega.

Na quinta, 15/06, a outra amiga tropeçou numa pequena saliência na área de serviços do seu apartamento, em fase final de obras, onde será instalado um armário. Ela bateu a cabeça no chão e com impacto maior no lado direito, na parte logo acima do olho. O local ficou bastante roxo, o suficiente para chamar a atenção de pessoas, que querem saber o que aconteceu.
Sentindo dor de cabeça, tendo náuseas e em busca de uma melhor compreensão para os efeitos do acontecido, a amiga procurou imediatamente um hospital próprio do seu plano de saúde, que é da categoria empresarial e tem cobertura máxima para todos os serviços.

Na triagem do início do processo de atendimento, uma jovem profissional médica indicou a necessidade de se fazer alguns exames de imagem, principalmente devido ao fato da cabeça ter batido no chão. Na etapa seguinte do processo, ela foi atendida por um profissional médico mais idoso, especializado em traumatologia, que discordou totalmente da indicação da jovem colega e iniciou um discurso equivocado na forma e no conteúdo. Ele disse à minha amiga que as pessoas procuram médicos por qualquer coisa. Afirmou que no caso dela não valeria a pena se expor à radiação dos exames solicitados pois eles não eram relevantes para o caso.

Em seguida, pediu que ela fizesse alguns movimentos com a cabeça, falou que estava tudo bem e disse num tom de comando que estava lhe dando alta. Nesse instante, entrou na sala um jovem médico com a ficha da próxima pessoa a ser atendida e informando que era um caso de queda. O traumatologista retrucou dizendo que a sua jornada de trabalho estava próxima do fim e bradou para a minha amiga que provavelmente seria mais um caso semelhante ao dela.

Enquanto a cabeça da amiga ainda dói e o roxo do rosto começa a clarear após 5 dias do ocorrido, fico pensando no conflito entre as decisões tomadas no processo de atendimento que ela recebeu no hospital. Será que está em curso uma política de redução de custos por decreto em nome do equilíbrio financeiro do plano de saúde e do seu hospital próprio?

Por que a direção do hospital não consegue fazer um alinhamento entre os profissionais médicos, jovens e mais experientes, segundo o padrão técnico dos processos?

O fato é que todo cliente, ao contratar um plano de saúde, tem como expectativa receber um serviço conforme as características de qualidade especificadas, preço compatível e atendimento civilizado, respeitoso na relação entre o fornecedor e o cliente.

Como se vê, estamos longe da excelência na gestão da saúde, também no setor privado. Que peleja para enfrentar qualquer problema com a nossa saúde!

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Nascimento e Finitude

por Luis Borges 3 de maio de 2023   Pensata

Nasceu Helena no dia 25 de abril. Nesse mesmo dia, há 49 anos, aconteceu a Revolução dos Cravos em Portugal. Primeira filha de Lolô e Pedro, talvez a única para tempos como esses, é neta de Dizinha São José, dos Campos, lá no Estado de São Paulo. Enquanto escrevo ela já está no quarto dia após a luz. Por outro lado, eu que acompanhei a gravidez pelos informativos da avó materna, prima permanentemente querida, fiquei pensando também no fim do caminho, na finitude da vida, na luz que se encerra.

Simultaneamente, um turbilhão de coisas que precisam ser feitas vieram à tona como que a desafiar a gestão do tempo que segue passando. Aliás, tempo que corre como a água do rio ainda perene, mas que não voltará atrás. Se o que passou, passou mesmo, o que ainda falta exige priorização diante do bem cada vez mais escasso que é o próprio tempo. Obviamente que a ausência de critérios não pode ser o critério para definir prioridades. E se, por exemplo, a amplitude for reduzida com a antecipação da finitude diante de uma surpreendente, mas probabilística parada cardiorrespiratória?

A força cortante simplesmente corta e marca o fim de uma caminhada e simultaneamente acontece a passagem para outro plano, com ou sem velório do corpo inerte à espera de uma destinação. Pensando assim percebo como é difícil não só pensar sobre isso, com os próprios botões pensantes, ou mesmo conversar com outras pessoas sobre a finitude e a hora em que ela se dará e com qual nível de qualidade ainda estaremos vivendo. Muitas das vezes a conversa até se inicia, ganha alguns degraus na imaginação de possibilidades e, de repente, alguém sugere que se mude de assunto, pois pensar nisso dá até medo. E não é que o assunto é mudado mesmo!

Talvez alguns dos caros leitores estejam se perguntando por que estou abordando esse assunto agora. Provavelmente alguns até me perguntarão se estou deprimido ou preocupado por estar caminhando para o fim da década da idade marcada pelos anos que começam com 60. Digo com clareza que nenhuma das hipóteses é verdadeira. Meu ponto é provocar, estimular conversas, diálogos e percepções em torno da finitude da vida, inclusive nos encontros presenciais que às vezes até acontecem. Isso muitas vezes nos surpreende, mostrando o despreparo que temos para encarar de frente a realidade como ela se mostra. Que, pelo menos, não sejamos tão surpreendidos diante da sucessão de acontecimentos em variadas velocidades.

Tudo passa também pelo realismo diante das probabilidades sobre o que o futuro poderia vir a ser para nós todos, aí incluídos você e eu.

Mas de nada adiantará as expectativas pelo avanço das pesquisas sobre as células tronco ou da maciça presença da inteligência artificial na transformação digital do modo de ser de cada um de nós.

A finitude da vida é real, pelo menos como a conhecemos. Devemos pensar e agir também em função das variáveis dela advindas.

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Aplicando o senso da utilização

por Luis Borges 25 de abril de 2023   Pensata

No Brasil da década de 90, do século passado, estava em evidência no mundo dos negócios a implantação e implementação da Gestão pela Qualidade Total-GQT, ou seja, para todos os evolvidos nos processos.

Uma pergunta que sempre surgia era sobre como começar. Em muitos casos, tudo acontecia a partir do Programa 5S, com os sensos de utilização, arrumação (ordenação), limpeza, saúde e autodisciplina.

O primeiro senso, o da utilização, nos ensina a selecionar os bens que são usados com mais frequência e que, portanto, devem estar mais próximos. Por outro lado, os bens que não são mais usados e ficam ocupando espaço podem ser doados para quem esteja precisando ou simplesmente descartados num local apropriado. É uma forma de combater o desperdício e remover a energia parada no ambiente.

Isso que é proposto para o mundo dos negócios pode também ser aplicado no cotidiano de nossas residências. Afinal de contas, tudo começa com a gente.

Vou contar aqui um caso que envolve a prática do senso da utilização, inclusive para contrapor a acumulação crescente de bens e a necessidade de se encarar o desapego daquilo que não é mais útil. Muita gente guarda bens em casa na expectativa de que poderá precisar deles um dia, que geralmente quase nunca chega.

Uma advogada de 50 anos, casada, sem filhos, decidiu se mudar do apartamento em que mora há 15 anos. Aproveitou a ocasião para colocar em prática o senso da utilização e abriu mão de alguns móveis e artigos de decoração que não se adequariam no novo apartamento.

No caso das luminárias da sala conjugada com a copa, o interesse espontâneo da então vizinha de apartamento, esteticista, síndica do prédio, 45 anos, casada, duas filhas, facilitou a destinação dos bens.

Quase que imediatamente a síndica providenciou a desmontagem das luminárias e, agradecida, enfatizou que chegaram em boa hora.

A advogada mudou-se do prédio no sábado da mesma semana em que doou as luminárias. Mas logo na manhã da segunda-feira seguinte ela recebeu um telefonema da já ex-vizinha perguntando pela nota fiscal emitida quando da compra das luminárias. A advogada quis entender o porquê. A resposta foi imediata e justificadora. Disse que, mesmo tendo gostado muito das luminárias, resolveu vendê-las para sua irmã e queria ter uma base para estabelecer o preço de venda e as condições de pagamento. Aproveitou também para reclamar da falta de um pequeno componente numa das luminárias, o que poderia desvaloriza-la um pouco.

A advogada lamentou não ter condições de atender a ex-vizinha e despediu-se dela cordialmente, como é da sua natureza. Porém seguiu pensando na Lei de Murici, que preconiza que “cada um cuida de si”. E assim a humanidade prossegue em sua caminhada

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“A vida é arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”, escreveram Baden Powell e Vinícius de Moraes na música Samba da Benção, lançada em 1967.

A lembrança dessa música veio à minha mente após me encontrar com um primo em três velórios consecutivos, de pessoas da família, num curto espaço de tempo – cinco meses. Após nos cumprimentarmos ainda nas proximidades da urna mortuária do Tio querido por todos, durante a última hora do velório, e ainda bem que cheguei a tempo, ele fez, em tom de exclamação, uma sincera constatação.

“Só estamos nos encontrando em velórios de pessoas da família. Precisamos nos encontrar mais em outros momentos e ambientes diferentes desses”.

Passados quase quatro meses da ocasião, ainda não foi possível marcar um encontro espontâneo, por iniciativa de um de nós. Será que outra pessoa terá que se finar para que nos encontremos novamente?

Fico pensando porque isso está acontecendo. Será que a ida a um velório para  participar do ritual de passagem de uma pessoa com quem temos algum laço de convivência é uma obrigação ou conveniência social?

Seremos vistos por quantas pessoas no tempo de permanência no local, ainda mais agora com os velórios tendo um tempo de duração bem menor? E quantas pessoas veremos antes que elas nos vejam?

Fico tentando entender as causas que nos levam a não priorizar na gestão do tempo os encontros presenciais com as pessoas que imaginamos serem nossas amigas. Prevalecem as omissões e o que precisamos é de atos. Infelizmente, faltam iniciativas que poderiam ser de mão dupla ou mesmo única para viabilizar um encontro presencial, cheio de calor humano.

Como todos se esquecem que as amizades precisam de manutenção e de polimento para se manterem disponíveis e serem usufruídas, só nos resta ter um querer maior para vencer a inércia que nos aprisiona.

Será que o encontro presencial aproveitou a pandemia da Covid-19 para quase acabar de vez? Muitas são as evidências de que ele estava minguando bem antes das medidas sanitárias adotadas.

Até quando prosseguiremos nessa toada? Para muitas pessoas é mais fácil reclamar, cobrar dos outros e se vitimizar. Só nos restará o caminho mais curto para a solidão, ancorada nos dispositivos tecnológicos, enquanto caminhamos rumo à finitude.

Ainda assim, acredito na possibilidade de mudanças diante da percepção da falta que sentimos de outras pessoas interagindo nos diferentes níveis do cotidiano.

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Moro em Belo Horizonte desde 1973, quando a população da cidade era de aproximadamente 1,24 milhão de habitantes. Agora, após 50 anos, chegou a 2,55 milhões, mas a área do município é a mesma: 331,3 km². Na grande BH, a área do município de Nova Lima é de 429,3 km², a de Sete Lagoas 536,9 km² e a de Esmeraldas 909,7 km², por exemplo. Ao longo desse tempo tenho percebido a transformação da cidade em seus diversos aspectos.

Meu ponto aqui é o adensamento urbano da cidade que deveria ser percebido pelos olhares mais atentos de todos, a começar pelos governantes.

Mesmo a cidade tendo um plano diretor, que está em processo de revisão na Câmara de Vereadores, muitas são as consequências do avanço dos empreendimentos imobiliários de todas as naturezas. Pensemos no pouco conhecido mapa acústico da cidade e o quanto ele vai sendo impactado, para pior, diante da transformação urbana.

Nesse sentido, vou contar a conversa que tive com um amigo, pelo telefone fixo, na semana passada. Em tom de desabafo ele falou sobre o que está ocorrendo numa pequena rua em que mora, num edifício construído há 5 décadas em um antigo e tradicional bairro da zona sul da cidade. Seu apartamento fica no andar térreo e tem 250 m², com área privativa. Os demais apartamentos ficam do 2º ao 5º andar, dois em cada, sendo que no último estão as coberturas.

Segundo o amigo, que é síndico do prédio há 5 anos, os moradores foram surpreendidos no início de março com a demolição de dois imóveis vizinhos do prédio. O primeiro, logo abaixo, era uma casa cuja proprietária aparecia por lá durante uma semana a cada estação do ano. Em seguida ficava um pequeno prédio de dois andares e quatro apartamentos cuja aparência externa mostrava a necessidade de uma boa reforma. As demolições começaram por volta das 6h30 da segunda-feira e foram concluídas na mesma semana, por volta das 16h da sexta. O barulho trazido pela demolição foi quase ensurdecedor diante da movimentação das máquinas específicas utilizadas e manobras dos caminhões que retiraram os entulhos em caçambas. Quase sempre algum caminhão obstruía a entrada da garagem do prédio causando mais transtornos. A maioria dos moradores tem idade superior a 68 anos e muitos deles tiveram piora em seus quadros de rinite.

O fato é que na semana seguinte começou a retirada de terra nos dois lotes e a movimentação de caminhões continuou intensa. O amigo síndico conseguiu conversar com os gestores dos empreendimentos, que são de empresas diferentes, e fez as reclamações dos moradores do prédio a começar pela hora em que os trabalhos se iniciam. Até o momento, nada mudou. Apenas foi possível saber que cada terreno vai receber um edifício de sete andares com dois apartamentos por andar, cada um com 67 m².

Como se pode ver e pelo pouco que se sabe, o jeito para os moradores do prédio e outros vizinhos da rua é se preparar para resistir e sobreviver aos transtornos que serão trazidos pelos empreendimentos nos próximos 2 ou 3 anos. Quando tudo acabar, chegarão os novos moradores trazendo mais alaridos e barulhos, muitos veículos automotores, recebimento de muitas encomendas para gerar muito lixo domiciliar, além do uso da mesma rede para distribuição de água tratada, coleta de águas pluviais, coleta de esgotos sanitários e distribuição de energia elétrica…

E você caro leitor, já enfrentou alguma situação semelhante a essa?

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Fevereiro está na passarela

por Luis Borges 8 de fevereiro de 2023   Pensata

O tempo prossegue passando inexoravelmente, sem piedade e sem escapatória. Pensando nisso constatei que a virada do ano foi outro dia mesmo, porém já se passaram 40 dias de muitos acontecimentos no novo ano. Vou citar aqui algumas coisas que chamaram minha atenção nesse período, além de expectativas esperançosas e realistas que tenho para esse novo tempo que segue avançando.

De cara, foi marcante a posse do novo Presidente da República, democraticamente eleito, com todo o simbolismo trazido pelas pessoas que subiram com ele a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 1º de janeiro.

Depois, vieram os inaceitáveis atos terroristas perpetrados por golpistas contra a Democracia Constitucional Brasileira, com a invasão às sedes dos Três Poderes, também em Brasília, no dia 8 de janeiro. Os atos tem que ter consequências.

Continuando a olhar para o tempo que passa, vale lembrar que quem está com fome tem pressa, que uma meta prioritária é a de Fome Zero e que é preciso ter uma data para acontecer. Caso contrário, se tornará apenas um objetivo cheio de boas intensões. Por isso mesmo é que fico na expectativa de que já esteja sendo feito um potente plano de ação, contendo as medidas estratégicas, necessárias e suficientes para o atingimento dessa desafiadora meta.

Tratamento semelhante deve ser dado ao Desmatamento Zero e às condições de vida dos povos indígenas, a começar pelos Índios Yanomâmis que estão em degradantes condições de vidas e com suas terras invadidas pelos mineradores.

Por outro lado, em Belo Horizonte, e não só aqui, o momento é de pré-carnaval, oficialmente iniciado em 4 de fevereiro, para tudo se acabar no pós-carnaval, em 26 do mesmo mês.

Como o tempo não para enquanto escrevo, fico também com a certeza que logo chegaremos aos 100 dias do atual Governo Federal, em 10 de Abril. Isso já depois do Carnaval, Semana Santa e a Páscoa com seu significado de passagem, digamos, para os novos propósitos de melhorias das condições de vida.

Passado esse tempo, dá para imaginar que a equipe de Governo estará alinhada na frente ampla negociada segundo o principio de que a politica é a arte do diálogo e do possível, tudo em nome da governabilidade.

É claro, que o Presidente, líder e comunicador, fale apenas o necessário. A hora é de focar no trabalho com método e não já começar a falar em reeleição.

Tenho uma expectativa realista de que passados 100 dias tenham sido entregues à Nação o salário mínimo de R$ 1.320,00 ao lado da correção da tabela do Imposto de Renda na fonte com a isenção até ganhos mensais de R$5.000,00 – existe um balão de ensaio para que seja 2 salários mínimos.

Também espero pela retomada do programa Minha Casa Minha Vida, com a volta da faixa 1 para atender a quem mais precisa da moradia e tem a menor renda.

Para encerrar essa pequena amostra de expectativas e percepções, registro o fato de ter sido criado o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Porém, é preciso lembrar que o modelo de gestão só será implementado se o Presidente da República liderar o processo e cobrar de todas as instâncias governamentais a entrega de resultados com método. Esse deverá ser um caminho sem volta, pois gestão é o que todos precisam, embora nem todos ainda saibam que precisam.

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Uma reflexão de Natal 

por Luis Borges 19 de dezembro de 2022   Pensata

O clima de Natal nos embala nesse momento, trazendo muitas expectativas esperançosas que foram surgindo no tempo do advento. Não foi nada fácil caminhar e chegar até aqui, mas o fato é que chegamos após passar pelo intenso período chuvoso do início do ano, que já está de volta, pela perda do poder aquisitivo diante da alta inflação, polarizado processo eleitoral, repique da covid-19, Black Friday, perda – mais uma vez – da Copa do Mundo de Futebol… Isso é apenas uma pequena amostra do turbilhão de fatos e dados que mexeram, e mexem muito, com as nossas cabeças e também com a saúde mental abalada por tantas preocupações, trazendo incerteza, insegurança…

Mas, se enfim é Natal, é também o momento para renascer, crescer de novo, germinar de novo muitos bons propósitos que permanecem adormecidos em nós.

Por que não almejar a felicidade na unidade de ação em vez de simplesmente querer ter razão em tudo que se diz e se faz?

Espero que o Natal seja esse tempo propício para nos ajudar a melhorar continuamente as práticas na vida de uma sociedade que queremos civilizada, respeitosa, democrática e lastreada na verdade.

Não devemos nos esquecer que tudo começa com a gente, com os motivos para a ação – motivação – que vem de dentro de nós. O querer é nosso!

Coloquemos o esperançar em ação para que as esperanças se transformem em realidade a favor do melhor viver de todos nós.

Que o natal seja de luz e sabedoria para nos ajudar a melhor compreender a complexa arte que é a vida!

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Em 1924, teve início nos Estados Unidos da América a Black Friday, na última sexta-feira de novembro. O objetivo principal é o giro do estoque existente no comércio com descontos bem atrativos para, na sequência, se focar nas vendas para o Natal, cada dia mais próximo.

A ideia foi transplantada para o Brasil em 2010, inicialmente online, e a cada ano vai se consolidando como uma das grandes datas do comércio, como já ocorre com a Páscoa, dia das Mães, dos Pais, das Crianças, dos Namorados e do Natal.

Em muitos casos, a Black Friday acaba sendo antecipada ou estendida por alguns dias ou semanas conforme a estratégia de cada negócio.

Por aqui, ela também está muito associada à ideia de que existe fraude na medida em que, muitas das vezes, os preços vigentes anteriormente são aumentados para que em seguida possam ser dados os reluzentes descontos. Já ficou famosa a frase “comprar pela metade do dobro”. Provavelmente, vários de nós teremos um ou mais casos para contar sobre algumas ocorrências boas ou ruins no contexto da Black Friday.

Um caso que fiquei sabendo nesse ano foi o de uma senhora cinquentenária que comprou uma escova secadora de cabelos, que fazia parte de sua lista de desejos há algum tempo. O pedido de compra foi feito diretamente no site de vendas de uma indústria que fica no Estado do Paraná.

Ela preencheu todas as condições exigidas, considerou o preço e frete compatíveis na relação benefício e custo, bem como cabíveis em seu orçamento. O boleto foi emitido por um banco privado e pago imediatamente numa agencia lotérica. Assim, a empresa confirmou a aceitação do pedido de compra e ratificou a venda à cliente. Vale lembrar que o boleto foi pago na sexta-feira, 18 de novembro, portanto uma semana antes da data convencionada para Black Friday.

Na terça, dia 22, o valor do boleto foi creditado na conta da compradora numa agência da Caixa, que não era vinculada diretamente à lotérica. A gerente da agência tentou entender a causa do estorno do boleto, mas não percebeu nenhuma irregularidade. A compradora entrou no site de vendas da indústria e recebeu a informação de que sua compra foi cancelada. Logo em seguida ela reapresentou o pedido de compra e recebeu uma resposta dizendo que não seria possível o atendimento devido à falta de estoque.

Só aí ficou claro porque o valor do boleto foi creditado na conta da compradora. A indústria aceitou uma quantidade de pedidos superior ao estoque que tinha disponível. Pelo visto, o controle do estoque errou, e muito. A solução foi cancelar uma certa quantidade de pedidos sem abrir o jogo para assumir a grotesca falha. Deixou que cada cliente descobrisse a seu tempo que o desejo de comprar uma escova secadora daquela indústria naquela promoção ficou inviável. Enquanto isso, vigora no país o código de defesa do consumidor e a imagem da Black Friday recebe mais um arranhão.

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Quando o empregado demite o patrão

por Luis Borges 29 de novembro de 2022   Pensata

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Previdência Social, relativos ao mês de agosto de 2022, mostraram que 632.798 pessoas com carteira de trabalho assinada pediram demissão, ou seja, demitiram seus empregadores. Esse número foi um recorde dentro da série histórica feita com a metodologia introduzida em 2020.  O valor mais alto alcançado anteriormente foi de 603.136 pedidos de demissão em março desse ano, o que equivale a 33,2% do total naquele mês. Essencialmente, os números mostram que nos últimos 12 meses (setembro/21 a agosto/22) um em cada três trabalhadores desligados pediram demissão.

Dá para imaginar que nem todos conseguiram fazer algum tipo de acordo sobre itens como o cumprimento ou não de aviso prévio, recebimento da multa de 40% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –FGTS – e manutenção durante um determinado tempo de algum tipo de benefício, como por exemplo, plano de saúde.

Mas, como assim, tanta gente pedindo demissão numa conjuntura tão difícil para o trabalhador, onde prevalecem as estratégias de sobrevivência? Ou existe um limite para o que se torna insuportável?

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE do trimestre julho-agosto-setembro mostrou o desemprego em 8,7 % da população economicamente ativa (PEA), chegando a 9,5 milhões de brasileiros.

Ainda temos os desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho, cujo número está em 4,3 milhões.

Para melhor entender esse fenômeno, precisamos conhecer as principais causas que fazem parte do gerador desse efeito, o pedido de demissão. Alguns levantamentos feitos por estudiosos do mercado de trabalho recentemente mostram que entre as causas mais citadas estão a insatisfação com salários/benefícios, pouca flexibilidade na jornada de trabalho , mais chefes comandando e menos gestores liderando, piora da saúde mental, inclusive com a exaustão no trabalho, baixo índice de autorrealização, clima organizacional tóxico agravado por assédio moral e preconceitos quanto a gênero, raça e sexualidade.

Essas causas podem e devem ser desdobradas para dar mais consistência e coragem à aqueles que acreditam que existe vida fora do atual ambiente de trabalho, inclusive para a criação de um negócio próprio. Nesse caso, é preciso conhecer qual necessidade vai ser atendida, de quem ela é (Cliente) e como será atendida. Como dizia Heráclito no ano 308 antes de Cristo: “nada é permanente, exceto a mudança”. Mas não nos esqueçamos que tudo depende também do nosso querer e da nossa capacitação.

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