Um dos fundamentos da gestão nos ensina que gerenciar é resolver problemas. Conceitualmente, problema é o resultado indesejável de um processo. Por sua vez, processo é um conjunto de causas que provoca um ou mais efeitos. Porém, na medida em que o tempo passa e um problema não é resolvido, tudo fica cada vez mais crônico.

Nesse sentido, quero chamar a atenção para o problema cada vez mais crônico que é o alto desrespeito ao Código de Posturas Municipais no bairro de Santa Teresa, na zona leste de Belo Horizonte. Faz um ano e seis meses que postei uma pensata sobre esse problema, que continua se agravando dia após dia. Por isso ela está sendo republicada e atualizada à luz do que está incomodando e colocando em risco a vida de muitas pessoas. É fundamental que todos os interessados cumpram respeitosamente os critérios estabelecidos em lei para assegurar de maneira organizada o direito de ir e vir de todos no convívio social.

O que está acontecendo na rua Mármore, por exemplo, a principal do bairro, é que alguns estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes e mercearias estão usando toda a calçada e parte da pista de rolamento para colocar mesas e aumentar o espaço para atendimento a seus clientes. Alguns até delimitam parte da pista com grades. Tudo fica mais difícil para a circulação de pedestres, de todas as idades, inclusive pessoas com deficiência, que muitas vezes são obrigados a passar entre as mesas, geralmente ocupadas por pessoas eufóricas após tomar algumas cervejas. Quando não é possível, o jeito é passar pela pista de rolamento e, em alguns casos, depois do gradeamento, o que só aumenta a insegurança e o risco de acidentes ou quase acidentes.

Existe o caso de um bar que já coloca mesas até na calçada da Praça Duque de Caxias, que fica em frente. É importante lembrar que a praça é tombada pelo Patrimônio Histórico e sua calçada tem sido usada até para fazer churrasco na modalidade fogo de chão. Existe um outro que utiliza o espaço de um posto de combustíveis vizinho às suas instalações para fazer um pagode às noites de sábado e domingo. O som advindo do evento fica muito além dos limites estabelecidos pela Lei do Silêncio.

Não podemos nos esquecer que o Código de Posturas do município de Belo Horizonte, aprovado pela lei 8616/2003 e modificado pela Lei 9845/2010, estabelece que a colocação de mesas nas calçadas precisa ser licenciada pela Prefeitura, e mesmo assim se a calçada tiver largura acima de 2,75 metros. Já a colocação de mesas e gradeamentos nas pistas de rolamento são simplesmente proibidas. Por outro lado, a Lei do Silêncio de número 9505/2008, que dispõe sobre o controle de ruídos, sons e vibrações, estabelece que o limite para as emissões entre 19h01 até as 22h é de 60 decibéis, de 22h01 às 23h59 é de 50 decibéis e de 0h às 7h é de 45 decibéis.

Vale lembrar que o bairro de Santa Tereza é uma Área de Diretrizes Especiais – ADE segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo, possui em torno de 16.400 mil habitantes segundo o IBGE e estima-se que apenas 10% dos moradores frequentam os seus bares, restaurantes e casas de shows musicais.

Como se vê, é preciso avaliar o desempenho da fiscalização da Prefeitura e sua Administração Regional Leste diante do descumprimento de diversas exigências contidas nas leis de regulação urbana. E como tem sido a fiscalização da Câmara de Vereadores em relação aos atos e omissões do poder executivo municipal?

Cabe também à população do bairro uma maior vigilância para fazer valer os seus direitos como cidadãos, inclusive registrando suas reclamações pelos canais da prefeitura, como o telefone 156 na opção 1 para reclamações, na Ouvidoria, na Zeladoria e na Administração Regional Leste, por exemplo. Quem cala consente!

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Viver é perigoso, dizia Guimarães Rosa, mas de onde vem o perigo? Inegavelmente pode vir de todos os lados ou partes, até mesmo ficar no quase, na base da sorte. Enfim, tudo pode acontecer, inclusive nada, é só pensar no caso do time do América Futebol Clube, no atual Campeonato Brasileiro da série A.

Pensemos no caso de Vaninha, uma amiga de longa data, desde a infância universitária, que mora num edifício do bairro Anchieta, na Zona Sul de Belo Horizonte. O seu apartamento fica no quarto andar e faz vizinhança com o da atual síndica. Ao todo são doze apartamentos, sendo dois por andar – no primeiro estão os que possuem áreas privativas e no sexto ficam as coberturas.

Diante do grande calor reinante no fim do inverno e no avançar da primavera, os moradores do edifício decidiram, em assembleia geral com a presença de oito dos doze proprietários, que quem quiser pode instalar equipamentos de ar condicionado em seus respectivos imóveis conforme determinadas condições técnicas especificadas.

Vaninha foi uma das moradoras que não compareceu à reunião por não estar se sentindo bem, o corpo com alguns sintomas esquisitos, uma vontade de não fazer nada e uma febre se iniciando. A síndica também não é nada simpática, o que já seria motivo para aumentar o desânimo.

No dia seguinte, Vaninha estava se sentindo tão péssima com o mal estar que narrou a situação para seu filho mais velho, já que o marido estava viajando a trabalho. Ele ficou muito preocupado e tomou as providências para que sua mãe fizesse um teste rápido visando verificar se era a Covid-19 numa de suas variáveis.

Para a surpresa deles o resultado deu positivo.

Já eram altas horas quando o marido voltou de sua viagem. No dia seguinte, usando máscara, ele foi até a porta do apartamento da síndica para se informar sobre as decisões relativas à instalação de sistema de ar condicionado conforme as condições gerais para a realização de intervenções no edifício.

Conversa vai, conversa vem, a síndica quis saber por que ele estava usando máscara. Foi aí que ela ficou sabendo sobre o que aconteceu com sua esposa e lembrou que no final de semana anterior ela e o marido se encontraram com Vaninha no saguão do edifício e subiram juntos no elevador. Então, a síndica informou que ela e o marido estiveram de molho por causa da Covid-19 que os alcançou pela terceira vez. Lembrou também que nunca se vacinaram para se proteger devido ao medo de surgir algo pior em função dos efeitos colaterais advindos da vacina. Só aí entendeu porque Vaninha não pôde comparecer à assembleia do edifício e pediu ao marido que levasse a ela os seus sinceros pedidos de desculpas pelos transtornos causados. Porém, continuou sem usar máscaras e a andar pelo edifício cumprindo a função de síndica.

Vaninha cumpriu cuidadosamente as prescrições médicas e registrou a observação de seu infectologista, de que graças às vacinas tomadas a atual cepa da Covid-19 não veio com todo o ímpeto.

Enquanto isso, o perigo continuou morando ao lado e nos demais ambientes comuns do edifício com os desrespeitos de sempre perante a vida dos outros. Realmente “viver é perigoso”.

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O tempo prossegue indelével, sem poder ser apagado ou desaparecer, e o calendário gregoriano marca esse 24 de outubro, no segundo mês da primavera, no hemisfério sul do planeta Terra.

Nessa marcação do tempo com os dias repletos de calor e podendo ou não chover, ventar forte e até surgir um friozinho onde estou em Belo Horizonte, me vejo caminhando dia a dia, ano a ano. A marca dos 69 anos está sendo atingida hoje e o próximo ponto está na direção dos 70, uma outra década que vai se delineando.

Olhando para trás, vejo como se deram os vários ciclos da vida que me trouxeram até o dia de hoje. Dou muito valor a tudo o que foi feito conforme a capacidade que eu tinha a cada ciclo e buscando no insubstituível conhecimento o necessário suporte para as diferentes fases.

Tenho a consciência de tudo o que foi vivido, com acertos e erros que muito me ajudaram a prosseguir, sem desistir jamais. E claro que persisto no realismo esperançoso e, por isso mesmo, consciente das limitações trazidas pelas condições funcionais, conforme nos mostra a teoria das restrições. Nada será como já foi, inclusive em termos de autonomia e independência.

O que poderá ser mais adequado nesse novo ciclo precisará ser construído em função das condições de contorno que delimitam as possibilidades, mas sem abrir mão do respeito e da dignidade. Isto pode até parecer simples, mas é desafiante nessa complexa arte de viver, inclusive nos avanços das diversas etapas na fase idosa em busca de um envelhecimento ativo e de momentos felizes.

Nessa altura da pensata, muitos leitores podem estar se perguntando sobre onde eu quero chegar, mas o que almejo é continuar caminhando em condições dignas e com saúde mental compatível até a finitude nesse plano. Sei que muitos não gostam de conversar sobre a finitude, mas ela nos traz uma certeza definitiva de que estamos tratando do marco final dessa existência.

Enquanto caminho para o final dessa manhã e o dia vai crescendo, reitero minha gratidão pela vida inteira ancorada na família amiga e nos amigos surgidos na caminhada. É dia de celebrar!

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Foto: Sofia Magela de Ávila

A onda de calor com a qual estamos convivendo neste início de primavera chama a nossa atenção para o aquecimento global e as mudanças climáticas no planeta Terra. No Brasil temos da seca na Amazônia às chuvas no sul, desmatamento nos diversos biomas, queima de combustíveis fósseis e emissões de gases que aceleram o efeito estufa, formação de ciclones extratropicais… Por enquanto, são muitos os discursos bradando por mudanças, mas poucas as medidas efetivamente colocadas em prática.

Enquanto isso, e indo global para o local, contrastando com a transformação urbana desordenada e desrespeitosa com a natureza, eis que surge uma oportunidade para chupar jabuticabas num quintal de uma casa preservada, que resiste à especulação imobiliária, na região central de Araxá-MG.

No sábado 30 de setembro e no domingo 1º de outubro, lá se encontraram fraternalmente em torno do pé de jabuticaba membros da terceira e quarta geração da família de Inhô Bento e Vó Maria. Eles chegaram ali na década de 40 do século passado e seus descendentes já estão na quinta geração, mas unidos na complexa arte de viver.

Foto: Sofia Magela de Ávila

O terreno tem 1000 m² e, além do pé de jabuticaba, tem outras plantas que geram frutas como araçá, cajamanga, pitanga, goiaba vermelha, manga, abacate, ameixa, jambo, mexerica, limão, maçã, pêra, carambola, acerola, cana caiana, uva e abiu.

Os vizinhos também ganharam jabuticabas e ainda sobraram muitas no pé, para deleite dos pássaros que frequentam o quintal.

Vale lembrar que, conforme está no Mundo Educação, “a jabuticaba é o fruto da jabuticabeira, árvore originária do Brasil, nativa da Mata Atlântica. A jabuticabeira floresce de setembro a dezembro a partir do sexto ano de plantio. Existem jabuticabeiras por todo o país, porém é mais encontrada nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

A fruta é pequena, de casca roxa e polpa branca que contém boa quantidade de ferro, vitamina C, carboidratos. Contém também vitaminas do complexo B, como a B2 e B3. É consumida ao natural e utilizada na preparação de vinhos, licores, geléias, sucos, vinagres.”

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Estamos passando pelo momento de discussão, negociação e aprovação do orçamento de 2024 da União Federal, Estados e Municípios a partir dos parâmetros determinados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO.

Tomando o orçamento da União Federal para observação e análise, veremos alguns aspectos que provavelmente serão abordados e discutidos na fase legislativa, diante de pressões e reivindicações de diversos grupos e segmentos interessados. Muitas negociações serão feitas, a começar pelos interesses dos próprios parlamentares.

Chamam a minha atenção alguns aspectos (pontos) que impactam diretamente e de maneira desigual os pagadores de tributos na forma de impostos, contribuições e taxas, inclusive nos serviços públicos concedidos.

Um ponto relevante para a proposta é que tudo está ancorado no arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos públicos. As premissas básicas utilizadas na elaboração da peça orçamentária estimam o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB em 2,26%, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA do IBGE, em 3,3%, taxa básica de juros – Selic do Banco Central em 9,8%, dólar em R$ 5,02, barril de petróleo em US$ 73,90, salário mínimo em R$ 1.421,00 e Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, que reajusta os benefícios do INSS, em 3,01%.

É extremamente desafiadora a meta de zerar o déficit público, ancorada essencialmente no aumento da arrecadação em busca de R$ 168,5 bilhões. A imensa maioria das medidas para se atingir essa meta ainda depende da aprovação pela Câmara dos Deputados e do Senado.

Outros aspectos importantes dizem respeito ao congelamento dos valores pagos pelo programa Bolsa Família e da Tabela do Imposto de Renda, apesar das promessas da campanha eleitoral. Já para os servidores do Poder Executivo é previsto um reajuste salarial simbólico de 1%, o que só aumenta a perda do poder aquisitivo que se acumula desde 2015 e se aproxima dos 60%.

Enquanto isso, as emendas parlamentares visíveis e obrigatórias somam R$ 37,6 bilhões, fora outros aportes diluídos na estrutura organizacional do Poder Executivo.

O questionável Fundo Eleitoral para as campanhas de candidatos a prefeitos e vereadores prevê gastos de R$ 939 milhões. Entretanto, nas negociações da peça orçamentária poderá ser elevado até R$ 5,5 bilhões, pois o mesmo fundo foi de R$ 4,9 bilhões nas eleições de 2022 e os parlamentares esperam que seja corrigido pela inflação dos últimos 2 anos. Praticamente não existem recursos para novos investimentos e somente para o pagamento dos juros da dívida pública estão reservados R$ 649 bilhões.

Para quem acompanha o orçamento público mais de perto, é de se imaginar que o mesmo também deveria ser feito para o orçamento individual e familiar. Com quais premissas entraremos no ano de 2024 em relação ao poder aquisitivo, às possibilidades de manutenção do emprego ou de obtenção de novas fontes de renda, por exemplo?

Será que precisamos conhecer melhor os nossos números, repensar os três ou quatro cartões de crédito que usamos, parar de tomar decisões só no impulso ou aumentar a educação financeira?

O que é possível fazer com as coisas que só dependem de nós?

 

Para mais detalhemento sobre os números apresentados nesta pensata, você pode clicar aqui e aqui.

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A viagem que virou uma saga

por Luis Borges 5 de setembro de 2023   Pensata

Segundo o dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, Saga é uma sequência de acontecimentos fecunda em incidentes, conforme um dos seus verbetes. Foi o que aconteceu com um mineiro de 64 anos, residente em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, que possui uma propriedade rural de grande porte no Sul do Estado de Goiás. O seu negócio é a soja, destinada à exportação. Tudo é feito em conformidade com a sustentabilidade ambiental.

A cada 30 dias, o proprietário vai à sede do seu empreendimento onde permanece em torno de 7 dias verificando a conformidade da gestão dos processos operacionais, o andamento das metas e as ações corretivas que se fizerem necessárias. Ele faz também contatos com fornecedores, clientes e outros proprietários de empreendimentos na região.

Desde que entrou nesse negócio, tem sido bem complicada a logística para ir até a propriedade e retornar a Nova Lima. Exemplificam bem isso os acontecimentos da visita ocorrida em meados do mês de julho.

Tudo começou na ida de Belo Horizonte para Goiânia, quando foi marcado um voo para as 17h30. Ele saiu de casa em Nova Lima um pouco antes das 15h, com a meta de chegar ao aeroporto de Confins com 1h15 de antecedência em relação à decolagem da aeronave. Afinal de contas, a empresa aérea só recebe as malas para quem paga pelo despacho de bagagem até 60 minutos antes da hora marcada para o início da viagem. Entretanto, foi surpreendido no guichê ao ser informado do cancelamento do seu voo e a sua inclusão no próximo, previsto para 21h50. Um detalhe: a passagem de ida, com o despacho de uma mala custando R$ 1.800,00 e a de volta, 10 dias depois, ao preço de R$ 1.300,00.

Quando o avião pousou em Goiânia no meio da pista do aeroporto, bem distante do local clássico de desembarque, quase todos os passageiros se levantaram para sair rapidamente da aeronave. Imediatamente, o comandante solicitou pelo alto-falante que todos os passageiros deveriam ficar sentados em seus lugares. Isso porque agentes da Polícia Federal entrariam na aeronave para identificar dois passageiros que estavam sendo procurados. Os nomes foram anunciados no autofalante com o pedido para que se apresentassem espontaneamente. Como ninguém se manifestou, dois agentes começaram a verificar o documento de identidade de todos que estavam a bordo, até que na 8ª fila uma passageira se identificou e já ficou detida.

Os passageiros que não faziam parte do alvo da operação começaram a desembarcar enquanto os agentes avançavam pela aeronave até encontrar o outro procurado.

Após chegar no saguão do aeroporto, poucos minutos antes da meia-noite, o fazendeiro foi buscar o veículo reservado na locadora e teve mais uma pedra inesperada no caminhar do dia. A sua reserva havia caído no sistema e não havia disponibilidade do modelo de veículo de sua preferência. O jeito foi pegar e aceitar o que tinha lá e partir imediatamente para o sul de Goiás e chegar ao município onde fica sua propriedade por volta das 5 horas da madrugada. Foi a conta de se preparar para o primeiro compromisso de sua jornada marcada às 9h daquela manhã.

Como podemos ver, essa viagem tornou-se uma saga mesmo com todo o planejamento. O que prevalece é o desrespeito ao cliente da empresa aérea que, além de cobrar altos preços, ainda não cumpre do que foi combinado com os passageiros, a começar pelo cancelamento de um voo, por exemplo.

E você, caro leitor, já passou por perrengues desse tipo? Reclama ou fica por isso mesmo?

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A Linha caiu

por Luis Borges 22 de agosto de 2023   Pensata

Por volta das 8 horas e 20 minutos da terça-feira, 15 de agosto, feriado municipal em Araxá, Belo Horizonte e Belém, teve início um apagão no sistema integrado de energia elétrica do Brasil. Após 6 horas, todas as partes tinham voltado à normalidade.

Estima-se que 30 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica em 25 estados e no Distrito Federal. O estado de Roraima não foi afetado por estar fora do sistema integrado nacional. Agora, o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL e o Ministério de Minas e Energia – MME buscam as causas das falhas que levaram o sistema a se proteger com a redução de 25% da carga.

Quantas vezes algo semelhante aconteceu em diferentes magnitudes nos últimos 25 anos? Um ponto para reflexão que esse último apagão da energia elétrica nos enseja é sobre a confiabilidade dos variados sistemas a que estamos submetidos no dia a dia.

Partindo da premissa de que sistema é um conjunto de partes interligadas, cada qual com inúmeros processos, atividades e tarefas, o que e como fazer quando a linha cai e ficamos fora do ar?

Imediatamente só nos resta constatar que o sistema caiu deixando a expectativa esperançosa de que ele poderia voltar a qualquer momento, de preferência o quanto antes. Mas nada impede a geração de uma enorme ansiedade entre os usuários em decorrência da falha acontecida. Isso não impede que alguns digam que a tecnologia só é boa quando funciona e que outros comecem a discursar sobre a inteligência artificial, por exemplo.

O fato é que, quando a linha e o sistema caem, só nos resta saber que a tecnologia não funciona infinitamente por si só. Ela também precisa de gestão estruturada e planos alternativos para enfrentar os apagões de qualquer natureza. Vale lembrar que a gestão do risco faz parte do jogo e que devemos estar preparados para fazer a análise do modo e efeito de falhas. Como escreveu Guimarães Rosa “viver é perigoso ” e o ditado popular afirma que “a vida é um risco”.

Para ilustrar, podemos nos lembrar do caso de uma empresa aérea, cujo piloto sentiu-se mal no trajeto de um voo de Miami para Santiago do Chile, dia 14 de agosto, com 271 passageiros a bordo. Mas diante da emergência o piloto foi autorizado a entrar no espaço aéreo do Panamá e conseguiu pousar no Aeroporto Internacional do país. Imediatamente, teve início o atendimento ao piloto que morreu pouco tempo depois. Pensemos na finitude.

Cada um de nós tem muitos exemplos e casos para mostrar algo que não funcionou, a solução que foi dada e em quanto tempo. Sempre aparece alguém para dizer que “o que não tem remédio, remediado está”. Conformados ou inconformados, acabamos ficando numa encruzilhada e precisando tomar uma decisão perante as falhas que surgem mesmo diante das altíssimas tecnologias. Imaginemos o caso do telefone celular, esse dispositivo tecnológico que se tornou uma extensão, apêndice do corpo humano. Se o WhatsApp apresenta instabilidade ou até sai do ar por algum tempo, como ficam as vidas associadas a ele. E no sistema bancário, no bloco cirúrgico de um hospital, no transporte por metrô, no trânsito das cidades…?

Enfim, o jeito é prosseguir pensando que a confiabilidade não é absoluta, que probabilidades existem e que a tecnologia deve ser usada de maneira equilibrada…

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De vez em quando é bom dar uma parada no tempo presente, que caminha indelével, e buscar na parede da memória algo marcante de um determinado momento.

Foi assim que passei o dia 5 de agosto, com a lembrança viva do mesmo dia, há 50 anos, portanto em 1973, quando cheguei num domingo a Belo Horizonte para morar, estudar, trabalhar, viver.

Eu estava com 18 anos e já tinha vivido 16 anos em Araxá – querida terra natal – e dois anos em Uberaba.

Após enfrentar as perdas irreversíveis decorrentes de um erro médico que me levaram a um glaucoma cortisônico em ambos os olhos, o ponto de inflexão resultou na decisão de prosseguir a vida em Belo Horizonte, de comum acordo com meus pais e apoio deles em todas as dimensões, inclusive a financeira.

Agora que estou a relembrar a chegada a BH, a memória registra mais um dos anos de Chumbo da Ditadura Militar com todos os seus horrores – prisões arbitrárias, torturas, mortes, desaparecimentos de pessoas… A imprensa estava sob censura prévia, bem como os bens culturais produzidos. O milagre econômico brasileiro estava no ápice naquele ano com o Produto Interno Bruto – PIB crescendo 14% e a inflação a 15,6% ao ano.

Meu ponto aqui é lembrar que cada época tem a sua sonoridade musical, e por isso mesmo vou citar 4 músicas, que fizeram muito sucesso em 1973, em meio a tantas outras, que ouvi muito e ainda ouço até hoje, mesmo após 50 anos do surgimento delas. A primeira é Comportamento Geral, música de Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, dizendo que “Você deve notar que não tem mais tutu /E dizer que não está preocupado / Você deve lutar pela xepa da feira / E dizer que está recompensado/ Você deve estampar sempre um ar de alegria / E dizer: tudo tem melhorado / Você deve rezar pelo bem do patrão / E esquecer que está desempregado / Você merece, você merece / Tudo vai bem, tudo legal / Cerveja, samba, e amanhã, Seu Zé / Se acabarem teu carnaval?… Você deve aprender a baixar a cabeça / E dizer sempre muito obrigado / São palavras que ainda te deixam dizer / Por ser homem bem disciplinado”.

 

Também é sempre marcante a música Ouro de Tolo de Raul Seixas, considerada de estilo inovador no panorama da música popular brasileira – MPB. Raulzito instigava as mentes cantando ” É você olhar no espelho / Se sentir um grandessíssimo idiota / Saber que é humano, ridículo, limitado / Que só usa 10% de sua cabeça animal / E você ainda acredita / Que é um doutor, padre ou policial / Que está contribuindo com sua parte / Para o nosso belo quadro social / Eu é que não me sento / No trono de um apartamento / Com a boca escancarada, cheia de dentes / Esperando a morte chegar / Porque longe das cercas embandeiradas / Que separam quintais / No cume calmo do meu olho que vê / Assenta a sombra sonora dum disco voador”.

 

Duas músicas do grupo Secos e Molhados, cantadas por Ney Matogrosso, completam minha lista. Uma é Sangue latino, música de Joao Ricardo e Paulo Roberto dizendo que “Jurei mentiras e sigo sozinho / Assumo os pecados / Os ventos do norte não movem moinhos… Rompi tratados, traí os ritos / Quebrei a lança, lancei no espaço / Um grito, um desabafo / E o que me importa é não estar vencido / Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos / Meu sangue latino / Minh’alma cativa”.

 

A outra é Rosa de Hiroshima de Gerson Conrad e Vinícius de Moraes entoando que “Pensem nas crianças mudas, telepáticas / Pensem nas meninas cegas, inexatas / Pensem nas mulheres, rotas alteradas / Pensem nas feridas como rosas cálidas / Mas, oh, não se esqueçam da rosa, da rosa / Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária / A rosa radioativa, estúpida e inválida / A rosa com cirrose, a anti-rosa atômica / Sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada” e assim vou mantendo um pequeníssimo registro na parede da memória musical que já tem 50 anos (1973 – 2023…) em Belo Horizonte.

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Lutar por uma moradia digna, dela cuidar e buscar a melhoria contínua do “nosso cantinho” faz parte, ou deveria fazer, de nossos sonhos, propósitos, objetivos e metas. Atingir uma meta estabelecida de maneira fundamentada, sem delírios, é sempre um grande desafio, porém possível de ser alcançada.

Nesse sentido, vejamos o caso de um casal de operadores do mercado financeiro que vive junto há 15 anos. Ao longo desse período eles residiram num apartamento com área de 100 m² no último andar de um edifício de três andares (4 unidades por andar) num bairro da zona sul de Belo Horizonte. O detalhe é que o acesso aos apartamentos só é feito por escadas e nem todos eles têm direito a uma vaga de garagem, inclusive o deles.

Após 5 anos morando no local, o casal começou a sentir o desafio de subir e descer escadas todos os dias, quase sempre carregando alguma coisa, além de uma bolsa ou um dispositivo tecnológico. Eles já estavam na metade da faixa dos 50 anos de idade e já pensando sobre como fazer diante do avanço dos anos num futuro cada dia mais próximo.

Então estabeleceram a meta e as medidas de um plano de ação para viabilizar um apartamento com elevadores de acesso e tendo duas vagas de garagem num horizonte de 10 anos.

A meta foi atingida no final do ano passado, numa operação que envolveu a venda do imóvel em que moravam e que deveria ser entregue ao comprador no fim de março deste ano.

Como o apartamento adquirido foi construído há mais tempo, tornou-se necessário fazer uma reforma abrangendo uma nova configuração do espaço existente, mudança dos pisos, alterações no sistema hidráulico-sanitário, instalação de ar condicionado nas salas, quartos e escritório, bem como uma pintura geral, troca na pedraria da cozinha e banheiros, além de substituição da fiação elétrica.

O planejamento feito previa a contratação de um profissional da arquitetura para fazer um projeto com as modificações desejadas e outro da engenharia civil para a implementação. Coube a ele contratar a mão de obra necessária e comprar os materiais e insumos utilizados.

A partir daí começaram os problemas de cada dia. O profissional de arquitetura não entregou o projeto no prazo estabelecido e sempre tinha uma justificativa para o atraso, inclusive falta de tempo devido à carga horária na empresa em que é empregado. Na prática, o projeto era apenas um “bico” para ele, ainda mais que recebeu adiantadamente parte dos honorários ao fazer um contrato verbal com os seus clientes.

O jeito foi começar a obra no início de fevereiro com a previsão de conclusão no fim de abril, ou seja, em três meses.

Na linha do “cada dia com sua agonia” aconteceu um pouco de tudo, a começar pela mão de obra, geralmente precisando de mais capacitação técnica e desistindo do trabalho diante de qualquer pequeno conflito ou contrariedade. Problemas também com a assiduidade e pontualidade das pessoas, desperdício de materiais e insumos por incapacidade técnica ou meros descuidos, pouco zelo com a limpeza de ferramentas, utensílios e do próprio local de trabalho…

Resumindo a história, a obra atrasou em dois meses, com o custo ficando 40% acima do previsto, o projetista entregou o projeto com um atraso de um mês e erro na medição do espaço para a máquina de lavar roupa, pois não considerou a altura dos pés do equipamento.

A perfuração de uma tubulação de água num dos banheiros causou vazamento no andar de baixo durante todo um final de semana, o que obviamente, gerou conflitos com os moradores atingidos.

Exaustos, desgastados e morando a dois meses num apart hotel e com os móveis e utensílios guardados num depósito, o casal decidiu paralisar a obra deixando para fazer depois uma série de acabamentos, inclusive a instalação de armários.

Finalmente eles conseguiram se mudar no último fim de semana de junho para usufruir da meta atingida, ou seja, morar num edifício com 2 elevadores e 2 vagas de garagem. Mas já tiveram que corrigir alguns defeitos nesse quase um mês e meio morando no “novo cantinho”.

Você já passou por algo semelhante ao reformar sua moradia?
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A Organização das Nações Unidas (ONU) criou em 2006 o dia mundial de conscientização sobre a violência praticada contra os idosos. Ao mesmo tempo estabeleceu o Junho Violeta ou Roxo para chamar a atenção sobre o problema ao longo dos 30 dias corridos.

Entretanto, o mês de junho se encerrou e agora já caminhamos para o final de julho, mas devemos nos lembrar que o problema persiste e exige atitudes das pessoas e dos governantes a partir de políticas públicas respeitosas. Estas políticas devem ser de Estado e não de governos temporários – com mandatos de quatro anos. Isso ganha mais relevância e foco nas prioridades para a solução de problemas num país de alta desigualdade social com extrema concentração de renda.

Sem ter a pretensão de esgotar o assunto aqui, nem de apresentar soluções para tantas situações indesejáveis que acontecem no cotidiano, o que quero é lembrar alguns aspectos que considero importantes para ajudar na nossa melhor compreensão do problema.

É fundamental saber que a lei estabelece que são consideradas idosas as pessoas com a idade a partir de 60 anos e vários são os direitos definidos no Estatuto da Pessoa Idosa através da Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003.

Inegavelmente, é chocante o grau da violência física, mental, emocional, financeira… praticada contra os idosos. Os fatos narrados mostram que a maior incidência está dentro de casa – e olha que a subnotificação é uma realidade que nos faz pensar em algo maior. Podemos também pensar em idosos que moram sozinhos, com familiares, em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), em abrigos, nas ruas e nos hospitais em que muitos foram abandonados.

É importante também lembrar que 22 milhões de pessoas aposentadas pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INSS) recebem um salário mínimo de R$ 1.320,00 mensais, e a maioria absoluta desse contingente é de idosos. Como a renda é curta, surge a necessidade de procurar – e cada vez menos encontrar – um trabalho em busca de um complemento para a sobrevivência. Fica visível a violência sutil trazida pelo idadismo ou etarismo – mais ismos – que discrimina pessoas acima dos 60 anos em relação a oportunidades no mercado de trabalho.

Quem ainda está a caminho dos 60 anos de idade deve se conscientizar dessa realidade que o aguarda, principalmente diante da inércia natural de tanta gente.

Outro aspecto importante aparece nos dados do recenseamento de 2022 do IBGE. A população brasileira se reduziu em relação às últimas estimativas, a taxa de natalidade caiu para 1,65 filhos por mulher e a população idosa foi a que mais cresceu atingindo o número de 34 milhões. Por outro lado, as projeções indicam que em 2050 teremos 68 milhões de idosos, ou seja, o dobro da atual.

Como podemos ver pelos dados disponíveis, mais cedo do que se pensa irá surgir uma nova proposta para a Reforma da Previdência Social do setor privado – mais uma violência – devido ao aumento do número de idosos e ao baixo crescimento populacional.

Ah! No setor público é diferente, e sempre se dá um jeito, com ou sem reforma administrativa e tributária. Mais uma violência que precisa ser lembrada é a dos planos de saúde, que promovem um aumento real nas mensalidades quando a pessoa completa 59 anos. E ainda existem aqueles que chamam a fase idosa da vida de “melhor idade” e simplesmente se esquecem de mostrar as restrições advindas da perda de autonomia, independência, condições funcionais, amigos…

E você, caro leitor, o que pensa sobre os aspectos aqui abordados?

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