A enchente das goiabas

por Luis Borges 19 de março de 2014   Pensata

Faz parte da cultura brasileira, no dia de São José, esperar pela enchente das goiabas. O dia 19 de março traz a última esperança de chuva, com “as águas de março fechando o verão”. 
 
Os primeiros 70 dias deste ano eleitoral foram de brava seca. As autoridades governamentais, em suas diversas instâncias e responsabilidades, falaram muito na falta que São Pedro faz ao “não autorizar” o regime abundante de chuvas de outrora. 
 
Arrisco dizer que autoridades sonharam com a marchinha de carnaval, desejando tornar verdade o “tomara que chova três dias sem parar”. 
 
Só se esqueceram de que um país depende muito mais de planejamento sério e efetivo do que do regime de chuvas, das lamentações e das desculpas. 
 
A falta de gestão, com métodos para atingir resultados positivos, e a nomeação de gestores que não sabem gerenciar e não lideram suas equipes só agravam a situação. Os sinais de cansaço da sociedade não tem sido suficientes para o reposicionamento estratégico, nesse país dito republicano que tem eleições de dois em dois anos.
 
O caso da reserva da Cantareira, em São Paulo, que tem em torno de 15% de sua capacidade de água para abastecer parte da população da capital e da região metropolitana, é um exemplo da falta de gestão. Some-se a ele o sistema de geração de energia hidrelétrica. Segundo o Operador Nacional do Sistema, os reservatórios das regiões sudeste e centro-oeste operavam com 35% da capacidade, no sul 39%.
 
No capitalismo sem riscos em que vivemos, o governo de São Paulo autoriza obras na Cantareira, para usar o “volume morto” e garantir água até depois das eleições. Mais uma vez a União vai postergar a conta da energia elétrica, agora para o ano pós-eleitoral. A utilização das térmicas é plena, sem transparência e repassa o prejuízo aos contribuintes, que injetam dinheiro no Tesouro Nacional e são clientes das distribuidoras de energia. 
 
Fica cada vez mais claro que a redução das tarifas de energia elétrica, anunciada e alardeada em 2013, se aproxima de uma propaganda enganosa, feita mais por necessidade política que lastreada em conhecimento e planejamento. 
 
A politica está presente em tudo. Mas o mas o conflito faz parte da solução, que pressupõe o diálogo entre as partes que se dizem republicanas. 
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