Depois do meio do ano

por Luis Borges 24 de julho de 2024   Pensata

Ainda outro dia estávamos conversamos sobre as expectativas para o ano de 2024. Parecia haver muito tempo pela frente para que as coisas fossem acontecendo.

Mas de vez em quando é bom dar uma paradinha e uma olhadela para trás. E eis que somos quase que surpreendidos ao constatarmos que caminhamos para o final do mês de julho e que a cada dia estamos mais próximos do fim do ano.

Vale a pena lembrar quais eram os nossos sonhos, propósitos, objetivos, metas e planos de ação quando o ano passado se findou.

E agora, nesse final de mês, como estão as linhas de nossas metas desafiadoras? Não valem as metas malucas (inatingíveis) e nem as confortáveis (facilmente atingíveis). Ou será que a vida é que está nos levando e tudo está ficando por isso mesmo, a ponto de nos esquecermos que os atos têm consequências?

Teremos eleições para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de nossos municípios em 6 de outubro. Será que vamos nos mobilizar para escolher representantes focados na solução de problemas crônicos do local onde a nossa vida se passa, o município? Sabemos muito bem que quem cala consente e que vivemos num regime democrático.

Por outro lado, começou a caminhar a regulamentação da reforma tributária sobre o consumo, que é basicamente uma simplificação do sistema de arrecadação e não uma busca de redução da pesada carga tributária vigente no país.

Quanto ao novo clima reinante no planeta fico pensando é no próximo verão, que prosseguiu em varias ocasiões nesse inverno que caminha em seu último mês com probabilidade de mais uma onda de calor.

E como será a próxima safra de arroz? O plantio começa em outubro/novembro para a colheita em fevereiro/março do ano que vem. A futura safra será suficiente ou o leilão de importação voltará á tona? O solo do Sul do país se recuperará a tempo do plantio dessa safra?

O que será das safras de milho, soja, trigo, feijão… Diante de várias variáveis que não controlamos?

Podemos até acompanhar as variações de preços em função da oferta e procura existentes no mercado nacional e mundial, mas sem ter a ilusão de que está tudo dominado. Enquanto isso, seguimos acompanhando o avanço da Inteligência Artificial – IA – com a obsolescência programada do mundo digital, extremamente conectado, que faz da novidade o seu negócio.

Até o fim do ano ainda teremos o acompanhamento das contas públicas ancoradas no arcabouço fiscal, a inflação anual podendo chegar dentro da meta até 4,5%, o aumento dos preços dos planos de saúde muito além da inflação anual, a economia crescendo acima de 2%, a gasolina e o gás de cozinha caminhando com as cotações internacionais do petróleo dolarizadas.

Também já dá para vislumbrar o fim do ano com os sinais da primavera-verão, com as eleições para a presidência dos Estados Unidos da América e as festas do Natal e Ano Novo com a campanha publicitária que brevemente estará no ar.

Como podemos ver, o fim do ano está bem colocado no horizonte próximo. Será que ainda é possível atingir as nossas metas?

Luis Borges

Luis Borges

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A greve dos professores das universidades e institutos federais de ensino teve início em 15 de abril e terminou em 26 de junho, com a assinatura de um acordo entre as partes envolvidas.

As principais reivindicações foram por mais recursos para o ensino público, gratuito e de qualidade, reposição das perdas salariais, reestruturação da carreira do magistério e revogação de medidas editadas em portarias que precarizam as condições de trabalho.

Os Ministérios da Educação e da Gestão endureceram nas negociações e não arredaram o pé do que estava previsto no orçamento.

O fato é que o movimento dos professores teve que sair da greve sem o reajuste salarial em 2024. A inteligência estratégica mostra a importância de se decidir a hora de entrar e de sair de uma greve.

Mas como se sente um professor aposentado durante um processo de greve como esse?

Conversando com um amigo de 68 anos, que é professor universitário aposentado há 8 anos, perguntei a ele qual era o seu sentimento diante da greve.

Ele disse que finalmente os colegas da ativa conseguiram se mobilizar para uma causa que passa pela sobrevivência de todos, cada um dentro do seu posicionamento na carreira.

Lembrou que a tomada de posição demorou a surgir e que de 2015 a 2022 nada aconteceu de diferente. Ele disse que no início de 2023 a defasagem salarial estava em torno de 60% quando finalmente foi dado um reajuste de 9% para a categoria.

O amigo disse também que se aposentou para ficar em casa no ócio com dignidade após cumprir 35 anos de atividades acadêmicas, com muita disciplina e constância de propósitos. Afirmou que não tem saudosismos da vida na ativa, que não regressa à sua universidade para a festa junina e muito menos para a confraternização de natal do departamento em que era lotado.

Ele considera que se aposentou na hora certa, pois já estava no limite quanto às atividades cotidianas, cada vez mais complexas na convivência com os colegas cheios das coisas e preocupados em escrever mais e mais artigos para revistas especializadas.

Encerrou sua fala dizendo que espera viver com o valor de sua aposentadoria até o momento em que fechar os olhos, embora seja consciente dos riscos da perda do poder aquisitivo em anos sem reajuste salariais. Nesse caso, a saída será a readequação do orçamento para manter o seu propósito de prosseguir voltado para a leitura, a música, alguma atividade física diária, o grupo de estudos na casa espírita, o cultivo das amizades que persistem… sem muita ansiedade enquanto a fase idosa da vida prosseguir um dia de cada vez.

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A mobilidade urbana é sempre um desafio para quem quer exercer o direito de ir e vir no município em que reside. Muitas são as observações, intenções e proposições num ano de eleições para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.

Esse tipo de pensamento fervilhou na cabeça de um morador do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte.  Ele é um servidor público municipal aposentado, tem 65 anos de idade e mora no bairro a quase 4 décadas.

Na última sexta-feira, ele não conseguiu fazer sua caminhada pelo bairro na parte da manhã, como faz diariamente durante 40 minutos. O jeito foi caminhar no final da tarde.

Ao sair de casa na Rua Eurita, paralela à Rua Mármore – a principal do bairro – encontrou um saco plástico com fezes de cachorro abandonado na calçada de sua residência. Isso acontece ao longo do bairro e muitas vezes fora de qualquer embalagem.

O lixo domiciliar do prédio da esquina estava na calçada desde o dia anterior e já bem revirado. No outro lado da rua, um bota fora com resíduos de construção civil e outros materiais diversos.

Semana sim, semana não aparece alguém da limpeza urbana municipal para recolher tudo e em seguida um novo ciclo recomeça.

Ao subir a Rua Ângelo Rabelo, teve dificuldade com a má conservação da calçada do lado direito, um problema crônico que também acontece no lado esquerdo.  Enquanto isso a pista de rolamento exibia a sua precariedade após duas intervenções da empresa de saneamento que continua tentando resolver um abatimento na rede de esgotos.

Já na Rua Mármore, a mais movimentada do bairro, tudo só piorou. As calçadas em frente aos bares estavam ocupadas por mesas, cadeiras e grades na rua demarcando o território, aliás,  instaladas a partir das 11 horas para garantir o espaço.

O jeito foi descer a rua disputando o espaço com veículos automotores em grande quantidade e outras pessoas de todas as idades, de crianças a idosos.

O ápice da caminhada foi na Praça Duque de Caxias, onde a calçada se transformou num espaço estendido do bar que existe em frente. Os garçons atravessam a rua o tempo todo levando e trazendo coisas para os clientes, mas também disputando a rua com veículos, pedestres e animais.

Nesse mesmo instante, o posto de combustíveis situado em frente à praça se preparava para o pagode da noite. Sobrava ao morador reduzir o ritmo da caminhada para vencer os obstáculos.

Ele seguiu pela rua, passou entre as mesas de um outro bar e virou à esquerda na Rua Tenente Durval. Viu dois veículos que estão estacionados ao lado do meio-fio há alguns meses e que fazem da rua as suas garagens.

Um pouco à frente, na Praça Coronel José Persilva, viu um amontoado de sacos de lixos colocados ali no final do dia anterior para só serem coletados na noite daquela sexta-feira. Dá para imaginar a sujeira espalhada.

Diante de tantos obstáculos, o morador virou à esquerda na Rua Salinas e caminhou entre micro-ônibus e vans escolares e passou perto de mais alguns bares para, finalmente, virar à esquerda na esquina da Rua Gabro e finalmente caminhar 2 quarteirões para chegar à sua casa na Rua Eurita.

Entrou em casa pensando por que os problemas enfrentados no trajeto que fez não aparecem no informe publicitário Repórter BH, da prefeitura de Belo Horizonte, veiculado no rádio, na tv e nas redes sociais.

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Você faz algum tipo de seguro?

por Luis Borges 28 de maio de 2024   Pensata

 

Luis Borges

Vale a pena iniciar essa pensata com a definição do que é um seguro.  Segundo o dicionário Houaiis, em um de seus verbetes,  seguro é um “contrato em virtude do qual um dos contratantes (segurador) assume a obrigação de pagar ao outro (segurado), ou a quem este designar, uma indenização, um capital ou uma renda, no caso em que advenha o risco indicado e temido, obrigando-se o segurado, por sua vez, a lhe pagar o prêmio que se tenha estabelecido.”

Mas como o seguro é visto em nossa cultura? Geralmente ele é considerado caro em função do poder aquisitivo da maioria da população. Há também aqueles que acham melhor correr o risco de algo acontecer ou considerar como baixa a probabilidade da ocorrência de um determinado evento.

As coisas só acontecem com os outros.

Mas não é bem assim, basta nos lembrarmos do Seguro de Vida, atualmente também chamado de Renda Protegida, que a partir de certa idade deixa de ser feito ou é bem dificultado pelas seguradoras, via preços e restrições por doenças pré-existentes.

Outro caso interessante é o dos Planos e Seguros de Saúde, em que essencialmente as operadoras e seguradoras compram os riscos de seus clientes adoecerem e colocam uma série de condicionantes e limites técnicos em relação à modalidade contratada. Hoje, é cada vez mais frequentes a rescisão unilateral do contrato por parte da operadora, geralmente sob a alegação de desequilíbrio financeiro e afetando pessoas mais idosas na maioria dos casos.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS tem recebido um número crescente de reclamações nos últimos anos e também nesse.

Um seguro bem mais difundido é o de veículos automotores, com as franquias sempre crescentes para se definir a partir de qual valor vai se cobrir um sinistro ocorrido.

Também tem crescido a contratação de seguros para moradias em casas, apartamentos, instalações industriais, transporte de cargas… Mas ainda falta muito para se ampliar o que pode ser alcançável e protegido por um seguro. Por exemplo, pequenos e médios proprietários de negócios na agricultura e pecuária sempre reclamam dos preços dos seguros e muitas vezes simplesmente deixam a proteção de lado. E assim podemos ilustrar a situação nos mais variados casos.

Agora, com os frequentes e intensos eventos climáticos extremos e a consolidação de um novo clima, o mercado de seguros também vai mudando junto. Como dizia Heráclito, em 508 antes de Cristo, “nada existe em caráter permanente, a não ser a mudança”.

O que está em jogo é o aumento dos tipos de coberturas e obviamente o tamanho dos preços a serem pagos. É uma questão de benefício e custo, delineando escolhas e prioridades conforme as condições financeiras de cada um.

Assim, o seguro contra vendavais, enchentes, alagamentos, inundações, desmoronamentos, falta de energia elétrica… passam a fazer parte do novo cenário para pessoas físicas e jurídicas, setores públicos e privados dentro da nova realidade.

A solidariedade entre as pessoas e comunidades é essencial, além das ações dos setores governamentais em todos os níveis tomando suas medidas mitigantes, mas cada vez mais é preciso prevenir para não ter que remediar, como acontece agora com o Rio Grande do Sul, como aconteceu no mesmo Estado em setembro do ano passado ou em outros Estados como no litoral sul de São Paulo, na Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Zona da Mata de Minas Gerais. No outro extremo, na região Amazônica basta ver a seca do ano passado e a que está projetada para esse ano.

Viver é perigoso, como disse Guimarães Rosa, e é por isso que só nos resta fazer a gestão dos riscos em todas as dimensões em que nos inserimos.

Pensemos nisso também.

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O Deputado Federal Afonso Hamm, do Partido Progressista do Rio Grande do Sul (PP-RS), protocolou na Câmara dos Deputados em 26/04/2024 o Projeto de Lei 1.467/2024 estabelecendo auxílio de 35% do valor da aposentadoria paga pelo INSS para quem passar a depender de um cuidador após ter se aposentado.

Segundo o autor, na medida em que a idade das pessoas avança é previsível a necessidade de alguém para ajudar nos cuidados e essa função pode ser feita por cuidadores profissionais.

Em sua justificativa, o Deputado diz que “temos recebido relatos sobre indivíduos que recebem outras espécies de aposentadoria, como por tempo de contribuição ou por idade, e que, após certo tempo de gozo de benefício, passam por sérios problemas de saúde, como AVCs, que os levam a estados de dependência tão ou mais graves que os de aposentados por incapacidade permanente que recebem o adicional de 25%”.

Atualmente, o INSS paga esse adicional de 25% do valor da aposentadoria apenas para aqueles aposentados por incapacidade permanente (invalidez) que pode ocorrer a qualquer momento, independente da idade do segurado e desde que solicitado. Segundo o órgão, em março deste ano havia no país 3,4 milhões de pessoas aposentadas por incapacidade permanente.

Deste total, pouco mais de 270 mil receberam o chamado Auxílio Acompanhante, um custo total de R$ 138 milhões, o que representa menos de 1% dos gastos com os aposentados do Regime Geral da Previdência Social.

Quando o tema é judicializado, surgem divergências nos Tribunais Superiores. O Superior Tribunal de Justiça – STJ entende que o adicional de 25% deve ser aplicado a todos os tipos de aposentadorias do Regime Geral, desde que sejam comprovadas a invalidez e a necessidade de cuidado permanente. Já o Supremo Tribunal Federal – STF defende que só uma lei aprovada pelo Congresso Nacional pode assegurar constitucionalmente o pagamento desse tipo de auxílio para os aposentados pelo INSS.

Enquanto isso, esse Projeto de Lei foi apensado, anexado, como diversos outros que tratam do tema, ao PL 4.840/2012 que busca alterar artigos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 – que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social.

Como se vê, a tramitação teve início em 2012 na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família – CPASF da Câmara dos Deputados. Já se passaram 12 anos, portanto, e tudo continua tramitando.

Como a proposição trará aumento de gastos, é preciso lembrar que o Governo Federal fala sempre em déficit da Previdência Social e equilíbrio das contas públicas, e não dá para se ter grandes expectativas sobre a mudança da Lei, apesar da alta relevância para os aposentados idosos com incapacidade permanente.

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Vai pagar com Pix, ou cartão?

por Luis Borges 24 de abril de 2024   Pensata

No próximo dia primeiro de julho a nossa moeda, o real, completará 30 anos em circulação no país como parte do Plano de Estabilização Econômica de mesmo nome. As cédulas e moedas do real em circulação enfrentaram uma inflação de 701% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA do IBGE ao longo dessas três décadas. O Banco Central diz que reabastece o mercado substituindo as cédulas que se estragam e as moedas que ficam guardadas em cofres e gavetas.

Atualmente, é frequente no mercado a queixa pela falta de troco e os pedidos para que se facilite o mesmo nas transações comerciais.

Por outro lado, são notórios os esforços para fazer com que o cliente pague por meios digitais.

Meu ponto é chamar a atenção para algo cada vez mais corriqueiro na hora de se fazer uma compra na padaria, sacolão, supermercado, restaurante, bar ou mercearia, por exemplo.

Ao chegar ao caixa, o atendente pergunta de cara se a transação será feita por meio de Pix, cartão de crédito ou débito, e já com maquininha na mão. É totalmente desconsiderada a possibilidade da operação ser feita na moeda vigente, em espécie nas modalidades cédula ou moeda.

Os operadores de caixa se assustam quando os clientes falam que vão pagar com dinheiro. Diante do fato eles começam a verificar se as cédulas são verdadeiras, colocando-as contra a luz ou deslizando os dedos em suas superfícies, principalmente quando o valor das notas é R$ 100 ou R$ 200. Mesmo assim, é inevitável uma fala sobre a falta de troco.

Enquanto isso, a fila cresce como no supermercado ou sacolão, quem está atrás do cliente que está pagando começa a ficar impaciente e a dar sinais de que sua ansiedade está aumentando, principalmente aqueles cujas compras são menos volumosas.

Se a pessoa que está pagando em dinheiro se incomodar com as pressões, acabará por sentir-se constrangida ou a se perguntar para que serve a moeda circulante no país.

E se o cliente não tiver o Pix ou não gostar de pagar um determinado valor de compras com cartões de crédito ou débito, inclusive devido a seus limites, ou por não querer ou poder pagar os altos juros no crédito rotativo. Podemos também colaborar com a falta de troco pagando a conta com dinheiro e cartão.

Imaginemos uma compra no valor de R$ 107,00 que poderia ser paga com R$100,00 em dinheiro e R$ 7,00 no cartão de débito, crédito ou Pix. Enfim, o problema existe para quem resiste a se enquadrar e, para esses, cada evento com a sua agonia nessa vida velozmente digital.

Em tempo: você ainda tem talão de cheques?

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A quinta-feira 11 de abril marcou o aniversário de nascimento do amigo araxaense Paulo Souza Júnior, o Paulinho. Ele é engenheiro civil, professor universitário, líder da empresa PSJ Engenheiros Associados e ex- superintendente do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de Araxá – IPDSA.

A propósito desse momento de sua vida, Paulinho escreveu uma excelente pensata que joga luz em suas expectativas para a trajetória que prossegue.

Leia a seguir:

CAPÍTULO 74

Embora tenha a impressão de não ter envelhecido, sorrateira e sutilmente a velhice vai se instalando em mim.

Já não posso ignorar as ameaças que o futuro me prepara, mas também não ignoro que o que sou hoje devo ao meu passado: o meu saber e a minha ignorância – as minhas necessidades, as minhas relações – a minha cultura e o meu corpo.

Sou muito grato ao meu passado.

É ele a minha referência! O menino curioso que desmontava despertadores ainda continua ativo dentro de mim assim como o adolescente que descobriu a música e fez dela o seu sustento de quando era estudante. O Paulinho de todas as épocas está em mim todo o tempo, o tempo todo.

Portanto o passado é que me projeta, que define a minha abertura para o futuro e que eu devo ultrapassar.

Vou seguir plantando amizades como planto árvores, com o coração aberto e sereno, pois sei que o sabor da minha vida reside em colher frutos e sombra de uma e humanidades de outras, se manifestadas em respeito, afeto, carinho e amor.

Muitíssimo obrigado a todos vocês que são presentes no meu passado!

 Paulo Souza Junior – 11/04/2024

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Na manhã do sábado 23 de março, por volta das 9 horas e 30 minutos, recebi a notícia de que o amigo Paulo Roberto Takahashi havia desencarnado às 4 horas. Fiquei pasmado, assustado diante da inesperada informação.

Passei a refletir, mais uma vez, sobre a finitude da vida e o quanto imagino que estamos preparados para recebê-la. Percebi mais uma vez diante dessa e de outras perdas recentes de pessoas próximas que, por mais que tenhamos consciência da finitude, nada nos alivia do choque trazido pela força cortante que nos arrebata alguém tão próximo. Foi assim que me senti, mas foi inevitável voltar no tempo, ao século passado, quando eu o conheci na escola de Engenharia da UFMG em 1977, portanto, há 47 anos. Muitos foram os momentos vividos e que se encontram registrados na parede da minha memória.

As primeiras vivências foram no movimento estudantil da UFMG, na luta pela democracia e por uma sociedade mais justa socialmente. É importante lembrar a sua passagem como presidente da COTEC em 1980, a Cooperativa e Editora de Cultura Técnica da Escola de Engenharia da Federal.

Fui convidado para ser seu padrinho quando se casou com Miriam na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, em Belo Horizonte, no ano de 1982. Lembro-me bem do final da tarde daquele sábado e do seu emocionado choro ao pé do altar. Depois vieram o filho Marco Paulo, as filhas Thaís e Silvia e as netas Maria Paula, Agnes e Elis na amplitude dos laços de uma família pautada  pelo equilíbrio com muito amor.

Acompanhei sua trajetória profissional como engenheiro civil e gestor atuando na Superintendência de Desenvolvimento da Capital – SUDECAP – notadamente como Diretor de Manutenção e Superintendente. Como ele conhecia Belo Horizonte e discutia soluções para os seus problemas dentro de uma realidade orçamentária!

Eu e Takahashi sempre conversamos muito, numa pauta bem diversificada e ele sendo muito claro e firme em suas crenças e valores. De vez em quando ele soltava um ou dois palavrões, só para reafirmar o seu ponto de vista na conversa e na discussão.

Admirável era a sua biblioteca com mais de 3000 volumes em temas bem diversificados.

Nos últimos tempos conversamos muito por telefone, principalmente a partir da pandemia da covid-19. Aliás, nosso último encontro presencial ocorreu há pouco mais de dois anos no Restaurante Barril, que fica na BR 262, Município de Luz.

Paulo Takahashi e Miriam vinham de Vazante, eu e Cristina vínhamos de Araxá, todos rumo à Belo Horizonte. Muita conversa e um gostoso almoço marcaram o encontro.

Desde o segundo semestre do ano passado tentávamos viabilizar as agendas para um jantar no Bar da Esquina, que fica no encontro das ruas Timbiras e Sergipe, ao lado da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, no bairro de mesmo nome. Infelizmente não deu tempo para viabilizar o encontro diante do inesperado. Vale a pena refletir sobre as causas que nos impediram de nos encontrarmos nesse jantar.

Fica a saudade do amigo essencial, indispensável e necessário que apenas partiu antes de nós.

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por Luis Borges 

Nesse 18 de março estamos comemorando 10 anos de postagens contínuas do Blog Observação e Análise, iniciadas nessa data em 2014, no final de um verão menos quente que o atual.

Naquele dia concretizou-se um sonho iniciado um ano antes num reposicionamento estratégico que fiz em minhas atividades profissionais em função das condições funcionais determinantes de novos contornos.

A história registrou: num 18 de março nasceu o Observação e Análise

O fato é que o sonho de lançar um blog virou um propósito, que posteriormente se tornou um objetivo que com valor e prazo tornou-se uma meta.

O plano de ação contendo as medidas estratégicas e necessárias para se atingir a meta colocaram o gerenciamento em movimento e finalmente tudo aconteceu. Mas a gestão é permanente.

Ao longo desses 10 anos continua sendo sempre fundamental a participação de todos que fizeram ou fazem parte da equipe do Blog, a pensata mensal do escritor convidado e a presença atenta, observadora e crítica de um número de leitores cada vez maior.

Também registro com alegria a publicação das pensadas em outros veículos, como o jornal Correio de Araxá em seus últimos 9 anos e 4 meses até a última edição, no portal Minas1, no Blog do Zé Antônio, no portal Santa Teresa Tem e no Portal Imbiara, do Grupo Imbiara de Comunicação de Araxá.

A expectativa é prosseguir observando os fenômenos e analisando os processos que os geram, a partir de minhas percepções, lastreadas na verdade científica dos fatos e dados, sem ter a pretensão de ser o proprietário da verdade e nem o salvador da pátria, mas contribuir para que possamos encontrar boas soluções para tantos problemas que nos desafiam. Tudo isso sendo feito de maneira respeitosa numa sociedade que busca permanentemente o aprimoramento de seu processo civilizatório.

Leia aqui a primeira postagem de observação e análise:
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por Luis Borges

E lá vamos nós na estrada da vida, caminhando na toada possível diante de tantas variáveis que exigem atenção, muitas das quais não temos autoridade sobre. Se quisermos, dá para acompanhar os acontecimentos conforme as escolhas de cada um de nós.

É nesse vai da valsa que o ano está avançando e, de repente, já nos vemos nos aproximando do final do primeiro trimestre.

Parece que foi ontem a virada do velho para o novo ano. Entretanto, muita coisa já aconteceu e passou rapidamente enquanto outros fatos foram se sucedendo. Até a Folia de Reis já ficou bem para trás. Também fazem companhia a ela o vencimento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, o intenso e longo período de Carnaval com seu antes, durante e depois.

Vale lembrar, por exemplo, que o Carnaval oficial de Belo Horizonte foi de 27 de janeiro a 18 de fevereiro e com muito sucesso, diante de tantas expectativas, mas que pode continuar melhorando e de maneira sempre respeitosa com todos os envolvidos.

Já tivemos a volta dos estudantes às aulas e dos parlamentares e magistrados ao trabalho após 60 dias de recessos e férias.

Também já passamos por mais uma queda da taxa básica de juros, a SELIC do Banco Central, e estamos na expectativa da próxima. A inflação dá sinais de controle, mas sempre preocupa, principalmente a começar pelo preço dos alimentos, dos registros públicos administrados e da saúde.

A economia cresceu 2,9% em 2023, o que levou o Brasil a se tornar a 9ª economia mundial. Entretanto, se dividirmos o Produto Interno Bruto – PIB pelo número de habitantes (PIB per capita) veremos que o Brasil fica em 82º no mundo, o que demonstra a enorme concentração de renda nas mãos de poucos. Vale lembrar que 1% da população detém 23,9% da renda gerada.

Agora estamos indo em direção ao 5º domingo da Quaresma na expectativa de que as águas de março fecharão o verão, mas sem esperança de que o calorão irá embora no início do outono. Aliás, segundo o Clima Tempo, uma nova onda de calor estará presente a partir de hoje nas regiões Sul, Centro-Oeste e no Oeste do estado de São Paulo pelos próximos 5 dias.

Afinal de contas o fenômeno natural do El Niño, que traz um bom aquecimento para o planeta e o Brasil, deve se prolongar até o final de abril, segundo os especialistas. Mas não nos esqueçamos das emissões de gases que geram o efeito estufa.

Por outro lado, a epidemia da dengue prossegue avançando e é cada vez mais necessário cuidar da limpeza de nossos espaços, públicos e privados, para impedir a proliferação do mosquito transmissor. Como sempre o Sistema Único de Saúde – SUS, vai mostrando o seu valor e a sua essencialidade.

Brevemente teremos a Páscoa, a passagem para o próximo sonho, de preferência com muito chocolate.

Um pouco depois teremos o Dia das mães, tão bom para o comércio e para homenagear as queridas mães. Logo, logo chegaremos ao mês com as festas juninas que se estenderão até julho e se tornarão julinas. Nesse mesmo tempo, as campanhas para as eleições de prefeitos e vereadores nos 5.570 municípios brasileiros entrarão numa fase importante para o sucesso dos candidatos nas urnas eletrônicas em 6 de outubro.

E assim, um dia de cada vez, mas sem pausa, prosseguimos caminhando em nossas andanças esperançosas na democracia em que vivemos.

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