Um Projeto de Lei (PL) do vereador Wellington Magalhães (PTN), presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, propondo o fechamento dos supermercados da cidade aos domingos foi aprovado pela maioria dos edis em primeiro turno em 18 de abril. A votação final em segundo turno foi marcada para o dia seguinte, demonstrando uma grande pressa para resolver a questão e contrastando com a vagareza que acomete a análise e votação de outros inúmeros projetos.

Diante da repercussão negativa que o PL causou em algumas das partes interessadas, o Presidente da Câmara retirou-o da pauta e anunciou a realização de uma audiência pública para ouvir as opiniões de todos os interessados. De repente a aprovação que estava sendo feita “a toque de caixa” ganhou um atraso e deu espaço a um lampejo com áreas de democracia participativa, claro que a contragosto de muitos e como saída honrosa para outros diante da pressão de quem é contra a medida.

O Sindicato dos Empregados do Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SEC) é favorável ao fechamento dos supermercados aos domingos para que os trabalhadores possam ter descanso nesse dia. Já a Associação Mineira dos Supermercados (AMIS) é contra, argumentando que 80% dos supermercados abrem aos domingos, sendo que esse dia fica entre o segundo e o terceiro de maior movimento na semana. A AMIS ainda sinaliza com a possibilidade de demissões de empregados caso a medida seja aprovada.

Enquanto isso muitos clientes se dizem assustados com a proposta por só terem o domingo para fazerem as suas compras. Também existem aqueles que concordam com a medida e perguntam por qual razão o fechamento aos domingos não se estende a outros segmentos do comércio.

Vamos aguardar e participar dessa discussão para ver no que vai dar a votação final dos representantes do povo, muitos dos quais almejam a reeleição no pleito de outubro próximo.

Enquanto nos lembramos dos candidatos em quem votamos nas eleições anteriores e do nível de resultados alcançados durante o mandato dos eleitos, que tal ouvir o Samba dos trabalhadores na voz de Martinho da Vila, interpretando letra de Darcy da Mangueira?

Samba do Trabalhador
Fonte: Letras.mus.br 

Na segunda-feira eu não vou trabalhar
É, é, é a
Na terça-feira não vou pra poder descansar
É, é, é a
Na quarta preciso me recuperar
É, é, é a
Na quinta eu acordo meio-dia, não dá
É, é, é a
Na sexta viajo pra veranear
É, é, é a
No sábado vou pra mangueira sambar
É, é, é a
Domingo é descanso e eu não vou mesmo lá
É, é, é a
Mas todo fim de mês chego devagar
É, é, é a
Porque é pagamento eu não posso faltar
É, é, é a

E quando chega o fim do ano
Vou minhas férias buscar
E quero o décimo-terceiro
Pro natal incrementar
Na segunda-feira não vou trabalhar
É, é, é a
É, é, é a

Eu não sei por quê tenho que trabalhar
Se tem gente ganhando de papo pro ar
Eu não vou, eu não vou
Eu não vou trabalhar
Eu só vou, eu só vou
Se o salário aumentar
É, é, é a
É, é, é a

A minha formação não é de marajá
Minha mãe me ensinou foi colher e plantar
Eu não vou, eu não vou
Eu não vou trabalhar
Eu só vou, eu só vou
Se o salário aumentar
É, é, é a
É, é, é a

Tô cansado...
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Em quem acreditar?

por Luis Borges 27 de abril de 2016   Música na conjuntura

Mais uma vez o Brasil teve a oportunidade de conhecer a sua própria cara. Foi a partir das declarações de voto dos deputados federais na sessão da Câmara no domingo, 17 de abril, que decidiu pela aceitação do impedimento da Presidente da República. Eles foram eleitos para representar o povo segundo os parâmetros da democracia representativa. É o que temos para hoje. Agora o processo prossegue sua tramitação no Senado Federal, composto por 81 parlamentares que representam os 26 estados e o Distrito Federal. Eles também foram eleitos pelo povo e demonstram ser mais do mesmo dentro da democracia representativa.

A sensação que fica é a de que a maioria absoluta deles continua longe dos problemas do Brasil real e vivem num mundo em que cada um procura garantir o que é melhor para suas famílias e suas capitanias hereditárias. As difusas, mas intensas mensagens passadas nas manifestações populares de 2013, sem a presença dos partidos políticos, ainda não foram percebidas. Operações da Polícia Federal, como a Lava Jato, a Acrônimo e a Zelotes, são uma pequena amostra do apodrecimento do sistema político brasileiro.

O que fazer e como fazer sem lideranças que tenham credibilidade e com os anseios de quem almeja uma democracia participativa? Em quem acreditar e como manter a esperança ativa, realista e com alguns graus de utopia em prol de uma sociedade mais civilizada pelo diálogo e com menor desigualdade? Para buscar inspiração para responder essa pergunta nos faz bem ouvir Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha (1945-1991), em sua música Acredito na rapaziada. Afinal de contas quem canta traz um motivo.

Acredito Na Rapaziada
Fonte: Letras.mus.br

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada

Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada

Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...

Eu acredito é na rapaziada
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Viramundo em quê?

por Luis Borges 11 de abril de 2016   Música na conjuntura

Em que será que vai dar a crise política brasileira, que se arrasta que nem cobra pelo chão desde a campanha eleitoral de 2014? Se o conflito é a essência da política, onde estão os líderes e os formuladores estratégicos capazes de propor e negociar soluções para a paralisia e o confronto instalados no país?

As expectativas são muitas, como também são muitos os vácuos deixados pelo Poder Legislativo, que acaba jogando nas mãos do Poder Judiciário a responsabilidade de dirimir dúvidas e decidir passos a serem seguidos. Gritaria, intolerância, palavras de ordens e o tribunal da internet trazem boas amostras do grau de civilização e de acatamento das regras do jogo em nossa democracia representativa.

A decadência persiste na economia e agrava o social enquanto cada dia prossegue com as suas agonias, desafiando as esperanças de muita gente. Sonhar com soluções que sejam diferentes das mesmices de décadas e até séculos faz parte das incertezas que precedem as viradas que o mundo pode dar.

Já que nada é tão bom que não possa ser melhorado e nada é tão ruim que não possa ser piorado, em que resultarão as nossas certezas diante da verdade, da razão e da correlação de forças políticas? Só na base do “toma lá, dá cá” ou do grito não será possível virar o mundo em que muitos dos seus integrantes ainda estão adormecidos.

Para suavizar um pouco, mas também renovar nossas forças nessa conjuntura que exige estratégias de sobrevivência para indivíduos e grupos sociais, sugiro alguns graus de inspiração que podem vir da música Viramundo que Gilberto Gil compôs em 1968, portanto há 48 anos.

Viramundo
Fonte: Letras.mus.br 

Sou viramundo virado
Nas rondas da maravilha
Cortando a faca e facão
Os desatinos da vida
Gritando para assustar
A coragem da inimiga
Pulando pra não ser preso
Pelas cadeias da intriga
Prefiro ter toda a vida
A vida como inimiga
A ter na morte da vida
Minha sorte decidida

Sou viramundo virado
Pelo mundo do sertão
Mas inda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
Virado será o mundo
E viramundo verão
O virador deste mundo
Astuto, mau e ladrão
Ser virado pelo mundo
Que virou com certidão
Ainda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão
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A chegada do Outono, estação que faz a transição entre o Verão e o Inverno, encontra e registra uma encarniçada luta entre dois grupos que querem o poder a qualquer custo. O confronto em nome da democracia representativa – que não é necessariamente participativa – e de suas instituições republicanas acentua atitudes e gestos de intolerância e ódio num maniqueísmo que não consegue perceber uma grande parte da população. Nessa parte estão as pessoas que não se identificam e nem se sentem representadas pelos grupos que estão em confronto direto. Basta olhar a quantidade de eleitores que não compareceram às eleições de 2014 ou votaram nulo ou em branco, significando quase 40 milhões de pessoas.

Os três poderes da República, constitucionalmente definidos como independentes e harmônicos, ainda não foram capazes de dar uma solução política para a crise e ainda parecem pouco preocupados com a paralisia econômica trazida pela recessão, inflação e desemprego, mesmo com todas as suas consequências sociais.

O que será que virá como resultado do acirramento da situação diante do crescimento dos confrontos entre pessoas, grupos e organizações que estão com os nervos à flor da pele? Acompanhando ou participando, de perto ou de longe, pelas mídias tradicionais ou guerreando nas redes sociais, a que níveis de sobrevivência nos submeteremos? Isso para não falar da chatura em que o mundo se transforma diante do patrulhamento ideológico inquisitorial de muitos amigos, colegas de trabalho ou de militância política, cultural e social. As primaveras árabes trazem boas referências para quem se dispuser a fazer uma breve revisão bibliográfica.

Mas perguntando ou indagando diante das incertezas que pairam sobre a sociedade brasileira com suas atuais regras do jogo enquanto as folhas amarelecem e caem no outono, que tal cantar com Chico Buarque a sua música O que será (À flor da Terra), composta em 1976 para o filme Dona Flor e seus dois marido, baseado em obra homônima de Jorge Amado e dirigido por Bruno Barreto?

O Que Será (À Flor da Terra)
Fonte: Letras.mus.br 

O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza

Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho

O que será, que será?
Que vive nas ideias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos

Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido

O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo

O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo
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Já estamos na Quaresma

por Luis Borges 10 de fevereiro de 2016   Música na conjuntura

Comecei a manhã desta quarta-feira de cinzas ainda com algumas lembranças do Carnaval que acabara de acabar, mesmo sabendo que em alguns lugares a festa se estenderia até lá pelo meio-dia. Imaginei a típica “saideira” pra encompridar a festa. Lembrei-me também que um pouco mais tarde começariam as transmissões das notas dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Fechei meu balanço registrando o sucesso do Carnaval de rua, com os blocos se consolidando e crescendo cada vez mais como ocorreu em Belo Horizonte, por exemplo. Tudo isso muito bem embalado pelas críticas e criativas marchinhas, pelo permanente desafio que é a gestão de todo o processo e pela complexa arte do convívio entre foliões e moradores que não participam das festas, mas permanecem em suas casas.

Enquanto a manhã se escoava e o dia crescia passei a refletir sobre o significado da Quaresma. São quarenta dias de preparação para a Páscoa, festa maior da cristandade. Mas como se preparar para essa passagem sem deixar de pensar na atual situação do Brasil? Os indicadores do país que medem o desempenho nos aspectos político, econômico, social, moral e legal – entre outros índices setoriais e globais – só nos mostram preocupações. Pensar sobre o que e como fazer para solucionar as causas desses problemas nos indica que a crise política precisa ser solucionada prioritariamente. A saída do impasse se dará quando aqueles que estão no poder central e os que fazem oposição perceberem que não têm forças para resolver a parada sozinhos. E mais : devem perceber que, além deles, existem também os que já sabem muito bem o que não querem e que não se sentem representados pela maior parte dos grupos que querem o poder a qualquer custo.

Quanto pior, pior mesmo. A primeira condição para resolver problemas é admitir que eles existem, que erros gritantes dos dois lados em contenda precisam ser assumidos e suas causas combatidas. Como já estamos no décimo quarto mês do segundo mandato da atual Presidente da República, fico me perguntando se passaremos pela Quaresma só ouvindo palavras, apelos, birrinhas, discursos para a platéia e balões de ensaio. Vou parar por aqui para ouvir Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, cantando a sua música Palavras que traduz muito bem as minhas sensações e preocupações desse momento.

Palavras
Fonte: letras.mus.br

Palavras, palavras, palavras
Eu já não aguento mais

Palavras, palavras, palavras
Você só fala, promete e nada faz

Palavras, palavras, palavras
Desde quando sorrir é ser feliz?

Cantar nunca foi só de alegria
Com tempo ruim
Todo mundo também dá bom dia!

Cantar nunca foi só de alegria
Com tempo ruim
todo mundo também dá bom dia!
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A lista

por Luis Borges 20 de janeiro de 2016   Música na conjuntura

Como está sua lista de promessas para 2016? Neste dia 20 de janeiro você já começou a se mexer para realizar os desejos expressos após a virada?

Não é fácil mudar. Entender as causas fundamentais desse processo que resulta nos baixos índices de mudança é um desafio para quem quer transformar o próprio jeito de ser e agir. E nem sempre o tempo está a nosso favor. Muitas vezes ele nos surpreende, inclusive de maneira triste.

Conversei com um amigo por telefone na noite do 1 de janeiro. Ele começou a conversa dizendo que perdera uma pessoa querida justo naquele dia. Realçou a ironia do destino, que levou para outro plano o seu amigo de apenas 59 anos, surpreendido por um infarto agudo do miocárdio. O lamento calou mais fundo porque os dois se encontraram três dias antes numa confraternização e, entre uma latinha e outra de cerveja, o amigo verbalizou uma pequena lista de mudanças que faria em sua vida em 2016. Dela constava o item “cuidar melhor da saúde”, que começaria por um check-up ainda antes do Carnaval. Ele também reduziria a quantidade de bebidas alcoólicas ingeridas, que só consumiria no fim de semana. Caminharia 30 minutos diariamente, “fecharia a boca” diante dos alimentos com alto índice calórico, largaria o tabaco. E se encontraria pessoalmente com os melhores amigos ao menos duas vezes por ano.

Reflexão

Os 366 dias deste ano já se transformaram em 346 e o ano novo já vai deixando de ser tão novo assim. O que pensar e o que fazer com tantas listas carregadas de muitas intenções e poucos gestos para demonstrar que o querer é verdadeiro?

A trilha sonora que sugiro é a música A Lista, de Oswaldo Montenegro. Composta em 1999, traz um pouco de inspiração para avaliarmos metas que porventura tenhamos feito e perceber o que efetivamente pode e vai ser realizado em função do tempo que ainda temos. E, quem sabe, até mesmo concluir que determinados itens destas listas já não têm sentido hoje, enquanto outras necessidades surgem em função das mudanças no curso da nossa história.

A Lista
Fonte: Letras.mus.br

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assovia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
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Então é Natal

por Luis Borges 23 de dezembro de 2015   Música na conjuntura

Tive a sensação de que neste ano o espírito de Natal demorou mais a chegar. Parece que as coisas aconteceram muito rapidamente e em grande quantidade, mas com prevalência de coisas ruins, que acabam nos preocupando em função dos impactos diretos e indiretos que podem ter em nossas vidas.

Por mais que tenha ocorrido um paradeiro descontagiante, já posso dizer que Então é Natal conforme nos fala a música de Cláudio Rabello cantada por Simone.

Prossigamos em nossa busca por luz, sabedoria, justiça e paz no renascimento que o Natal pode nos propiciar, num novo tempo que se faz cada vez mais necessário em função de tudo que a nação está vivendo e enfrentando de diversas maneiras.

Então é Natal
Fonte: Letras.mus.br

Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez
Então é Natal, a festa Cristã
Do velho e do novo, do amor como um todo
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem souber o que é o bem

Então é Natal, pro enfermo e pro são
Pro rico e pro pobre, num só coração
Então bom Natal, pro branco e pro negro
Amarelo e vermelho, pra paz afinal
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem, souber o que é o bem

Então é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez
Então é Natal, a festa Cristã
Do velho e do novo, o amor como um todo
Então bom Natal, e um ano novo também
Que seja feliz quem, souber o que é o bem

Harehama, há quem ama
Harehama, ha
Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez
Hiroshima, Nagasaki, Mururoa, ha...

É Natal, é Natal, é Natal.
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Falso amor sincero

por Luis Borges 5 de novembro de 2015   Música na conjuntura

Teatro, segundo a Wikipédia, é uma palavra de origem grega e significa “forma de arte em que um ator ou conjunto de atores interpreta uma história ou atividades para o público em um determinado lugar”. É também, a meu ver, uma definição coerente para o documento “Ponte para o Futuro”, feito pela Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Dirigido aos correligionários que se preparam para a Convenção Nacional de 17 de novembro, o texto propõe uma série de medias visando à retomada do crescimento da economia brasileira e critica excessos cometidos pelo governo federal nos últimos anos, que ocasionaram em desajuste fiscal que chegou a um ponto crítico.

Destaco o seguinte trecho da reportagem da Agência Brasil que apresenta o documento produzido pelo PMDB:

As soluções para os problemas fiscais do país passam por medidas emergenciais e “reformas estruturais”. Mas o desafio, afirmam, não cabe a “especialistas financeiros” e, sim, a políticos capazes de dar preferência a “questões de longo prazo” e que devem “deixar de lado divergências e interesse próprio”.

Fica parecendo que o PMDB nem faz parte do Governo Federal, onde ocupa a Vice-Presidência já no segundo mandato em coligação com o PT, diversos Ministérios e um sem-número de cargos de segundo e terceiro escalão do Poder Executivo e em diversas empresas estatais. Aliás, se olharmos todos os governos brasileiros a partir do fim da Ditadura Militar em 1985, perceberemos a sempre marcante presença do partido no Poder Central.

Como a música sempre nos inspira, lembrei-me de Nelson Sargento em seu samba Falso amor sincero para nos ajudar a refletir um pouco mais sobre o vale tudo para se manter no poder, foco prioritário permanente dessas pessoas. Ouça na voz do próprio autor em companhia da letra a seguir.

Falso amor sincero
Fonte: Letras.mus.br

O nosso amor é tão bonito
Ela finge que me ama
E eu finjo que acredito

O nosso falso amor é tão sincero
Isso me faz bem feliz
Ela faz tudo que eu quero
Eu faço tudo o que ela diz

Aqueles que se amam de verdade
Invejam a nossa felicidade
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De vez em quando aparece numa cidade uma pessoa demonstrando sinais exteriores de riqueza. Conforme o grau de ostentação logo surgem outras pessoas questionando como foi gerado aquele milagre. O primeiro e mais direto comentário afirma que a renda da pessoa não é suficiente para o que está mostrando, e deixa no ar o benefício da duvida. Sempre tem alguém para falar que “longe de mim dizer que isso vem de um mal feito, mas a pulga fica atrás da orelha” e o “converseiro” vai ganhando folego.

Esses milagres estão ficando tão impregnados na cultura brasileira que milagre passou a ser definido informalmente em alguns grupos bem-humorados como sendo “um efeito sem causas”. Por outro lado, em função da escassez, honestidade passou a ser vista como uma virtude, quando deveria ser uma obrigação.

Agora a nação brasileira prossegue, sempre sabendo de alguma novidade envolvendo personagens do mundo público e privado participando ativamente de grandes negociatas, movimentando propinas de milhões de dólares, contas bancárias no exterior e, de vez em quando, até uma delação premiada.

Nesse contexto lembrei-me de um compositor e cantor do qual gosto muito e cuja obra admiro. Trata-se de Noel de Medeiros Rosa, nascido no Rio de Janeiro em 11/12/1910, onde morreu em 04 de maio de 1937 com apenas 26 anos, 4 meses e 23 dias de vida. Em sua curta e fecunda carreira artística, Noel Rosa compôs 259 músicas. Uma delas, de 1933, foi Onde está a honestidade?, feita em parceria com Francisco Alves. Hoje, 82 anos depois, ela continua super atual e vale a pena ser cantada para nos ajudar a ter força e esperança para virar a atual página da nossa história. Ouça na voz do próprio Noel.

Onde está a honestidade
Fonte: Letras.mus.br

Você tem palacete reluzente
Tem jóias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança nem parente
Só anda de automóvel na cidade

E o povo já pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?

O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e até felicidade

Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente
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Vai levando

por Luis Borges 12 de outubro de 2015   Música na conjuntura

O tempo continuou escoando indelével no ciclo de 365 dias e nos deixa outra vez no dia 12 de outubro. No espaço de um ano muita coisa mudou e, em diversos parâmetros, para pior. Ainda estamos sem perspectivas claras de uma saída para a crise política que se acentua e para seus reflexos na economia. Os impactos são diretos e visíveis no tecido social a se esgarçar diante do aumento do sofrimento e da insensibilidade dos que só priorizam o poder. Continuam errando aqueles que não admitem que erram em sua infinita incapacidade de fazer o que é certo desde o início de qualquer proposição. Agora já não é suficiente indicar um Ministro da base aliada. O apoio só virá se vierem também cargos de confiança na estrutura dos ministérios.

Por outro lado a oposição, que não consegue propor nada consistente, só pensa no impedimento da atual Presidente, embora não tenha conseguido até o momento apresentar as evidências objetivas exigidas pela lei. O fato é que já se passou quase um ano do segundo turno das eleições presidenciais de 2014.

Enquanto os que estão à frente da política partidária não se entenderem, e enquanto empresas e organizações representativas da sociedade civil não se entenderem com eles também, já que ninguém tem forças para resolver a parada sozinhos, somos obrigados a ir levando a vida tentando nos machucar o mínimo possível. É por isso que sobra até para Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, um pedido de proteção e de força para prosseguirmos firmes e sem esmorecimento. Óbvio que essa força será pedida pelos que acreditam.

Mas como cantar é preciso – e temos música para todos os momentos – é hora de se fortalecer ao som de Vai levando, música de Chico Buarque e Caetano Veloso, composta em 1975. Aqui, nas vozes de Miucha, Tom Jobim e Chico Buarque.

Vai levando
Fonte: site Chico Buarque

Mesmo com toda a fama
Com toda a brahma
Com toda a cama
Com toda a lama
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa chama

Mesmo com todo o emblema
Todo o problema
Todo o sistema
Toda Ipanema
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa gema

Mesmo com o nada feito
Com a sala escura
Com um nó no peito
Com a cara dura
Não tem mais jeito
A gente não tem cura

Mesmo com o todavia
Com todo dia
Com todo ia
Todo não ia
A gente vai levando
A gente vai levando
Vai levando
Vai levando essa guia
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